História Entre pelos e carícias - Capítulo Único

 

Era de fato bonito, seu pelo era macio além de ser branco, se assemelhava muito à neve. 

 

Segurando aquele pequeno peludo, Yuuji percebeu o quanto seu namorado se esforçou para lhe dar um presente que o agradasse. E realmente ele deu, pois aquele pequeno cachorro era a coisa mais fofa que ele já viu em toda sua vida. 

 

A verdade é que ele sempre quis ter um cachorro, acompanhar o crescimento de um animalzinho tão fofo era seu maior sonho desde pequeno. Sua mãe nunca lhe deu um, e o motivo até hoje ele não sabe, pois ela partiu antes de o contar. Todavia, Itadori nunca deixou nada e ninguém abalar o seu - considerado por muitos bobo -, sonho. 

 

Colocou o pequeno no chão e foi em direção ao namorado, que sorria alegremente com a reação do outro.

 

Megumi era um homem maravilhoso, de fato, sempre se gabava dizendo que o seu namorado é o cara mais lindo do mundo. Não era mentira, Fushiguro era realmente bonito. Branco e alto; cabelos negros e espetados; olhos verdes e um sorriso encantador. Ele era mesmo bonito. E Yuuji não se cansava de admirar não só a beleza de seu companheiro, mas também a força de vontade que o outro tinha. Uma das milhares de coisas que tinha em comum era nunca desistir de seu sonho, por mas que ele seja considerado bobo ou idiota. 

 

Mas agora não era hora de falar o quão perfeito e incrível Megumi é. O aniversário é de Itadori, e ele tinha que agradecer o tão sonhado presente.

 

— Você se esforçou bastante para me agradar, sabe que não precisava né? — Yuuji abraçou  o namorado, colocando sua cabeça em cima da de Megumi, assim sentindo o cheiro agradável que vinha dos cabelos negros. 

 

— Eu sei, mas eu quis te agradar, você sempre me dá um bom presente quando é meu aniversário, esse ano eu quis retribuir.

 

Ouvir aquela afirmação da boca do moreno fez o coração de Itadori se encher de alegria, ele tinha mesmo um namorado incrível. Abraçou Fushiguro um pouco mais forte recebendo um resmungo de dor.

 

— Não precisa me apertar assim. 

 

— Desculpa.

 

— Bom, agora eu tenho que ir trabalhar, quando eu voltar vou comprar um bolo — Megumi se soltou dos braços fortes de Itadori  e depositou um selinho rápido nos lábios dele. 

 

— Não precisa comprar um bolo, Megumi.

 

— Eu sei, mas eu quero comprar. É seu aniversário, e eu não vou poder passar o dia com você, então pelo menos vamos comer um bolo juntos de noite.

 

— Tá bom. — Desistiu de ir contra a ideia de seu namorado, Megumi era teimoso então não adiantaria tentar fazê-lo mudar de ideia.

 

Fushiguro pegou sua mochila e foi em direção da porta, mas não poderia sair antes dar outro beijo em Yuuji. Itadori não demorou muito em ir se despedir de seu namorado com um beijo.

 

Assim que o moreno saiu, Yuuji procurou algumas maneiras de passar o tempo. Pensou em fazer comida já que amava cozinhar, mas não estava com tanta vontade assim; depois pensou em ligar para seu antigo professor, Gojou Satoru, para ir jogar bola, mas o mais velho provavelmente estaria passando o dia na casa da namorada. Não tinha muitas coisas para fazer em casa.

 

Foi até a cozinha e pegou uma barra de chocolate que estava na geladeira. Voltou para a sala e se sentou no sofá, olhou para o lado vendo o pequeno cachorro deitado no chão, então ele teve uma boa ideia: passear com o cachorro.

 

— Ei seu peludinho, o que acha de um passeio? 

 

                                [...]

 

Caminhando na rua, Yuuji se questiona do porquê decidiu passear com o cachorrinho. Além de estar fazendo um calor danado, por algum motivo Itadori estava espirrando. 

 

Mas não apenas espirrando algumas vezes, em três minutos ele deveria ter espirrado umas vinte vezes.

 

— Atchim! A que merda, eu vou ter que ligar para o Megumi. Atchim!

 

Já estava ficando com raiva e isso era evidente, pensou na possibilidade de estar gripado, mas isso era quase impossível já que ele sempre cuidava bem de sua saúde; pensou também que talvez tivesse pegado do Megumi, mas esse também cuidava bem de seu corpo.

 

— Então o que diabos eu tenho?! 

 

Não percebeu que estava no meio da rua e que várias pessoas estavam o olhando depois do grito que deu.

 

— Que droga, não queria ter que ligar para o Fushiguro, mas não tem jeito.

 

Pegou seu celular e discou o número de  do  garoto, logo sendo atendido.

 

— Yuuji? Por que está me ligando? Aconteceu alguma coisa? 

 

— Aconteceu sim! Por algum motivo eu não paro de espirrar! 

 

— Como assim? Quando isso começou?

 

— Eu não estava com isso hoje de manhã, foi um pouco depois que eu saí de casa com o cachorrinho. Atchim!

 

— Que droga Yuuji, e agora? Você está muito ruim? Qualquer coisa eu vou em…

 

— Não precisa! Fica aí no seu trabalho, eu vou dar um jeito.

 

— Ok… sendo assim, eu vou voltar, beijos.

 

— Beijos…

 

Desligou o telefone, não tinha muita coisa que Megumi pudesse fazer apesar de ser veterinário, mas Itadori não era um animal, certo?

 

— Acho que o jeito é a gente voltar para casa.

 

Pegou o pequeno animal no colo e foi em direção a sua casa, não demorou muito para chegar.

 

Assim que entrou colocou o cachorro ainda sem nome no chão, e foi direto para o banheiro. Quando se olhou no espelho levou um belo susto.

 

— Ahh! Mas que merda é essa?! Por que minha cara está parecendo uma rosquinha?! — Sim, estava com o  rosto inchado, e isso para ele foi um absurdo.

 

— Mas eu vou matar o desgraçado que fez isso comigo, vou jogar uma praga mais forte em quem me jogou essa! Eu só preciso descobrir quem foi e…

 

— Yuuji? 

 

— Ahh! Que susto Nobara! Avisa antes quando for entrar pelo amor de Deus! 

 

— Seu rosto… hahahaha! — Ficou indignado, estava em uma situação horrível e sua melhor amiga estava rindo dele.

 

— Fica aí sorrindo, mas que droga, foi você né Nobara?! Vou jogar uma praga em você já já. 

 

— Ei ei, nem vem com essa, eu não fiz nada. Só vim aqui te entregar uns bolinhos já que é seu aniversário e eu sei o quanto você ama chocolate…

 

— Nobara-chan — Rapidamente Yuuji abraçou sua melhor amiga, se esqueceu que a alguns segundos atrás estava brigando com ela. — Eu já disse hoje que eu te amo? 

 

— Aí, não precisa de tudo isso, e feliz aniversário.

 

— Obrigado.

 

— Mas então, de quem é esse cachorro?

 

— Esse aqui. — Itadori o pegou. — O Megumi me deu ele de presente. Fofinho né?

 

— Sim — Nobara fez carinho nos pelos brancos do cachorro. — Você sempre quis ter um, né? Vivia falando do quão fofo achava eles, mesmo sua mãe nunca ter deixado você encostar em um…— Nobara parou de falar e ficou alguns segundos pensando em algo.

 

— O que foi? — Yuuji já estava preocupado com a atitude repentina de sua amiga.

 

— Yuuji! Sua mãe nunca deixou você encostar em um cachorro, não acha estranho a primeira vez que você entra em contato com um você ficar assim? 

 

— O que você quer dizer com isso? 

 

— Que você tem alergia ao pelo! É a única explicação.

 

Itadori ficou  alguns minutos pensando, realmente sua mãe nunca deixou ele tocar em um cão, nem fazer carinho, nem pegar no colo. Uma vez ele perguntou e ela apenas disse que fazia mal, mas não disse o verdadeiro motivo. Mas agora tudo fazia sentido.

 

— Isso faz sentido. Mas e agora o que eu vou fazer? Já me apeguei a ele — Fez uma cara de choro em pensar que terá que devolver o pequeno.

 

— Converse com o Megumi, ele vai saber o que fazer. Agora eu estou indo. Tchau.

 

— Tchau… atchim! 

 

A única solução era esperar seu namorado chegar em casa.

 

                              [...] 

 

— Então, como você está? 

 

— Acho que estou um pouco melhor. 

 

Já fazia alguns minutos que Fushiguro havia chegado, já tinha tomado um banho  e agora iria cuidar de Itadori.

 

— Isso é mesmo estranho, isso parece ser alergia Yuuji, seu rosto está parecendo os bolinhos de chocolate que você tanto gosta. 

 

— Para de zoar.

 

— Tá bom, desculpa. Mas então, o que será essa alergia? 

 

Yuuji tentou disfarçar o nervosismo que sentiu no momento em que Megumi fez aquela pergunta. 

 

Não queria falar que provavelmente era do cachorro, já que ele o ganhou de presente.

 

— Não faço a menor ideia.

 

— Ok, vamos esquecer isso por enquanto, como foi o passeio.

 

Megumi tocou no assunto que Yuuji mais temia.

 

— Foi legal, hehehe…

 

— Aconteceu alguma coisa? Por que o cachorrinho não está aqui? 

 

— Não aconteceu nada! 

 

— Yuuji, não precisa gritar.

 

— Desculpa. — Estava tentando de todas as maneiras não tocar no assunto do bendito cachorro. 

 

— Mas então onde ele…

 

— O bolo! Você disse que iria comprar um bolo, né? Você comprou?

 

— Sim, de chocolate porque eu sei que você gosta, eu só queria cantar um parabéns pra você.

 

— Não quero, sabe que eu não gosto disso.

 

— Tá bom, mas antes de irmos comer. Onde está o cachorro? 

 

Megumi estava desconfiado de algo e agora Itadori tinha certeza. 

 

— Eu coloquei ele na garagem — O de cabelos rosa falou tão baixo que se seu namorado não estivesse prestando bastante atenção não teria ouvido.

 

— Por que ele está na garagem sozinho? Yuuji, você tem alguma coisa para me contar? 

 

— É, não por quê? — Itadori falou sem graça, não teria escapatória dessa vez.

Megumi deu um suspiro fundo.

 

— Sabe que não precisa mentir pra mim, né? Somos namorados e moramos juntos, não tem motivos para esconder algo.

 

Aquilo foi o fim para Yuuji, ficou com raiva de si mesmo por ter escondido algo para seu namorado, precisava contar a verdade.

 

— Ok Megumi, eu acho que tenho alergia a pelo de cachorro! 

 

Ficaram alguns segundos em silêncio até Fushiguro soltar uma risada alta. Yuuji ficou sem entender a reação que o namorado teve. 

 

— Então era isso amor, por que não me falou antes? 

 

— Por que você me deu ele, foi um presente importante, você deve ter gostado bastante para comprar ele.

 

— Yuuji, nada é mais importante que você. Eu sei que você queria um cachorrinho, mas infelizmente, não era pra ser assim. Eu já desconfiava que seria esse o motivo de você estar desse jeito.

 

— Então você  não está com raiva? 

 

— Claro que não seu bobo, mas eu ficaria se você demorasse mais para me contar

 

— Mas e o cachorrinho? 

 

— Acho que vou dar ele para a Nobara, ela parece ter gostado muito dele.

 

— Eu sabia que ela tinha me jogado praga.

 

Logo após toda essa confusão, Megumi cuidou de Yuuji e o deu bastante carinho, já que esse tinha ficado triste em ter que dar o pequeno cachorro.

 

No dia seguinte, Nobara passou na casa dos dois para pegar o cachorrinho, Yuuji fez drama, mas depois de muita insistência ele deu o peludinho para sua amiga.

 

Agora os dois estavam dentro de seu carro indo para o trabalho.

 

— Eu vou sentir saudades dele, eu passei pouco tempo com ele, mas me apeguei tanto. 

 

— Eu sei, podemos ter um passarinho, o que acha?

 

— Não sei, não me parece interessante.

 

— É? Então o que você me sugere? 

 

Itadori pensou um pouco até finalmente dar uma resposta.

 

— Amor, vamos ter um gato?