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História Entre você e eu (Clexa) - O que restou de nós


Escrita por: Swgd

Capítulo 15 - O que restou de nós


 

LEXA PDV 


       Apoiei o peso de meu corpo sobre a bancada fria. Minhas mãos estavam cerradas em punho. Sentia meu corpo tenso, como se a qualquer momento eu pudesse atirá-lo contra a parede.
        Mesmo assim, pausei e respirei de forma profunda. A casa cheirava a lavanda e algum produto forte de limpeza. Olhei ao meu redor, vendo aquele lugar escuro e um tanto desprovido de móveis.

Ironicamente uma replica de como eu costumava a me sentir por dentro. Vazia.
 

-Lexa....- Sua voz ecoou no local, cansada.
     

Ergui minha mão o interrompendo.
     

-Jane era muito especial para você não é mesmo? - Falei com um sorriso frouxo - Quer dizer, eu já tinha visto ela no campos. Vocês dois na verdade.
      Sua expressão era de choque. Não esperava que eu sabia daquela parte de sua vida. Todos esses anos, apenas eu havia compartilhado sobre o meus passado.

 Vicent ao contrário, sempre foi reservado sobre seus próprios assuntos. Mas ao contrário do que ele próprio pensava, sua história não era uma incógnita para mim.

 Mesmo em meus dias mais torpes na faculdade, com um olhar completamente perdido sobre o campos, após inalar éter roubado do laboratório, eu lembrava perfeitamente a história que ecoava na Brown.
       Uma garota, de classe media e de lindos olhos chocolates, aparentemente normal, havia se jogado do prédio da reitoria. 
        Recordo dos alunos chocados demais com a notícia, pois não conseguiam aceitar que a depressão por si só era um motivo par querer acabar com uma vida, aparentemente, perfeita.

Eu, naquele momento, entendia a garota, apesar de meu caso ser centenas de vezes menos grave. Eu estava deprimida (lidando com a recente perda de minha mãe, e os demais fatores que culminaram a isso) mas por sorte, viva o suficiente para mudar esse quadro. 

-Não precisamos trazer ela para essa conversa - Disse, com os olhos inundados de dor, a qual eu também partilhava.

Aproximei o meu corpo ao dele, temendo que pensasse que a menção desse nome, naquela hora, houvesse sido apenas um golpe baixo de minha parte. 
     Mas naquele exato momento, a verdade acerca nossa frágil relação, tinha que ser comentada. 

-Estou falando dela para que você recorde como é o amor - Amor. Pausei incerta. Havia anos que eu usava essa palavra com tanta propriedade - Eu não posso me casar com você Vicent, porque jamais poderei ser, um terço, do que ela um dia foi pra você. 
      Vi que seus olhos estavam mareados. Ergueu a cabeça em direção da luz como se evitasse me encarar. Desnortedo certamente com o rumo da conversa. Eu mesma não sabia como haviamos parado ali.

-Estivemos juntos todo esses anos e você realmente não sente nada, não é mesmo? - Perguntou com a voz embargada, magoado.

Eu não podia o encarar. Meus olhos agora miravam um ponto fixo no piso, sentindo o peso da culpa.
      Eu jamais havia sequer parado para pensar no valor que Vicent atribuia a nossa disfuncional relação. Para mim, se baseava em sexo, embora que fossemos amigos, da forma mais torta existentes.

Eu não lembrava exatamente como havíamos nos conhecido mas sabia que havia tido sorte. Lembro que estava endividada com pessoas realmente ruins e que como um herói, sem causa, iniciou uma briga para salvar a minha honra.
      Ele havia me salvado de meus vicios e de minhas dívidas. O único que havia me estendido a mão, talvez para redimir a si mesmo de não ter conseguido ajudar a quem mais amava. Talvez.

-Você é fria Lexa. 

Mordi meus lábios tensos pensando no último mês, e como tudo parecia mais cálido perto de Clarke. O meu semblante até ficava mais leve quando o seu rosto surgia em minha mente. Eu sabia que havia mudado, ainda que um pouco.

Mas no fundo de minha alma, também sabia que estaria longe de ser um ser humano descente. De alguma forma, o que algum dia havia sido bom em mim já não era a parte que me regia.

Clarke me fazia lembrar de quem eu realmente era, da pessoa que um dia valeria a pena conhecer. 

  -Não sou a pessoa certa pra você  - Falei finalmente, de forma firme, ainda que com pesar. Meus dedos fecharam a caixinha negra sobre o balcão. 

Ele silenciou-se e assentiu lentamente. Guardou o objeto quadrado no bolso e deu um sorriso frio.

   -Não Lexa, eu que sinto muito.

 

 CLARKE PDV

     Rodopiei a faca sobre a bancada tentando, de forma falha, criar algum tipo de distração. Meus olhos se voltaram novamente a silhueta de minha mãe, encostada na parede de braços cruzados, enquanto esperava a água ferver.

O estalar de chaves revelou a chegada de alguém a qual eu havia convivido miseravelmente nos últimos dias. 

Octavia entrou no apartamento, se limitando a um cumprimento rápido, e uma conversa ligeira. Tão rápida que nem sequer havia superado o tempo de ebulição da água. 
      Emma me encarou, com as sobrancelhas arqueadas, certamente notando a atitude atípica de minha colega de quarto. 

 -Eu estou... perdendo algo...?

Dei de ombros levanto a xícara até a altura do meu rosto. Inalei o aroma fresco da erva doce, apreciando aquela bebida ainda fervente. 

Eu não sabia porque a minha amiga parecia tão indiferente,  o assunto não era a minha prioridade no momento, então preferia pensar que era apenas stress devido a faculdade.
      Percebi que minha mãe ainda me encarava. Dei um sorriso desconcertado. 
     -Eu te conheço Clarke - Disse semicerrando os olhos - Não venha com esse sorriso torto pra mim.

Balancei minha cabeça, forçando um sorriso maior, em provocação. Emma riu e estendeu seus braços para mim, alcançando o meu cabelo. Seus dedos transcorreram sobre os fios, de forma suave e repetida. Ela então me envolveu em um abraço maternal, como que se soubesse que eu precisava naquele instante. 

-Diga-me com toda a sinceridade... Esta acontecendo algo? - Perguntou.

Pausei incerta do que diria em seguida. Limpei a garganta, me endireitando no banco alto. 

 -Eu estou apaixonada por Lexa.

Ela riu. 

    -Quem?

    -Lexa - Repeti, com a voz mais fraca.

Seus olhos verdes, como folhas secas, encararam o piso. Abriu a boca sem emitir nenhuma voz. Minhas pernas tremularam em ansiedade. 

    -E ela não é comprometida. Quer dizer, não completamente. Eu não estou fazendo tão errado assim - Justifiquei prontamente - Mas me sinto insegura com toda essa relação porque eu nunca senti isso por ninguém. Nunca. Em meus 24 anos... Nem mesmo com o Bellamy...

Bellamy. Minha primeira e última relação heteronormativa. Apesar de não sentir atração por ele, aos 15 anos, eu o amava. O pelo menos pensava que sim.

-Filha de Richard?! - Cortou - Meu deus        Clarke! O que estava pensando?

 Silenciei o meu discurso ao perceber que ela havia se levantado do banco. Emma levou o pulso até a boca, como se fosse morde-lo. Não o fez. Invez disso tomou uma golada de ar e apontou para mim.
 

 -Eu disse pra ser simpática e não pra se deitar com ela - Falou em meio uma risada tensa -Jesus Clarke...

-Jesus certamente não esta nada contente - Brinquei.

Emma me encarou, desaprovando a piada.  

-Mas eu acho que havia percebido algo de qualquer maneira... - Comentou por fim - Fico pensando se é a sexualidade de Lexa o motivo das desavença entre ela e o pai - Falou, quase pra si mesma.

A encarei, pensando brevemente sobre o assunto. Richard sabia que eu era lésbica e jamais havia me tratado de forma não menos do que agradável. 

-Não creio - Respondi - Espero que não - Completei franzindo a testa.

Emma então se levantou da cadeira e me abraçou, quebrando todo aquele clima tenso existente. Era impossível não agradecer por ter encontrado nela uma familia que eu nunca havia tido.  Quase me fazia esquecer todo o meu recentimento por ter sido abandonada. 

Eu me perguntava, as vezes, se a ilustre Dr. Abby houvesse me mantido em sua vida, eu haveria crescido mais feliz. E logo chegava a conclusão que mesmo não estando com a minha família biológica eu tive uma vida extremamente plena. Certamente também, minha vida haveria tido menos abraços apertados.

Pelo pouco que havia conhecido dela, seu caráter não revelava mais do que uma mulher fria, cuja vida se resumia em uma sala de cirurgias. 

Encarei os olhos verdes folha de Emma, e toquei a sua pele pecego. Seu cabelo castanho acobreado caia sobre seus traços finos.

   -As vezes eu acho que você foi feita para ser a minha mãe - Comentei encarando suas mãos de porcelana macia, a qual tinha pequenas manchinhas de sol - Não podia ser outra.

Emma sorriu.

-Mas é claro que não.


Notas Finais


Eu podia fazer um textão pra pedir desculpas por o atraso mas vou resumir em:
Is too late now to say sorry? haha Falhas técnicas pessoal... falhas técnicas...
Outra coisinha é:
Eu nos próximos dias irei reeditar a fic (nada irá mudar, o contexto segue igualzinho... ela só passará por correções e afinamento de detalhes) então não se surpreendam se o cap X tiver um pouquinho mais de palavras que antes...
Obs: agradecimentos a todos que comentaram ( especialmente a certas @ que comentaram todos os capítulos) ♥


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