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História Erase This - Trashed and Scattered


Escrita por: CrazyGates e CrazyShadows

Capítulo 42 - Trashed and Scattered


Depois de um tempo os barulhos cessaram lá embaixo, esperei por longos minutos e quando percebi que Sam não subiria, resolvi descer... Talvez ele tivesse esquecido de minha presença.

Abri o compartimento das escadas e desci cuidadosamente cada degrau, andei pelo corredor sem fazer barulho e desci a outra escada... Estava tudo silencioso, e conforme eu me aproximava da porta de entrada, podia ouvir ruídos chorosos.

Foi então que me choquei com a cena... A avó de Sam chorava encolhida no canto perto da porta que estava aberta, e o ruivo estava desacordado no chão, ele tinha uma poça de sangue em volta de sua cabeça, e uma mancha de sangue na camiseta. Ajoelhei-me perto de sua cabeça, sem me importar com o sangue que sujava minha calça.

– Sam... – chamei seu nome pegando o rosto entre as mãos e colocando delicadamente sua cabeça sobre minhas coxas.

Descobri então de onde vinha tanto sangue, um corte tinha sido aberto perto de sua nuca... Tentei estancar o sangue com as mãos, mas percebendo minha falha missão levei os olhos a avó dele.

– Preciso de algo para estancar o sangue. – ela assentiu ainda em prantos e voltou minutos depois com um pano em uma das mãos, e um quite de primeiro socorros na outra – Obrigada. – falei mostrando um breve sorriso.

Coloquei o pano no corte apertando e esperando que o sangue parasse de sair... Com a outra mão livre abri a caixinha do quite e retirei de lá o algodão e um antisséptico para passar nas pequenas feridas.

Ainda com a mão segura em sua nuca, fui cuidando de seus outros machucados, minhas pernas começavam a formigar sustentando o peso de meu corpo e da cabeça dele, mas não me importava apenas queria curá-lo e vê-lo abrir seus olhos castanhos para mim... Tentava ignorar as lágrimas que molhavam meu rosto e engolir os soluços altos que queriam escapar de minha garganta.

Depois de um tempo tirei o pano de sua nuca e fui verificar o corte, não era tão profundo e não sangrava mais, não como antes... Suspirei aliviada e apressei-me em fazer o curativo ali.

Não sabia como se devia fazer para acordar alguém desmaiado e nem fiz menção de leva-lo ao hospital, teríamos que chamar a ambulância e conhecendo bem Sam ele não gostaria se expor.

Com todas as feridas já cuidadas chamei sua avó e pedi que ela me ajudasse a coloca-lo no sofá, a senhora não foi de muita ajuda, ainda mais pelo tremor que lhe afligia. Com muito esforço o deitamos no sofá mais próximo. Ajeitei uma almofada debaixo de sua cabeça e com o máximo e cuidado arranquei a camiseta que ele vestia de seu corpo... Deixando expostos os hematomas em seu abdômen.

Cedi a minha frágil emoção e deixei-me cair sobre seu corpo chorando e soluçando, demorei a me recuperar e quando o fiz pus-me a perguntar o ocorrido à idosa.

– O que aconteceu exatamente? – perguntei andando até ela e a ajudando a se sentar na poltrona azul-escuro ao lado da janela ampla.

– Uns garotos... – ela disse depois de alguns segundos muda – Eles entraram e começaram a bater em meu neto... Sam, oh Sam... – ela entrou em prantos novamente e voltou a chorar, levantando-se e saindo da sala.

Sentei ao lado do sofá esperando que ele acordasse, esperando poder ouvir sua voz antes de voltar para casa... Na verdade, nem voltar para a casa eu queria.

Passei as costas das mãos em sua bochecha e depois virei a palma subindo para sua têmpora e acariciando os cabelos ralos, tão ralos que faziam uma textura àspera... Beijei sua bochecha e rocei meu nariz em seu pescoço, já se passava da sete da noite e eu tinha certeza de que ele não acordaria tão cedo.

Contragosto levantei e fui procurar sua avó pela casa, não foi difícil de encontra-la, ela estava apoiada na bancada da pia e tentava regular a respiração.

– Diga a Sam para me ligar quando ele acordar. – aproximei-me mais dela, querendo lhe abraçar, mas me contive apenas saindo de cabeça baixa pela porta dos fundos... Não seria capaz de olhar mais uma vez para Sam e controlar a vontade de ficar ao seu lado.

Caminhei pelas ruas lentamente como se estivesse numa esteira e uma força maior me puxasse para trás, para Sam... Tinha que prosseguir, tinha que chegar em casa cedo ou mamãe se preocuparia.

Faltando uma quadra para chegar em casa encontrei Brian do outro lado da rua, ele estava sentado na guia e fumava de forma raivosa, quase que esmagando o cigarro entre os dedos... Estaquei no lugar quando seu olhar parou em minhas calças, provavelmente ele havia se chocado com a quantidade de sangue que manchava o tecido. Voltei a andar quando vi os músculos de sua perna tencionar num movimento de levantar.

Atravessei a porta de casa engolindo o ar em meus pulmões torcendo por meus olhos inchados não serem notados, e preparada para a enxurrada de perguntas sobre o sangue que cobria minha calça.

Mas para minha feliz surpresa mamãe preparava algo na cozinha o que me permitiu correr para as escadas e gritar apenas um “cheguei” para ela, subi de dois em dois degraus e escancarei a porta do quarto.

– Oh me desculpe! – pedi quando vi Matt e Mad deitados na cama dela abraçados e assistindo algo na tv.

– Não tudo bem Ana, pode entrar... – ela parou por um momento e me analisou – De quem é esse sangue na sua calça? – perguntou com os olhos levemente arregalados, mas ainda sim mantendo a voz num tom normal e melódico, como se perguntasse por obrigação.

– Uns caras invadiram a casa do Sam e deram uma surra nele... Esse sangue é dele. – ela desviou o olhar de mim e voltou à atenção ao filme na tv – Deixei-o desmaiado no sofá da casa dele... Estou preocupada... – parecia que eu falava com as paredes, nenhum dos dois dava-me atenção.

E não deviam dar mesmo, afinal, nenhum deles se importava com Sam... E porque se importariam? Eles não conheciam a história do garoto, não tinham a afeição que eu tinha por ele, a realidade quanto mais cedo Sam morresse melhor seria para os egoístas!

Revirei os olhos, peguei um short que estava jogado no chão e fui para o banheiro, livrei-me da calça suja embolando-a e a jogando para dentro do armário da pia, teria que jogá-la fora mesmo...

Sai do banheiro e fui direto para a cama sentindo o corpo pesado e a cabeça doer de tanto chorar... Não me importava se o casal estava irritado com minha presença, eu já estava irritada com a deles, e pouco me importava o que eles pensavam.

Prestei atenção no filme de comédia por alguns minutos, minutos em que os dois do lado deram risadas, enquanto eu continuava calada com os pensamentos longe do quarto... Nesse silêncio perturbador de mim mesma, acabei adormecendo.

Acordei sentindo o corpo mais leve, espreguicei-me por baixo do edredom e olhei para a tv... Passava alguma propaganda desinteressante, quase havia me esquecido do casal ao lado se não fosse pelo barulho estranho que ambos faziam...

Olhei ainda com os olhos entreabertos e mexi-me na cama nervosamente ao ver Mad sentada no colo de Matthew... Ela tinha as pernas jogadas uma de cada lado da cintura dele, e de início eu tinha certeza de que poderia sair correndo do quarto, mas minhas pernas não se moviam.

Eles tinham as bocas coladas e Matt passeava com as mãos nas costas de Mad, delineando sua coluna, eu mesma podia sentir os arrepios dela... De repente ele desceu as mãos para dentro da calça da mesma e era visível que ele apertava a carne dali fortemente, com uma força brusca os corpos dos dois se chocaram e Mad arfou com um beijo que lhe foi dado no pescoço... Senti uma estranha corrente elétrica passar por meu corpo, o que era muito estranho, assim, me pus para fora da cama não querendo mais presenciar a cena e com a dúvida imensa de que nova sensação era essa correndo por meu corpo... Ao mesmo tempo em que eu sentia uma pontada de inveja e ciúme entrar perfurando meu peito.

Sai do quarto de chinelos mesmo e encostei a porta, pois mamãe não merecia ver uma cena daquelas... Desci as escadas escorando-me ao corrimão e me ocorreu que talvez eu precisasse de ar fresco.

Passei da cozinha onde peguei um pacote de bolachas e rumei para fora, não sem antes avisar mamãe que lia na sala, atravessei o jardim mastigando a bolacha freneticamente, mas minhas mordidas cessaram quando vi o moreno sentado em minha calçada.

– Você está bem? – perguntou virando a cabeça para trás e me olhando.

– Por que não estaria? – rebati após engolir a bolacha que desceu seca em minha garganta.

– É que... Bem... Eu vi sua calça... – ele não conseguia formular uma frase completa e retornava a olhar para frente.

– Estou bem, embora isso não signifique nada para você. – sai batendo os pés cruzando a rua e indo para a outra calçada, não pretendia caminhar para longe de casa, mas a presença de Brian não me dava alternativa.

Dei passos curtos e lentos, no fundo havia a esperança de que ele viesse atrás de mim, o pacote de bolachas estava sendo esmagado em minhas mãos, e meu lábio inferior prestes a sangrar com a força que eu o mordia.

Ouvi passos apressados em me alcançar e de repente ele estava em minha frente... Seus longos braços me puxaram para seu peito e ele afundou o rosto em meus cabelos aspirando fortemente o cheiro.

– Ah... Como senti falta disso. – ouvi sua voz rouca e baixa em meus ouvidos, circundei meus braços em sua cintura e suspirei, o cheiro do perfume inundava minha consciência e um breve sorriso se formava em meus lábios.

Ficamos abraçados por muito tempo até eu tomar um passo para trás e nos afastar, nossos olhos se prenderam e eu tinha certeza, certeza de que ele queria dizer, queria falar tudo que pudesse, mas sua voz não saia... Assim como a minha. Desviei de seu corpo e voltei a andar.

– Aonde você vai? – perguntou se virando para mim e caminhando ao meu lado.

– Só caminhar um pouco... –respondi sem tirar os olhos do chão.

– Posso ir com você? – perguntou num tom de voz quase que suplicante.

Parei por um momento digerindo sua pergunta “Eu quero, como quero que você vá comigo!” dizia uma voz estranha e totalmente irritante dentro de minha cabeça, mas lembrei-me de Michelle e o orgulho não me deixou ceder...

– Prefiro andar sozinha... – respondi assistindo o desapontamento em seus olhos castanhos.

– Eu prometo ficar quietinho... Só me deixe caminhar ao seu lado. Você não vai nem me notar! – ele quis pegar minha mão, mas eu pulei para trás com o toque inesperado.

–Hoje não Brian. – murmurei e tive a certeza de que ele podia ver a tristeza transbordando de meus olhos.

Voltei a andar deixando seu corpo para trás, não olhando se quer uma vez para ver seu estado, podia ser forte a ponto de dispensá-lo, mas não a ponto de aguentar olhá-lo sem querer voltar correndo e pular de cavalinho em suas costas, como nos velhos tempos... Nem tão velhos.



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