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História Erase This - Crown Of Scars


Escrita por: CrazyGates e CrazyShadows

Capítulo 102 - Crown Of Scars


Fanfic / Fanfiction Erase This - Crown Of Scars

Forget about the fight to wear the crown of scars
Cause you've already won
Forget the pain and leave tears behind you
Bury underneath your feet the remains
Of what's been left behind
Cause you have got a long, long way to run


– Eu nem sei como te por de castigo... – suspirava mamãe se lamentando pela louça quebrada. – Ou melhor, sei sim, você irá ao ensaio dos meninos hoje! – um sorriso apareceu em seu rosto e eu pulei fora da cama.

– Está louca? Que tipo de castigo é esse?

– O tipo que te faz viver. – dito isso ela saiu e eu bati a porta do quarto com força.

No dia anterior havia me enterrado debaixo das cobertas antes dela chegar, assim só tomaria bronca no dia seguinte, e quando ela descobriu que a vaca da enfermeira tinha se despedido, praticamente surtou.

Eu pretendia tomar um banho demorado, ou ler mais uns dez capítulos de qualquer livro, quando ouvi o barulho da porta no andar debaixo... Mad havia chegado, e por algum motivo não contive a vontade de descer e recebe-la.

Acabei parada na metade da escada...

– Você simplesmente sai e deixa sua irmã? É isso mesmo Madson? Como você pôde? Sabe que ela está mal e ainda fica saindo para se divertir... Bela irmã. – comentava mamãe brava.

– Irmã, irmã... Quer saber? Eu estou cansada de ser “irmã”! Sério, você acha que é fácil acabar com minha vida social só porque eu tenho uma criança dentro de casa que precisa de cuidados? – a palavra me atingiu em cheio e eu agarrei fortemente o corrimão como se pudesse despencar a qualquer minuto. – NÃO VOU DEIXAR DE VIVER POR ELA, SE VOCÊ QUER SE ENTERRAR FAÇA ISSO SOZINHA, MAS DIFERENTE DE VOCÊ EU TENHO VIDA SOCIAL MAMÃE! – o choro embolava seus gritos.

– É SUA OBRIGAÇÃO CUIDAR DA ANABELLE! – rebateu mamãe visivelmente irritada.

– NÃO, NÃO É MINHA OBRIGAÇÃO E EU TO CANSADA DISSO, VOU CUIDAR DA MINHA VIDA QUE EU GANHO MAIS! – as falas cessaram e ouvi a corrida de Mad.

Seu corpo chocou-se ao meu na escada e ao ver seu estado choroso contive a vontade de abraça-la e chorar no seu abraço, mas meu estado de choque só permitiu que eu caísse sentada um dos degraus e ouvisse-a subir o resto correndo. Só então me dei conta de que chorava silenciosamente.

Enxuguei as lágrimas com a barra da camiseta e desci as escadas devagar, passei pelo corredor despreocupadamente olhando de canto de olho para mamãe e Matt ele dizia algo para ela e eu estava motivada a ouvir, assim, encostei-me a parede da cozinha próxima de onde os dois estavam.

– To preocupado com a Mad...

– E por isso precisava sumir com ela? – a mulher estava ríspida.

– Eu precisava ver aquele sorriso dela de novo, pois não sei se a senhora percebeu, mas sua filha não é mais a mesma depois do... Depois do que aconteceu com a Ana, ela nem respira direito, vive quieta...

Parei de ouvir a partir dali, então eu afetava todo mundo num conjunto. Não bastava minha doença o bastante eu devia compartilhá-la no sofrimento dos outros, todos os motivos culminavam num suicídio, mas infelizmente eu não tinha coragem o bastante para isso. A verdade é que tinha me tornado uma pedra na vida dos que me cercavam, uma pedra chata e que prejudicava a vida social das pessoas normais.

Esse nunca foi meu objetivo, e nem seria, agora eu tentaria ao menos interferir menos na vida dos que me amavam, e começaria cumprindo o castigo de mamãe. Por mais que eu não estivesse bem para sair, mostrar-me saudável e forte o bastante para assistir o ensaio dos meninos parecia uma boa ideia.

Mas minha ideia de “ensaio” desapareceu assim que vi Matt subir as escadas, ele não deixaria minha irmã tão cedo, logo não haveria ensaio com os meninos. Mas destinada a cumprir meu castigo direcionei-me ao telefone, discaria o número conhecido.

– Alô? Jimmy?

– Não, aqui quem fala é o Jason. – como Rev podia ser tão idiota? O pior é que ele falava com seriedade.

– Cala a boca ridículo, é a Belle. – ouvi sua risada sonora.

– Ridículo nada, sou o Jason...

– Beleza e eu o Freddy, o que se acha?

– Acho ótimo! Mas e ai, o que manda?

– Quer vir aqui em casa? É que provavelmente não vai ter ensaio...

– Como assim não vai ter ensaio?

– Vem pra cá e eu te explico.

– Ok pequena Freddy...

– Beijos caro Jason.

Não tinha sido a tortura que eu esperava conversar com o gigante, talvez eu estivesse enganada sobre enterrar-me em meu próprio mundo, talvez eu devesse de vez em quando lembrar dos amigos... Morrer de solidão é pior do que viver ao lado dos que te amam.

Subi para meu quarto, algo em meu peito latejava e ao passar pela porta de Mad soube o que era. Eu guardava lágrimas magoadas dos gritos que tinha ouvido, guardava o choro, pois sabia que nele não havia sentido. Afinal, todo mundo surta de vez em quando certo? E eu sabia muito bem que minha irmã não havia dito tudo aquilo por mal.

Procurei algo confortável para vestir e resmunguei, o guarda-roupa de Mad sempre tinha essas roupas, e o meu estava lotado de flores e mais cores que eu nem gostava, o tempo em que estive vivendo de forma catatônica mamãe aproveitou para renovar minhas roupas e eu não fazia ideia de onde ela tinha posto as antigas. Assim, optei por calças jeans de lavagem clara uma bata com o símbolo da paz, meu converse novo e uma jaqueta antiga que eu adorava.

Joguei o cabelo para trás e fui ao banheiro escovar os dentes e jogar um jato de água no rosto, nada esconderia minhas olheiras profundas, muito menos os ossos ressaltados nas maçãs do rosto... Eu era praticamente um cadáver que andava. Um cadáver que se preocupava em não pensar num certo ruivo...

Balancei a cabeça rapidamente e ao ouvir a campainha decidi sair do quarto, gritei para que deixassem que eu atendesse. Parei em frente à porta enxergando sombras agitadas por detrás dos vitrais e respirei fundo, era só estampar um sorriso no rosto e fingir que estava bem, não parecia difícil.

– Olá! Garotos? – indaguei ao ver todos diante de mim. – Eu chamo o Jason e vem toda a trupe dos filmes de pesadelo? – eles se entreolharam não entendendo minha pergunta.

– Que foi Freddy? Resolvi fazer uma confraternização... – respondeu já entrando e sendo seguido pelos outros que continuavam sem entender nada.

– Acho que esqueceu a máscara idiota!

– E você fez hidratação pra se livrar das queimaduras? – dessa vez eu que o olhei curiosa, como uma hidratação faria efeito em uma pele queimada?

– Dá pra os dois pararem com isso? – pediu Zacky.

– Você pode ser o Drácula Zee, eu deixo. – sorri para ele.

– E eu? – indagou Johnny fazendo bico e tomando da bebida suspeita que carregava numa garrafa.

– Você é o anão, não existe personagem pra você... – Brian comentou arrancando uma risada de todos.

– Não, Jojo pode ser o Chucky.

– Deixa o Chucky dormir na sua cama Belle? – perguntou se aproximando, fazendo manha e eu não pude evitar em rir.

– Prefiro um Frankenstein... Alto, com pegada... – pisquei para ele que me deu as costas se dirigindo à sala.

– Coitado do Chucky, você tá perversa Freddy... – comentou Jimmy e eu dei de ombros seguindo para a sala também.

– Eu podia ser o Franke, o que vocês acham? – perguntou Brian e eu estremeci estacando no lugar sem ter coragem de encará-lo atrás e mim.

– Tanto faz, quem manda nessa porra sou eu e a Freddy, vocês não podem com nós! – ele veio até mim e passou o braço por meus ombros, salvando-me de uma situação difícil.

– Agora dá pra alguém explicar por que não vai ter ensaio? – perguntou o novo projeto de Drácula se sentando ao meu lado no sofá.

– Mad brigou com mamãe, surtou, foi pro quarto chorando, o Matt seguiu e... Bom, não preciso falar mais nada né? – meus olhos caíram sobre Brian que estava sentado no chão em frente aos meus pés ele havia entendido perfeitamente.

– E por que você nos chamou aqui? – de novo o gordo perguntando.

– Porque eu estou de castigo por ter feito a enfermeira se demitir... – lancei um olhar sugestivo para Syn que se engasgou com a risada. – E bom, meu castigo era ir ao ensaio, ter uma vida social sabe? – todos assentiram.

– Então você está nos usando? – indagou Jimmy ao meu lado com um bico que me fez querer agarrar suas bochechas.

– Só um pouquinho... – sorri para ele e o abracei pela cintura. – Na verdade eu só ia usar você Rev, mas você trouxe a cambada junto. – todos em coro soltaram um “nossa” e se levantaram.

– Depois dessa vou embora, o Chucky aqui prefere outra dona... – murmurou Jojo e eu me pus em frente à passagem da sala prontamente.

– Ninguém vai embora, eu quero que fiquem. – admiti parando os olhos sobre Brian que sorria abertamente como se tivesse ganhado seu dia.

– Então a Bellinha tá nos amando? – perguntou Jimmy quase pulando de alegria e sorrindo sugestivamente.

– Bellinha não, sou Freddy, cuidado ou eu te pego durante o sono... – semicerrei as sobrancelhas e ele se escondeu atrás de Brian que ria.

– A Bella ta perigosa. – comentou cutucando em minha ferida.

– Bella teu rabo seu projeto de guitarrista mal concluído. – então seria uma troca de alfinetadas.

– Eu toco melhor do que você canta com sua voz de Britney... – James se pôs no meio.

– Chega crianças. – parecia um pai falando, bufei e dei as costas a ambos seguindo para a cozinha.

Revirei os armários em busca da minha bolacha preferida, mas pelo visto, mamãe não tinha comprado a fim de que eu comece corretamente. Engano dela, pois minha bolacha era praticamente meu vício e sem ela eu ficava até mais depressiva.

– Tá brava? – a voz aveludada invadiu a cozinha me fazendo virar para encará-lo.

– Defina brava. – pedi cruzando os braços em frente o corpo.

– Brava é quando você franze a boca assim – seu dedo apoiou em meu lábio superior enquanto os olhos continuavam atentos em qualquer movimento. -, desvia o olhar pro canto esquerdo – de repente eu estava surpresa. – e morde o canto interior da bochecha direita. – afastei dele ainda atônita.

– Digamos que eu esteja brava... Só um pouco. – soltei os braços balançando os ombros.

– Então eu devo pedir desculpas? – suspirei, ele e o papo das “desculpas”.

– Minha bolacha acabou por isso to brava. – admiti cortando qualquer conversa subliminar que poderia existir.

– Quer ir comprar? – a ideia de sair de casa me embrulhou o estômago.

– Não, depois eu peço para minha mãe. – disfarcei a ânsia e movi-me para sair da cozinha, sendo impedida por sua mão que me segurou firme.

– Não fica encanada com a Mad tá bom? Ela é sua irmã, não diria nada por mal. – assenti meio sem jeito, o fato dele me adivinhar perfeitamente chegava a ser irritante.

Voltei para a sala onde Jimmy usava as baquetas na mesa, Zacky tentava explicar para Johnny algo sobre uma nova canção e todos pareciam entediados.

– Estou enjoado de ficar aqui dentro, vamos lá no quintal? – indagou Brian aparecendo atrás de mim e eu congelei com a ideia e sair.

– Eu chego primeiro! – Sullivan se ergueu e saiu correndo pela porta sendo seguido pelos outros, restava apenas eu e o moreno na sala.

– Relaxa, eu estou com você, não vai acontecer nada. - por mais que eu acreditasse em suas palavras o medo era maior sobre mim.

E quase nem senti o toque de suas mãos em meus ombros me guiando para fora, só recuperei os sentidos quando já estava em frente à porta, a brisa leve que entrava só me fazia querer fugir para meu interior mais ainda e recuei tanto que acabei colada ao corpo do que estava atrás.

– Fica calma... – pediu passivamente enquanto eu lutava para segurar fundo.

– Não me faz ir lá fora, por favor. – implorei choramingando e amaçando a camiseta em meus dedos.

– Nós vamos juntos. – debateu e eu deixei que o poder “Haner” agisse sobre mim, me guiando para fora.

Os primeiros passos foram mais difíceis ele quase que me empurrava para fora, aos poucos a tensão diminuiu e o que era uma tortura se tornou fácil, o vento agitava de leve meus cabelos e as mãos de Brian me guiando traziam a segurança que era precisa.

Estava tão perdida apreciando a sensação que mal percebi quando sentamos perto dos meninos, Rev estava deitado com as mãos apoiadas atrás da cabeça e eu fui até ele me deitando em sua barriga, Jojo se deitou na minha, Zacky em minhas pernas e para Brian apontei minha outra perna desocupada.

Ficamos os cinco de cara com as nuvens, eu e Jimmy brigando pelas formas que elas faziam e os garotos apenas rindo, às vezes pegava o olhar de Brian em mim, às vezes confundia o seu olhar com o de Sam o que tornava doloroso, mas logo passava com alguma frase engraçada do maior que me desconcentrava. Era bom estar entre amigos e poderia julgar que esse teria sido meu melhor castigo.

...

A noite quando todos já tinham ido embora e eu já me preparava para dormir, uma figura morena entrou em meu quarto e não era Brian, era A figura morena, A Madson.

– Posso entrar? – perguntou batendo na porta aberta e eu só assenti positivamente com a cabeça. – Eu sei que você ouviu hoje mais cedo, e bom, queria pedir desculpa. -andei até ela sem uma expressão facial concreta.

– Tá tudo bem... Esquece isso ok? – ela balançou a cabeça positivamente e eu abri os braços num instinto protetor, acolhendo-a.

– Eu sou a mais velha, eu que deveria estar fazendo isso. – comentou deixando pequenas lágrimas molharem meu ombro.

– Não tem problema inverter os papéis de vez em quando. – ela concordou e eu a agarrei mais a mim.

– Eu amo você Belle, independente de tudo. – nos afastei encarando seu rosto inchado e limpando as lágrimas.

– Eu também te amo Mad, muito. – sorri aliviada abraçando-a novamente.

Era bom tê-la assim, eu poderia ficar naquele abraço toda a eternidade, pois nada se comparava ao carinho de irmã. Passariam décadas e eu sempre estaria ao seu lado, brigando, discutindo, apoiando, ouvindo, amando e infernizando... Era praticamente um casamento, mas um casamento um tanto dramático.

O importante era sermos irmãs acima de tudo.

Now you fly away
And you don't look down now
And you laugh til you can't laugh any longer
As you watch your chains fall to the ground



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