História EreRi - Koe - Ato um, o estudante de jornalismo.

“... E por fim em um mundo tão caótico quanto esse, é quase surpreendente que ainda há pessoas dispostas e com força de vontade para mudar um mundo tão cruel em que vivemos, mas há um motivo e eu creio que é por causa de sua beleza, ‘Um mundo tão cruel, mas tão lindo’ palavras que nunca esquecerei pois elas me ajudaram a superar tal realidade…” -Terminada de digitar, relia meu relatório, buscando os possíveis erros. Estava feliz que finalmente poderia entregar isso.

Salvava tudo em meu computador e logo depois abria meu e-mail, podendo mandar o relatório ao professor, que por sinal era o diretor da faculdade.  Ele tem grandes expectativas em meu trabalho, isso me orgulha, mas ao mesmo tempo me deixa tenso.

Depois de enrolar uma década para mandar o relatório a Erwin, eu desligava meu notebook e o levava até a sala, onde minha mochila me aguardava, dei uma última checada no que precisava levar e o que tinha colocado, após conferir, peguei minhas chaves e abri a porta, antes de sair, batia duas vezes no batente da porta, avisando que ia embora.

-Tchau filho! -Minha mãe gritava da cozinha. –Cuidado com as ruas. –Ela avisava e eu batia mais duas vezes na madeira.

Essa era o ritual que precisava fazer todas as vezes que saia de casa, já faz quase dois anos essa minha nova rotina, era cansativo não ter a fala para poder me comunicar com meus pais.  

Quando cheguei na estação de metrô, logo desci as escadas, passando na catraca e indo em direção aquele transporte que tanto adoro.  Como era umas oito e meia da manhã, ainda tinha uma boa parte da população da cidade pegando transporte público. E eu era uma dessas pessoas, isso que dá morar longe da faculdade, mas bem, isso era bom. Usando esse meio, podia ver o comportamento das pessoas, sempre quietas, apenas com o celular em mãos, muito provavelmente vendo redes sociais.

Não que eu ache isso um absurdo, mas era irônico, eu, que não tenho mais o dom da fala, vejo pessoas que tem isso e não usam com outras pessoas. De certa forma, me indignava, não por eles não conversarem, mas sim por eu não ter mais esse dom.

*

Meu destino chegou depois de duas paradas, desci e caminhei no meio de tantos, era desconfortante já que alguns trombavam em mim, depois pediam desculpas e eu não podia responder. Era angustiante.

Sempre foi assim e continuará sendo, eu não tenho mais voz, perdi meu único meio de comunicação naquele acidente....

-Eren! -Conseguia ouvir ao longe meu nome ser pronunciado. –Espera, Eren! –Olhei para trás, podendo ver Armin correndo com vários papeis em mãos. Fiquei parado bem na saída do metrô, o esperando. –Eren! Oi... –Ele tentava controlar a respiração que estava acelerada. –Tudo bem? –Acenei que sim com a cabeça e apontei para ele. –Estou bem.

Pegava alguns papeis de suas mãos, assim o ajudava, sendo meu amigo um tanto estabanado, mas muito inteligente, Armin é um companheiro que desejaria para toda vida.

-Acredita que o professor de matemática vai faltar hoje? –Sendo inteligente como ele é, claro que escolheu engenharia. –Eu queria a ajuda dele para uma atividade que estava fazendo. –Fazia um sinal de exclamação com as mãos, perguntando que tipo de atividade era.

-Qual atividade? –Assentia. –Era para meus estudos, quero terminar essa faculdade e migrar para outra. –Sem falar também que ele era da classe burguesa média. Ou seja, ele tinha dinheiro, mas odiava ostentar como seus pais, por isso usava transporte público e fazia o trajeto a pé igual eu.

-Eren! –Por estar no último ano, igual Armin, digamos que eu conhecia uma boa parte das pessoas, inclusive de outros cursos. Não por ser “famoso”, mas por causa do que me aconteceu.

-Mikasa! –Armin era o primeiro a cumprimenta-la. –Tudo bem?

-Até que sim... –Mikasa era aluna de design, sendo a pessoa mais talentosa que eu conheço, sem contar que também era a mais atlética, fazia box e defesa pessoal, então, ela era uma mulher incrível! –Descobri recentemente que terei que fazer um trabalho em grupo.... Preferia fazer sozinha.

-Ossos do oficio, Mikasa.... –Armin ria. –E você viu aquele anime que eu te indiquei? –Esse era outro detalhe que os diferenciava e que a minha mãe sempre dizia “serem do contra”, Armin é o típico otaku amante de qualquer gênero existente.

-Já disse que não vou assistir esse tal de Shingeki.

-Mas é tão bom! –Mais pessoas me cumprimentavam, muitos com um “Oi” ou um “Toca aqui”. Resolvemos andar logo e ir nos preparar para a aula.

O sinal tocava no momento que que pegava meus materiais no armário, Armin ainda estava comigo, resmungando alguma coisa sobre o tal anime de titãs. O deixei em sua sala, junto com seus materiais e fui para a minha.

A primeira aula se não me engano era Jornalismo Digital, ou era Ética Jornalística? Bem, de qualquer forma, eu tinha que assistir as aulas. Como eu parei de estudar por um tempo, perdi muitas aulas, agora tenho que recuperar isso antes do TCC.

Se estava preocupado com isso? Muito. Meu grupo era bem organizado, mas tínhamos nossas diferenças. Por exemplo o Berthold, podia ser um dos melhores da classe, mas era tão tímido para falar em público que ele chegava a ter ataques de pânico.

Yrmi, ao contrário dele, era muito extrovertida, gostava de falar com todos, em especial com a menina do curso de História da arte, Crista. Mesmo ela parecendo o tipo de pessoa que não gosta de estudar, ela tem um dom para escrever e dialogar sobre cosias polemicas.

Connie era o único no grupo que não curtia escrever ou falar sobre jornalismo, de acordo com ele, seus pais o obrigaram dizendo que era para ele fazer algo na vida. Como dá para ver, ele é aquele cara que gosta de aproveitar a vida ao máximo.

-Eren! –Petra me chamava logo depois que eu sentava em minha cadeira, ela, assim como os outros três, era do meu grupo e também a líder do trabalho, sem contar que ela é a mais velha por messes. –Está atrasado! Eu disse que queria falar com todos antes do sinal tocar!

Pegava meu notebook na mochila e o ligava, enquanto Petra continuava a falar sem parar eu prestava atenção nela, ouvindo cada parte de suas reclamações sobre ninguém ter mandado a parte escrita para ela.

-Entendeu Eren?! Eu não posso esperar mais! –Ela estava irritada, apenas a encarei por alguns segundos e voltei a atenção ao meu pc, onde comecei a digitar. Como ela já estava acostumada, foi até sua mesa, pegando os fones que estavam na mochila para depois vir até mim e plugar objeto em meu notebook. –Pronto? –Concordava, ela colocava os fones e eu apertava o ‘Enter’ para o programa começar a falar.

Enquanto eu esperava ela terminar de ouvir tudo, o professor Erwin chegava com vários livros na mão, droga, hoje era ética.... Aos poucos todos se sentavam quando viam que o professor estava presente. Ele cumprimentou a sala toda e começou a escrever na lousa.

-Ok, me mande depois. –Petra respondia, retirando os fones do note e indo se sentar no seu lugar.

-Bem, como sabem....

*

O sinal batia, depois de uma aula tão longa, eu finalmente podia ir embora, mas não para casa. Guardava minhas coisas enquanto todos corriam quase como se fossem animais para ir embora, era um empurra-empurra que eu nem cogitava em enfrentar.

-Eren. – Berthold me cumprimentava. –Como está? –Eu concordava com a cabeça, dizendo que estava bem e apontava para ele. –Estou bem, obrigado. Petra também brigou com você? –Terminava de guardar minhas coisas e concordava com a cabeça, respondendo à pergunta dele. –Como pensei.... Ela é bem estressada, não acha? –Dava de ombros, dizendo que não sabia. –Bem, eu acho...  Ela estava falando tão alto comigo que as outras pessoas começaram a nos observar, foi tão constrangedor... –Ele passava a mão no rosto, como se fosse uma tentativa de esquecer aquilo. –Ah.... De qualquer forma, você fez o relatório? –Concordei com a cabeça. –Posso ler depois? –Assenti e peguei meu celular, abrindo o aplicativo de bloco de notas e escrevendo brevemente, depois entregando ao Berthold.

–“Te envio por mensagem, ainda preciso ir para o curso de libras. ”

-Ok, Eren. –Ele me entregava o celular de volta. –Faça isso quando tiver tempo, depois te mostro o meu também, só espero que o professor Erwin goste. –Concordava com ele, nos despedimos e seguimos por caminhos opostos.