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História Entre Reinos - Capítulo 9


Escrita por: Misuzu_Elegy e LihWood

Notas do Autor


Olá leitores!

Podem comemorar que esse capítulo saiu em menos de uma semana kkk
O motivo é que eu(Sapphire_Elegy) irei viajar, então não daria pra postar na terça feira :( Então adiantamos ele xD

Espero que gostem ;)

Capítulo 9 - Capítulo 9


A festança em homenagem a Shura continuava animada no palácio de Lombardia. O povo bebia e comia, conversava e riam de piadas sem graça, estavam descontraídos naquela noite. As criadas iam e vinham da cozinha, sem conseguir um minuto de descanso, afinal, eram muitos nobres para serem servidos.

O rei que se sentava na ponta da mesa, resolveu tomar um pouco de ar, já que se sentia um pouco sufocado com tanta gente barulhenta.

Levantou-se discretamente e se dirigiu a sacada, onde podia ter a vista de todo o reino.

Logo ao chegar, sentiu o vento gelado em seu rosto, adorando aquela sensação, que o acalmava. Apoiou-se na beirada da sacada, enquanto seus olhos percorriam cada canto de suas terras, inclusive as florestas e montanhas que existiam em volta do reino.

Mesmo distraído, não deixou de notar que alguém se aproximava de si. Virou-se, vendo que era apenas Marin que se aproximava.

-Aceita uma bebida, majestade? -A criada sorriu, carregava uma bandeja cheia de taças nas mãos.

-Por enquanto não, obrigado Marin. - Albafica sorriu pela gentileza da jovem, que agora deixava o que segurava em uma mesinha que ali estava.

-Está bem, meu senhor? -Perguntou, ficando agora ao seu lado.

De todas as mulheres que trabalhavam no castelo, Marin era a que mais agradava o rei. A moça não se importava nem um pouco com Dante, pelo contrário, mesmo novinha como era, ajudou a criar o garoto, e sempre se importava com o bem estar dele ou de Albafica e seus filhos.

 O nobre que andava distraído assustou-se com a pergunta repentina, logo olhou para a jovem.

-Estou... Por que a pergunta?

A jovem balançou a cabeça, sabendo que aquilo não era verdade.

-Não minta para mim, alteza... Posso ver que hoje o senhor está para baixo. Seu olhar sempre lhe entregou. –Falou, fitando-o como se quisesse que o nobre confirmasse.

A ruiva tinha um dom muito aguçado em perceber como as pessoas se sentiam sem nem abrir a boca para falarem algo. Aquilo sempre surpreendia o rei.

Albafica nada disse. Seus olhos voltaram a fitar o horizonte, enquanto refletia sobre o que a criada havia dito.

- Sempre me impressionando com isso Marin... - Deu um sorriso amargurado, sem tirar os olhos das montanhas. - Tens razão. Fico feliz pela festa em homenagem a Shura, porém confesso que estou um pouco desanimado com tudo.

A mulher sabia do que se tratava, e talvez fosse à única. Conhecia a fundo os sentimentos de seu senhor, diferentemente dos seus cavaleiros, filhos ou quem quer que fosse.

Marin colocou sua mão em cima da do nobre, olhando-o.

-Queria que ele estivesse aqui, não é? -Perguntou, já sabendo a reposta.

O homem olhou para baixo. Talvez aquilo fosse a coisa que ele mais queria em sua vida. Assentiu com a cabeça, sem dizer ou fazer mais nada.

 A moça sorriu, sempre estava certa.

Foi em direção à mesa, pegando a bandeja novamente, afinal, tinha um trabalho a fazer. 

Albafica virou-se, fitando-a.

-Lembro-me do dia em que ele lhe prometeu que voltaria... Vi a certeza disso em seus olhos, ele é um homem de palavra, meu senhor. Pode confiar em mim, sabe que nunca erro. -Falou, sentindo-se orgulhosa.

Albafica sorriu para Marin, que lhe deu as costas e voltou a seu serviço.

 Shion e El Cid chegaram um pouco depois, preocupados com o rei que havia sumido sem dar explicações para qualquer um.

-Majestade... -Shion aproximou-se do nobre que continuava a observar a paisagem. -Estava aqui o tempo todo? -Perguntou, sentindo-se aliviado.

-Sim Shion... Não precisa se preocupar. -O homem sorriu, agora olhando para ambos. -Só quis tomar um pouco de ar fresco.

- Sabe como Shion é desesperado... -El Cid provocou, juntando-se a eles.

-Ora, perturbe-me menos... -O cavaleiro fez uma careta, brincando com o moreno.

O rei deu outra risada, aqueles dois o descontraiam de vez em quando.

Resolveu que deveria entrar de volta, ou os nobres iriam ficar se perguntando onde o rei estava, e aquilo não seria legal, afinal, os convidados necessitavam de atenção.

-Está frio, aqui fora... Vamos voltar à festa? -Perguntou para seus homens, tentando parecer que estava animado com o evento.

Ambos concordaram com a cabeça, dando meia volta e entrando novamente no local.

Albafica deu mais uma olhada no horizonte, antes de segui-los.

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Já fazia mais de uma hora que Mu procurava seu tio. Teria de avisar que alguns convidados faziam bagunça de mais, graças ao efeito das bebidas que eles tinham consumido. O rapaz era um pouco perfeccionista, se irritando com tudo que lhe parecia errado. Por isso precisava avisar para Shion, assim o cavaleiro poderia adverti-los, já que as criadas não eram o suficiente para assustar os bêbados.

Continuava a procura, mas não via ele nem El Cid em lugar algum, muito menos o rei.

Suspirou, havia somente um lugar que não tinha procurado: O jardim.

Em passos rápidos, o homem dos cabelos compridos de tom lavanda se dirigiu ao local, na esperança de achar qualquer um dos cavaleiros.

Notou que a escuridão se fazia presente, então chegou à conclusão de que era impossível o rei ou seus cavaleiros estarem ali.

Mu pensou em se retirar, quando ouviu pequenos barulhos.

Havia alguém no meio das árvores.

Sorriu, pensando ser o tio ou qualquer outro. Então seguiu na direção de onde tinha ouvido movimentações.

Não queria assustá-los, por isso não correu, tratou de não fazer qualquer ruído com os pés.

Ao chegar a seu destino, sua expressão calma se transformou em uma assustada. Parecia que tinha visto mortos no local.

Não podia acreditar no que seus olhos lhe mostravam, tamanho absurdo.

Izo estava encostado em uma das árvores, com os braços entrelaçados em Cardinale. Os dois beijavam-se em um ritmo lento e sensual.

Podia ver os corpos colados um no outro, e o príncipe segurando-lhe a nuca para aprofundar o beijo, enquanto com sua outra mão, acariciava-lhe a região do peito por dentro da blusa que o cavaleiro vestia.

Mu ficou paralisado. Não sabia se corria dali, ou se tentava interromper aquela impureza.

Tentou raciocinar com dificuldade. O futuro rei, o qual deveria casar-se com uma bela mulher e gerar filhos para sucedê-lo no futuro, estava aos amassos com seu braço direito, como se fossem um casal apaixonado.

Aquilo era um absurdo, precisava informar o rei ou qualquer outro sobre isso, ou o reino estaria condenado no futuro.

De repente, os fatos começaram a clarear na mente de Mu.  Como ele nunca havia percebido?

Via o príncipe muitas vezes se jogar nos braços do Aschieri, acariciar-lhe o rosto ou beijar-lhe a bochecha, provocando o cavaleiro, que por muitas vezes ou se envergonhava, ou o olhava com desejo.

O rapaz viu que o "casal" agora apartava o beijo. Cardinale o abraçou, deitando-se no ombro de Izo.

Mu pensou em dar meia volta e retornar para dentro do palácio antes que o vissem, mas era tarde de mais. O loiro abriu os olhos lentamente, assustando-se ao vê-lo ali parado, os observando.

-Izo, Mu está nos espionando! -O príncipe soltou-se do maior, apontando em sua direção.

O coração do rapaz disparou. Mas não iria correr, ou seria chamado de covarde.

Cardinale se aproximou de Mu em passos rápidos, o loiro tinha uma expressão irritada. Ótimo, tinha deixado o segundo homem mais importante do reino zangado, foi o que pensou.

O cavaleiro parou atrás dele, para que o impedisse de fugir.

- Ora, ora... - O nobre voltou a sorrir, mas era um sorriso que o assustava completamente.

 -Não sabia que gostava de espionar os momentos íntimos das pessoas, Mu. - O loiro andava de um lado para o outro.

-M-meu príncipe... - Tentou falar, porém estava assustado. -Eu não estava...

-Não minta! -Gritou. -Mas que ódio Mu, como se atreve?? Agora você sabe! -Esbravejou.

Mu reuniu o resto de coragem que existia dentro de si, para expor sua opinião.

-Deveria sentir-se envergonhado, príncipe Cardinale... Você estava beijando outro homem, ainda por cima é seu cavaleiro. Não devia...

- Cale a boca!

Cardinale segurou o rosto de Mu com uma das mãos, apertando-lhe as bochechas com força.

-Eu sou o futuro rei, você não me dá ordens! Irá pagar por nos espionar Mu, está ouvindo?

Mu engoliu em seco. Nessa hora não sabia nem mais o que falar.

-Se quiser permanecer vivo, é melhor manter essa sua boca fechada... Se disser qualquer coisa para qualquer um que for, Izo tem a permissão para lhe matar. -O príncipe agora olhou para seu cavaleiro. -Entendeu essa ordem Izo?

-Sim, meu príncipe. - O Aschieri fez uma pequena reverência.

Cardinale agora voltou a olhar para o rapaz amedrontado.

-Você estragou um dos poucos momentos que eu tinha... Suma da minha frente. -Ordenou, olhando-o com desprezo.

Mu obedeceu, desviando-se de Izo que estava atrás de si, e correndo de volta para o castelo.

 -Acha que ele contará? -O cavaleiro se aproximou de seu senhor.

-Penso que não... Mas teremos que ficar de olho nele... Que droga. -Cardinale olhava o garoto sumir de vista, com um semblante sério. Obviamente estava preocupado e enraivecido.

-Não faça essa expressão zangada meu príncipe... Não combina com este seu belo rosto.

O loiro sorriu ao ouvir aquilo.

-Tem razão, de nada adiantará ficar aflito agora... Vamos entrar Izo.

-Sim senhor.

O cavaleiro o seguiu, e logo estavam novamente no meio dos convidados exaltados.

----

Naquele momento, Dante viu seu mundo desabar. Não acreditava no que estava vendo, torcia para que aquilo fosse um pesadelo e ele estivesse dormindo em sua cama como todas as noites.

Mas não era. Viu a única pessoa que sempre esteve ao seu lado, nos braços de outro.

O amava incondicionalmente, tanto que apenas um pequeno sorriso do príncipe faria seu dia ser completamente melhor.

Mas aqueles pequenos lábios foram tomados por Shura, e naquele momento, sentiu que preferia estar morto a presenciar aquela cena.

Sua vida fora sempre humilhada e pisoteada pelos nobres, mas aguentava aquilo. Aguentava por Afrodite, pois o príncipe lhe dava forças, mesmo não sabendo disso.

E agora? O rapaz amava seu cavaleiro... Foi o que Dante concluiu.

Estava sozinho, e sempre estaria.

Aquilo doeu tanto, que mal conseguia se mexer. A única reação do homem foi deixar as lágrimas caírem pelo seu rosto.

Não podia ser mais humilhado, por isso entrou novamente no salão, correndo o máximo que podia, até seu quarto. Suas pernas mal o obedeciam, estavam bambas devido ao choque.

----

 Afrodite assustou-se com o ato repentino de seu cavaleiro. O que diabos Shura estava pensando para lhe beijar?

Empurrou-o de leve, olhando incrédulo para o homem, que apenas deu um sorrisinho.

-Por que me beijou?

-Apenas quis provar o gosto de seus lábios, meu príncipe.

-Isso é errado, Shura... Não faça mais isso, por favor. -Pediu sério.

O príncipe se preocupou. E se qualquer convidado tivesse visto? Iriam contar para o seu pai, e sabe se lá que castigo iria receber.

Mas o que lhe preocupava de verdade, era o que Dante pensaria de si. O que ele falaria se o visse com Shura? Perderia-o para sempre, já que o mesmo odiava o cavaleiro... E isso era o que mais temia em sua vida.

-Vou entrar... -Falou, saindo em passos rápidos. Sentiu-se mal de verdade, queria conversar com Dante agora, pedir-lhe conforto.

Entrou no salão, se misturando aquele tanto de gente nobre que nem mesmo conhecia.

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 Albafica continuava a ouvir as conversas entediantes dos homens em volta de si, desejando apenas ficar sozinho em qualquer canto, já que aquilo o deixava desconfortável. Mas sabia que era o rei e teria que agir como tal, dando atenção a todos os presentes, e ouvindo elogios de várias damas que pareciam interessadas em si.

Suspirou, cansado de tudo aquilo.

Ao olhar para o lado, viu Dante correndo aos fundos, com uma expressão apavorada que preocupou o rei no mesmo instante. O que teria acontecido com o rapaz? Parecia algo sério.

Levantou-se, determinando a descobrir. Não podia deixá-lo sozinho.

-Aonde vai, majestade? -Shion perguntou, pronto para segui-lo.

-Fique aqui Shion, irei apenas verificar uma coisa.

-Mas meu senhor, eu não posso...

- É uma ordem! Você e El Cid não saiam daqui. -Falou em um tom autoritário, já saindo daquele ambiente que o incomodava. Não queria perturbações de seus cavaleiros agora.

Dante entrou em seu quarto, sentindo-se ainda pior que antes.

Fechou a porta atrás de si, e se jogou na cama, tentando não se derramar em lágrimas, o que era difícil.

Agora aquela cena ia e voltava na sua cabeça. Sentiu seu peito doer, e uma sensação enorme de vazio em seguida.

Fechou os olhos, apertando o lençol da cama com força, como se aquilo aliviasse seu sofrimento. Era um fraco por deixar suas emoções o derrubarem, mas Afrodite sempre foi sua fraqueza, sabia disso.

Ouviu o barulho da porta se abrir, e temendo ser o príncipe, virou-se para olhar quem entrava. Por sorte era apenas o rei, então se sentiu aliviado por um segundo.

-Dante, o que houve? -O homem perguntou preocupado, enquanto fechava a porta atrás de si e ia de encontro ao rapaz.

- Estou bem. -Respondeu com uma voz fraca, limpando as lágrimas.  - Não se preocupe comigo.

- Não aja assim... Por favor, Dante. - Sentou-se na cama ao lado do mesmo.

-Desculpe-me majestade, mas prefiro não contar.

Dante sabia que se contasse para o rei o que tinha visto, poderia estar arriscando Afrodite, pois não sabia o que o homem poderia fazer com o filho. Além disso, sua tristeza não era da conta de ninguém, assim pensava.

- Te entendo... Eu mesmo prefiro manter meus problemas para mim. -Acariciou-lhe os cabelos, muito preocupado. - Mas não parece que foi algo pequeno...

Realmente tinha sido algo grande para si. Dante voltou a chorar. Estava impossível controlar seus sentimentos, pois o que mais temia, aconteceu.

Albafica o abraçou bem forte. Não sabia o que tinha acontecido, mas se ele resolveu não lhe contar, respeitaria isso.

-Eu devo ser amaldiçoado... Nada de bom me acontece, e não há ninguém ao meu lado a não ser o senhor e Afrodite... Uma hora sei que perderei vocês também e ficarei sozinho. -Confessou seus medos para o nobre, tentando falar com dificuldade pelo choro.

- Não pense isso Dante... Eu e Afrodite te amamos muito, já pensou como ficaríamos sem você? - Continuava a afagá-lo, entristecido. - Principalmente meu filho... Não sabe o quanto ele preza pela sua companhia.

O homem pensou por um instante. Queria acreditar naquelas palavras, mas era difícil depois do que tinha visto.

- Te considero como um pai, já que nunca conheci os meus e fui abandonado pelo meu irmão mais velho... Vocês são a minha família. -Falou, olhando para baixo. - É por isso que tenho medo. Medo de ser largado de novo... -Tentava impedir as lágrimas de caírem. -E principalmente de perder o Afrodite. - Falou mais para si que para o rei.

-Olhe para mim. - Albafica pediu, falando tranquilamente.

Dante obedeceu, fitando os orbes azuis do nobre.

- Primeiramente, não sei por que tem tanto medo de algo que nunca irá lhe acontecer... Nunca te deixaríamos. E largue essa ideia de que foi abandonado... Por favor. -O rei olhou para baixo, não querendo dar continuidade a aquele assunto, pois as lembranças o feriam.

Dante percebeu o tom de mágoa na voz do homem, resolvendo então encerrar a conversa. Não entendia o porquê de Albafica ter mudado seu humor repentinamente, mas não queria deixá-lo assim.

-Não pensarei mais isso, majestade... Sinto que estou ficando melhor. Obrigado. -Deu um pequeno sorriso para o outro.

Realmente a conversa com Albafica não tinha deixado suas esperanças morrerem. Antes de tudo, precisava manter a calma e não se levar pelos sentimentos.

-Que bom que servi para algo. -Retribuiu o sorriso do melhor jeito que pôde. -Devo ir, tenho minhas obrigações como rei. - Levantou-se, indo em direção à porta.

-Agradeço pela conversa, alteza. - Fez uma pequena reverência, observando-o sair de seus aposentos.

Em seguida, deitou-se, se sentindo um pouco melhor. Seus pensamentos logo voltaram ao príncipe.

Não demorou muito para pegar no sono, e agradecia por isso, já que  evitava seu sofrimento.

Mas infelizmente não demorou muito para ter de acordar novamente, graças a algum indivíduo que batia sem parar na porta de seu quarto.

Abriu os olhos lentamente, tentando sentar-se. Notou que as lágrimas já estavam secas em seu rosto, e sua cabeça doía. Pretendia fingir que não tinha ninguém no cômodo e voltar ao seu sono, mas seu coração palpitou ao ouvir aquela doce voz dizendo seu nome.

-Dante, abra, por favor! Sei que está aí! Preciso conversar com você... -Afrodite pediu, afobado para entrar nos aposentos do rapaz.

Dante engoliu em seco. O que ele queria?  Contar-lhe que estava amando aquele cavaleiro idiota? Dizer-lhe que sempre seriam apenas amigos?

Sentiu vontade de chorar novamente, enquanto ouvia batidas na porta junto com seu nome que era dito várias vezes pelo príncipe.

Dando-se por vencido, sabendo da persistência de seu príncipe, decidiu abrir a porta e ver aquele que era a causa de seu coração partido.

Abriu a porta e em um piscar de olhos, sentiu seu corpo ser abraçado pelo príncipe.

-Dante... Preciso tanto de você. - confessou, escondendo o rosto no corpo do homem.

 -Prínci...- O plebeu fora interrompido.

 -Não se preocupe... Só me abrace. Por favor.

Dante pensou em recusar, mas não tinha forças para tal ato. Retribuiu o abraço, acariciando as madeixas azuladas. Por um momento, sentiu que Afrodite era seu, mas logo a lembrança da cena que presenciou nas roseiras veio a tona, deixando-o angustiado.

 -Dite, você não precisa de mim. - Decidiu acabar com aquela ilusão, mesmo sabendo que se machucaria. Apartou o abraço, afastando o nobre de si.

-Dante? - Afrodite não entendia aquela atitude daquele que sempre o confortou em seus braços.

 -Saia, por favor... Não sou a pessoa que você precisa, por mais que eu quisesse ser. Agora volte para os braços de seu cavaleiro e deixe-o sentir novamente o sabor de seus lábios.

 Afrodite arregalou os olhos. Então Dante havia presenciado aquela cena? Não podia acreditar.

-Dante, aquilo que houve na roseira...

 -Explicações são banais, príncipe Afrodite. A verdade é clara para que todos possam vê-la. Eu sou um plebeu, um sem família, um abandonado. Como poderia competir com um nobre por um príncipe?

 O príncipe já se encontrava aos prantos. Mas como não estar? Seu querido amigo Dante o repelia por ter visto algo que nem ao menos deveria ter ocorrido.

 -Dante, não fale tais coisas.

 -A verdade lhe machuca, príncipe? Pois não se preocupe, ela me destrói a cada dia que passa.

-DANTE! - Gritou, abraçando o homem novamente. - Essa não é a verdade e você sabe disso!

 Dante estava se rendendo novamente. Por mais que a cena não lhe saísse da cabeça, sentia que o amor que o nobre tinha por si era real. Iria retribuir o abraço e pedir desculpas por tê-lo feito chorar.

Porém, antes que qualquer atitude fosse tomada ou palavras ditas, perceberam que alguém estava aproximando-se deles. Era o cavaleiro novamente, Afrodite percebeu que Shura já tinha tirado sua armadura, estando apenas com suas roupas normais, e o peixe bordado no peito.

 -Meu príncipe, não deveria sair correndo na presença de seu cavaleiro... - Shura se aproximou, encarando Afrodite. - É mais triste ainda para a minha pessoa saber que veio ao encontro do plebeu.

- Shura, não comece com isso, por favor... -O menor lhe pediu, não querendo que tais palavras ferissem Dante.

O homem por sua vez, cerrou o punho, a raiva crescia dentro de si, mas tentava manter a calma antes que fizesse algo sério.

-Suma da minha frente, Shura... Você só vem para atrapalhar nossa conversa. - Tentou não transparecer o ódio pelo homem, mas era quase inevitável.

- Você acha que deixarei o príncipe perto de um vadio como você? - Shura agarrou o pulso de Afrodite, puxando-o para longe do pobre rapaz. - Não quero que ele se contamine...

- Dante... -Afrodite lhe estendeu a mão, enquanto era puxado para longe. Infelizmente, Shura era mais forte que si, então era impossível se desvencilhar.

-Esqueça este lixo, meu querido príncipe. - Colocou-o de frente para si, enquanto puxava sua cintura. - Deixe-me ir ao paraíso novamente com seu delicioso beijo.

O cavaleiro estava pronto para selar os seus lábios novamente com os do príncipe, quando tudo aconteceu tão rápido.

Dante aproximou-se rapidamente dos nobres, desferindo um soco no rosto do Aschieri, que o fez cair longe e bater suas costas no chão.

-Repita tudo o que disse se for homem! Repita! -Dante gritava, logo partindo para cima do cavaleiro.

Shura Levantou-se rapidamente, impedindo outro soco de lhe acertar.

Ambos começaram uma "luta" deixando Afrodite completamente perplexo.

Não sabia o que deveria fazer... Se chamava outros cavaleiros para separarem a briga, ou se ele mesmo se colocava no meio para pará-los.

-Este símbolo no seu peito... Arranque-o! Não é digno de estar entre os Diazzi! -Shura tornou a ofendê-lo, enquanto desferia e recebia vários golpes.

-Cale a boca, seu fracassado! Pensa que é melhor que alguém só por que nasceu rico?

-Parem com isso, estou pedindo! -Afrodite esbravejou, ainda sem conseguir agir.

Por fim, viu que nenhum dos dois lhe dava ouvidos, e se machucavam ainda mais. Suas pernas perderam a força, até o nobre cair por fim no chão.

Então, as lágrimas começaram a surgir no rosto delicado do príncipe, e logo se pôs a chorar, desesperado e triste com aquela situação.

Dante empurrou Shura para longe, preocupado com aquela reação repentina de Afrodite.

- Não chore, Dite. Este desentendimento não merece suas lágrimas.

-Vocês deveriam ter pensado nisso antes... -Falou, soluçando.

Por fim, levantou-se, e antes que Dante se aproximasse mais, saiu correndo escada à cima. Não queria que os rapazes o vissem daquele jeito.

-Príncipe! -Shura gritou, enquanto se colocava de pé.

-Deixem-me em paz... É uma ordem! -Gritou, seguindo seu caminho.

Ambos não acreditavam no que tinham feito.

Dante se sentiu mais péssimo do que já estava, afinal, foi ele quem tinha provocado aquela briga. Deixou-se ser irritado por provocações do cavaleiro o qual odiava.

Resolveu respeitar a opção de Afrodite, e sem dizer mais nada, entrou novamente em seu quarto, deixando Shura no meio do corredor.

Seu corpo agora estava todo dolorido. Tirou rapidamente a roupa que vestia, vendo vários hematomas onde o cavaleiro tinha lhe acertado.

O estômago, o ombro e outras partes do seu peito e de seu rosto estavam sensíveis ao toque.

Amaldiçoou Shura mais uma vez, sentindo-se irritado e magoado com tudo aquilo.

Por fim, resolveu arrumar um jeito de cuidar de seus machucados.

----

Mu não acreditava que finalmente tinha achado Seu tio e El Cid. Agradeceu aos deuses, ainda estava assustado pela ameaça que recebeu, e a melhor coisa que o rapaz poderia fazer agora era ficar ao lado dos cavaleiros.

- Tio Shion, onde o senhor estava? Procurei-lhe por toda parte para lhe contar dos homens que estavam fazendo bagunça.

-Me desculpe, Mu. -O cavaleiro acariciou os cabelos do menor. -Também estava em busca do rei, por isso não fiquei a um lugar só... E já dei um jeito nesse desentendimento com o pessoal. Enfim, Já se alimentou?

-Ainda não tio.

-Bom, então sente-se à mesa, está magro de mais para alguém da sua idade.

Mu deu uma risadinha, para o comentário do homem, resolvendo se sentar ao lado de alguns dos nobres que já terminavam sua refeição.

Shion voltou a permanecer ao lado do rei, que estava na ponta extrema da enorme mesa.

O jovem continuava faminto desde a hora do almoço, já que não havia comido nada. Estava pronto para se alimentar logo depois que uma das criadas havia lhe servido, até que sentiu toda a sua fome desaparecer.

Para a sua infelicidade, aquele loiro tinha se sentado de frente para si.

E ele sabia o porquê.

Cardinale queria se certificar de que Mu não iria dizer nada para ninguém sobre seu lance com Izo.  E obviamente ele não iria, tinha medo das consequências de suas palavras.

Tentou ignorar o príncipe e começar sua refeição, mas era difícil com aquele olhar mortal sobre si, e novamente, sentiu-se com medo e desconfortável.

Estava quase terminando sua refeição, quando sentiu uma mão tocar-lhe o ombro. Mu deu um pulinho na cadeira, assustando-se. Virou, percebendo que era apenas Shura.

Cardinale não pode deixar de rir alto da cena, o rapaz estava completamente assustado com toda aquela situação. Estava satisfeito, sabia que ele iria ficar calado, por enquanto.

-Desculpe te assustar Mu, mas poderia me ajudar?

-Aconteceu alguma coisa, Shura? –Olhou-o de cima a baixo, percebendo alguns hematomas no corpo do cavaleiro, além de seu rosto estar inchado do lado esquerdo. Suas roupas estavam amarrotadas e o cabelo estava todo atrapalhado, nunca tinha visto o cavaleiro assim.

Mu se levantou, preocupado com o homem.

-Shura, você... – Tentou obter qualquer resposta, mas foi cortado pelo recém-chegado.

-Irmão, o que significa essa sua aparência? –Izo se aproximava, com uma taça de vinho nas mãos, logo a entregando para Cardinale que permaneceu sentado.

Olhou Shura com reprovação. O rapaz ao notar o olhar, abaixou a cabeça, envergonhado.

-Desculpe-me Izo, tive alguns problemas...

-Vá se trocar, depois conversaremos sobre isso. –Falou seco.

Shura assentiu com a cabeça, e logo saiu de vista, sendo acompanhado pelo sobrinho de Shion.

Mu era um aprendiz de Meistre¹, logo, era uma das pessoas do reino que sabia fazer todo tipo de serviço, desde coisas simples como escrever ou ler uma carta, até a curar ou realizar um parto. Por isto sua ajuda era necessária.

Logo estavam nos aposentos de Shura², e Mu já o ajudava a limpar seus ferimentos.

-Pode me contar o que houve? –perguntou, enquanto umedecia um pano na bacia com água.

-Aquele plebeu avançou em cima de mim. –Falou, enraivecido. –Acabamos em uma briga, até que...

Antes de o cavaleiro terminar de explicar os acontecimentos para Mu, Izo entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.

-Tem sorte do nosso pai não ter visto você nesse estado, Shura. Você viu quantas pessoas te olhavam?

-Não me importo... Precisava chegar até Mu. –Falou, olhando para baixo.

-Não se importa? Nunca será um cavaleiro de verdade se continuar a agir desta maneira. –Repreendeu-o. – Agora me conte o que aconteceu.

-Briguei com o plebeu... Ele me socou quando eu estava com o príncipe Afrodite.

Izo o olhou com uma expressão chocada, não acreditando no que ouvia.

-Você... Você apanhou para um plebeu?? Eu não estou acreditando nisto Shura!

-O que queria que eu fizesse? Que o matasse? –Esbravejou. –Sabe que Afrodite tem amizade com aquele ser desprezível!

O irmão mais velho balançou a cabeça, incrédulo.

-Já está falhando como cavaleiro no seu primeiro dia... E ainda deixou o príncipe Afrodite sozinho. O que tem na cabeça?

-Ele se trancou em seu quarto, não pude fazer nada! E tem mais uma coisa irmão... –Aproximou-se do homem, com um olhar sério. –Se estou falhando em meus deveres como cavaleiro, você também está.

-O que insinua? –Arqueou uma das sobrancelhas.

-Acha certo ir até o meio do jardim, para beijar o príncipe Cardinale? –Continuava a encará-lo, querendo uma resposta. – Isto também não é um comportamento de um cavaleiro.

Izo arregalou os olhos, chocado. Olhou para Mu, que também parecia surpreso com o que o menor tinha dito.

-Seu idiota... Você contou ao Shura! –Izo sacou sua espada, indo na direção do Aprendiz.

-E-Eu não...  –Mu gaguejou completamente aterrorizado.

-Ele não me disse nada, irmão. –Entrou na frente do pobre rapaz. –Eu vi com meus próprios olhos, enquanto procurava por Afrodite.

O cavaleiro olhou para ele, em seguida para Mu. Guardou a espada na bainha novamente, saindo dos aposentos de Shura em passos rápidos.

-Eles vão nos matar... –O aprendiz falou, amedrontado.

-Não vão, pode deixar que não irão relar um dedo em você. –Sorriu. – Izo pode ser melhor que eu em todos os aspectos, mas não tenho medo de enfrentá-lo.

-Q-Que bom... –Sentiu-se aliviado, e voltou a cuidar dos ferimentos do cavaleiro. 


Notas Finais


¹- Meistres - estudiosos, curandeiros/médicos e cientistas treinados. Ou seja, Mu é uma pessoa que está em treinamento pra ser prático kkk

²- Os cavaleiros mais importantes, acabam por ter um quarto no castelo, Já que devem sempre permanecer ao lado dos reis/príncipes.

Espero que tenham gostado, esse ficou maior que o outro kkk

Dicas, critícas e tudo mais são bem vindas :)

PS: Estamos com dó do Mu até agora xD


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