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História Entre os Uchihas. - Amigos


Escrita por: 1corazon

Capítulo 2 - Amigos


Estava frio e o sol que nascia por trás da floresta começava a iluminar a clareira. Mesmo diante do frio da manhã eu não me movi de onde estava parada de pé e continuei olhando fixamente para a pedra que marcava o minúsculo túmulo improvisado. 

Enfiei minhas mãos dentro do bolso do casaco e as fechei em um punho apertado tentando me aquecer. 

- Eu sinto muito. - murmurei para a terra que já crescia grama. - Eu… você merecia muito mais do que um buraco na terra.

Fechei meus olhos e me permiti imaginar como ela teria sido caso eu não tivesse desistido de tudo, caso eu não tivesse sido covarde demais. 

Em minha imaginação eu a vi. Ela era linda. Uma criança de cabelos negros lisos, olhos de cor onix brilhante e um sorriso que fez meu coração acelerar até doer. Saori seria uma cópia perfeita dele.

Suspirei melancólicamente.

Os pensamentos me atingiram com força, me fazendo questionar o que ele teria achado disso tudo caso eu tivesse contado. Ficaria feliz? Ainda daria as costas para sem nenhuma explicação? 

Sasuke estava obcecado com a sua vingança e por poder, então eu sabia que para todas as minhas perguntas a resposta seria desagradável. Mais do que rapidamente afastei aqueles pensamentos e voltei a olhar para o túmulo.

- Procurei por você em seu apartamento, mas estava vazio. - senti Sai se aproximar e parar logo ao meu lado. 

Não desviei minha atenção do túmulo. 

- E você silencioso como sempre. - retruquei.

- Desculpe. Gosto de entradas teatrais. - Sai sorriu para mim. 

Voltei minha atenção para ele e percebi que carregava em suas mãos uma única flor de crisântemo branco. Era linda. Provavelmente ele havia passado na floricultura dos Yamanakas antes de vir para cá. Espero que isso não tenha causado nenhuma confusão para ele. 

Prendi um suspiro de surpresa quando Sai se pôs de joelhos e depositou a flor no túmulo de Saori.

- Obrigada. - disse baixo demais, mas sabia que ele havia me escutado. 

Sai permaneceu agachado olhando para o túmulo com um olhar cheio de um sentimento indecifrável por mim. 

- Eu tenho uma missão hoje. - ele disse ao se levantar limpando o resto de terra em sua calça. 

- Certo. Vamos indo. - eu disse. 

Dei uma última olhada para o túmulo e me virei, seguindo Sai por uma trilha de folhas secas na floresta. 

O sol já brilhava lá no céu quando a gente saiu da floresta e atravessou a ponte em direção a cidade. A movimentação das pessoas já estava ficando intensa e eu deduzi que o horário já devia passar das nove da manhã.   

Sai foi na frente, me guiando por entre o fluxo de pessoas na área comercial da vila. Ele caminhava em silêncio. Eu não sabia se era por causa da movimentação intensa ou se ele estava mais uma vez perdido em pensamentos. 

Dobramos mais algumas ruas até pararmos em frente ao meu apartamento. Digo, o apartamento dos meus pais. Eu subi as escadas procurando pelo molho de chaves que eu guardei no bolso do casaco e destranquei a porta quando o encontrei.

Sai permaneceu na rua com as mãos dentro do bolso e olhando para mim enquanto eu abria a porta. 

- Eu te convidaria para entrar, mas você parece estar com pressa. 

- Preciso procurar pelo Naruto. Ele sempre se atrasa para as missões. - Sai disse com um sorriso que não chegou aos olhos. 

Senti meu estômago revirar com um sentimento que eu conhecia tão bem. 

- Até mais então. - me despedi. 

Enquanto observava Sai se afastar com seus ombros curvados e uma expressão estranha em seu rosto, eu me movi sem querer e desci as escadas da entrada correndo. 

- Sai, espera! - gritei ao me aproximar. 

Ele me olhou com confusão. 

- Sim? 

- Eu preciso perguntar isso, mas você está bem? - não sabia ao certo o que estava fazendo, mas sentia que precisava falar sobre isso com ele. 

Sai me olhou surpreso. 

- Fisicamente? Sim, é claro. 

Revirei os olhos. Havia esquecido que ele sempre considerava tudo. 

- Não, não fisicamente, Sai. Emocionalmente.

Ele piscou e assentiu, pensativo.

- Ultimamente esses pensamentos de inutilidade vem tomando espaço na minha cabeça sempre que eu estou com você. - Sai falou com uma voz hesitante e sem me olhar. 

Eu não respondi. Esperei pelo que mais ele tinha a falar e me preparei para o que eu sentiria ao ouvir. 

- Eu sinto… eu sinto que estou andando em círculos com você. - ele suspirou pesadamente e eu senti que era como um peso saindo de suas costas. - Eu vejo você caindo cada vez mais fundo, mas eu não sei como salvar você, Sakura. Eu não sei como tirar você desse precipício.

O impacto daquelas palavras me atingiram profundamente e eu não consegui disfarçar. Minha garganta ardeu pelo choro que eu me forçava a engolir e eu senti meus olhos começarem a se encherem das lágrimas que eu não queria que caíssem. 

- Você é um ótimo amigo, Sai. O melhor de todos. - disse com a voz embargada. - Mas você não deveria estar se forçando a isso se te faz mal. 

- Eu não estou me forçando. - ele disse com firmeza e me olhando nos olhos. - Salvar meus amigos não é uma obrigação para mim.

Não tinha o que dizer. Eu esperava que depois de desabafar tudo isso, Sai apenas desistiria de tentar me ajudar, assim como os outros desistiram, e fosse viver a vida como ele deveria estar vivendo. 

- O Sasuke tem o Naruto para salvá-lo, mas e você tem quem? - ele questionou.

Sua pergunta me atingiu como um soco no estômago e eu me vi sem ar por alguns milésimos de segundos. 

Eu estava pronta para rebater, pronta para dizer a ele que eu não precisava ser salva por ninguém e que eu poderia muito bem viver a minha vida sozinha, quando Sai voltou a falar. 

- Eu serei o seu Naruto e salvarei você. 

Eu não sei o momento exato em que comecei a chorar, quando percebi Sai já estava enxugando minhas lágrimas. Seu toque em meu rosto era suave e gentil, como um sopro suave levando embora toda a minha dor.

- Obrigada. - eu disse olhando em seus olhos. - Obrigada por não desistir. 

Ele sorriu gentilmente e eu sabia que não era mais um de seus sorrisos falsos, mas um tão verdadeiro quanto qualquer outro que eu já recebi. Tal gentileza me levou a chorar novamente e eu fui amparada por Sai que me abraçou e me confortou. 

- Eu acho que já te prendi demais por hoje. - ri fraco. - Você tem uma missão a cumprir. 

- Você tem razão. - ele suspirou. - Mas você deveria estar nela. É a sua área. 

Arqueei as sobrancelhas sem entender. 

- Como assim? 

Sai olhou ao redor como se para garantir que ninguém estava ouvindo.

- Essa é uma missão altamente secreta e poucos ninjas, além da Hokage, estão cientes disso. - Sai adquiriu uma expressão séria demais. 

- Então você não deveria me contar. - ele fez sinal para que eu me calasse.

- Ouça, Sakura. Essa deveria ser a sua missão e todos nós sabemos disso, mas nas suas condições a Hokage não achou aconselhável colocá-la. - Sai disse em um tom de voz fria e eu permaneci calada.

Ele cruzou os braços sob o peito e parecia tenso ao falar. 

- A situação já vem ocorrendo a meses, mas somente agora que ela chegou aos nossos ouvidos. - ele mudou o peso do corpo para o outro pé. - Aparentemente jovens médicas com talentos naturais para a arte ninja vem desaparecendo em aldeias pequenas por todo o país. No começo a situação não era alarmante, apenas uma ou duas jovens sumiram sem deixar rastros e as aldeias usavam os seus próprios homens para vasculhar as redondezas à procura delas, mas sem muito sucesso.

Eu escutava tudo alarmada, pensando no que poderia significar tudo isso, mas sem conseguir chegar a qualquer conclusão com tão pouca informação. 

- Algum tempo se passou, e todas as jovens médicas, sejam elas talentosas ou não, estavam sendo muito bem vigiadas vinte e quatro horas por dia e os desaparecimentos passaram a se tornar quase inexistentes. As famílias começaram a perder as esperanças de que encontrariam suas filhas novamente. Até recentemente, quando Fujiko Ayka, uma das garotas desaparecidas, foi encontrada vagando pelo deserto da Vila da Areia sem nenhuma lembrança sobre a época em que passou desaparecida. 

- Isso é…? - eu estava espantada demais para completar a frase. 

- Não temos certeza ainda, mas a Hokage tem suas suspeitas. - Sai completou meu raciocínio. 

Massageie a minha têmpora enquanto pensava nas possibilidades de Orochimaru estar envolvido com os sequestros. As chances eram altas, considerando quem ele era e o que fazia. 

- O Kazekage da Vila da Areia teve as mesmas suspeitas que a Hokage e por isso pediu por nossa ajuda nas investigações. - ele explicou. 

- Vai ser uma investigação grande e vai requerer bem mais pessoas. A equipe de inteligência já está trabalhando na garota?

Se as memórias de Ayka por acaso estavam bloqueadas pelo trauma, ainda havia uma chance de serem recuperadas com a equipe de inteligência da folha.  

- Por enquanto ela está sob o cuidado da Vila da Areia. É uma viagem longa de três dias entre as Vilas, então concordamos que ela precisa de cuidados essenciais antes de começarem a vasculhar sua mente. 

Assenti em compreensão. 

Era uma situação complicada. Muitas meninas desaparecidas e a única que poderia ser a chave para solucionar esse caso estava com as memórias bloqueadas ou apagadas. O que quer que Orochimaru tenha feito com ela, não a deixou escapar sem um motivo. Talvez seja algum tipo de sinal ou demonstração de poder, mas porquê agora? 

Suspirei. 

Essa missão não era da minha conta, Tsunade havia deixado isso bem claro ao me excluir dela. A única coisa que eu podia fazer era torcer para que todos ficassem bem e o caso fosse solucionado rapidamente. 

- Espero que dê tudo certo com a missão. - sorri para Sai, mas meu sorriso não chegou aos olhos e ele deve ter percebido isso.

- Eu posso levá-la escondida no meu pergaminho, se quiser. - propôs e em seus lábios havia um sorriso travesso.

Eu ri alto.

- É tentador, mas não quero que você se meta em encrencas.

- O que é tentador? - aquela voz me pegou de surpresa e eu virei. 

Ino carregava uma cesta embrulhada com um pano quadriculado. Pelo cheiro eu tinha quase certeza que dentro havia bastante comida e eu quase senti meu estômago roncar, mas o calei. 

- Ino! - tentei soar o mais alegre possível. 

Eu havia esquecido que pelo menos uma vez na semana ela passava por meu apartamento usando a desculpa de que sua mãe havia feito doces demais e que ela precisava distribuir entre seus amigos. Na maioria das vezes eu apenas ignorava a campanha e continuava deitada, em outras vezes ela conseguia arrumar um jeito de invadir o apartamento com a chave extra que eu escondia do lado de fora - mudei várias vezes de lugar, mas ela sempre a encontrava.

- Do que estavam falando? - ela perguntou com uma expressão de curiosidade. 

Olhei de Sai para Ino me sentindo nervosa. 

Não podíamos falar a verdade sobre a missão, mas eu não queria mentir para Ino ainda mais e muito menos queria colocar Sai em uma possível enrascada.

Estava quase falando quando Sai tomou a frente, ficando ao lado de Ino e dizendo:

- Convidei Sakura para me encontrar com Naruto no Ichiraku para comermos Ramen antes da missão, mas ela insiste em recusar o convite. - ele mentiu perfeitamente bem

Ino me olhou como sempre fazia antes de me dar um bronca.  

- Eu já comi. - fui rápida ao falar.

Minha amiga estreitou seus grandes olhos azuis para mim e suspirou, virando-se para o namorado.

- Querido, se ela diz que já comeu, então você não pode insistir. Nós mulheres não gostamos de comer muito. - Ino disse e me passou a cesta que carregava. - Minha mãe mandou alguns doces que ela fez hoje. Espero que você goste.

Pelo peso da cesta eu tinha quase certeza que ela havia mandado muito mais do que apenas alguns doces. Talvez uma refeição inteira estava ali dentro. 

- Diga a sua mãe que eu agradeço, Ino. É muita gentileza. - eu disse abrindo o meu melhor sorriso.

Ino revirou os olhos. 

- Você sabe que ela te adora. - havia uma insinuação de um sorriso em seus lábios rosados. - Sempre pergunta por você ou por sua mãe. Ela sente saudades… e eu também. 

Meu coração errou uma batida e o nó na minha garganta aumentou, mas me forcei a sorrir de forma gentil para ela.

Eu sentia vergonha. Me sentia baixa e inútil e tudo que havia de pior no mundo. Ignorá-la quando ia me visitar ou fingir que estava dormindo quando ela invadia o meu apartamento, era uma coisa. Eu podia suportar isso. No entanto, vê-la dizer essas coisas na minha cara era pior do que um tapa. 

Eu esperei pelo momento em que ela ia me segurar pelos ombros e me sacudir, implorando por uma justificativa para o que via em meu rosto, mas nada veio. Ela apenas me encarava como se esperasse que eu lhe dissesse algo. 

O silêncio se tornou constrangedor.

- Ainda me restam alguns minutos antes da missão. Você quer fazer alguma coisa? - Sai perguntou a Ino e eu sabia que ele estava outra vez me salvando.  

Ino mordeu os lábios percebendo que eu não diria mais nada. 

- Tenho algumas entregas de flores para fazer antes de me encontrar com Shikamaru e Chouji para treinar.  Você não ia comer com o Naruto? 

- Tenho certeza que ele vai entender. - Sai disse sorrindo docemente. 

Ino me olhou como se não tivesse certeza se deveria ir ou não, mas Sai entrelaçou seus dedos nos dela e ela cedeu. 

- Espero que goste dos doces, Sakura. - minha amiga disse antes de partir.

Não fiquei para observá-los partir. Eu não tinha estrutura para ver Ino partir novamente sem respostas, então corri para dentro do apartamento e me tranquei. 

Sem abrir as cortinas, joguei a cesta de doces em cima da mesa e subi as escadas. Meu quarto estava uma bagunça, mas não me incomodei com isso ao me jogar na cama e me esconder debaixo das cobertas. 

Eu estava sozinha naquele apartamento silencioso, mas havia uma voz estrondosa que repetia quando você se tornou tão covarde assim? 

- Eu não sei.


Notas Finais


Preciso confessar que estou apaixonada pelo Sai e como ele está tentando ajudar a Sakura mesmo sem saber muito bem como.


O que vocês acharam do capítulo?


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