História ERMO - SasuNaru - Prólogo

O silêncio para alguns era assustador, mas para mim foi sempre reconfortante. Ele uma vez, a muito tempo, me deixou temeroso, mas hoje não me assusta mais, é como ter medo do escuro e depois de um tempo você perceber que não há mal nenhum para temer ali. 

Acho que ele a muito se fazia parte da minha vida, pelo menos no começo. O silêncio dizia que estava parcialmente tudo bem, mas então o barulho se tornava seu maior medo, porque se houvesse muito barulho, muitas pessoas conversando, era porque nada estava bem. Foi assim até meus dezesseis anos, quando aprendi a superar esse medo que era muito mais real que um bicho-papão no escuro. 

Depois que superei, o barulho já não incomodava, mas o silêncio ainda era o meu momento de paz, que era mais que bem vindo. Arrumando os livros pelas prateleiras, parecia que escolhi certo ao cursar Biblioteconomia, os livros eram melhores que as pessoas e ainda vinha o silêncio de brinde, compensa ainda mais por estar a cada dia se tornando um lugar pouco procurado. 

Bem, nem tanto. Segundo a Senhora Chiyo os jovens das escolas da região realmente estavam ficando cada dia mais interessados no lugar do dia para o outro depois que me contrataram aqui. Como alguém que já foi um adolescente nada legal, ele tinha o direito de reclamar do quão chatos e barulhentos eles eram.  

– Senhor Uchiha? – uma voz feminina o chamou, quando olhou era uma garota pequena que deveria ter seus treze anos. – Hum, aceite isso, por favor! – estendeu a mão trêmula com uma carta enquanto se curvava em respeito. 

Apenas o pego não falando nada, não sabia quantos já havia ganhado e jogado fora, eram apenas garotas iludidas por um amor platônico impossível, elas sabiam disso e eu melhor ainda, então apenas os aceitava em respeito aos sentimentos das jovens moças que pareciam achar viver em um mundo onde Sasuke Uchiha de repente deixara de se atrair pelo sexo igual e começará a se relacionar com uma criança. Isso poderia ser classificado como uma grande fanfic de pedófila. 

A menina saiu correndo sem nem olhar para trás. Olho para Chiyo que sempre achava graça da situação, não se importando que ela ocorresse quase todos os dias, quase toda hora. 

Volto a procurar livros fora de lugar, voltando a apreciar o silêncio. Nunca houve realmente um lugar que eu me sentisse em casa, mas o silêncio fazia parte de toda a minha vida, até quando lutava só conseguia ouvir o silêncio apesar da multidão eufórica que aplaudia ao redor, achava que seu cérebro já estava programado para isso, toda vez que o barulho vinha meu cérebro ligava o mudo e se concentrava no que queria se concentrar. Foi assim que conseguiu ir tão longe no boxe. 

Isso também me fez parecer e ser apático, além de insensível, não se importar com nada ao redor e sem expressão, se tornou pior depois que saiu do ramo da luta. A família já lhe deu uma pré disposição para tudo isso, ele era um lobo solitário como alguns diriam, mas até um lobo tinha a necessidade de uma matilha. Para ser mais preciso, um urso, era assim que se sentia, não precisava de ninguém nem nada, apenas a solidão além de ser um cara alto e bom de briga.

Uma das mais belas espécies existentes em sua opinião. Ficando atrás unicamente das cobras. 

Aos seus trinta e dois anos ainda conseguia manter seu corpo bem estruturado que desenvolveu em seus anos de treinamento, tendo uma pontinha no fato que ainda continuava a lutar, mesmo que fossem ilegais. Usava uma máscara que desenvolveu sozinho para que ninguém o reconhecesse, o negócio lhe rendia um bom dinheiro com as apostas, mesmo que parte dele ficasse com o estabelecimento.

Suigetsu, outro funcionário, vivia o importunando perguntando como conseguiu tanto dinheiro para viver confortável como vivia, apenas lhe dizia que era uma herança de família, o que ele sabia que não era verdade, mas se dava por satisfeito por me fazer trocar ao menos três palavras comigo. 

Outra coisa sobre mim era que eu vivia em silêncio e dificilmente mostrava emoções, não era por ignorância, era algo intuitivo, “biológico” pela forma que fui criado. 

O silêncio foi quebrado por um livro caindo de uma das mesas, se aproximou pegando o mesmo “Greatest of all time” era o livro em específico, nunca o havia lido, mas sabia que se tratava da história de um dos maiores boxeadores da história, Muhammad Ali. Olho para os lados e não vejo ninguém que poderia ter derrubado.

Estranho, nunca ao menos tinha visto o livro por aquelas prateleiras. Levou até a Senhora Chiyo e voltou a organizar as estantes, como se nada tivesse acontecido. Mas seu cérebro o avisava como algo iria acontecer e que havia algo estranho sobre aquilo. 

Ou ele estava sendo paranoico, de novo. Se perguntava também onde havia deixado seu maço de cigarro, jurava que estava em seu bolso.