História Escape - Pov's Michael

Eu tinha que me focar em ir pra enfermaria. Precisava inventar algum motivo bom o suficiente para ir e poder analisar as possibilidades de saída de lá. Eu já sabia mais ou menos como que seria o plano, se tudo desse certo, usaríamos os cabos de eletricidade que não estão mais em funcionamento, são grossos o suficientes para uma pessoa conseguir se pendurar neles e liga a janela da enfermaria até o muro alto da prisão. Uma única chance, não posso falhar. 

Pietra parecia estar desconfiada em relação à mim, eu sabia que ela era esperta o suficiente para saber que eu estava escondendo a verdade sobre minha tatuagem, mas a verdade é que eu não tinha certeza se podia confiar nela totalmente para contar. A princípio, ela só iria ir conosco pois estava na mesma cela. Além do mais, ela pode ser útil. Mulheres aqui na prisão podem receber alguns tratamentos especiais... Ainda mais se forem bonitas como Pietra. As grades da cela começam a se abrir lentamente, estava na hora de ir para o café da manhã e eu tinha que pensar em alguma coisa para ir à enfermaria. No meu registro dizia que eu tinha diabete, mas nenhum médico nesta prisão se importou em me chamar para me dar insulina. Eu mesmo terei que falar com algum guarda. Todos os presos começaram a sair de suas celas e quando eu ia sair, o maldito do Vander passando por mim, seus olhos colados em mim. Eu sabia que estava ferrado, ter protegido aquela garota me causou alguns imprevistos... Espero que não atrase o processo da fuga. Mas como eu poderia simplesmente deixar esse filho da puta espancar a garota? Paro de caminhar e olho para Pietra, ela estava encarando o homem com uma expressão de ódio, mas eu podia ver que suas mãos tremiam de medo dele. Depois de Vander e seus "amigos" passarem, Pietra me olha com as sobrancelhas erguidas e vejo uma lágrima escorrer de seus olhos. 

- Fique calma Pie... - antes que eu possa terminar minha frase, a garota vem até mim com uma velocidade incrível e me prensa contra a parede.

- Não diga para eu ter calma, Scofield. Vocês, homens, não sabem metade do que as mulheres passam. Vocês acham que somos objetos, acham que somos submissas. Eu não nasci para agradar homem nenhum. Eu não vou mais abaixar minha cabeça para homem nenhum. Eu cortei as bolas do meu ex namorado pois eu não aguentava mais ser a 'submissa' dele. Eu não vou mais ter calma. Já tive muita calma. Eu vou exigir respeito de vocês e, se não me respeitarem por bem, irão me respeitar por mal. - seu rosto tinha ficado vermelho enquanto falava, dava para perceber a raiva que ela sentia pela sua voz trêmula. Não imagino pelo que ela passou... Passa... Todas as mulheres. Mas eu não faço parte desta categoria de homem machista. Eu sei respeitar uma mulher. Antes que eu pudesse responder, ela já tinha virado as costas e estava saindo para ir até o refeitório tomar café da manhã. Bufo ao pensar em deixar ela ficar sozinha neste momento, pode ser perigoso ela ficar por si só, mas seria ainda mais perigoso ela ficar em volta de mim já que o Vander quer se vingar de mim. Limpo o suor da minha testa e vou ao encontro de Sucre, ele estava especialmente falante hoje e me enchia de perguntas sobre Pietra e sobre o rumor de que o Vander estava querendo me pegar na porrada. Eu precisava arranjar alguma maneira de me livrar de Vander... Na fila do refeitório, uma idéia passa pela minha cabeça e me deixa intrigado. Contar para ele sobre a fuga seria um risco... Pietra iria me odiar, assim como Sucre e T-bag (que morria de medo dele), mas talvez seja o melhor a fazer no momento, além do mais, mesmo se eles me odiarem, ainda irão participar da fuga. Não poderão fazer nada, o único que me preocupa é o T-bag. O cara é maluco e faz qualquer coisa para se livrar de problemas e conseguir o que quer. 'Faz  de tudo para se livrar de problemas...' Sujar as mãos de sangue não era absolutamente nada do meu feitio mas, era a opção mais palpável até agora. John, seus amigos e T-bag podem ajudar a fazer alguma coisa, eu precisava falar com eles o mais rápido possível. Todos pareciam me olhar de canto, todos cochichavam sobre mim e eu sabia sobre o que se tratava.

- Papi..? Está me ouvindo? - volto a prestar atenção em Sucre e suas perguntas insistentes

- Sim - desvio meu olhar, procurando por Pietra e a vejo no canto do refeitório conversando com um guarda jovem, ele era novo aqui e eu não sabia seu nome mas ele tinha a fama de ser um dos 'bonzinhos'. 

- O que você vai fazer em relação ao Vander? - volto a encarar Sucre e percebo sua expressão de preocupação. Sem mim eles não conseguiriam sair daqui. 

- Preciso falar com John sobre isto. - ele ergue as sobrancelhas e abre a boca para falar, mas a fecha novamente sem emitir nenhum som. Ele parecia surpreso com minha resposta, mas sabia que era necessário tomar medidas drásticas. Pegamos nossas comidas e fomos sentar na mesa junto à John e seu grupinho. Ambos olham para mim e Sucre, sérios. John sorri com um palito de dente na boca e faz um sinal com a mão para que sentássemos ao seu lado. 

- O que posso fazer por vocês, rapazes? - pergunta

- Precisamos conversar sobre... Um problema no meio do caminho. - ele entende o que quero dizer e bate na mesa com as mãos.

- Rapazes, por que vocês não vão dar uma volta? Preciso ter uma conversa sobre negócios com Scofield aqui. - diz à seus capangas e eles o obedecem, levantando da mesa com suas bandejas de comida na mão, se retiram rapidamente. John olha disfarçadamente para os lados antes de cochichar para mim.

- O problema teria o nome de Vander? - faço que sim com a cabeça e olho novamente para Pietra, ela ainda conversava com o guarda e os dois pareciam distraídos. Me pergunto sobre o que os dois estão conversando. Mas ela estava sendo esperta... Ficar perto de um guarda para se proteger, evitar que se meta em problemas conversando com um guarda era uma boa tática mas algo dentro de mim dizia que ela não estava fazendo apenas isto. 

- E você quer que eu cuide dele? 

- Sim, faça o que você sabe fazer de melhor.

- Considere feito, Scofield. - e como se fosse um alarme na minha cabeça, vejo o policial deixando o refeitório com os outros guardas que estavam aqui. Pietra me lança um olhar sério e logo começa a se dirigir até Vander. Não faça isso... Não faça isso... Sigo ela com o olhar e quando ela chega perto dele o suficiente, meu corpo se levanta automaticamente e meus olhos se grudam nela. Tudo aconteceu muito rápido, os dois trocaram algumas palavras e então Vander agarrou os cabelos dela com uma mão e com a outra soqueou o rosto dela. Eu já estava indo em direção à eles quando sinto Sucre me segurando.

- John vai cuidar disto, se acalme. - diz, mas eu não ia deixar ela apanhar. A garota acaba acertando um chute nas bolas do filho da puta e ele a solta. Pietra aproveita a oportunidade para desferir-lhe dois socos aparentemente fortes em seu rosto, Vander cambaleia para trás e a encara, seus olhos a fuzilavam. Todos os detentos começam a se amontoar, fazendo um círculo em volta da luta, aquilo era diversão para eles e me deixava anojado. Me desvencilho de Sucre e começo a abrir passagem em meio aos presos, quando eu finalmente consigo ver o que estava acontecendo, vejo Vander no chão com bastante sangue em seu rosto, Pietra o soqueava repetidamente e não parava, aquela cena me paralisou por alguns segundos, até eu ver John se aproximando com a mão no bolso. Seus capangas fazem uma rodinha, impedindo que todos vissem o que estava acontecendo e então um silêncio se instala. John traz Pietra até mim, ela se debatia e tinha sangue em suas mãos, provavelmente sangue de Vander. Seguro ela pelos braços e dou uma última olhada em Vander antes de deixar o refeitório com Pietra e Sucre. Vander estava morto.