No capítulo anterior
— Isso não acabou ainda. — Balbuciou lentamente em meu ouvido e finalmente me soltou, se virou e encarou a pessoa parada na porta. — O que você quer? — Soltou nervoso.
Os dois permaneceram quietos, apenas um olhar foi o suficiente para fazer o garoto à minha frente caminhar para fora completamente irritado. Jimin me encarou levemente receoso e sorriu tentando amenizar o clima que ainda preenchia o quarto, me aproximei dele lentamente sentindo meu coração ainda saltar assustado, olhei em seus olhos e retribui seu sorriso.
— Você me salvou. — Soltei baixo.
— É, dessa vez. — Retrucou. — Mas, não vou estar por perto sempre. — Suspirou e seus ombros caíram lentamente.
Passei pela porta e segui o caminho que Jungkook havia feito, sendo seguida por Jimin, eu sentia que ele queria perguntar sobre o que estávamos falando e o por que de meu namorado estar dessa forma comigo. Cheguei perto da mesa onde os outros estavam sentados e me aconcheguei ao lado do Jungkook, quem na verdade nem se virou e me olhou, apenas continuou comendo a sua comida, em completo silêncio.
— Você melhorou, queridinha? — Jin quebrou o silêncio que se instalou por alguns segundos, seus olhos me encaravam carinhosamente.
— Sim. — Sorri lentamente. — Achei que teríamos visita para o jantar.
— Infelizmente elas foram embora. — Yoongi deu ombros lentamente.
— Pelo visto você estava bem interessado. — Retruquei fazendo o Hobi rir.
— Estava ou está? — Perguntou me encarando, Yoongi encarou o amigo fazendo o perfeito sorriso de Hobi sumir imediatamente.
— Está. — Respondi fazendo ele morder os lábios para não rir outra vez.
— Nós estamos em três solteiros, só estou tentando juntar o útil ao agradável. — Yoongi resmungou baixo.
— Útil ao agradável. — Ri negando com a cabeça.
— Fale por você. — Jimin soltou encarando o amigo. — Tenho muitos problemas para pensar em me envolver com uma mulher…
— Ai queridinho.. — Jin reclamou. — Não é só porque aquela vaca te fez de gato e sapato e depois te largou, que as outras também vão fazer.
— Vaca? — Levantei o olhar curiosa.
— Sim, uma antiga cliente maluca. — Jin riu fraco. — Coitado, acho que ela fez alguma simpatia com ele.. Nunca tinha visto um homem desse jeito.
— Que jeito? — Jimin encarou o mais velho.
— Parecia um cachorrinho, essa é a forma mais carinhosa que posso falar. — Deu ombros e mordeu um pedaço da sua carne.
— Então quer dizer que alguém já conseguiu mandar nele. — Sorri. — E eu achando que ele nunca tinha se apaixonado.
— Ih, esse aí pra se apaixonar é só olhar. — Hobi gargalhou.
— Fácil assim? — Encarei Jimin que parecia chocado.
— Calem a boca. — Soltou ficando irritado. — Acho que ninguém aqui pode apontar o dedo, todo mundo já foi capacho ou ainda é.
— Que indireta foi essa? — Taehyung encarou o amigo. — Eu não sou capacho de ninguém não.
— Ah não é? — Jimin retribuiu o olhar. — Tem certeza disso?
— Absoluta certeza. — Respondeu levando o copo até seus lábios.
— Melhor eu ficar quieto. — Jimin resmungou fazendo o garoto em sua frente sorrir ladino, tão provocativo e ameaçador.
— Terminei. — Jungkook soltou, pegou suas coisas, levantou e levou até a pia as lavando lentamente. Colocou-as secas em seus lugares e em seu silêncio passou pela mesa e subiu as escadas.
— O que deu nele? — Jin perguntou me encarando.
— Não faço a menor ideia. — Retruquei lentamente.
— Eu acho que você sabe. — Yoongi me olhou.
— É claro que ela sabe. — Hobi soltou.
— Ela sempre sabe. — Jimin completou.
— Nossa, como vocês são chatos. — Fiz um bico. — Eu disse que eu não sei, talvez seja TPM.
— TPM, com nome, cpf e endereço. — Namjoon retrucou fazendo todo mundo encarar ele. — O que foi?
— Você está fazendo graça com esse assunto.. — Jin disse receoso.
— Não posso?
— Não. — Respondi de imediato. — Terminei, e por você ser intrometido vai lavar minhas coisas. — Encarei meu irmão.
— Como sempre. — Respondeu em meio a suspiros.
Deixei tudo ali, até porque eu queria subir e tentar falar mais uma vez com Jungkook, não suportava esse clima entre nós dois, subi as escadas e lentamente me aproximei da porta do nosso quarto, abri calmamente e lá estava ele em pé com um livro nas mãos. Bem eu achava que era um livro.
— O que está fazendo? — Perguntei assim que nossos olhares se conectaram.
— Nada. — Disse rapidamente e fechou o que estava em suas mãos.
— O que é isso? — Me aproximei e tentei ver o que exatamente era aquilo.
— Nada. — Repetiu e levou o negócio até suas costas escondendo de mim.
— O que é, Jungkook. — Tentei ver em suas costas, mas ele fez um tic com a cabeça.
— Eu disse que não é nada, S/N! — Sua voz soou séria e bastou para me calar, passou por mim e novamente sumiu das minhas vistas.
Isso não iria acabar enquanto eu não contasse tudo pra ele, e quando eu falo tudo isso também envolve o encontro secreto que eu tive. Suspirei fraco e fui até o banheiro tomar um banho rápido, assim que voltei para o quarto ele estava deitado na cama, sem me dar muita importância ele permaneceu estático na mesma posição. Me troquei e o deixei ali, se ele não queria a minha companhia eu não ficaria ali, fui até a sala e me joguei no sofá velho ao lado de Jimin que estava bebendo uma cerveja. Aconcheguei minha cabeça em seu ombro e suspirei calmamente.
— É melhor você falar logo. — Reclamou baixo.
— Falar o que?
— O que está deixando ele assim. — Me olhou de soslaio. — Você está escondendo algo dele, então é melhor falar o que é e logo.
— Não estou escondendo nada, ele que acha isso. — Retruquei sem muita vontade.
— Claro. — Caçoou percebendo que era uma mentira.
— Então — Resmunguei enquanto esticava meu braço e roubava sua cerveja. —, quem era a mulher que roubou seu perverso coração?
— Perverso? — Ele riu. — Ela era uma cliente do clube.
— Isso eu sei, mas quem era ela?
— Mesmo que eu falei quem era você não vai saber, nunca viu.
— Chato.
— Olha quem fala. — Retrucou. — É alguém que eu não sinto vontade de ver nunca mais.
— Por que?
— Por muito motivos. — Disse ao fechar os olhos e logo após suspirou.
— Quais motivos?
— Que ela me fez de otário, seria bom, não?
— Você deve ser tão fofo otário. — Ri zombando de sua cara.
— Idiota. — Devolveu pegando sua cerveja novamente e tomando o resto.
— Jimin.. — Falei baixo. — Você me deu um beijo indiretamente, sabia?
— Sim. — Respondeu e se levantou. — Agora vai dormir, vai.
Meu corpo caiu contra o sofá assim que ele saiu dali e deixou de ser meu apoio, eu ria da sua expressão enquanto ele queria desaparecer e encerrar o assunto, ele se aproximou e deu um beijo em minha testa.
— Boa noite. — Resmunguei calma, ele sorriu e sumiu das minhas vistas.
Estiquei meu corpo e me aconcheguei no sofá, apoiei minha cabeça em uma almofada e encarei o teto escuro com pequenos reflexos da claridade que entrava das janelas. Soltei meu ar e fechei meus olhos, podia sentir o sono chegar e se apossar de meu corpo lentamente, bocejei e logo adormeci. Senti um arrepio percorrer meu corpo, um pequeno e suave vento gélido, ainda tomada por sono me esforcei para abrir meus olhos, levantei meu olhar e o fixei em uma imagem parada na porta. Era uma pessoa e em suas costas a porta estava aberta, esfreguei meus olhos e voltei a encarar a sombra.
— Jungkook? — Perguntei baixo e o silêncio permaneceu.
Esfreguei mais uma vez meus olhos e me sentei no sofá, assim que me levantei voltei a olhar para onde o possível Jungkook estava e por incrível que pareça não tinha absolutamente nada ali, apenas vi a porta terminar de se fechar. Inclinei a cabeça confusa e senti um medo percorrer minha espinha, mesmo me sentindo assim decidi abrir a porta e ir até a varanda ver o que era ou quem era. Parei diante da pequena escada na varanda e encarei atentamente, de longe vi uma pessoa desaparecer entre as árvores e tive a certeza de que ele não era meu namorado e sim outra pessoa. Alguém que na verdade não queria pensar, minha respiração começou a falhar e meu coração acelerou, entrei rapidamente dentro e subi as escadas correndo, entrei no quarto e me deitei. Estava tremendo, envolvia o corpo do meu namorado que estava adormecido e isso o acordou.
— O que aconteceu? — Perguntou fraco.
— Jungkook.. — Resmunguei. — Eu estava dormindo na sala e quando eu acordei achei que era você parado na porta…
— Como assim eu parado na porta?
— Eu não sei quem era, mas não era você. — Afundei meu rosto entre seu corpo e a cama. — Não quero pensar nisso agora, só me deixe ficar aqui.
— Eu nunca mandei você sair de perto. — Falou e me apertou contra seu corpo.
Fiquei em silêncio sentindo o calor do seu corpo se envolver com o meu, sentindo seu cheiro impregnar a minha mente, me sentindo segura em seus braços. Fechei meus olhos e depois de um tempo eu simplesmente adormeci outra vez, mas agora eu sabia que era ele quem estava comigo aqui. Não sabia quantas horas tinham se passado, eu apenas apaguei e quando acordei estava sozinha deitada na cama, meu corpo enrolado nos lençóis e meus braços envolvidos no travesseiro com o cheiro dele. Estiquei meus braços e contra minha vontade eu levantei, entre passos lentos e vários bocejos caminhei até a cozinha, encontrando apenas o garoto da noite passada. Ele estava de costas lavando alguns copos sujos, me aproximei dele e parei ao seu lado, repousei minha cabeça em seu ombro.
— Todos saíram, estamos apenas nós dois hoje. — Disse me fazendo assentir lentamente. — Quer comer algo? Eu guardei sua comida no microondas. — Assenti mais uma vez e pacientemente ele me acompanhou até a mesa, pegou a comida separada no microondas e colocou em minha frente, se sentou ao meu lado e ali ficou com um sorriso nos lábios.
— Como sempre, está maravilhoso. — Sorri. — Onde todos foram?
— Na cidade. — Respondeu. — Jungkook levou eles e eu preferi ficar aqui.
— Jungkook disse algo?
— O que exatamente?
— Não precisa se fazer de idiota, eu tenho certeza que ele te deixou aqui e te fez prometer que não iria me deixar sumir das vistas. — Disse rindo.
— Ainda bem que você conhece seu namorado insuportável. — Jimin bufou. — O que exatamente aconteceu?
— Ontem de noite eu vi alguém na porta. — Respondi, deixando ele espantado.
— Você não estava sonhando? — Perguntou.
— Jimin, eu vi alguém e não era um sonho.
— Talvez foi a poeira.
— Ãhn?
— Que te deixou mais retardada e você começou a ver coisas.
— Cala a boca, eu vi mesmo.
— Eu acredito em você, só estou tentando mudar esse clima sinistro. — Suspirou. — Que estranho.
— Nem me fale, e eu ainda sai na varanda pra confirmar.
— Você o que?
— Nada.
— Você não contou isso pra ele, ele estava muito calmo. — Jimin me encarou. — Você é retardada, quer realmente morrer?
— Por que?
— Porque você viu uma pessoa na porta de madrugada e não satisfeita foi até a varanda confirmar que não era um conhecido. — Retrucou. — Em um filme de terror você seria a primeira morta, tem noção disso?
— Eu achei que era o Jungkook.
— E por que caralhos o Jungkook ia estar parado na porta e sairia?
— Sei lá, acha mesmo que eu pensei nisso naquela hora?
— Vemos que não pensou e muito menos lembrou que tem um maluco atrás de você querendo te matar.
— Nem me lembre disso. — Choraminguei. — Você sabe quem era o dono dessa casa ou você conhece ele?
— Na verdade não, eu achei na internet, por que?
— Nada, só achei um cemitério no meio da floresta quando eu sai com o Taehyung.
— Cemitério?
— Sim, por que o espanto?
— Aquele dia a gente parou em uma vendinha e a dona contou uma história sinistra dos verdadeiros donos dessa casa. — Resmungou. — E agora que você falou disso, será que era verdade?
— Que história?
— Que o verdadeiro dono matava todas as empregadas e forçava o filho a fazer.. eu não prestei muita atenção na hora, só queria vir embora. — Disse calmo tentando se lembrar. — Aí a polícia descobriu e o pai matou todo mundo e deixou o menino, algo assim, aí o garoto ficou internado em uma ala psiquiátrica e desapareceu. Ouvindo isso outra vez, ainda acho uma história forçada e mentirosa.
— Você acha essa história forçada e mentirosa? — Ri. — Jimin a gente fez a biópsia de um corpo assassinado, e tem um serial killer atrás de mim, essa história não é forçada e muito menos mentirosa.
— Mas qual a relação da história com o que você está passando?
Engoli em seco e contei para ele tudo, do que eu achei no cemitério e principalmente do encontro escondido. Seus olhos me encaravam arregalados, em completo choque com tudo que eu contei.
— Agora eu entendo porque ele estava tão nervoso com você, ele sabe disso? — Neguei lentamente. — Mesmo não sabendo ele já estava bravo, imagina quando descobrir isso tudo.
— Ele não pode saber.
— S/N, ele precisa saber.
— Eu não posso contar e muito menos você, quanto mesmo ele saber melhor.. — Resmunguei tentando convencer o garoto à minha frente.
— Você encontrou o cara que quer te matar, você achou um monte de provas pra achar ele e não quer contar para quem pode prender ele?
— Ninguém sabe onde ele está e se é o mesmo cara.
— Como caralhos o nome dele estaria em uma placa em um cemitério se não fosse o mesmo cara, S/N?
— Exatamente por isso, ele ameaçou o Jungkook, não só ele. — Disse abaixando o olhar. — Não tinha apenas o nome do Jungkook escrito na placa.
— De quem mais?
— Meu irmão.
— Mais um motivo para ter certeza de que essa casa era a casa dele e que ele é o garotinho da história. — Jimin se levantou preocupado.
— Não é uma prova, ele pode ter colocado isso lá pra exatamente isso.
— Exatamente o que?
— Eu contar para o Jungkook e afastar a investigação dele mais uma vez, claro que é mais fácil culpar os outros. — Tentei reverter a história, era muita coincidência todos os fatos, e eu tinha certeza que essa era a sua casa.
— Você não sai sozinha, nunca mais. — Me encarou. — Se você quiser sair, eu vou junto.
— Ah nem vem. — Choraminguei. — Eu te contei tudo, mas não era pra ter você colado em mim 24 horas.
— Azar o teu que me contou.
— Nossa, vou dormir. — Revirei os olhos, assim que terminei de ajudar ele a guardar e limpar tudo eu subi até meu quarto, fechei a porta e me deitei. Precisava planejar algo para sair daqui sem ele me ver ou me seguir, eu precisava ir até lá mais uma vez e assistir aqueles filmes.
A porta se abriu e Jimin me encarou.
— Que?
— Nada, só queria ter certeza que você estava aqui.
— Nossa cara, acha que eu vou fugir pela janela? — Perguntei calmamente, mas neste momento uma luz se acendeu em minha mente. — Jimin, estamos no segundo andar. — Respondi assim que seus olhos me encararam desconfiados.
— Tá certo, estou pilhado. — Suspirou. — Estou lá embaixo se precisar de algo.
— Okay. — Sorri.
Assim que ele fechou a porta eu me sentei rapidamente, me aproximei da velha cômoda e abri as gavetas, peguei todos os lençóis velhos e empoeirados. Fazia alguns nós nas pontas juntando vários em uma perfeita corda, era uma ideia maluca e ao mesmo tempo perfeita para me tirar dali. Me levantei do chão e joguei ele pela pequena janela, ficou certo, como uma luva. Sorri e encarei o meu redor, precisava achar um lugar para amarrar, mas não tinha nada até que encarei o trinco da porta, iria precisar de mais lençóis, mas dava.
Amarrei uma ponta na porta e estiquei até o resto cair pela janela, puxei forte e a porta rangeu como o piso, suspirei fraco e atravessei calmamente a janela, segurei forte os panos e lentamente fui descendo, as vezes eu ouvia uns barulhos estranhos como se eles estivessem se rasgando. Não deu outra, estava quase no chão, mas o lençol se rompeu antes e eu cai diretamente no chão duro, como eu pensava ele estava tão velho que apodreceu e não aguentou. Me levantei limpando as folhas grudadas em meu corpo, olhei para os lados tendo a certeza de que Jimin não tinha me ouvido, sorri fraco e corri em direção a floresta. Trilhei o mesmo caminho que ontem, parei diante da porta envelhecida e me virei encarando minhas costas, estava completamente sozinha.
— Lá vamos nós. — Resmunguei puxando a porta.
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