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História Entre Tubos de Ensaio - Pequena Esperança


Escrita por: mills_trevosa

Notas do Autor


Boa tarde, pessoal! Tudo bem? Eu espero que sim!!!

Bom, não tenho muito o que falar desse capítulo, a não ser pedir pra vocês lerem com calma e cuidado. As coisas estão tensas por aqui.

Tenham uma ótima leitura!

ALERTA DE GATILHO: parto, sangue, falecimento...

Capítulo 29 - Pequena Esperança


Fanfic / Fanfiction Entre Tubos de Ensaio - Pequena Esperança

Emma 

— Isso não deveria estar acontecendo, Emma! — a voz de Regina soou forte, enquanto deixávamos o quarto de Neal para trás — Com quantos meses ela está? 

— Prestes a completar oito, mas não está na hora. De qualquer modo, não está na hora — eu sentia meu corpo inteiro formigar por debaixo da roupa, me fazendo suar frio. 

— Provavelmente já está avançado demais para tentarmos conter e sabemos que ela não aguentaria uma investida mais incisiva. Não temos escolha! — ouvir suas palavras, me fez parar de andar de repente e sentir meu coração parar por alguns instantes, para logo depois voltar a bater de maneira descontrolada. Minha mente projetou, imediatamente, as conversas que tive com Laura e a proposta que ela havia feito a mim. 

Flashback On - Dia que a Laura voltou ao Instituto 


          — Ei, você precisa se acalmar! Aposto que todo esse nervosismo não fará bem ao bebê — falei, enquanto levava ela para o meu laboratório, tentando acalmá-la. Eu podia ver por trás dos seus olhos que o medo era gritante — Vem! Senta aqui! Eu vou pegar um copo de água para você tentar se acalmar — ela apenas assentiu e eu me virei para ir buscar a água. 

— Não deixe que a peguem… — sua voz saiu como um sussurro — Por favor, independente de qualquer coisa, não deixe que a peguem — eu assenti e me retirei. Por sorte, próximo a entrada do laboratório havia o bebedouro. Não demorei mais do que dois minutos e quando voltei a me aproximar da garota, ela chorava incontrolavelmente. 

— Ei, Laura! Você precisa se acalmar! — deixei o copo com água no balcão ao seu lado e me ajoelhei à sua frente — Eu sei que você tem motivos para estar assim e que deve estar assustada, mas precisa respirar fundo, tomar aquele copo de água e me contar o que está acontecendo. Preciso que me diga tudo o que sabe sobre a sua situação, para que eu possa encontrar uma forma de te ajudar — ela concordou e ficou em silêncio por alguns instantes, tentando controlar suas lágrimas. Quando conseguiu, eu lhe entreguei o copo e esperei que bebesse todo o conteúdo, para voltar a lhe perguntar — Acha que consegue me contar agora? — ela assentiu. 

— Meus pais sempre pediram por um neto — iniciou, puxando o ar com força — Sempre que possível, eles diziam que queriam e precisavam de netos. Eu sou filha única, então imagina o tormento que eu passava todas as vezes que ia visitá-los — sorriu sem vontade e eu apenas continuei observando o seu semblante cansado — Eles viviam dizendo que eu precisava encontrar alguém e ter um filho com essa pessoa, mas eu não queria aquilo. Não queria ter um filho com uma pessoa qualquer que poderia sair da minha vida a qualquer momento e outra, eu me sentia muito nova para tudo isso. Mas então, três anos se passaram e a minha mãe começou a adoecer, então eu pensei que estava na hora. 

— E aí você conheceu o CCSP? 

— Exatamente! Não me lembro bem como foi que eu acabei aqui, mas um belo dia eu estava sentada no saguão, conversando sobre FIV e fazendo planos na minha cabeça de como criar minha filha — se mexeu um pouco incomodada, mas logo prosseguiu — Eu sempre quis uma menina e eles me disseram que poderiam me dar uma, se eu realmente quisesse. Parecia bom demais para ser verdade, mas eu estava empolgada, então acabei ignorando todos os alertas explícitos de que estava me enfiando numa cilada.

— Demorou muito para realizarem o procedimento? — perguntei realmente curiosa.

— Em torno de três meses, entre o primeiro dia que pisei aqui e o dia do procedimento — assenti — Durante esse tempo, eu passei por um tratamento para me preparar para a gravidez e foi aí que eu decidi contar aos meus pais que eles seriam avós, mas nada saiu como planejado. Primeiro me questionaram quem seria o pai e eu precisei explicar que iria criá-la sozinha, o que gerou a primeira briga. Quando descobriram que eu iria fazer o procedimento, foi quando o mundo acabou — seus olhos voltaram a se encher de lágrimas e eu a vi puxando o ar, como se buscasse forças para prosseguir — Eles disseram que ela seria uma aberração e que eles nunca poderiam acolher algo assim na família deles. Essa foi a última vez que nos falamos. 

— Eu sinto muito! — falei com sinceridade. 

— Está tudo bem! No momento eu estou mais preocupada com outras coisas… — senti que Laura falaria mais, mas no momento em que voltaria a falar, meu celular vibrou no meu bolso. 

— Me desculpe! — pedi já pegando o celular para verificar a mensagem que havia acabado de chegar. Reunião de última hora com todos — Laura, eu… 

— Você precisa ir, eu sei! — falou já se levantando — Eu diria que poderia te esperar aqui, mas prefiro não arriscar. Tem pessoas por aí, que não me trazem boas lembranças e que eu quero manter longe da minha bebê. 

— Claro! — busquei com o olhar um pedaço de papel e uma caneta. Assim que os encontrei, anotei meu número e lhe entreguei a folha — Me mande uma mensagem ou me ligue para que possamos marcar um encontro e você me contar tudo o que eu sei que você tem para contar. 

— Ok, doutora…? — perguntou olhando para o papel. 

— Swan, Emma Swan! 

Flashback Off 


         — Regina, não tava na hora desse bebê nascer. O que pode ter acontecido? — questionei, enquanto avançávamos pelo corredor, em direção ao quarto em que Laura estava. Por um breve momento, me condenei por ter levado aquela menina até ali, mas logo um outro pensamento tomou minha mente. Ela tinha piorado consideravelmente e poderia simplesmente não aguentar, o que resultaria na sua morte e na morte da bebê. Não, isso não iria acontecer. Não podia e eu não deixaria. Uma das duas eu conseguiria salvar. 

— Acredito que possam ter induzido o parto dela, uma bela injeção de hormônios e tudo acontece — eu sentia a voz da morena começando a ficar distante, como sempre acontecia em momentos mais tensos, mas eu não queria isso. Precisava dela ali comigo, completamente presente e sendo a minha Regina. Quando resolvi que quebraria o silêncio que ficamos imersas por alguns instantes, Mills o fez antes — Quem está com ela? 

— Lilith Page — Regina franziu as sobrancelhas — A estagiária — sua expressão não mudou — Às vezes eu esqueço que você é antissocial e que não conhece metade das pessoas que trabalham aqui. 

— Em minha defesa, eu gostaria de dizer que essa é a primeira vez que passo tanto tempo aqui — sorriu leve e eu a acompanhei. Apesar da conversa, nossos passos eram largos e apressados. Laura estava numa ala mais afastada, onde as pessoas quase não iam e isso foi o que me ajudou a deixá-la um pouco mais segura. Pelo menos eu achei que sim. 

— Sei! — impliquei e Regina revirou os olhos — Lilith é estagiária aqui há um pouco mais de um ano. Ela é boa no que faz e é de confiança, trabalhamos juntas quando ela passou pela área da genética — Regina ficou calada e eu prossegui — Eu não contei nada a ela, apenas disse que Laura era importante para uma pesquisa minha e que deveríamos manter a descrição. 

— Você confia mesmo nessa moça — pontuou. Após virar a direita duas vezes e a esquerda três, alcançamos a escada que nos levaria até o andar inferior, onde Rodrigues estava. 

— Trabalhamos juntas durante seis meses… E pode ser que tenhamos saído juntas para beber algumas vezes… — falei sem perceber o que havia dito e só me toquei do tom que aquela informação poderia ter quando ouvi a resposta de Regina. 

— Hum! Entendi! 

— Está com ciúmes, Dra. Mills? — perguntei por pura implicância.

— Eu até poderia estar, Dra. Swan! Mas, acredito que na nossa atual situação, não seja muito adequado — o riso era nítido em sua voz, o que me tranquilizou. Regina não havia levado para um lado ruim. 

— Levando em consideração os últimos acontecimentos, acho que uma crise de ciúmes seria mais que suficiente para acalmar os nossos nervos — sorrimos e chegamos à porta que guardava Laura. Sem esperar mais um segundo sequer, abri a porta e encontrei Rodrigues se contorcendo um pouco sobre a cama, enquanto Page tentava acalmá-la. 

— Qual o intervalo entre as contrações e qual a duração? — Regina perguntou atrás de mim, já indo em direção ao móvel que ficava de frente para o pé da cama, para pegar um par de luvas e calça-lo. 

— De 3 em 3 minutos, com duração de 45 segundos cada. 

— Ela já está pronta, Emma! — olhou pra mim com intensidade no olhar. Respirei fundo e me aproximei de Laura, que até então não havia esboçado nenhuma reação à nossa presença. 

— Laura! — a chamei levemente e só então ela abriu os olhos, virando na minha direção. Parecia um pouco aérea por conta da dor. 

— Emma!? — seus olhos diziam que ela sabia o que iria acontecer. 

— Sou eu querida, mas não estou sozinha. Regina está aqui comigo… — olhei para a morena, indicando com a cabeça que ela deveria se aproximar um pouco mais de nós, e assim ela fez. 

— Oi, Laura! — falou suavemente. 

— Oi, Regina! — sorriu fraco. Ela parecia mais cansada que o normal, como se seu corpo já tivesse sido levado ao extremo. Seu rosto estava abatido e seu corpo estava muito mais magro do que deveria estar. De repente, seu semblante sereno se contorceu — Aaaaaah! — seguramos firme em suas mãos e a amparamos, para que respirasse e tentasse se manter calma — Está na hora, não está? 

— Está sim, querida! — Regina a respondeu. 

— Estamos aqui para ajudar vocês duas a ficarem bem — afirmei, mesmo sabendo que aquela opção não era a nossa realidade de fato — Na verdade, eu serei apenas o seu apoio moral. Regina é quem fará a parte difícil do trabalho — sorri sem muita convicção ao terminar a fala. 

— Na verdade, Laura, o trabalho será todo seu. Estamos aqui apenas para te auxiliar — do onde eu estava, Mills parecia calma e muito centrada. Totalmente o contrário de mim, que tremia por dentro e por fora — Vou precisar ver com quantos dedos de dilatação você está, tá bom? Isso pode incomodar um pouco — Laura assentiu e Regina voltou para sua posição inicial no pé da cama. 

— Regina! — a chamou, fazendo Mills olhar em sua direção outra vez — Obrigada! Por tudo! — Regina apenas sorriu e seguiu com o que estava fazendo — Poderia me distrair? Não acho que seja muito confortável ter uma mulher introduzindo seus dedos em mim — eu ri com sua fala e não fui a única, Regina e Lilith, que auxiliava a morena, também riram. 

— E suas ginecologistas? — questionei com um tom leve. 

— Todos homens! — respondeu e eu fiz uma careta engraçada.

— Olha, respondendo a sua questão, eu posso te garantir que dependendo da mulher, pode ser muito… Arrebatador! 

— Acha que a Regina se enquadra nesse tipo de mulher arrebatadora? — ouvi o riso baixo de Regina e me aproveitei disso, pois sabia que a morena ficaria sem jeito com a minha resposta. 

— Mas é claro! Você já olhou bem para o rosto dela? Essa mulher é perfeita e eu aposto que não existe nada melhor do que ter os dedos dela dentro de você — a loira à minha frente arregalou os olhos e eu pude ouvir a risada contida de Lilith preenchendo a sala. Não precisei olhar para Mills para saber que seu rosto estava totalmente vermelho. Laura olhou na direção da morena e logo voltou a olhar pra mim.

— Algo me diz que você sabe bem do que está falando, Dra. Swan! — pisquei em sua direção, fazendo-a abrir a boca em um perfeito 'O'. 

— Estamos com 10 dedos de dilatação, Laura! Temos que começar — Mills falou e logo em seguida, uma outra contração tomou conta da loira — Estão ficando mais curtas! Lilith, preciso de um banco, um avental cirúrgico e do carrinho de emergência neonatal — vi Lilith assentir e buscar tudo o que Regina havia pedido — Está pronta? 

— Eu não tenho muita escolha, não é mesmo? — riu sem muita vontade — Emma, antes de começarmos, eu preciso saber o que você decidiu. Eu não vou conseguir fazer isso sem saber que ela ficará a salvo — uma contração cortou sua fala, fazendo-a apertar a minha mão. Regina já estava vestida com o avental e se posicionava entre as pernas de Laura. 

— Emma, você precisa ajudá-la, tudo bem? Ela está fraca, então precisará de todo apoio possível — a morena estava com seus olhos fixos no que estava prestes a fazer, eu apenas assenti — Eu preciso que você desça o seu corpo um pouco mais, querida! — pediu e eu a auxiliei no processo. Tirei a jaqueta que ainda estava em meu corpo e aproveitei o espaço atrás de Rodrigues para me sentar ali e lhe servir de apoio. Segurei em suas duas mãos, tentando lhe passar confiança e então mais uma contração lhe atingiu — Eu preciso que você faça força, Laura! — e ela fez. Empurrou o máximo que conseguiu, até Regina pedir que ela respirasse um pouco. 

— Eu preciso saber, Emma… Por favor! — e mais uma vez ela empurrou. Seus dedos apertavam a minha mão com uma força que eu não imaginei que ela poderia ter, mas eu não iria fraquejar. Ela precisava de mim e eu seria seu apoio incondicional. Mais um respiro e eu pude ver suas lágrimas escorrendo. 

— Eu assinei, Laura! Nossa pequena ficará bem! — ela empurrou de novo, mas dessa vez com mais força e, talvez até, com mais convicção. Vontade.

Flashback On - Um dia depois da chegada de Laura 


         Eu ainda não sabia o que Laura queria comigo, mas sua mensagem havia sido muito clara; ela precisava me ver e tinha que ser o mais rápido possível. Eu estava nervosa, parecia que meu corpo já sabia tudo o que viria pela frente. Marcamos de nos encontrar na praça de alimentação do shopping mais próximo do CCSP e ali estava eu, balançando a perna em um claro sinal de nervosismo. Olhei ao redor para saber se ela já estava por ali e a avistei andando apressada em minha direção, com a respiração desregulada.

— Me desculpa a demora! Eu precisei passar no escritório do meu advogado e isso me fez atrasar — Laura falou já se sentando na cadeira à minha frente. 

— Boa tarde, Laura! — falei já com um sorriso no rosto. 

— Boa tarde, Emma! Me desculpe a falta de educação — apesar de seus lábios estarem sorrindo, o gesto não chegava até os seus olhos. 

— Não tem problema, sei que a sua mente deve estar uma imensa confusão — pude ver seu olhar me agradecer pelas palavras — Eu não quero ser indelicada, mas você me deixou muito curiosa com aquela mensagem. O que exatamente você tem para me dizer?

— Há alguns meses atrás eu passei muito mal, cheguei a ir parar no hospital e lá, depois de fazerem vários exames, eles disseram que eu estava bem — revirou os olhos — Me aconselharam a entrar em contato com a clínica onde eu fiz o procedimento e tentar entender com eles o que aconteceu — Laura fez uma pequena pausa, mas logo prosseguiu — Eu demorei duas semanas para tomar coragem de vir até aqui. 

— Você estava com medo! 

— Ainda estou, na verdade. Mas, se eu quero nós duas bem, vou ter que enfrentar esse medo — sorriu sem muita vontade e ficamos em silêncio por alguns instantes. Me lembrei de como Rodrigues havia reagido ao ver a doutora Cora no saguão e resolvi questionar aquilo. 

— Ontem, você estava muito nervosa, assustada e quando viu a Cora, isso tudo apenas piorou… — percebi seu corpo ficar um pouco tenso — Poderia me dizer o porquê? — ela suspirou, mas logo me respondeu. 

— Quando conheci o Instituto e realizei o procedimento, ela estava presente. Doutora Cora Mills! — repetiu. Ouvir o sobrenome de Regina junto ao nome daquela mulher, me causava arrepios. Mesmo sabendo que ela era sua mãe, essa sensação sempre falava mais alto dentro de mim. 

— De acordo com o que falam, a Cora não estava aqui já há alguns anos — franzi as sobrancelhas ao me lembrar da reunião que foi feita, justamente para anunciar o retorno da cientista. 

— Pelo o que ela mesma me falou, ela estava apenas de visita na primeira vez, mas se interessou pelo meu caso e resolveu esperar minha volta — aquilo me pareceu curioso, mas sem dúvidas, era algo que eu conseguia entender. Cora provavelmente viu uma oportunidade em Laura, sua possível segunda chance de refazer um dos seus grandes feitos, o grande problema seria descobrir qual — Também conheci a filha dela, Regina Mills, na minha primeira vinda até o CCSP — sua fala cessou meus pensamentos — Ela tentou me fazer desistir da ideia de prosseguir com aquilo, mas eu não a escutei. Me alterei no meio da nossa conversa, mas ela se manteve calma e me disse para ter certeza do que eu iria fazer, pois depois que eu assinasse aqueles papéis, não teria mais volta — Laura riu sem vontade — Deveria ter escutado ela!

— Vocês se viram outras vezes ou essa foi a única? — ela negou com a cabeça antes de verbalizar sua resposta.

— Quatro meses depois do procedimento, tudo parecia bem com o bebê, mas conforme a gestação avançava, mais fraca eu parecia estar, então vim atrás de ajuda e eles me mandaram assinar um novo contrato. E, como uma boa pessoa desatenta, eu não li o que estava assinando. Eles me deram alguns medicamentos, dizendo que tudo ficaria bem e que eu melhoraria, o que de fato aconteceu — respirou fundo — Quando estava indo embora, encontrei com Regina. Ela parecia apressada, mas parou para falar comigo. Conversamos um pouco e eu comentei sobre o novo contrato, o que a fez fechar o semblante e me aconselhar a ir atrás de um advogado e fazer tudo o que eu pudesse para proteger essa criança. 

— Ela te falou o porquê? 

— Não e também não tivemos tempo para conversarmos mais, mas suas palavras não saíram da minha mente, então eu fui atrás de um bom profissional e mostrei os dois contratos para ele — parecia ser difícil falar sobre aquele assunto e eu podia entender o motivo — Nas letrinhas miúdas, onde geralmente ninguém presta atenção, dizia que se algo acontecesse comigo e eu viesse a falecer, a guarda da minha bebê passaria automaticamente para eles, caso não houvesse nenhum parente próximo capaz de criá-la. 

— Filhos da puta! — exclamei por impulso — Eles sabiam que você estava afastada dos seus pais? — ela assentiu — E o que o seu advogado disse? 

— Ele me falou para encontrar alguém de confiança e que esteja disposto a criar a minha filha caso aconteça algo comigo — sem a menor dúvida, eles dariam um jeito de tirar Laura do caminho na primeira oportunidade, se é que aquele plano já não estava em andamento. 

— Vou examinar você e suas amostras. Aposto que tem um arquivo seu no sistema, eu vou achá-lo e irei entender o que está acontecendo com você — ela assentiu — Preciso que você vá ao médico e faça alguns exames, para sabermos como está a sua saúde e a do bebê, assim poderei cruzar os resultados com as informações que encontrar sobre o seu procedimento e talvez, mas só talvez, eu precise de dados novos. 

— Eu farei tudo o que for necessário, Emma! Obrigada!! — apenas assenti. Pouco depois, nos despedimos e fomos embora. 

Naquela tarde, eu revirei o CCSP, tanto fisicamente, quanto no sistema e, mesmo sendo complicado, consegui achar o que precisava. O que eu não contava era com os detalhes descritos naqueles papéis. 

Dois dias depois (um dia antes de descobrirem sobre o DNA dos pais da Regina) 

Laura havia feito os exames e seus resultados já estavam em minhas mãos. Os números não eram bons. Por mais que sua aparência dissesse que estava bem, por dentro, Laura estava cada vez mais debilitada. Estava cada vez mais desnutrida e os níveis de vitaminas presentes em seu corpo, estavam abaixo do esperado. Eu havia encontrado a razão daquilo e o motivo pela troca de contrato, mas ainda não conseguia acreditar que eles chegariam tão longe. 

— Por Deus, Emma, o que mais eles precisam fazer para que você entenda de uma vez por todas? — falei comigo mesma e em voz alta, sem me importar com as pessoas que estavam à minha volta naquela cafeteria. 

— Acho que as horas que tem passado no laboratório não tem te feito bem, Emma! — a voz de Laura surgiu atrás de mim, me fazendo sentir os músculos contraírem — Olá! Tudo bem?

— Tudo sim e com você? — respondi com a voz o mais tranquila possível e tentando controlar ao máximo as minhas expressões. 

— Não está não! Sua cara diz que tem algo muito errado, o que foi? — perguntou já se sentando à minha frente — Tem a ver com o que você descobriu sobre mim, não é? — assenti — Então fala logo, está me deixando nervosa e a bebê não gosta quando isso acontece — tentou amenizar o clima e até conseguiu arrancar um sorriso leve de mim, mas o que eu tinha para lhe falar, seria um banho de água fria naquele momento.

— Você está doente, Laura! — falei num fôlego só — Muito doente! — suspirei e me ajeitei melhor na cadeira, apoiando os dois braços na mesa e olhando diretamente para os olhos de Laura — Quando fizeram o procedimento em você, editaram o DNA do seu bebê como bem quiseram, já que você não tinha nenhuma preferência. Eles a fizeram para ser um "parasita" — a sua surpresa foi tão grande quanto a minha. Algumas lágrimas já se acumulavam nos cantos dos seus olhos, fazendo-a respirar profundamente para segurar o choro. 

— Está me dizendo que a minha filha está me matando? 

— Sim! — ela levou as duas mãos ao rosto e depois ao cabelo — Eles precisavam se certificar da sua ausência quando chegasse a hora dela nascer — ficamos em silêncio por um tempo. Minha mente tentava pensar numa solução, mas não tinha muito o que eu poderia fazer. Ela precisava ficar em observação e tinha que ser o mais rápido possível. 

— Essas pessoas são doentes… — falou sem vontade e era nítido que ela ainda tentava processar aquela informação. Era coisa demais para lidar, eu sabia. De repente, Laura secou as lágrimas e colocou sua bolsa em cima da mesa — Bom, se eles acham que ficaram com a minha filha, estão muito enganados — tirou alguns papéis de lá, enquanto um sorriso vacilante surgia em seus lábios — Eu encontrei a pessoa que o meu advogado me aconselhou a procurar — ergui as sobrancelhas, realmente surpresa.

— E quem é? 

— Você, Emma! — senti meu corpo inteiro gelar e meu coração acelerar — Eu gostaria que você ficasse com a minha bebê, tenho certeza que seria incrível com ela, assim como tem sido comigo. 

— Laura, eu não… — me interrompeu. 

— Não precisa me responder agora, muito menos assinar os papéis, apenas… Pense! — era perceptível, pelo menos pra mim, que ela estava tentando amenizar o peso da notícia anterior com aquele assunto — Pense e quando tiver a sua resposta, você precisa apenas me entregar os papéis assinados — empurrou algumas folhas em minha direção — Já está tudo certo, só precisa da sua assinatura, então quando ou se assinar, isso passará a valer no momento em que o meu coração parar de bater — sorriu sem vontade — Só, por favor, pense com muito carinho. Eu não tenho ninguém, pelo menos não mais, e não gostaria que ela crescesse assim, sozinha — eu não a respondi. Não tinha o que responder. Eu precisava pensar, mas ao mesmo tempo, eu já tinha noção de qual seria a minha resposta.

Flashback Off


          O sorriso de Laura surgiu assim que Regina pediu que ela respirasse. Eu podia ver em seus olhos, que ela estava exausta e que não aguentaria muito mais. Apertei suas mãos com força, fazendo-a retribuir o gesto e entender o que eu queria com aquilo: mostrar que estava ali e que ela não estava sozinha. 

— Ela está coroando, querida! Eu preciso que faça um pouco mais de força — Regina pediu. 

— Vamos, Laura! Você consegue, eu sei que sim! — sua cabeça estava encostada no meu ombro, enquanto ela tentava se recuperar da rodada de força — Force o seu corpo contra o meu e me usa de apoio, vou te ajudar a fazer força — e assim fizemos. 

— Muito bom, muito bom! Agora respira um pouco. Isso! — eu sentia seus músculos tremendo contra os meus e o meu coração batendo tão rápido quanto o dela. 

— Emma! — me chamou e quando abaixei meus olhos, encontrei os seus me olhando com atenção — Tem mais um documento daquele que você assinou… — desviou o olhar de mim para Regina — Acho que ela também merece — sorri ao entender o que ela estava sugerindo e, sim, eu concordava com aquilo. Ela merecia.

— Mais uma vez, querida! Essa é a última, eu prometo. Mas você terá que empurrar com muita força, ok? — Rodrigues apenas assentiu e Mills olhou pra mim, como se pedisse a minha ajuda. 

— Juntas! — Laura se apoiou em mim outra vez e gritou o mais alto que conseguiu. Eu a acompanhei, sentindo seus dedos apertarem a minha mão com força e seu corpo me arrancar um pouco o ar.

— Pronto! Acabou! — a voz de Regina estava um tanto embargada e continha um riso discreto no tom. Eu pude vê-la cortando o cordão umbilical e dando um leve tapinha no bumbum daquele bebê, que ainda estava coberto de vestígios de sangue. O choro forte e estridente tomou conta da sala, fazendo nós quatro derramarmos as lágrimas que estávamos segurando a tanto custo — Ela é linda, querida! — a morena enrolou uma mantinha na pequena e a trouxe para perto da mãe. 

— Oi, meu amor! — sua voz saiu fraca e entrecortada — Como você é linda! — suas lágrimas escorriam descontroladas e as minhas também — Obrigada! — falou ainda olhando para o pequeno corpo colado ao seu, que agora já não chorava mais — Obrigada, a vocês duas! Por tudo! 

— Não precisa agradecer, querida! — Regina a respondeu, enquanto acariciava os cabelos da bebê e sorria. 

— Faríamos tudo outra vez — afirmei, atraindo a atenção da morena, que concordou com a minha fala. 

— Cuide bem dela, Emma! Nunca deixe-a desamparada e jamais deixe de dizer a ela o quão importante é o amor e a compreensão — eu apenas assenti, emocionada demais para responder — Eu sei que você está com medo, eu também estou, mas eu tenho certeza que você irá se sair bem. Você é uma boa pessoa, Emma Swan! — enquanto falava comigo, seus olhos não se desgrudaram da sua filha, admirando e decorando cada mínimo detalhe daquele rostinho — Regina, eu sei que você não vai deixar a Emma sozinha nessa, então cuide delas. Eu estou confiando a minha vida nas mãos de vocês e sei que farão um bom trabalho — eu sentia seu corpo perdendo as forças aos poucos. Seus músculos pararam de tremer e apenas pareciam duas vezes mais pesados, assim como todo o seu corpo. Olhei para Regina, tentando deixar claro o que acontecia. 

— Acho que deveria escolher um nome pra ela — falei, vendo Mills assentir. 

— Ela já tem um nome — afirmou — Hope. Minha pequena grande esperança. 

— É um lindo nome! — foi a morena quem falou — Iremos falar para ela sobre você. Não será uma desconhecida, Laura. Sua filha saberá quem você foi e tudo o que fez por ela — as lágrimas já presentes se tornaram ainda mais intensas, enquanto Rodrigues balançava a cabeça em concordância. Até que seus movimentos começaram a ficar mais lentos e seus braços perderam as forças, fazendo Regina pegar a pequena Hope nos braços e a entregar para Lillith — Faça os exames iniciais nela, apenas para termos certeza de que está tudo bem — a moça apenas concordou. 

— Ela está sem pulso, Regina! — informei assim que parei de sentir seu coração batendo contra o meu. Me levantei e a deitei na cama, abaixando-a em seguida. 

Regina iniciou a massagem cardíaca, mas eu sabia que não adiantaria. Acredito que ela também, mas ela não desistiria sem tentar. Intercalando o seu olhar entre Laura e eu, Mills foi aos poucos perdendo as esperanças. Seus movimentos antes mais enérgicos, agora estavam praticamente parando, enquanto o seu semblante parecia cada vez mais frustrado. De repente, num rompante, voltou a fazer a massagem cardíaca com a mesma frequência que estava fazendo no início. Passaram-se quase quinze minutos e ela ainda estava ali, como se negasse o que já sabíamos que tinha acontecido. 

— Ela não vai voltar, Regina! — falei, mas ela pareceu não me ouvir. Dei a volta na cama, indo para o mesmo lado que Mills estava e a forcei a parar com a massagem — Ela não vai voltar, meu amor! Nós fizemos tudo o que podíamos! — a morena se virou dentro dos meus braços e enfiou o rosto no meu pescoço. Choramos abraçadas, enquanto eu tentava processar tudo o que havia acabado de acontecer, somado ao fato de que, daquele momento em diante, eu seria mãe. 


Notas Finais


Eai, o que acharam? Me deixem saber!
Não vou negar, estava um pouco apreensiva com esse capítulo, mas ele precisava acontecer...

Até semana que vem!


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