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História Entrevista (Ateez) - Final


Escrita por: Automatic

Notas do Autor


Bem, vamos lá... Primeiramente, olá. ♡ Sentiram saudades? -qq
Não, sério... ME DESCULPEM. Sei que estou completamente em dívida com meus leitores por ter ficado esse tempo todo sem atualizar. Eu me desculpo sinceramente por isso e agradeço a todos os que ainda me acompanharão. Eu agradeço as mensagens que recebi de leitores preocupados comigo. Eu os responderei em breve. Me sinto privilegiado por ter vocês me acompanhando, de verdade. Tentarei não deixar meus problemas pessoais interferir na minha escrita, então vou tentar postar regularmente. Com esse capitulo chegamos ao fim de "entrevista". Eu agradeço a todos que acompanharam, favoritaram e comentaram. Agradeço aqueles que se tornaram bons companheiros. ♡ Sem mais demoras, boa leitura. E se puderem, leiam as notas finais.

Capítulo 12 - Final


Fanfic / Fanfiction Entrevista (Ateez) - Final

Wooyoung:



O fim de semana chegou depressa e seguindo o combinado, cá estava eu, quase pronto para meu encontro com Choi San.

Eu já havia mudado de roupa e de penteado umas trezentas vezes. E pensar que eu costumava julgar esse tipo de atitude quando vinda dos outros. Bem feito para mim. É como a vovó sempre dizia: O perigoso de cuspir para cima é que pode cair na testa. Dito e feito. Ô velha da boca profética, Deus que me livre.

Ajeitei o meu topete cuidadosamente com um pente fino. Estava tão concentrado no ato que caguei para a presença de Mingi no recinto. Pra ser honesto eu nem vi ele chegar.

- Quantos penteados você planeja testar hoje? – O maior me perguntou com um sarcasmo, cujo, eu estava me coçando para mandá-lo socar o sol não bate.

- Quantos eu achar necessário. Agora para com essas perguntas cretinas e fora de hora e me diz honestamente... – Virei-me de frente para meu amigo, tal qual, me encarava como se eu fosse outra pessoa habitando o mesmo corpo. – Eu estou bem assim? – Abri os braços e dei uma voltinha para que ele pudesse analisar mais amplamente e por vários ângulos diferentes.

- Você disse honestamente, né? – Ih, lá vem. Pousei as duas mãos nas laterais de meu quadril e aguardei o bombardeio. - A roupa está ótima. Mas eu tiraria esse topete. Evidencia muito esse seu testão de amolar machado. – Não sei por que eu insisto em pedir por sua honestidade se eu ODEIO a sinceridade de Mingi.

- Sinceridade demais também é defeito, sabia disso? – Estreitei meu olhar acusador na figura parada diante de mim e ele deu de ombros com sua mais nítida cara de pau.

- Melhor ouvir de mim do que passar pelo constrangimento de ter o seu crush tentando amolar a faca do restaurante na sua testa. – Fez o gesto representativo da sua piada sem graça e eu atirei o pente contra ele. Maldita seja a minha mira de merda. Dei conta de errar estando a dois passos de distância.

- Eu é que vou amolar a minha mão na tua cara. Vem aqui. – Parti para cima do maior, mas ele deu conta de correr para o banheiro enquanto ainda seguia com suas piadinhas.

- Num oferecimento, Tramontina. – Gargalhou e fechou a porta do banheiro rapidamente, antes que eu conseguisse acertá-lo com um chute.

- Eu vou te mostrar o que eu vou cortar com a faca que estou amolando na minha testa. – Gritei para a porta e a chutei fracamente enquanto o ouvia gargalhar do interior do banheiro. – Zé ruela. – Bufei zangado e voltei para a frente do espelho pendurado na parede próximo a porta.

Analisei o topete e após me certificar de que ninguém estava olhando, soquei a palma da mão na minha cara, dando uma medida precativa na minha testa. Só uma medida de segurança. Na duvida, optei por usar o cabelo baixo e dividido como de costume.

É isso aí. Agora está bom. E se não estiver também que se dane. Chega dessa putaria. Acabou a palhaçada. Eu não vou mudar mais nada e... Espera! Acho que o cachecol cinza ficaria melhor que o vermelho. Sim, o cinza é melhor. Vou trocar.


[...]


Depois de me trocar noventa e cinco vezes e cair da pilha de Mingi a respeito de meu penteado, eu finalmente estou indo para esse encontro. E eis aqui a novidade, estou atrasado. Havia marcado com San às quatro da tarde e já passavam das quatro e meia. Pensei em enviar uma mensagem avisando que estava chegando. Mas o pensamento desapareceu assim que me dei conta do quão brega isso soava.

Eu hein.

Cheguei por fim ao nosso ponto de encontro e pude avistar de longe o ruivo que me esperava. E misericórdia, que homem bonito. Valei-me Deus, nossa senhora.

Me aproximei em passos ligeiros e ele se desencostou da parede onde estava para me cumprimentar. Embora nós tivéssemos nos beijado algumas vezes, dormido juntos em um quarto de hotel e até mesmo transado, o clima entre nós ainda era um tanto estranho. Quer dizer, não tínhamos a moral de nos cumprimentar com um abraço ou selinhos. Creio que isso se devia ao fato de não sermos um casal. E também, Choi San era um cara quieto e reservado. Imagino que demonstrações de afeto em público não seja o seu forte. Parando pra pensar, todos esses nossos contatos foram em lugares reservados, longe de olhares curiosos. Exceto a primeira vez que o beijei. Mas isso não conta. Foi uma medida desesperada.

- Você está atrasado. – Acusou-me com suas sobrancelhas unidas e seus olhar marcante.

- Que coisa delicada para se dizer em um primeiro encontro. – Devolvi a alfinetada e ele tombou sua cabeça, colocando um sutil sorriso em seus lábios.

- Mais indelicado é deixar alguém ansioso por tanto tempo. Você está muito bonito. – Acho que tenho que agradecer a Deus por termos esse clima estranho quando estamos nos falando casualmente, pois se só com palavras eu já estou afetado, imagine só se ele ficasse de safadezas pro meu lado. Fiquei mudo diante de sua frase e seu elogio. Essa é a hora de responder: Você também está lindo. Vai lá, Wooyoung seu bocó, fala pra ele.

- Você também está lindo. – Isso, isso mesmo. Você está indo bem. Até parece que nunca esteve em um encontro antes, imbecil. Eu tenho que parar de suar ou a minha franja vai grudar na minha testa e eu vou matar o Mingi por ter me influenciado a desmanchar meu topete.

- Obrigado. Mas então, eu estou curioso. – Ele olhou para trás e apontou a fachada do estabelecimento em que estávamos em frente. – Por que escolheu um clube de tiros?

- Pensei que você fosse gostar. – Confessei. Na verdade eu pesquisei muito sobre um lugar que ele pudesse gostar, no decorrer dessa semana. – Desde que o conheci, me atentei a um coldre que você carrega em sua farda. É uma 45 mm. Estou certo?

- Sim. É uma Colt 45 mm. Eu não sabia que você entendia sobre armas de fogo. – Dirigiu-me um olhar estreitado e desconfiado. Dei de ombros e sorri para ele de forma singela. Na verdade eu não sabia nada sobre armas até dar de topo com o armário na sala privada de Yunho. Desde então eu tenho pesquisado sobre o assunto e isso é deveras interessante. De modo que eu também estava curioso para conhecer a sensação de empunhar tal objeto.

- Pensei que no nosso primeiro encontro, eu pudesse saber mais sobre você. Começando pela 45 mm. Pode me ensinar a atirar? - O sorriso estampado no rosto bonito de San, que na maior parte ostentava uma expressão fechada e seca, fez-me perceber que eu havia acertado muito no rolê.

Após essa breve conversa, entramos no estabelecimento e precisamos fazer um cadastro pessoal e assinar um termo de responsabilidade. Tu percebe que o bagulho é de responsa quando se tem que assinar um termo deixando claro que se você fizer qualquer coisa que cague a sua vida, o problema é seu. Feito isto, San e eu entramos primeiro em uma área fechada. De acordo com ele, aquele extenso corredor com um alvo grande ao fundo, era para amadores. No caso eu, que estava tendo o meu primeiro contato com uma arma diretamente.

Ele me explicou alguns macetes, me ajudou a colocar o protetor de ouvidos e me ensinou como mirar. E não vou negar, eu estava me sentindo a única azeitona inteira da empadinha por ter meu próprio instrutor particular. É muita mordomia, meus caros.

A melhor parte foi quando San se colocou atrás de mim, e me ajudou a empunhar a arma, me “abraçando” no processo. Isso aconteceu devido eu estar errando constantemente a posição da arma. O erro se repetiu nos quatro primeiros tiros. A primeira por falta de prática e as outras três, totalmente de propósito só para ele ter uma desculpa pra me abraçar. Não me julguem, eu não sou de ferro e nasci completamente equipado com o dom da esperteza.

Ele me manteve naquele espaço até que eu conseguisse acertar um tiro na cabeça do boneco ao fim do corredor. Comemorei feito um retardado pelo feito que eu julguei ser sensacional. Eu estava me achando, e teria sido melhor se eu não tivesse pedido a ele que me mostrasse suas habilidades.

No momento que ele pegou a arma, mirou o alvo e puxou o gatilho, eu me senti um bosta. Na moral, ele acertou os oito disparos no alvo. No mesmo lugar. Não sei se fico com medo ou orgulhoso.

Bati palmas, ao que ele me olhou e passou a trocar o cartucho da arma. Depois disso, ele me levou em diversas outras modalidades daquele clube. Na caça aos alvos foi onde tive uma ideia da pressão que um militar sentia em um campo de batalha. Apenas com o barulho dos alvos se movendo eu já entrava em pânico. Foi San quem acertou a maioria dos alvos, e apenas não acertou todos por que eu levei um puta susto ao escutar um alvo se mover atrás de mim e descarreguei minha arma nele. Todos os oito disparos. Na cagada. Mas, San disse que fui muito bem. Ah, a magia do primeiro encontro onde tudo são flores.

Depois dali, fomos ao tiro em lançamentos de discos. Ah meus queridos, não acertei um. Vai ser ruim assim na China. Há essas horas eu já tinha me arrependido do local que escolhi, pois só passei vergonha. Sem falar no tombo de bunda que levei com o impacto do disparo da arma. Choi San certamente fez de propósito em não me alertar dessa possibilidade. Ele me socorreu à peso gargalhadas. Eu nem sabia que ele conseguia rir tanto assim. Depois de amaldiçoar até sua décima quarta geração, continuamos o nosso encontro.

E francamente, tirando isto, não tenho do que reclamar. Apesar de minha ansiedade no começo de tudo, as coisas ocorreram do modo mais natural possível. E isso foi incrível. Nós passeamos juntos pela rua e até mesmo o tive segurando minha mão quando um ciclista quase me atropelou. San me puxou e calmamente me colocou ao lado oposto da rua. Droga. Acho que eu preciso urgente de um inseticida pra essas borboletas no meu estomago, antes que elas destruam a minha dignidade.

Como os casais clichês, fomos jantar juntos em um restaurante bonito em que eu nunca havia estado. Me senti no filme a dama e o vagabundo enquanto comia macarrão com almondegas. Não podia negar, estava absolutamente feliz. Mais do que já estive em qualquer outro encontro em que já fui. E olhem que foram muitos.

Depois de longas conversas, decidimos ir pra casa caminhando, novamente. O que era ótimo, pois eu estava com o peso de um barril de cerveja. Parece que nunca vi macarrão na vida. Comi feito louco.

Estávamos em um trecho sob a ponte do rio Han. Eu adorava aquele lugar. Principalmente a noite, quando a cascata de água colorida cai de sobre a ponte. Corri para a barragem assim que ligaram os chafariz e pus-me a olhar para a água que caía de volta no rio. As luzes coloridas tinham um belo efeito que eu nunca me cansava de olhar.

- É tão bonito. – Comentei absorto naquela beleza que tanto me atraía.

- É sim. – San concordou e estava de frente para a lateral de meu corpo, apoiado na grade. – Você quer tentar?

De prima hora, não entendi a pergunta. De modo que tirei minha atenção do jato de água e a fixei em seu rosto.

- Tentar? – Eu espero que ele não esteja se referindo a “tentar” pular dessa ponte, pois se tratando de altura, sou um bundão do caralho.

- Qual é, eu não sou bom em sugerir relacionamentos. – Eis o momento que eu engasguei com o vento. Pigarreei após ficar uns cinco segundos imóvel e tentei confirmar o que eu havia entendido dessas palavras.

- Você quer tentar ter um relacionamento sério comigo? – Apontei a minha cara de besta enquanto ele me olhava um tanto envergonhado. Dava pra ver que ele nunca esteve nessa situação antes.

- Sim. Um começo sutil. Um teste de qualidade. – Isso era engraçado. Era muito engraçado. Pois se tratava de um ex-hétero e um ex-assexuado se descobrindo apaixonados e querendo confirmar se realmente são viados.

- Um teste drive. Você usa e se não for do seu agrado, devolve pra loja? Tipo um condicional de boutique?

- Falando dessa maneira parece bem escroto, mas sim, a ideia primordial era essa. – Considerou a própria proposta com um ar de confusão emanando de seu ser.

- Aceito. – Tá brincando comigo? Se ele está me propondo um quase relacionamento, é obvio que aceito. Eu aceitaria até uma balinha no final desse encontro. Imagina então uma “quase” proposta.

Dito a minha confirmação a sua proposta nós finalmente nos beijamos. Um beijo por iniciativa de ambos. Quando vimos, já tínhamos nos jogado um contra o outro, tipo uma batida de caminhão. E seu encontro pode ser divertido. Pode ter sua comida favorita. Pode ser com a pessoa mais amada possível, mas não existe maneira melhor dele terminar, do que essa.


Mingi:


O fim de semana passou voando, e já estávamos na ultima semana de aula. Parei pra pensar no trabalho que Seonghwa passou no começo do semestre e na guinada que ele deu na minha vida de uma hora pra outra.

Se não fosse esse trabalho, eu creio que não estaria com Yunho agora. E nem Wooyoung estaria namorando com San. Se é que isso que eles decidiram ter é mesmo um namoro. Wooyoung tentou me explicar de diversas formas, mas eu não entendi até agora que rolo é esse que eles fizeram.

O fato é, se não fosse esse trabalho, não sei se estaria tão feliz quanto agora. Fazem poucos meses e eu nem consigo me lembrar de como eu era antes de conhecer Yunho. Ele me mudou por completo. Me melhorou por completo. Graças a esse trabalho. Essa entrevista me fez ter um apreço ainda maior pelo jornalismo. Olha só o que a profissão que escolhi me trouxe.

Embora muitas coisas da minha vida particular tivessem mudado, algumas não mudaram. Eu e Wooyoung continuávamos a chegar atrasados pra tudo. E hoje era um dia em especial em que eu não podia chegar atrasado.

Suspirei delongado enquanto o ônibus fazia sua penúltima parada antes de chegar a faculdade.

- No que está pensando? – Wooyoung teve a curiosidade de saber, pois esse já era meu enésimo suspiro.

- Que se eu perder a hora desse jogo, Seonghwa vai me matar, vai te matar e se pá, vai matar a escola toda. – Menti. Embora o temor fosse verdadeiro e sincero. Mas não era isso o que eu estava pensando.

- Não se preocupe. Você só precisa dar a vitória pra ele. Contanto que ele vença o professor Hongjoong, ele estará bem com qualquer coisa. -Meu amigo deu de ombros e eu sorri. Era bem a realidade. Eu não entendia essa ganância de Seonghwa em vencer Hongjoong e vice e versa.

- Afinal, qual é a desses dois? – Eu estava realmente curioso. Eles não são amigos, não são namorados e eu duvido que sejam inimigos.

- Não tenho ideia. Mas San diz ser um amor irrustido e que nenhum dos dois se dá conta.

- Ele pode estar certo. Afinal, é como dizem, o amor e o ódio andam no mesmo passo. – Afirmei o provérbio conhecido e Wooyoung voltou seu olhar confuso em minha direção.

- O correto não é “ o amor e o ódio andam de mãos dadas”? – Perguntou-me e eu ponderei um pouco suas palavras, acabando por dar de ombros.

- No mesmo passo, de mãos dadas, tanto faz. O que conta mesmo é que estão juntos. – Assim como eu acreditava que Hongjoong e Seonghwa estavam.

E por falar em Seonghwa, aposto que ele estava prontinho pra me enfiar uma bicuda onde o sol não bate. O ônibus finalmente encostou no ponto da faculdade. Desci dele rapidamente, na companhia de Wooyoung. Meu amigo me incentivou a correr para o vestiário, onde eu já deveria estar há quinze minutos. E assim o fiz. Me despedi dele e corri pro vestiário.

- Professor, me desculpa, eu tentei vir o mais rápido que pude. Juro que eu tentei chegar na hora. Mas antes que me mate... A culpa é toda do Wooyoung. – Já cheguei me desculpando, com meus olhos fechados e as palmas unidas acima da cabeça.

Só quando o silêncio se fez presente, que me dei conta que eu e a tia da faxina éramos os únicos no lugar.

A mulher me olhava assustada, agarrada na vassoura como se sua vida dependesse disso. Ou como se fosse usá-la para me nocautear a qualquer momento. Ela devia estar distraída quando eu cheguei do nada berrando meu pedido de desculpas.

Olhei em volta , estranhando o lugar estar vazio. Levei minha destra até minha nuca, coçando o local em plena confusão mental. O time deveria estar aqui. Ainda não está na hora do jogo.

- Ahjumma. Pode me dizer onde estão todos? – Perguntei a senhora que estava num love profundo com o esfregão e ela então voltou a sua postura normal para me responder.

- Estão na quadra. Parece que vocês terão o jogo adiado. Os professores responsáveis ainda não vieram. – Justificou a ausência do time e eu logo me atentei a algo. Quer dizer que Park Seonghwa está mais atrasado do que eu? Isso é um alívio.

Agradeci a pobre mulher e corri para a quadra. Como eu imaginei, ambos os times estavam ali.

O time de artes pareciam bem aliviados com a possibilidade de termos o jogo cancelado. E não nego que dividíamos o mesmo sentimento. Eu não tinha certeza se poderíamos ganhar. E até mesmo empatando esse jogo, eu perderia minha cabeça. Seonghwa não estaria satisfeito com nada que não fosse a vitória.

- Mingi-ah, você chegou. – Jongho, que também era membro do time, foi o primeiro ao notar minha presença.

- Sim. Por que todos os professores estão reunidos? – Inquiri após notar que a maior parte das atenções estavam focadas no amontoado de mestres.

- Eles estão decidindo se os jogos vão ser cancelados. – Foi um aluno de artes quem me respondeu. E eu fiquei surpreso ao ver que ele se parecia com Yunho. – Espero que eles cancelem essa porcaria. Não estou afim de escutar o sermão de Hongjoong se perdermos. – Eu o entendia completamente.

- Isso quer dizer que estamos na mesma situação. Eu também não quero ter que lidar com um Seonghwa derrotado. – Confessei e ele esboçou um riso nasalado.

- Nós temos professores estranhos. – Eu não podia negar sua afirmação. E assim, também pude notar que ele era parecido com Yunho apenas em seus traços físicos. As personalidades eram extremamente distintas.

- É como dizem, os gênios sempre são estranhos. – O que de fato era a realidade. Tanto Seonghwa, como Hongjoong, eram considerados gênios em suas áreas. Além de serem bem mais parecidos do que gostavam de admitir.

- Parece que eles chegaram a uma conclusão. – Jongho me cutucou, ao ver a rodinha de professores se dispersar. E assim que o fizeram, eu vi Seonghwa. Hongjoong também estava ali, mas algo estava estranho. Extremamente estranho. Que sensação é essa?

- E parece que com isso, nós não teremos escolha a não ser jogarmos um contra o outro. – As palavras do estudante de artes desviaram minha atenção para ele. – Embora os jogos não sejam muito do nosso interesse, nós não pegaremos leve.

- Hm. Eu entendo. Digo o mesmo quanto a nós. – Minhas palavras o fizeram sorrir confiante. – A propósito, eu sou Song Ming. Capitão do time de basquete da turma de jornalismo. – Estendi a mão para meu adversário e ele prontamente a apertou num sinal de simpatia.

- E eu sou o capitão do time de basquete da turma de artes, Lee Keonhee. É um prazer. – Embora eu estivesse impactado com a noticia, eu acho que fui capaz de conter isso sabiamente. Eu tinha acabado de achar um grande motivo para me preocupar.

- O prazer é meu. – Assim que concluímos o cumprimento, ele se afastou com seu time, indo para seu vestiário.

- Lee Keonhee, não é? Isso acabou de ficar péssimo. – Jongho dirigiu essas palavra a mim em tom baixo e eu concordei com elas.

- Que azar o nosso ele ter largado a liga mundial de esportes para estudar artes. – Quando criamos nosso time de basquete para a turma de jornalismo, alguns veteranos nos contaram que havia um novato na faculdade que era um ex-jogador da liga mundial de basquete. Sabíamos seu nome e que ele, embora um talentoso jogador, abandonou a liga para seguir seu verdadeiro sonho. Sonho esse, que eu não fazia ideia que tinha algo a ver com artes. E até hoje eu nunca havia cruzado com ele. É muita falta de sorte tê-lo como oponente em um jogo como esse.

Seonghwa certamente vai me matar. E ao olhar para ele, parado ao lado dos outros professores, dava-se para ter o vislumbre disso. Eu já o vi possesso diversas vezes, mas nunca comparado ao que ele aparenta estar nesse exato momento. Meu azar só faz aumentar. Estou perdido.

Devo ter perdido uns dez anos de vida nessa constatação. Isso, até Jongho chamar a minha atenção e eu guiar o time para o vestiário. Ali nos trocamos e eu confesso que dei uma rezada. Se houver uma maneira de ganharmos, eu espero ter toda a ajuda possível.

E assim se seguiu, dez segundos do primeiro tempo e o time adversário já havia feito duas sextas. Eu olhei de relance para Seonghwa, sentado diante a bancada com os demais professores. Quando nossos olhos se cruzaram, ele passou o polegar por sua garganta e eu arrepiei até alma.

- Eu vou morrer. – Constatei com pesar antes de avançar sob o time adversário em busca de compensar aquele fiasco de início de jogo.

Jongho e eu jogamos quase sozinhos. Embora o mais novo fosse o mais baixo entre ambos os times, sua força lhe dava uma vantagem incrível. E ele também era bastante rápido. No segundo tempo, nós finalmente encontramos nossa estratégia de jogo. Basicamente tal estratégia era resumida em Jongho atravessar a quadra com bola e entregá-la para que eu fizesse a sexta. E com isso, no ultimo tempo de jogo, estávamos apenas dois pontos atrás do adversário. Isso foi tudo que conseguimos. A medida que o tempo ia caindo no telão, aqueles números vermelhos iam me levando a esperança de vitória.

Toda hora tínhamos os passes bloqueados pelo adversário. Estávamos cansados e isso prejudicava muito o nosso desenvolvimento. Todo o resto do time já havia desistido. Apenas Jongho e eu ainda tentávamos virar o jogo.

- Se um milagre não acontecer logo, estaremos perdidos. – Jongho me disse rapidamente essa frase, em meio aos seus arfares cansados. E ele estava certo. Só um milagre poderia nos fazer vencer esse jogo em seus últimos quinze segundos.

Mesmo desesperançoso continuei a correr incessantemente atrás daquela bola, que agora estava na posse de Keonhee. E Deus parece ter reconhecido meu esforço, pois nos derradeiros cinco segundos restantes, meu milagre apareceu.

Tomei a bola das mãos de Lee Keonhee e apostei tudo em um lance do meio da quadra. Aqueles dois segundos se arrastaram como longos minutos enquanto eu tinha os olhos presos na bola traçando seu curso. E o milagre se fez presente no exato instante em que a bola atravessou a rede e pingou no chão ao som do apito que encerrava o jogo. Escutei os gritos de meus colegas, mas mantive-me parado no meio da quadra, ainda encarando a cesta. Meu peito subia e descia na busca pelo ar. E eu sequer acreditava que havíamos ganho por um ponto.

Encarei Keonhee e este dirigia seu olhar para um lugar específico na arquibancada. Não pude decifrar sua expressão. Depois de alguns segundos, ele caminhou até mim e me estendeu sua mão com um sorriso tranquilo.

- Foi um bom jogo, Song Mingi. – Soltei o ar ao fim de suas palavras e só então tomei a atitude de apertar sua mão e respondê-lo.

- Foi assustador. – Confessei e seu sorriso se alargou.

- Não vou pegar leve no ano que vem. – Alertou-me e soltou o contato com minha mão.

- Eu vou me preparar melhor. – Não sei como farei isso, já que hoje eu joguei com tudo o que eu tinha e quase perdemos. Novamente ele concordou com um sorriso, se despediu e saiu junto de seu time para falar com o treinador ao lado da quadra.

- Aconteceu o que eu achei ter visto? – A aproximação sorrateira de Jongho quase me matou de susto. – Tá assustado, bebê?

- Caralho, assombração. Você e o Wooyoung tem a mesma mania besta de assustar os outros. – Condenei-o e ele deu de ombros, segurando a bola que usamos no jogo e passando a girá-la no dedo.

- E então, ele deixou mesmo você pegar a bola?

- Sim. Se ele tivesse refeito as mesmas defesas que usou durante o jogo, eu não teria conseguido tomar a bola das mãos dele. Ele abriu uma tremenda brecha. – Lee Keonhee era uma pessoa interessante. Ele claramente nos deixou vencer e agiu como se nada tivesse acontecido.

- A rixa entre Seonghwa e o professor de artes é bem clara a todos nessa universidade. Me pergunto qual o motivo pra ele nos deixar vencer se terá que enfrentar a fúria de Hongjoong-ssi.

- Eu tenho um palpite. – Meu olhar atento ainda estava no loiro aos pés da arquibancada. Seu olhar tinha uma direção fixa ali. Baseado nas pessoas sentadas, creio que se tratasse de sua família. Lembro-me de ter ouvido de nossos veteranos que a família do ex-jogador não se conformava com sua escolha, pois o consideravam o melhor jogador da temporada. Talvez ele só quisesse fazer sua família acreditar que ele não era tão bom assim, ainda que fosse uma mentira. Talvez, a frustração de Hongjoong ao perder para Seonghwa, pesando sobre ele, fosse menor do que a frustração de sua família por ele escolher as artes.

Eu acho que é isso.

O olhar de sua família estava confuso e fixo nele, ao passo que ele estava sereno e tranquilo, também a encará-los. E então ele finalmente saiu dali.

A turma de jornalismo invadiu o espaço e todos vieram nos cumprimentar. Exceto Wooyoung. Ele estava parado no canto da quadra, rindo feito um perfeito trouxa para a tela do celular.

- Gente apaixonada é tão estranha. – Jongho torceu o nariz e ao olhá-lo, vi que seus olhos estavam na mesma direção que os meus estiveram há segundos atrás.

- Pois é. Depois que Wooyoung e San começaram a namorar, meu amigo se transformou num bocó cafona.

- E olha só quem está falando. – Jongho me condenou e eu o olhei fixamente. – Você não tem estado num nível muito diferente, sabia disso?

- Você está querendo brigar? – Tomei a bola de suas mãos em um movimento rápido e o ameacei com ela.

- Longe de mim. Eu nem gosto dessas coisas. – Ironia que fala, não é mesmo? Pois disse isso a pessoa que deu um pau nos seguranças mais que bem treinados de Yunho. E isso com quase 40° graus de febre. Tanto Jongho, quanto eu, nos aproximamos sorrateiramente de Wooyoung vendo-o digitar algo no celular.

Prontamente envolvi seu pescoço em uma chave de braço e o prendi, ouvindo-o resmungar.

- Yah, seus bastardos. Me solta. - Bateu em meu braço e logo fez uma careta me julgando com seu olhar. – Hey, Song Ming, vamos fazer um contrato de negociação, ou você compra o meu nariz ou tu vende o seu sovaco, por que assim não dá. – Reclamou por eu estar completamente encharcado de suor e literalmente grudado nele.

- Eish, eu nem estou fedendo tanto assim... – Me defendi da acusação alheia e levantei um de meus braços dando uma cafungada constatativa. – Tô sim. Vou tomar banho.


Seonghwa:


Eu realmente não consigo acreditar no que eu estou ouvindo.

- Dessa vez, eu realmente não fiz de propósito. – Hongjoong e eu dividíamos o corredor extenso onde ficava o gabinete do reitor. Havíamos participado de uma curta reunião entre candidatos a intercâmbio minutos antes o início do jogo interclasse.

- Depois de quase uma vida toda vendo algo assim acontecer, você acha que dá pra acreditar nisso? – Eu estava tão frustrado, decepcionado e mentalmente abalado, que eu nem queria brigar. Eu queria ir pra casa e chorar. Exatamente como eu fiz em cada uma das vezes que algo assim aconteceu.

- Seonghwa, você não está me ouvindo? Eu não sabia que você tinha se candidatado para essa maldita vaga. – Seu rosto estava firme. Não parecia mentira, mas eu ainda não conseguia acreditar. Desde que comecei a dar aulas, eu esperava pela oportunidade de lesionar por um ano fora do país. Havia me inscrito no projeto desde o primeiro ano e quando as vagas finalmente saíram, a pessoa segurando meu braço foi contemplada e eu não. Uma vez mais eu vou ter que olhar para as costas de Hongjoong enquanto ele realiza mais um de meus sonhos.

- Eu quero ir pra casa. Você pode me soltar? – Definitivamente, eu não quero ouvi-lo, ainda que desta vez ele pelo menos esteja disposto a me dar uma explicação.

- Eu sei que você está magoado. Sei que está chateado e que não quer me ouvir, mas mesmo que eu o solte você não pode ir. O jogo entre nossas turmas está para começar e nós precisamos estar presentes. – Eu estava tão abalado e ansioso para fugir, que me esqueci do jogo por um instante. Quando cheguei aqui pela manhã, eu estava tão ansioso por ver a equipe de jornalismo vencer a equipe de artes. Impressionante como isso não fazia a mínima diferença agora. Não diante de mais uma derrota para Hongjoong.

Eu estava perdendo a vontade de lutar. A vontade de vencê-lo.

- Então me dê um tempo, droga! – Puxei meu braço de modo brusco, me livrando do toque alheio. – Eu vou até o banheiro. Não me siga. Não diga nada... só... – “Me espere na quadra.” Esse era o final da frase que morreu em minha garganta a medida que lhe dei as costas e caminhei de ombros caídos até o banheiro.

Parei diante do espelho e apoiei as mãos nas bordas da pia de granito. Tamanha era a minha ira por estar sendo sufocado por aquela mágoa e ira e não conseguir pô-la para fora. Ri em escárnio para meu reflexo no espelho. Nenhuma lágrima em meus olhos. Embora eu quisesse muito chorar e me livrar logo desse sentimento. Que frustrante.

Abri a tornei e enfiei as mãos em conchas abaixo da água corrente, levando um bocado da mesma até meu rosto.

Esfreguei o rosto e passei as mãos pelos cabelos. Eu tinha um jogo para assistir. E após isso, um ponto final definitivo a ser colocado. Fechei a torneira, coloquei em meu rosto a expressão mais indiferente que consegui e fui até a quadra.

Os times estavam reunidos, bem como os professores. Eu soube que a comitiva estava para cancelar o jogo, devido a Hongjoong e eu não estarmos presentes. Honestamente eu havia perdido o meu interesse naquilo e confesso ter ficado boa parte do jogo completamente aéreo.

Em um determinado momento meus olhos se cruzaram com os de Mingi que havia acabado de perder um passe. Eu o ameacei com um gesto, mas nem sua cara desesperada fora o suficiente para me trazer algum alívio. E olha que provocar Mingi e ver suas reações, nunca falhava para satisfazer meu sadismo acadêmico.

Quando por fim aquele jogo terminou, fomos vencedores por um ponto.

Aquela, se não me engano, era a primeira vez que eu vencia Kim Hongjoong desde o ensino médio. Mas parecia ser tão sem significado. Eu não estava feliz. Não estava animado e disposto a esfregar minha vitória em sua cara como ele havia feito comigo por anos.

Suspirei e me coloquei de pé, queria mesmo ir pra casa. Fui impedido por alguns professores que me felicitavam por nosso time ser o campeão da faculdade. Talvez minha cara de insatisfação tenha se feito nítida perante eles, pois logo trataram de me liberar.

Eu não vi a cara de Hongjoong após o final do jogo. E preferia ter continuado não vendo. No entanto, acabei por me deparar com ele, escorado em meu carro.

- Será que agora você vai me ouvir? – Parei a alguns passos, pensando na resposta que eu daria a ele. Mas a única resposta que vinha a minha mente, era a que certamente ele já esperava.

- Não. – Soltei o ar pesado. Me sentia mentalmente exausto e queria passar horas trancado no escuro do meu quarto silencioso.

Dei a volta no mais novo e coloquei a chave na fechadura do carro, tendo toda a minha atenção nesse ato.

- Já fazem nove anos. A primeira vez que eu te vi, você parecia tão elevado que eu nunca me considerei a sua altura. Você era aquele filho da mãe que era naturalmente bom em tudo. – Sua voz era branda ao falar tais palavras que eu nunca imaginei que sairiam da boca de alguém como Hongjoong. – Conforme os dias passavam, eu me considerava cada vez mais distante de você. Comecei a pensar em você com mais frequência que o normal. E decidi que eu seria alguém a sua altura. Eu sabia sobre tudo o que você gostava e tudo no qual participava. Por um ano todo eu te venci em todas as atividades escolares. Por um ano todo eu segurei você no segundo lugar das listas espalhadas pela escola.

- Pois é. E agora você me pede pra que eu acredite que dessa vez é diferente. Está vendo porque isso é impossível? – Inquiri com a face envenenada pela raiva e abri a porta do meu carro.

- Por todo aquele ano, eu ainda não existia pra você. – As palavras amarguradas me fizeram parar antes que eu entrasse em meu carro. Hongjoong continuava do lado oposto do carro, e eu via apenas suas costas. – Você me conhece há nove anos, mas eu o conheço há doze. Nós estudamos três anos do fundamental juntos, mas você nunca me notou. E ainda hoje você não se lembra, pois eu era insignificante pra você. – O que? Do que diabos... – Eu achei que se eu te superasse, você me notaria. Mas não foi assim. Eu estava em primeiro lugar e você continuava a não me notar. Não até o primeiro ano do ensino médio, quando me transferi pra mesma escola que você e passei a esfregar todas as minhas vitórias em sua cara. Você começou a me odiar. E para mim, seu ódio era mais doce que sua indiferença.

Então essa era a sua razão? Era para que de alguma forma eu o reconhecesse? Não era por simplesmente me odiar? Pensei no por que eu não o havia notado nos últimos três anos do fundamental. O que eu estava fazendo que não prestei atenção em alguém que sempre estava de olho em mim?

Por alguns instantes, fiquei zonzo com os flashs do acidente que matou meu pais. Me segurei firme na porta aberta do carro e voltei a encarar a nuca de Hongjoong. Era por isso... Por que naqueles anos eu estava vivendo no automático, me culpando por ter sobrevivido ao acidente que condenou meus pais a morte. Realmente, nada naquela época conseguia me tirar daquela condição de desinteresse pela vida.

- Percebi que os meus sentimentos e meus desejos iam além de apenas o seu reconhecimento, um pouco antes da nossa primeira noite juntos. Eu não estava bêbado naquele dia. – Me olhou por sobre os ombros. – Me desculpe por isso.

- Nós tivemos uma discussão terrível no dia seguinte, você espera que eu acredite nesse monte de baboseir...

- Você afastava as pessoas que se interessavam por você, uma a uma. Professores, seu irmão mais novo, as pessoas que tentavam ser seus amigos. Até mesmo a garota que você gostava. Você me culpa por ter ficado com ela, mas você foi o primeiro a afastá-la. Eu vi isso acontecer repetidas vezes. E naquela noite, você me agradeceu por te odiar. Por que devido a isso você não se sentia sozinho. Então o que você esperava que eu fizesse? – Ele me afrontou, ao virar-se para mim e me encarar nos olhos. – Consegue acreditar nisso? Nós estávamos nos dando bem ultimamente. Eu não precisava mais desses meios pra ter sua atenção. Eu não fiz isso apenas para te deixar para trás.

- E o que isso muda? Eu ainda fiquei para trás. – Condenei-o com um olhar agressivo e o vi deixar seus ombros caírem em derrota. O menor puxou o ar com força e comprimiu seus lábios. Sua expressão em seguida foi tão decepcionada quanto a minha.

- Você realmente não entende, não é? Você continua tão egoísta que só enxerga o que quer enxergar. Eu sei que sua vida te encheu de traumas e inseguranças. Eu sei que você carrega muitas mágoas, e por isso eu nunca o julguei ou culpei por nada. – Seus olhos começaram a lagrimejar e essa era uma das poucas vezes em que assisti algo assim. De modo que eu não sabia bem como deveria reagir. – Mas só de vez em quando, você deveria se aperceber da situação das pessoas ao seu redor. Eu estou ficando sem tempo, Seonghwa. Então só mais essa vez, me deixe sair em sua frente.

“ Eu estou ficando sem tempo...”

Essas palavras ecoaram por minha mente por algum tempo. Não me apercebi sequer do momento em que Hongjoong se retirou do estacionamento e me deixou sozinho.

“Embora eu consiga retardar o avanço da doença, eu não consigo curá-lo... Com o tempo ele pode perder a visão completamente.”

As palavras da doutora também embaralhavam minha mente. Ao passar dos minutos, comecei a desenvolver uma angustia tão grande que eu não consegui conter.

Eu sou mesmo egoísta. Eu escolhi odiar Hongjoong sem nunca me questionar sobre suas verdadeiras intenções apenas porque era o mais conveniente para mim. Eu fechei os olhos para sua condição e uma vez mais me coloquei acima de tudo. Por que? Pensando bem... Eu já estava acostumado a ser derrotado por ele. Eu não me importava mais com isso. Então por que eu fiquei tão irritado quando ouvi o reitor dizer que ele iria para Amsterdã?

Por que? Qual é o problema contigo Park Seonghwa?

Antes que eu encontrasse as respostas para tais perguntas, me flagrei chorando compulsivamente.

E essa foi a primeira vez desde que conheci Hongjoong, que eu me senti tão solitário.



Mingi:



As aulas haviam terminado e nosso segundo ano estava encerrado. Foi um ano interessante. Muitas coisas aconteceram. Wooyoung e eu tivemos belas experiências e sinto que amadureci bastante esse ano.

Também pude ver meu amigo conquistar feitos grandiosos, como ter sua primeira matéria publicada em um jornal famoso. E claro, não podemos ignorar sua participação em desfazer uma quadrilha de criminosos.

Também estreitamos mais nossos laços de amizade com Jongho. É impressionante como algumas conversas a mais podem te deixar realmente intimo de uma pessoa. Nos tornamos bons amigos.

E claro que também tivemos a aparição de Yunho e Choi San. Acho que eles foram a maior guinada de nosso ano. E pensar que tudo isso se deu devido a uma “entrevista”. Quando cheguei ao portão de Yunho, eu nunca sequer imaginei que acabaria assim. Agora, porém, não consigo imaginar um outro desfecho.

Que história engraçada.

Eu estava perdido em meus pensamentos, quando a presença súbita de Wooyoung, me tirou de meus devaneios.

- Hey, você está atrasado. – Voltei minha atenção para acusá-lo e o vi arrumar a gravata e passar as mãos pelos cabelos bagunçados.

- Se cheguei antes de ser chamado, é por que eu estou dentro do horário. – Defendeu-se como de costume. Wooyoung sempre tinha uma resposta pronta para tudo. Deus me livre.

Enquanto eu o condenava com meu olhar, vi Choi San passar pelo corredor e ambos se cumprimentarem com um sorrisinho malicioso.

- Você estava dando uns amassos no segurança pessoal do seu futuro chefe, minutos antes da sua entrevista? - É nada? Esses dois tinham mesmo virado uns ninfomaníacos.

- Claro que não. – Negou na cara de pau, embora o contrário fosse óbvio.

- Sua camisa está abotoada errado. – Apontei para a prova do crime.

- Merda! – Imediatamente o vi arrumar sua imagem, abotoando-a corretamente.

- Candidato 25, por favor, siga para sua entrevista. – Ouvi a recepcionista chamar o numero impresso em meu crachá e me coloquei de pé. Passei a mão por meu terno e me voltei para Wooyoung.

- Como estou? – Inquiri de maneira inquieta. Me sentia ansioso por alguma razão.

- Pronto para cair nas graças do chefe. – Sussurrou enquanto me cutucava com seu cotovelo. Seu tom malicioso indicava sua insinuação. Recompus-me e me coloquei a caminho de minha entrevista.

Ao parar diante da sala de Yunho, novamente ajeitei minhas vestes e bati na porta calmamente.

- Entre, por favor. – Aquele tom de voz me soava tão profissional. Assim como o dito, o fiz. Abri a porta e coloquei-me a dentro da sala. – Por favor, sente-se. – Apontou-me a cadeira desocupada diante de sua mesa. Eu nunca pensei que ver Yunho trabalhando pudesse ser tão satisfatório. E tam0ouco acreditava na sorte que eu tinha em poder ver isso com frequência, caso passasse na entrevista.

- Com licença. – Agi de modo educado ao tomar o lugar à sua frente. Jeong Yunho tinha seus olhos presos no meu curriculo em suas mãos. E eu tinha meus olhos fixos nele e no quão bonito ele ficava agindo com todo esse profissionalismo. Droga, eu quero agarrá-lo.

- Senhor Song Mingi... – Ouvi-o me chamar e saí de meu devaneio.

- Oh sim, pois não. – Encarei-o com um sorriso fraco.

- Responda a minha pergunta. – Abriu um belo sorriso brando e cruzou suas mãos sobre a mesa, enquanto me olhava com expectativa.

- Qual pergunta? – Eu nem mesmo havia prestado atenção no que ele dizia, já que estava fantasiando com ele sobre aquela mesa e com apenas metade dessas roupas.

- A pergunta que os candidatos precisam responder: O que você está disposto a fazer por mim? – O arquear em sua sobrancelha me fez soltar um breve riso nasalado. Não era necessário da minha parte, pensar muito para responder a essa questão.

- Tudo o que você quiser que eu faça. Darei o meu melhor. – Minha resposta sincera parece tê-lo agradado.

- Excelente resposta. – Soltou as folhas de papel sobre a mesa, levantou-se e veio até mim. Empurrou um pouco a cadeira em que eu estava sentado e colocou-se sobre meu colo. Ah só Deus sabe o quanto ter Yunho em meu colo mexia com todo meu ser. Agarrei suas coxas e ele me puxou por minha gravata, aproximando seu rosto do meu. - Como quer que eu lhe dê as boas vindas, senhor estagiário?

Ah eu consigo pensar em várias maneiras. E em algum momento dessa nossa nova história eu irei colocar todas elas em prática, mas por hora, me contento com algo pelo qual estou ansiando desde que entrei nessa sala.

Após agarrá-lo pela nuca, tomei-o num beijo saudoso e impetuoso. Com uma intensidade igualada ao tamanho dos meus sentimentos. Do meu profundo e mais honesto anseio pelo homem que agora, além de namorado, é também meu chefe.


Notas Finais


Bem vindos ao fim. ♡ Como eu havia prometido, terá a continuação com " Estagiário". Porém, acho que vou começar a postar apenas em janeiro. Peço a paciência de todos e agradeço pelo companheirismo. Sei que comparado aos outros capitulos, esse não foi o melhor que escrevi. Um dos motivos de eu ter ficado longe, foi por que estou tendo dificuldades pra escrever. No entanto foi o melhor que consegui. Espero ter deixado vocês ao menos satisfeitos. E ah... o próximo capitulo é uma pequena prévia de Estagiario. Aproveitem e não se assustem.


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