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História Epifania - Epifanias


Escrita por: strawberryfield

Notas do Autor


"Eu voltei, agora pra ficar..."

Bom, deu vontade de usar a música, mas não acho que ela caiba exatamente nesse caso, rs. O que sei é que, após duas semanas sem atualização, Epifania volta com capítulo novo e ANTES DA VIRADA DE ANO. Espero que isso traga bons presságios, rs. Não sei se vocês gostarão deste 15 que vos apresento. O que posso dizer é que foi um capítulo relativamente difícil de escrever - diálogos não são a minha praia. E penso nele quase como resolutivo. Apesar de não ter POV de Paola, penso que alguma coisa pode ficar mais esclarecida para algumas/alguns leitoras/leitores (se não ficou pra você, não se preocupe, não está assim tão claro para mim também, hehe). Sei que estou feliz por mais uma etapa findada e por acreditar que, se não estamos na metade desta estória estamos chegando bem perto.

À todas e todos, um próspero novo ano. Que 2018 seja incrível pra todo mundo.

Um beijo grande!

Ps.: sei que deixei vocês na mão duas semanas seguidas, mas tenho que agradecer, muito muito, o tanto de comentários que recebi. Vocês são incríveis!

Capítulo 15 - Epifanias


Fanfic / Fanfiction Epifania - Epifanias

  

— Posso entrar? – sua voz soou baixa, mas firme. Acabei sorrindo.

Efeito do vinho? Não sei.

— Fique à vontade – senti o tom de sarcasmo em minha voz e fala, mas, juro, não foi intencional. Já tem algum tempo que tenho estado impossível de ser interpretada. Até mesmo por mim.

Sorri novamente para minimizar a falta, mas tenho lá a impressão que ela não se afetou muito. Entrou na minha casa, na minha sala, como se tudo pertencesse a ela; deixando, como sempre, um rastro delicioso de especiarias. Ela cheirava a canela, principalmente.

Ela sentou, no sofá de sempre. No local que ocupava em todas as visitas. Sentou e me olhou, cabendo a mim o próximo passo.

Inferno.

Essa mulher me deixa doida.

E confusa.

Então eu também caminhei. Um pouco mais lentamente, querendo aproveitar o tempo de poucos segundos para raciocinar. Para pensar em como agir. Eu não esperava a visita de Paola. Na verdade, mesmo tendo se passado apenas alguns dias, quatro para ser mais exata (mas quem está contando, não é mesmo?), eu já não achava que ela iria me procurar em algum momento.

Não depois de tê-la constrangido na frente do marido.

Bom. Eu teria ficado constrangida... já Paola?

Paola é por si só uma indefinição.

No vas sentar? – ela perguntou e só então me dei conta que ainda estava de pé, ao lado daquele que era o meu sofá preferido. Por quanto tempo não sei informar. Mas deve ter sido significativo, para que ela precisasse chamar minha atenção.

Sentei imediatamente.

Ela sorriu. Aquele sorriso típico Paola. Suspirei...

— Então... – em tese eu não sou aquela pessoa que não sabe o que falar, mas eu já disse... Ela me pegou desprevenida.

— Então... vim pra conversar.

— Tô vendo...

— Cê sabe... até gosto de su cinismo. Cuando non é usado contra mim.

Eu ri. A mulher sabia como quebrar o gelo como ninguém. Pelo menos quando a coisa dizia respeito a mim.

Mas... interessante como o mundo dá voltas, não acham?

— Acredita que outro dia pensei o mesmo sobre você? – perguntei, o tom de brincadeira – Mas, cê sabe, é automático. – disse displicente. E ela sorriu. Talvez meu cinismo não a afetasse tanto assim.

— Principalmente cuando usted se sente acuada...

— Tem quem diga isso...

Estoy diciendo.

— Ok.

— Ok.

— Certo, Paola – cortei, meio incomodada, um tanto irritada mesmo.

A reposição hormonal alivia os efeitos do envelhecimento”, ainda consigo ouvir a voz de Gisele na segunda-feira, “E minimiza os sintomas do climatério”. Eu tinha sido sua última paciente do dia. Eram 20h quando ela me atendeu e eu sai de lá com uma receita que, segundo ela, mudaria minha vida.

Quando que aquele tanto de hormônios começaria a fazer efeito?

Eu continuava extremamente sensível a qualquer coisa. Especialmente à Argentina.

— Por onde a gente começa?

— Talvez por la parte que dices que gosta de mim?

“Ouch”.

— Ou talvez pela parte em que você vem até a minha casa e me beija – vê, eu também sei jogar esse jogo Paola.

Mas, diferentemente de mim, ela não parece ofendida. Ela tinha aquele sorriso. Aquele que parece não dizer nada ao mesmo tempo de diz um monte de coisas. Aquele que às vezes eu amo e outras tantas vezes detesto.

Ela projetou um corpo um pouco mais para frente, os olhos fixos em mim.

— Parece que nós duas temos pontos que nos interessam nessa conversa. Mas talvez eu precise de mais respostas do que você, no crees?

— Talvez.

— Eu vim pra gente esclarecer tudo, Ana. Conversar, sin máscaras.

— Mas pra isso você vai precisar guardar as suas também, não acha?

Porque estás tan a la defensiva y arisca nos últimos tiempos, Ana? – a pergunta soou tão séria e, por mais que eu tenha tentado, naquele lapso de segundo, não consegui me projetar para o lugar dela. Era tão difícil não ser eu. A gente é uma porra de uns egoístas na maioria das vezes. Como fugir disso? — No fui eu que comecei isso. ¿Usted me tomó de sorpresa, recuerda?

— Eu também me peguei de surpresa...

— E que tal a gente conversar sin rudeza, como as amigas que somos?

Eu sorri. Honestamente.

— Faz sentido...

— Esses seus hormônios me dejan loca... – ela soltou em um meio sorriso.

— Imagina o que tá acontecendo comigo? – gargalhei.

E ela também riu. E foi um momento bom.

— Como tá se sentindo? – Paola me perguntou depois de algum silêncio.

— Triste – respondi sem pensar – Amarga. Rancorosa. Doente.

— Esse é o efeito de “gostar” de ? – ela perguntou, os dedos fazendo aspas no ar, o semblante tão sério como não tinha visto até então.

— Não, Paola – eu nem precisava pensar – Esse é o efeito de não estar entendendo o que acontece comigo. De não estar entendendo o que sinto. De ter perdido alguém que eu amo muito. Vou te dizer, viu? Se eu já não soubesse que não é o caso, diria que “mercúrio retrógrado” tá me cercando.

— Eu não entendo de astrologia.

— Deveria.

— Passo.

Sorrimos. Eu suspirei ao final. Vi Sofia se alojar no colo de Paola. Como sempre. Já contei que essa gata não é do tipo que gosta de chamegos? Pois é, se for Paola que os promove, ela tá dentro de todos...

— Então quer dizer que usted gosta de mim...

E foi assim que Paola deixou claro que ela seria quem direcionaria aquela conversa.

Bom. Vamos nessa.

**

Eu consegui me dar um tempo antes de responder. Levantei com a desculpa de que pegaria uma taça para que ela me fizesse companhia no vinho e a deixei sozinha na sala, Sofia sobre seu colo. A bancada americana foi o meu apoio quando cheguei à cozinha. Respirei profundamente, como se tivesse prendido o ar durante todo aquele tempo em que estive com ela na sala. O sopro passeando por minhas vias aéreas e a lufada de vento que passou por entre meus lábios permitiram que minhas batidas cardíacas desacelerassem.

Não estava preparada para aquele encontro, ainda que tivesse total consciência de que, sendo, nós duas, mulheres adultas, em algum momento ele aconteceria.

Sempre reconheci que Paola não era o tipo de mulher de deixar as coisas para depois. Mas, certamente, ela ter tomado aquela atitude, em partes, me surpreendia. Não fazia ideia do que poderia falar para ela. No que poderia dizer sobre como estava me sentindo e a forma como meu corpo e minha mente pareciam a desejar – quase que na mesma proporção que a odiar.

Como a gente consegue explicar nossa própria cabeça?

Digo, sem parecer cretina, autocentrada e egoísta mesmo?

Porque ficaria claro que os sentimentos e desejos dela estavam anulados de minha mente nos últimos tempos. Eu estava nem aí, convenhamos.

Mas como fazer diferente quando tudo de você se agita e não se explica e é imprudente?

Volto para a sala lentamente. Devo ter ficado pelo menos dez minutos lá dentro, um tempo definitivamente longo para quem só iria pegar uma taça – agora em minhas mãos.

Ela estava ajoelhada em frente aos meus discos. Nesse tempo em que éramos amigas me parece que nunca tinha ficado muito compreensível, para ela, essa minha adoração pela música. Claro, já tínhamos discutido, por longas horas, qual nosso estilo preferido, e tal como Rob, Barry e Dick, tínhamos estabelecidos alguns top fives musicais. Nick Hornby teria ficado orgulhoso. Eu até tinha lhe emprestado aquele que era um de meus livros favoritos, High Fidelity, e devo confessar que ela achou quase inaceitável que eu adorasse logo aquele, com um personagem principal tão inescrupulosamente machista. 

Nem tudo é possível explicar na vida.

Talvez ela estivesse passeando pela mesma linha de pensamento que o meu, porque, enquanto eu me aproximava, Got to get you off my mind começou a soar. E eu não sei o que ela estava pretendendo, mas colocar Solomon Burke para uma conversa como a que teríamos era absurdamente cruel.

Talvez ela acreditasse que combinava com vinho.

-- Achei que precisávamos de um fundo musical – ela falou, ainda de costas.

-- Podia não ser tão romântico – resmunguei, novamente irritada. Vê, esses meus hormônios tão me fazendo parecer uma jovem. Provavelmente sádica.

-- Bom, teríamos que entrar em uma discussão que acredito que levaria a noite toda – ela riu – No sé o que cê vê de romance nessa música. A letra dela é bem triste, na verdade. Al menos o ritmo es divertido.

Ela tinha razão.

E eu não me sentia em condições de discutir.

Suspirei profundamente, buscando o último folego, antes de sentar e encarar a fera. Ela continuava no chão, dessa vez voltada para mim, ainda me olhando.

Aparentemente eu começava a criar uma outra trilha sonora. Dessa vez sobre resoluções, ou finais, vá saber, e que tinha Soul Alive como álbum principal.

E lá estava Paola Carosella destruindo mais uma referência musical e fazendo tudo ser sobre ela. Absolutamente tudo.

**

Ela estava com a taça na mão e olhava para mim. Eu sabia. Ela estava esperando que eu começasse. E, apesar do aperto que estava em meu peito, entendia que, sim, eu devia isso a ela.

-- Tenho que começar dizendo que, até então, não te olhava de forma diferente, como algo mais do que eu amiga... – suspirei, o ar quente tocando a ponta do meu nariz. O ambiente frio proporcionado pelo sistema de ar potente ajudava nessa sensação – Sempre respeitei muitíssimo você. E, bom, tento continuar respeitando. Mas tem sido difícil quando você não consegue sair da minha cabeça.

Fiz uma careta.

-- E a culpa é sua, Argentina.

Sim, havia espaço para algum nível de brincadeira. E ela até riu, aparentemente constrangida. Claro, eu estava brincando. Mas não de todo. Sim, eu sabia que ela não tinha culpa de estar penetrando tão profundamente em minha mente, mas ela precisava ser tão incrível? Tão incrível a ponto de vir até mim me ouvir e não mandar eu me foder como qualquer outra pessoa teria feito?

Então, de certo modo, era culpa dela.

Incontestavelmente.

Como se ouvisse meu pensamento, ela respondeu:

-- No es mi culpa.

-- Eu sei – disse, com um pequeno sorriso, o coração retumbante e, logo, a taça entre meus lábios.

Vinho era, realmente, o melhor entorpecente.

-- Isso no explica o que aconteceu... – ela apertou. Parecia realmente interessada nos meus sentimentos e eu odiava, odiava de ódio odiado, o fato de não conseguir compreende-la na maioria das vezes nas últimas semanas.

-- Acho que te beijar fez despertar em mim algo que eu não sabia que existia – estava sendo sincera – que eu não imaginava, na verdade. – a olhei e percebi o quão atenta ela parecia estar nas minhas palavras, quase como se eu estivesse falando algo realmente importante. Bom, era para mim – Então eu achei que seria importante voltar e olhar para o começo.

E eu olhei. E me dando conta, quase que agora, me pergunto quão estupida eu posso ter sido. E quão, inegavelmente, medrosa.

E eu olhei. Para o primeiro momento, quando te vi a primeira vez, e você estava tímida e sem jeito e extremamente desconfortável em estar ingressando em algo que não fazia ideia de como fazer. E de como eu fiquei, quase que imediatamente, preocupada com você e querendo te ajudar o quanto eu pudesse, o quanto você me permitisse. E na medida em que eu ia te conhecendo e descobrindo seu mundo eu ficava mais e mais admirada com quem você é, de como você era – e é – uma mulher forte que venceu tantos obstáculos, com sua família, com o seu trabalho. De como eu me interessava cada vez mais por quem você é, por quem você tinha se tornado. De como eu amava a sua família. De como adorava as tardes despreocupadas cozinhando qualquer coisa e conversando sobre nada, sorrindo e vibrando por cada descoberta de Fran, por cada pequeno gesto vindos de qualquer das duas. E de como eu me sentia de vocês e bem com vocês. De como eu fiquei com alguns pés atrás quando Jason surgiu na sua vida e de como eu estava preocupada de como ele trataria Fran – e o fato de que em algum momento me rendi ao fato dele ser um ótimo cara. Mesmo com essa dorzinha insuportável no peito. De como meu casamento já não parecia mais perfeito. E de como tudo era desajuste, perturbável, fora de ordem. E de que a minha vida já não parecia mais minha. E talvez, apenas talvez, essa sensação miserável que sinto, quando tudo ao meu redor parece tão bem, se deva a você. Apenas a você. E não a essa menopausa cretina.

-- E descobri que sinto alguma coisa como isso desde ali.

Desde o começo, Paola.

Ela me olha. E não tenho certeza se meus pensamentos saíram por entre meus lábios. Se deixei soar tudo o que me vinha, toda essa ebulição de sentimentos e vontades. Boa parte do que me passara pela mente no decorrer daqueles quase quatro anos de amizade.

E minha epifania, ali, com Solomon tocando, Paola me olhando com intensidade, o vinho percorrendo minhas papilas gustativas e entorpecendo meus pensamentos, me fizeram chegar a uma conclusão que, até então, não tinha vislumbrado.

Eu me apaixonei por ela.

Desde a primeira vez que a vi, preocupada, tímida, mas tão forte, tão intensa. Com os traços majestosos e uma postura de quem não foge da batalha, de quem não tem medo.

E eu posso até não ter entendido. Não ter entendido que aquela admiração que eu estava sentindo logo de cara, sem sequer esperar conhecer qualquer coisa a mais da pessoa, sem sequer saber algo a mais além do fato de a. ela ser chef de cozinha, b. ela seria minha colega de trabalho em um instante logo já, era algo a mais que devia ser averiguado. Que o fato dela ser mulher não deveria ter o condão de retirá-la do lugar de possível interesse.

Mas como dizer isso à Ana de alguns anos, que tinha na mente, ainda, a face distorcida do primo mais velho e uma tentativa desastrosa de romance lésbico quando ainda na faculdade?

A verdade é que eu achava que já me conhecia. E quando você tem essa noção sobre si mesmo, fica difícil se adequar a circunstâncias que parecem permanecer estratificadas quando a situação muda de ordem. Quando o caos impera.

Quando conheci Paola, disse a mim mesma: farei todo o possível para tornar a vida dela, aqui, a melhor.

Eu tinha me apaixonado por ela.

Como sou emocionalmente burra.

Ela ainda me olhava. Talvez não fazendo ideia de para onde, e quais os locais, meu pensamento estava indo. Se ele estava ali, com ela. Se estava em outras vidas. Sagitariana com orgulho, eu, em regra, prezava pelo racional. Pelo aqui e agora.

O meu aqui e agora era estar na frente dela.

Mas como encará-la? Como encará-la quando me dou conta de que, sim, estou apaixonada por essa criatura e não faço ideia do que ela sente ou o que quer de mim?

-- Por que você me beijou?

A pergunta soou natural e eu sabia que daquela vez ela responderia. Mesmo depois que o disco terminou e o som do pino arranhando o plástico central era tudo o que ouvíamos. Mesmo depois de a ver virando-se para levantar a agulha, sem parecer ter a intenção de colocar outro “fundo musical”, como tinha dito no começo daquela conversa. Mesmo depois de ter se mantido de costas, por longos minutos.

Eu esperaria. O tempo que ela quisesse.

De algum modo, quando me dei conta de que SOU APAIXONADA POR PAOLA CAROSELLA DESDE O COMEÇO, foi como se algo tivesse se apaziguado em mim. E, de repente, não me importava mais se ela sentia algo, se ela me retribuía de alguma forma. Se ela era apaixonada por Jason ou se aumentaria a família em breve. Não que essas coisas não me doessem. É mais como se, agora que eu me compreendia, eu também a compreendesse mais. Eu entendesse os seus receios ou as suas vontades.

E respeitasse.

Não que eu achasse que deveria ser diferente, mas, bom, vocês sabem, meus sentimentos têm sido os de uma cadela, no pior sentido da palavra, nos últimos tempos. É difícil olhar para longe de si quando você não faz ideia do que está acontecendo com você mesmo.

É isso.

Parece que, agora que sei, é mais fácil olhar para ela. Para a confusão que deve estar acontecendo com ela, quando sua amiga, alguém que você confia e confidencia segredos, de repente, não só está te beijando como, convenhamos, está te desejando nua em sua cama. E isso é meio nojento. Bom, não que dormir com Paola, se isso acontecer algum dia (por favor, por favor, por favor, Deus), venha a ser nojento. É só que, se você confia em alguém, essa pessoa não deveria ser desrespeitosa a esse ponto com você. Certo?

Ou, de repente, eu estou sendo tacanha demais?

Tem sido difícil estar em minha pele.

-- Porque estaba te mirando. E tu estaba tan triste. Tan Hermosa. Y tan preciosa, Ana – sua voz interrompeu meus pensamos e, logo, estava olhando para ela, ainda sentada no chão, encostada no meu sistema de som, os longos dedos percorrendo a borda da taça – E fui te olhando, Aninha, e percebendo o cuánto tenía ganas de sentir sus labios de nuevo. E eu fui meio egoísta, cuando ni siquier me lembrei do que cê estava passando...

Ela bebeu um longo gole do vinho. Na taça, apenas gotas da bebida etílica. Minha mente não conseguia processar muito bem o que ela estava dizendo.

O que ela estava dizendo?

-- Yo te besé porque sentí ganas de besarte. Y si me perguntas ahora, sigo sintiendo ganas de besarte.

Ela levantou e foi difícil de controlar que minha respiração não ficasse suspensa. Eu sentia arrepios em todos os meus poros. Será que o vinho estava me pregando algum tipo de peça ilusória?

-- Pero no voy – ela colocou a taça na mesa de centro e eu quis gritar e perguntar o porquê e me desesperar mais um pouco, porque toda a tranquilidade de que estava sentindo até então, desde o momento em que me dei conta do que estava acontecendo comigo, parecia ter se esvaído dos meus poros – Porque te adoro – e foi como se ela escutasse seus gritos mudos.

Sua figura em pé, na minha frente, me fez estremecer. E quando ela se abaixou, deixando um beijo quente em minha face, foi como se eu tivesse recebido uma descarga elétrica.

-- Yo te adoro y no quiero hacerte mal – seus olhos nos meus eram como labaredas e sua mão tocando a pele da minha bochecha esquerda parecia queimar –  tengo un marido que amo y que me venera. Y mesmo estando loca por um poco más de ti – ela sorriu, aquele sorriso Paola – no sera suficiente para lo que usted merece.

Senti novamente seus lábios, na minha pele, e a respiração quente soprando em meus cabelos, e a agitação do meu corpo, do meu íntimo, de todos os meus poros.

-- Usted merece lo mejor. Merece todo. – ela sussurrou em meu ouvido.

E antes que eu pudesse fazer algo, qualquer coisa, ela saiu, apressada, a porta fechando atrás de si em um clique quase mudo.

Deixando para trás apenas sua essência.

Canela.

 


Notas Finais


Gente, desculpa meu espanhol chulo. Mas fazia mais sentido, na minha cabeça, que ela falasse em sua língua materna essa parte final.

Deixo aqui meu beijo, mais uma vez, e uma enquete: o que vocês acham que Ana - a Ana de vocês, construída em suas cabeças - faria a partir daqui? Isso pode me ajudar na construção dos próximos capítulos. :)

É isso. Ana entendeu, enfim, o que acontecia. Consequentemente, entendemos também. E Paola? Há que se ter uma eterna incógnita nessa vida, não é mesmo? Mas será tão indecifrável assim? Façam suas apostas.

Muito obrigada por terem me acompanhado nesses restinho de ano. Eu já disse que vocês são incríveis? In-crí-veis!

Playlist de epifania atualizada no spotfy (Epifania_, vou deixar o link no twitter que, por sinal, é @inepiphany_), feliz novo ano para todo mundo! E até 2018! <3


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