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História Era uma quinta-feira. Lembro-me de que chovia. - O homem da produtora.


Escrita por: Endora_

Capítulo 11 - O homem da produtora.


Fanfic / Fanfiction Era uma quinta-feira. Lembro-me de que chovia. - O homem da produtora.

Respirei aliviada quando senti o leve impacto do trem de pouso tocando o chão. Finalmente estávamos em terra.

— Graças a Deus. Como eu detesto viajar de avião! — Comentei com Barbara assim que pus os pés no chão.

— Trezentos anos e você continua a mesma. Eu gosto de aviões, são tão rápidos...

— Não rápidos o suficiente. E há trezentos anos não existiam aviões. Venha, vamos sair daqui.

— Será que o rapaz da produtora já chegou?

— Será muita falta de decoro se não tiver chegado. Hora marcada é hora marcada.

— Será que é bonito? — Ri.

Mentalmente, teci um comentário reprovador, mas por não me considerar a pessoa mais adequada para repreender Barbara por isso, resolvi ficar quieta.

Deixei para ela a tarefa de empurrar o carrinho com nossas bagagens. Afinal, a celebridade ali era eu, disse em tom descontraído, mas com a velha pitada da arrogância que eu não conseguia camuflar quando estava cansada.

O homem da produtora veio ao nosso encontro assim que adentramos o saguão do aeroporto. E atendendo com louvor às expectativas de Barbara, era bonito.

— Mildred Morrison? Eu sou Clark Stephens.

— Bom dia. — Respondi, seca. O moço, muito simpático, me estendeu a mão para um cumprimento formal. Correspondi.

— É um enorme prazer conhecê-la.

— Sim, sim... — Respondi enquanto retirava as luvas, e guardei-as na bolsa.

— E você deve ser Barbara Anderson.

— A primeira e única. — Respondeu, animada, arreganhando os dentes.

Não prestei atenção à conversa dos dois. Acendi um cigarro e pus meus óculos de sol no rosto. Clark assumiu a tarefa de empurrar o carrinho com nossas malas. Barbara me deu o braço e nós o acompanhamos até seu carro.

Ele nos conduziu até o hotel. Segui calada durante todo o trajeto.

Morta de cansaço, preenchi e assinei o cartão do check-in de maneira automática. Ao chegar ao quarto, tomei um remédio para dor de cabeça, tirei o vestido e me deitei, trajando apenas a combinação. Tentei dormir, mas pensamentos sobre Anthony vieram me perturbar. Me perguntava constantemente o que ele faria naquele fim de semana sem mim. Por fim, consegui adormecer.

Acordei revigorada, já à noite. Tomei um banho, me aprontei para o jantar que estava marcado, e saí para a sacada do quarto. Senti o vento no rosto por alguns minutos, contemplei a cidade lá embaixo.

Algum tempo se passou, Barbara veio até meu quarto para esperarmos juntas por ele. A recepção telefonou avisando que ele havia chegado.

— Como é mesmo o nome dele? — Perguntei, antes de sairmos do elevador.

— Clark Stephens. Como você pode ser tão indiferente a um moço tão bonito? — Ignorei-a, e fomos ao encontro de Clark, que esperava por nós sentado numa poltrona do saguão.

Ele levantou-se quando nos aproximamos.

— As senhoras estão muito elegantes esta noite. Como vai? — Perguntou, cortês. Beijou as costas da mão de Barbara. Enfiei minhas duas mãos nos bolsos do casaco, num gesto declarado de que não estava disposta a receber aquele mesmo cumprimento. — Como vai, Miss Morrison?

— Muito bem, obrigada. — Ele nos conduziu até seu veículo. Abriu a porta de trás, por onde entramos, as duas.

Após termos feito nossos pedidos, pus um cigarro entre os lábios e demorei a encontrar meu isqueiro na bolsa. Clark me ofereceu o dele, já com a chama ardendo. Preferi usar o meu, e acendi meu cigarro encarando aquele homem bonito, que mesmo diante de toda a minha rejeição, continuava a ser gentil.

— Bem, vamos falar sobre o que interessa. — Dei início à discussão. — Quem estará dirigindo o filme?

— Mankiewicz.

— Joseph L. Mankiewicz? — Perguntei, animada. — Mesmo? Maravilhoso! Mas eu tenho duas condições, meu bem: passe para ele que não quero Crawford no papel de Lilian, e muito menos Vivien Leigh.

— Crawford era a primeira opção dele.

— Sendo assim, não vendo os direitos. Não quero a história do meu livro sendo deturpada. Ela não serve para a minha Lilian.

— O que acha de Jane Wyman?

— Horrível!

— Tudo bem. Você escolhe a atriz principal.

— Eu havia pensado em Bette Davis ou Barbara Stanwyck... ou Bennett… mas Stanwyck é definitivamente perfeita, ideal.

— E Dietrich?

— Velha. — Ele riu.

— Mas como é exigente, dispensando Dietrich.

— E o Robert, quem vai ser?

— O estúdio estava pensando no Glenn Ford, e…

— Nem pensar. Ele é muito bruto.

— E quanto a Gable?

— Passado. — Novamente, ele riu.

— Mas como é exigente, dispensando Clark Gable. Spencer Tracy?

— Feio. Olivier ficaria bem, e, deixe-me ver…

— Cary Grant?

— Muita pinta de conquistador barato. Não…

— Rock Hudson.

— Não, ele é muito jovem. Fique quieto! — Ele riu outra vez, e se calou. Pensei por um momento, até que me veio o nome perfeito: — Gregory Peck. — Disse, estalando os dedos.

— E se esses dois não estiverem disponíveis, ou não quiserem o papel…

— Claro que vão querer.

— …poderia ser Bogart?

— Morto. — Outra vez, ele riu.

— Ela é difícil de agradar. — Ele disse a Barbara, e anotou os nomes que eu citei.

— Faço questão da senhorita Moorehead como a irmã de Lilian, e Sanders no papel do vilão.

— Tudo bem. Mas você sabe que pode acontecer de nem todos que você escolheu estarem disponíveis, não sabe?

— Claro que sei. Nesse caso, pensamos nisso depois.

— Mas tentaremos fazer o possível.

Continuamos a discutir sobre a produção do filme durante todo o jantar. Dali fomos para uma recepção que Clark preparara para nós em seu luxuoso apartamento. Haviam ali figurões de cinema, alguns astros sedutores, algumas estrelas antipáticas, enfim, gente de cinema. Principalmente os que estariam envolvidos na produção do filme.

Me separei de Barbara e fui buscar uma bebida para mim. Clark, ao ver-me ali desacompanhada, se aproximou.

— Não imagina a honra que é recebê-la aqui em meu apartamento e ter a chance de transformar em filme um livro seu. Eu sou um grande fã dos seus livros.

— Não diga. — Ele riu.

— Você é sempre arrogante assim?

— Sempre. Com licença. — Tomei um gole da minha bebida e me afastei.

— Posso convidá-la para almoçar comigo amanhã?

— Não. — Ele pôs as mãos nos bolsos e assentiu, bem humorado.

— Está certo, eu desisto. Aproveite a festa.

Uma hora depois, voltei para o hotel. Barbara queria ficar, mas por não achar de bom tom ficar sozinha ali, veio comigo.

— Mildred, como você é podre! Coitado do rapaz. — Rimos.

— Console-o.

— Ah, bem que eu queria.

— Ele me convidou para almoçar com ele. Teve coragem. Que ousadia! — Ainda rindo, acrescentei.

— E você, aceitou?

— Claro que não, eu já tenho alguém.

— Eu não dispensaria esse aí por causa do menininho não. Mas com ou sem Anthony, você foi muito rude com o rapaz. Um moço tão simpático, tão agradável.

— Identifico um conquistador barato de longe, minha filha. Vá dormir, que eu estou exausta.


Notas Finais


Curiosidade: Todos os nomes que eu citei naquele diálogo são de artistas de verdade kkkk beijos!


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