Como o "colégio" era pequenino, não era muito difícil conhecer todo mundo. A interação começava por se poder ouvir a aula da outra sala durante sua propria aula, até o intervalo, onde o lanche servido sempre era biscoito "agua-e-sal" e suco, muitas vezes aguado.
Nesses idas e vindas de atividades "sociais", May se encantou por um dos garotos da sua sala. Era um tipo simples e sempre alegre, falava com todos e brincava com muitos. Seguindo conselhos de seu irmão, a garota decidiu mandar uma carta amorosa!
Infeliz decisão.
Enviar cartas é criar provas contra si mesmo, principalmente se o destinatário não for alguem que voce conheça bem. No caso da pobre garota, as duas constantes estavam somadas!
Durante o intervalo das aulas, May, com sua carta já escrita previamente, esgueirou-se lentamente de volta a sua sala. Encontrando o caderno do seu "crush", colocou a carta entre a capa e a primeira folha. A carta, que não vinha assinada, tinha a intenção de faze-la uma admiradora secreta, até que ela conseguisse finalmente conquistar o garoto e pudesse se revelar sem chances de rejeição. Pelo menos , na sua cabeça, tudo se passaria assim !
Ignorando que o universo é totalmente imprevisível quando lhe convém, e seguindo o conselho do irmão mais velho e experiente, o que poderia dar errado??
Terminado o intervalo, todos retornaram a sala. O garoto, ao abrir o caderno, foi direto a carta e começou a lê-la. A expectativa dominava May. Inesperadamente o garoto se virou e começou a olha-la, seguido do seu amigo que sempre sentava atrás. Enquanto ria, ele começou a passar a carta de mãos em mãos, sempre rindo e apontando para a garota. Depois que o "ritual" terminou, todos olhavam para a garota e riam. Diante das milhões de perguntas de "Foi você que escreveu?" e " Tá apaixonadinha ne?", o garoto se levantou com a carta e foi em direção a professora:
- Professora, olha essa carta e me diz de quem é a letra!
A professora, a mesma que disse aulas atrás que a explicação para uma regra de gramática era religiosa, mesmo com o olhar de piedade de May, pegou a carta. Ao terminar de ler, disse em alto e bom som:
- Sim, essa letra é realmente da Mayara- e começou a rir também.
May não percebeu, quando foi colocar sua carta no caderno do garoto, que estava sendo observada. A adrenalina do momento não a deixou perceber que logo atrás dela, o amigo do seu "crush" a observava. Seguindo a garota, ele a viu colocar a carta e logo em seguida correu para avisar seu amigo, começaram então a tramar o que fariam assim que o intervalo acabasse!
Foram semanas seguidas de piadas maldosas constantes e choro da garota. Ninguem, nem mesmo os que diziam seus amigos ou os 3 funcionários do colégio, ajudou a garota. Simplesmente riam e muitas vezes, ainda participavam da "brincadeira".
Mesmo com tudo acontecendo, May não quis envolver sua família. Preferindo sofrer as humilhações mesmo sem saber como se defender, aguentou calada, e nem sequer culpou seu irmão pela péssima ideia. Ao invés disso, ela aprendeu uma lição valiosa: NUNCA MANDAR CARTAS!!!
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