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História Entre Sorrisos e Sussurros - P.S: Eu me assustei


Escrita por: Anchovinha

Notas do Autor


Hello amoras, como estão? Espero que estejam bem.

Primeiro de tudo, muito obrigada por serem pacientes e por darem amor e carinho à estória. Peço desculpas por não ter aparecido na semana passada, digamos que os dias estavam incrivelmente turbulentos e eu não estava me sentindo útil para escrever.
Este capítulo marca uma coisa importante, então peço que leiam com atenção e percebam a forma que o Yoongi vê o Hoseok, se quiserem podem fazer comparações com as duas visões. Apenas peço que tenham paciência.

Capítulo 18 - P.S: Eu me assustei


MIN YOONGI POV’S ON

 

O vento gelado do começo da noite fazia meu cabelo balançar de um lado para o outro. Meu rosto se escondia no cachecol grosso enquanto meu corpo se aquecia dentro do sobretudo. Não me lembrava da hora que tinha saído do apartamento, porém sei que foi próximo o bastante da chegada de Hoseok.

Hoseok...

Apertando a mala em uma das mãos, movi meu ombro a fim de ajeitar a alça da mochila enquanto rezava para tudo dar certo. Não tinha comprado a passagem para o trem, pois tinha decidido de última hora sair da cidade e abandonar tudo o que estava construindo. Esperava que houvesse alguma locomotiva que me levasse para perto da minha cidade e o mais longe daqui.

Por enquanto precisava me manter distante.

Durante as horas que passei andando de um lado para o outro muitas ideias tinham surgido, mas nenhuma conseguia me acalmar, pois não era algo que exigia calma e sim compreensão. Talvez um pouco de coragem, porém isso eu não tinha.

Ainda era um cara medroso e confuso e a situação não ajudava.

A culpa não era dele tampouco minha. Talvez mais minha do que dele, mas eu não estava conseguindo pensar, pois tudo se tornou estranho e complexo demais para que pudesse raciocinar. Eu tinha notado que tudo estava mudando a algum tempo, no entanto, não quis dar à devida atenção por isso não parecer perigoso.

Mas Hoseok era perigoso e contagiante. Uma erva daninha que às vezes era impossível de controlar.

Soltando o ar, observei a respiração formar uma nuvem de fumaça enquanto o semáforo me impedia de avançar. Pessoas paravam ao meu lado se encolhendo em suas blusas e casacos para espantar o frio. Não olhei ao redor para ver seus rostos, pois todos seriam desconhecidos e trariam a verdade à tona.

Eu estava fugindo mais uma vez.

Quando tomei a decisão de ir embora não foi por sua causa tampouco pela situação de mais cedo, apenas precisava dar um tempo para mim. Nunca consegui fazer algo sem antes refletir. Tudo tinha de ser planejado. Calculado. Previsto. Minha consciência precisava ficar tranquila por ter ciência de onde estava pisando.

Nenhuma atitude poderia ser tomada de repente. Não era assim que Min Yoongi lidava com as coisas.

Novamente estava saindo de um lugar por não saber o que fazer. A última vez que tinha feito algo assim foi quando decidi sair de casa. Minha mãe e meu pai estavam estranhos de uma maneira ruim, talvez fossem as brigas ou apenas a pressão para me fazer pensar no futuro. Eles não acreditavam quando contava meu plano de vida, acho que era informação demais para assimilarem.

Ninguém gostava do que eu tinha em mente.

Talvez eles não achassem certo a minha motivação para ser o cara que transformaria a vida de alguém. Talvez não levassem a sério esse lance de tocar em praças e pertencer à diferentes lugares. Ou quem sabe, apenas quisessem um futuro melhor para mim. Porém este era o meu melhor e eu gostava dele.

Respirando fundo, voltei a seguir em direção a estação enquanto alguns flocos de neve começavam a cair. O vento tinha aumentado e fazia as pontas do cachecol esvoaçarem para trás conforme caminhava, meu tênis chutava o branco que passava a cobrir a calçada e minha mão pressionava a alça da mala. Alguns carros passavam cautelosos ao meu lado, porém ainda tinham pressa.

Ela nunca os abandonava.

Era por isso que tinha me envolvido no mundo, mesmo que de uma forma distante, eu queria desacelerar as pessoas. Não precisava ser todas, apenas algumas para fazê-las enxergar as cores, ouvir os sons, sentir algo muito maior do que a frustração. Meus pais não entendiam, mas isso nunca me parou, pois sempre segui em frente fazendo exatamente a mesma coisa.

Compondo e tocando.

Compondo e mudando..

Compondo e observando...

Compondo e tentando não participar....

Talvez por isso tenha tomado a decisão de vir para cá. A fórmula que tinha criado para modificar o mundo não estava funcionando e eu precisava sair de casa antes que me tornasse igual aos outros ou apenas desistisse do meu objetivo. Naquela época, há pouco tempo atrás, eu estava perdido, confuso e com medo.

Eu sempre estava com medo.

Levando a mão desocupada até o rosto, deixei que a ponta dos meus dedos tirassem a neve acumulada da franja enquanto meus olhos tentavam enxergar além do branco que cobria a cidade. Os grandes prédios estavam iluminados pelas lâmpadas acesas dos apartamentos, os bares abrigavam as almas alcoólatras que não queriam voltar para seus lares. Alguns cachorros latiam, mas estavam distantes demais para que pudesse vê-los.

Era uma noite bonita para ir embora.

Suspirando, virei uma esquina sentindo a neve cair com mais intensidade. As poucas pessoas que arriscavam caminhar naquela noite passavam a andar mais rápido em uma tentativa de voltar para suas casas. Eu não queria voltar, apenas precisava me manter longe.

Gostaria de poder colocar a culpa em alguém, mas não existia culpado. Para ser franco, apesar de ter tido a tarde inteira para pensar no meu próximo passo não consegui bolar um plano bom o bastante para me apegar. Tudo o que tinha na cabeça eram os métodos antigos que faziam minha mente se manter sã.

Porém eles pareciam antiquados, olhando agora.

Eles não estavam funcionando desde que tudo começou a ficar confuso.

Erguendo a cabeça, olhei para frente quando notei estar perto da estação ferroviária. As enormes letras iluminadas com seu nome me transmitiam uma sensação de perda, coisa que não existia meses atrás quando me mudei. Naquele dia eu estava com Jung Hoseok e seu entusiasmo, talvez estivesse mais com o último do que com o primeiro.

Eu não o conhecia, mas sabia que o rapaz gostava de perguntar por ser curioso.

Sorrindo fraco, caminhei à passos lentos pela calçada que levava até a entrada da estação enquanto a ventania atingia meu rosto. Naquele sábado que me deparei consigo, pensei que apenas seríamos companheiros de cabine pelo tempo que ficássemos no trem.

Por estar em semanas ruins em que não conseguia compor, desejei que Hoseok permanecesse quieto e não quisesse interação nenhuma. Mas ele quis, e depois de um tempo agradeci mentalmente por isso.

Jung Hoseok é um cara inspirador e às vezes sem sentido. Contudo era alguém bom o bastante para se querer ter ao lado, talvez por culpa do seu olhar aguçado ou por conta de suas frases estranhas. Ao longo do tempo que passei a conviver consigo, tentei entendê-lo para não causar problemas, pois afinal, estava vivendo de favor em seu apartamento.

Concluí depois de algumas semanas, que ele não era alguém que se entendia facilmente. E eu gostava de conhecer um pouco de si a cada dia, mesmo que algumas coisas ficassem sem nexo ou não formassem algo concreto.

Confesso que fiquei fascinado algumas vezes pelas coisas que ele dizia. Seus pensamentos sobre a vida me interessavam, a maneira que Hoseok enxergava o mundo era semelhante à minha, porém mais inconstante e perdida.

Hoseok era um mistério num mundo apressado.

Abrindo as enormes portas da estação, caminhei em direção à bilheteria enquanto imaginava suas possíveis reações ao encontrar o apartamento vazio. Quando saí deixei Sansão em sua cama, ele gostava de lá tanto quanto eu, talvez não pelos mesmos motivos, mas compartilhávamos um carinho especial por aquele lugar.

O travesseiro cheirava à Hoseok.

O colchão era confortável como Hoseok..

O sono era tranquilo, assim como Hoseok...

– Posso ajudá-lo? – me assustei com a voz abafada do rapaz da bilheteria.

Olhando ao redor, tentei manter minha mente em foco e não distraída. Precisava sair daqui antes que desistisse.

– Uma passagem para o trem das sete – falei por cima do cachecol.

O rapaz olhava para o monitor enquanto se mexia na cadeira. Isso me lembrava da inquietude de Hoseok quando pensava demais em alguma situação.

Grande parte dos seus dias eram perdidos em sua cabeça e às vezes ele caía em uma tristeza repentina por ficar lá por muito tempo. Eu tinha ciência que ficava em silêncio refletindo sobre suas palavras ou buscando alternativas para algumas situações, mas Hoseok era demais. Às vezes ele não voltava rápido do seu mundo e eu permanecia quieto por alguns minutos esperando seu retorno.

Ele era distante e eu tinha medo disso, mas Hoseok me deixava feliz.

– O senhor teve sorte. Temos uma única passagem – disse o rapaz com humor. Forcei um sorriso enquanto tirava a carteira do bolso do sobretudo – O trem chega daqui vinte minutos.

– Qual é a plataforma? – perguntei apressado.

Estava começando a desistir.

– Ala 2.

 

****

 

Parando em frente ao pilar que indicava o lugar onde o trem iria estar, fechei meus olhos enquanto apertava alça da mala. Minha mãe gostava de dizer que eu tinha que participar do mundo, mas nunca dei muita importância, pois estava fazendo tudo do meu jeito e seguindo a fórmula que não me deixaria envolver no caos.

Consegui manter tudo estável e agir em praças e ruas quando encontrava um bom local para chamar a atenção. No entanto, depois de conviver com Hoseok, notei que isso não era o bastante, pois não compreendia como o mundo se transformava e não tinha coragem para tentar fazer parte disto e alcançar outros objetivos.

Ele, por mais confuso e sem sentido que fosse, me mostrou que uma dose de coragem é necessária para ser melhor.

Soltando o ar, franzi o cenho enquanto permanecia de olhos fechados e escutava as conversas das pessoas junto com o barulho dos trens chegando. Talvez ele tivesse ficado confuso com o bilhete, quem sabe se eu tivesse complementado com:

 

P.S: Alimente o Sansão e não deixe ele subir na mesa. Tome café todos os dias e desculpe por isso.

 

Não. Hoseok continuaria pensando demais e encontrando motivos inexistentes em minhas palavras, ele era bom nisso. Quem sabe se acrescentasse:

 

P.S.S: Alimente o Sansão e não deixe ele subir na mesa. Tome café todos os dias e desculpe por isso. Não esqueça de deixar algumas coisas espalhadas, faça isso até eu voltar.

 

Ele continuaria confuso e possivelmente bravo. Eu deveria ter deixado a mensagem mais clara.

 

P.S.S.S: Alimente o Sansão e não deixe ele subir na mesa. Desculpe por ser confuso, apenas me assustei ao me ver tão feliz. Talvez eu tenha medo da felicidade e de sua duração. Então não fique bravo, apenas entenda que precisava sair antes que não conseguisse mais.

 

Talvez devesse ter escrito isso.

– Yoongi!

Abrindo com olhos bruscamente, girei a cabeça procurando pela voz enquanto prendia a respiração. As pessoas andavam apressadas pela plataforma enquanto locomotivas chegavam em demasiada quantidade. Os grandes e monocromáticos casacos dançavam na minha frente enquanto meus olhos buscavam por seu rosto.

Estaria eu, enlouquecendo por pensar demais em ti?

– Yoongi!

Girando sobre os calcanhares, procurei por si entre os pilares de indicação e pelo mar de pessoas. O interior da estação era claro e iluminado por grandes lâmpadas, mas não conseguia encontrá-lo, talvez por culpa do grande fluxo de mulheres e homens naquele horário.

Desapontado, virei novamente desistindo de tentar ver algo. Porém, quando meu corpo deu as costas para a multidão, encontrei o rapaz de fios escuros e pele dourada com as mãos nos joelhos e cabeça baixa. O cachecol azul que estava em seu pescoço se afrouxava conforme ele puxava o ar para seus pulmões.

Ele parecia ter corrido uma maratona.

– Você deveria ter me esperado – falou ofegante enquanto se mantinha naquela posição.

Eu estava com vergonha de tê-lo feito correr até aqui, porém estava irritado por ser medroso.

– Desculpe – respondi sincero, apertando a alça da mala.

Ele sacudiu a cabeça em negação.

– Eu deixei um bilhete – falei forçando o humor enquanto desejava que aquilo pudesse resolver todos os meus problemas.

Tudo era mais fácil antigamente. Bem antes de pensar em aprender a tocar violino e desacelerar as pessoas. Antes de conhecer Hoseok e sentir vontade de participar do mundo.

Ele estava tentando ser corajoso para se conhecer e compreender como a realidade funcionava. Talvez tivesse interesse em aprender coisas novas e sanar sua curiosidade. Hoseok não se mantinha em um único lugar e por estar aprendendo a viver estava suscetível à ir para longe.

Esse pensamento me deixava incomodado.

Na época em que eu era novo, costumava sair para brincar com as crianças do bairro. Não existia cobrança de ninguém. Não me preocupava com nada além da chuva que ameaçava cair e me prender em casa. Meus pais me ensinavam palavras e diziam coisas sobre comidas, eu por sua vez, sorria e voltava a assistir algum desenho.

Quando eu era criança, tudo era simples e descomplicado. Queria saber como deixar as coisas assim agora.

– Tudo está errado – sussurrou enquanto erguia a cabeça.

Seu semblante parecia cansado daquele ângulo, porém o que me fez puxar o ar com força foram seus olhos. O olhar em seu rosto quase me desarmou. Era um olhar perdido, atônito e confuso, como de um garoto de pé em frente à um vilarejo em chamas.

– Por que não esperou que eu voltasse para conversarmos? – perguntou com cautela.

Não havia raiva ou ressentimento, apenas uma ligeira falta de compreensão sobre a minha ação.

– Não sei.

Menti.

– Seja sincero.

Ele sabia disso.

– É complicado – respondi desconfortável enquanto desviava o olhar para algum ponto atrás de si.

– Por quê você sempre fica tão distante de mim, Yoongi? – falou cansado erguendo o tronco e me olhando de cima. Ele não parecia intimidador, pois ainda mantinha o olhar confuso – Às vezes penso que nunca vou conseguir alcançá-lo.

– Você é o cara distante aqui, Hoseok – retruquei com a voz abafada enquanto escondia meu rosto no cachecol – Existe um campo de força ao seu redor que não me permite entrar.

Ele franziu o cenho e inclinou a cabeça para o lado ponderando as minhas palavras.

Observando-o com atenção, notei que vestia as mesmas roupas que tinha saído hoje pela manhã. Hoseok deveria ter chegado e saído rápido quando se deu conta de minha ausência. Confesso que isso me deixava 60% feliz, pois mostrava que ele se importava e sua presença aqui comprovava isto.

Será que ele percebia isso em mim também? Nas vezes que procurei trazê-lo de volta para o mundo real ou quando, na época que vivi em meu próprio apartamento, que sentia sua falta nas mensagens e ligações que trocávamos?

Soltando o ar, olhei para cima enquanto aguardava por sua resposta. Fazia um tempo que eu não sentia saudade de algo ou alguém, pois quando tudo terminava ou ia embora parecia natural aos meus olhos. Com Hoseok foi diferente, porque, mesmo sabendo que tinha de sair do seu espaço para conquistar o meu, não fiquei aliviado como esperava.

Normalmente eu ficava animado com a ideia de ter algo absolutamente meu, mas não senti isso quando encontrei um edifício barato para me acomodar com Sansão. Talvez por não me sentir pronto adiei o dia da mudança o máximo que consegui.

Foi mais difícil do que eu gostaria que fosse.

– Yoongi – sussurrou meu nome com certa dúvida – não acho que eu tenha um campo de força, pois sempre me mantive ao seu dispor para conversar.

Ele não havia entendido.

– Não é disso que estou falando – sussurrei de volta mantendo meus olhos no teto – Você conversa e faz perguntas, mas nunca diz exatamente o que pensa ou quer. Consegue entender a diferença? – falei voltando minha atenção para o seu rosto.

Não era isso que me incomodava, porém era algo que gostaria de ter falado algum tempo.

– Sim – respondeu pensativo.

Ele continuava não entendendo.

– Eu quero que as pessoas me digam o que sentem, porém não sei se quero fazer o mesmo – disse enquanto mexia as mãos nervosamente – Mas quando te conheci, senti vontade de falar sobre aquelas coisas que ninguém tinha paciência de escutar. Não era uma obrigação, apenas entendi que contigo poderia conversar livremente – completou buscando seus meus olhos – Isso faz sentido?

Assenti enquanto procurava por coisas para dizer à ele. Não gostava de ficar em silêncio, pois ou Hoseok iria para seu mundo ou eu ficaria preso no meu.

– Yoongi, apenas me escute. Preciso te dizer tudo aquilo que iria falar contigo se não tivesse fugido – sua voz continha urgência misturada com um turbilhão de sentimentos.

Às vezes achava que ele era constituído disso, de pensamentos confusos e sentimentos extremos.

– Eu venho tentando descobrir o momento exato em que meus sentimentos mudaram. Mas quando você, Yoongi, foi embora do nosso apartamento pela primeira vez percebi que nada tinha mudado, porém tudo havia evoluído – falou como se tivesse tirando um peso das costas – Você continua sendo o cara incrível que conheci num trem e que passou a morar comigo depois de ser expulso de onde morava.

Se eu não tivesse medo, teria o abraçado. Queria ser corajoso algum dia para fazer isso.

– No entanto, em vez de olhá-lo como um amigo que eu admiro. Agora você é um amigo que admiro e quero beijar.

Seus olhos estavam cravados nos meus enquanto seus lábios sibilavam palavras que me assustavam. Eu era feliz e corajoso quando estava com ele, porém essa felicidade que Hoseok me proporcionava me deixava com medo, pois nunca sabia quando ele decidiria ir embora e acabaria com o momento.

Eu pertencia à um lugar. Todo esse lance de tocar em praças e fazer alguém sair de sua rotina era o meu espaço, e à ele eu estava preso. Mas Hoseok não tinha um. Ele não pertencia a lugar algum e vivia abandonando pessoas quando achava que ninguém precisaria de si.

Confesso que tinha medo dessa felicidade, pois ainda não sabia como participar do mundo para fazê-lo ficar. Às vezes, pensava que se não tivesse medo poderia pedir para ele se prender a esta cidade, pois se Hoseok continuasse aqui, eu poderia ficar consigo e aprender a viver.

– Não fuja todas as vezes que estivermos próximos, Yoongi – sussurrou dando um passo para frente – Você não imagina como foi doloroso ficar sozinho quando se mudou. Seria mais fácil se fosse apenas saudade, porém havia algo a mais que não me deixava em paz.

Hoseok não sabia que eu esperei por uma mensagem sua durante uma semana toda.

– Apenas me deixe ficar perto de você.

 Abrindo e fechando a boca algumas vezes, esperei que as palavras saíssem enquanto escutava os alto-falantes anunciarem que meu trem havia chegado. Atrás dele, uma grande locomotiva passava rapidamente fazendo as rodas agredirem os trilhos. O barulho vinha acompanhado de um ar agitado que movimenta nossos casacos e cabelos.

O rosto de Hoseok estava sério enquanto minhas pernas esperavam um momento oportuno para caminhar até o maquinista e escapar daquela situação. Porém não tive tempo para pensar, pois em um instante ele se inclinou para frente e tirou a mala de minha mão.

– Desculpe, mas não posso deixar você ir – sussurrou – Prometi à Sansão que te levaria de volta.

Passando por mim, Hoseok caminhou firme em direção a saída com a minha mala em mãos. Ele estava sério sobre isso. Ele estava sendo sincero sobre tudo.

Girando sobre os calcanhares, encarei suas costas se difundirem em meio à multidão enquanto um sorriso fraco desenhava meus lábios. Talvez gostasse dele mais agora que estava participando do mundo e compreendendo como as coisas funcionavam, do que quando nos conhecemos à meses atrás. Ele era curioso demais e sufocante às vezes.  Agora ele era corajoso e sabia me fascinar com pequenas coisas.

Jung Hoseok poderia não fazer sentido neste mundo, mas me fazia querer aprender como a realidade funcionava. Eu sentia vontade de estar ativamente no caos, porque ele fazia parte disto.

Fechando os olhos e deixando que o alívio junto com a gratidão inundassem a minha mente, permiti que meu corpo relaxasse antes de ir atrás dele. Os sons da estação eram apressados e altos, mas não me incomodavam, pois eu estava feliz demais para sentir qualquer coisa.

Se não tivesse medo, teria a coragem de dizer que sentia coisas demais para externizar em palavras.

Se não tivesse medo, poderia correr até si e prometer que não ficaria mais distante..

Se não tivesse medo, agradeceria por não desistir de mim...

 


Notas Finais


Peço novamente desculpas pela demora. Espero que tenham gostado, pois este capítulo, a estrutura dele na verdade, foi montada no final do ano passado e consegui manter até este momento. Ainda não sei como vocês estão enxergando a estória e se estão compreendendo como as coisas se encaixam.
Até pensei em escrever aqui a interpretação do capítulo, mas acho que isso influenciaria vocês e não é algo certo.

Enfim, obrigada por cada coisinha que vocês falam e pelo carinho que tem dado à esta coisa maluca. A partir de agora, faltam quatro capítulos para o fim, então me desculpem por qualquer coisa.


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