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História Escarlate - Sebastian Sallow - Varinhas Cruzadas


Escrita por: Handwritten_

Notas do Autor


Olá! Como vão?

Tenho novidades nas notas finais!

Particularmente, eu gosto muito desse capítulo. Espero que gostem tanto quanto eu, e se divirtam com esses dois.

Boa leitura!

Capítulo 5 - Varinhas Cruzadas


Fanfic / Fanfiction Escarlate - Sebastian Sallow - Varinhas Cruzadas

“Más notícias, um de nós dois vai perder. Eu sou a pólvora, você é o pavio. Apenas adicione alguma fricção.”

— My Strange Addiction - Billie Eilish

 

A semana passou mais rápido do que Scarlett gostaria de admitir. As aulas ocupavam toda a sua manhã e Ominis ocupava toda a sua tarde para que ela conseguisse atualizar-se com os estudos. Ele estava sendo um ótimo amigo e ela se sentia mal por ter deixá-lo com raiva por sua inimizade com Sebastian, percebendo estar colocando o amigo em uma situação extremamente desconfortável.

Por essa razão, evitou Sebastian a todo o custo, e não foi uma tarefa fácil. Eles tiveram todas as aulas juntos até aquele momento. Buscou manter-se sempre do outro lado da sala, sempre que tinha essa opção e, apesar dos esforços, eles dividiam a mesma estação na aula de Poções e estavam apenas um Ominis de distância na aula de Trato das Criaturas Magicas. Sua sorte era não estar em nenhuma aula de fato próximo demais dele, ou pior, sendo sua dupla. Até teve a chance de fazer um novo amigo para ajudar em sua missão de ignorar a existência de Sallow; Garreth Weasley, um grifinório que parecia inventar os maiores desastres em seu caldeirão, mesmo afirmando para Scarlett que sua cerveja amanteigada era a melhor.

Contudo, o problema não estava exatamente na distância e sim no encontro de olhares, que sempre acontecia. Ela o pegou a encarando mais de uma vez naqueles dias, mas a visão dele tão sério, com aqueles tão quentes olhos castanhos presos nela na aula de Herbologia, ficou gravada em sua mente como escritos lavrados em pedra.

A professora Garlick lhe apresentava a turma na primeira aula com um sorriso meigo e o seu cheiro de malva-doce que impregnava as narinas de Scarlett quando seus olhos correram pela estufa e pararam em Sebastian. Ele tinha as mangas da camiseta branca arregaçadas até os cotovelos, mostrando as veias saltadas de seu antebraço, a gravata frouxa no pescoço e os cabelos jogados para trás. Os braços estavam cruzados no peito estufado, o cenho marcado por uma seriedade acima do comum e a cabeça pendida para a esquerda. Não entendia como alguém conseguia ter o olhar tão intenso como ele, muito menos porque ele parecia não piscar quando a olhava. Sky sustentou o olhar enquanto pode, como se entrassem em uma silenciosa competição de quem aguentava mais. Mal ouvia as palavras da professora, que falava e falava, até ele umedecer a boca com um leve deslizar de sua língua pelos lábios grossos, deixando-a desconcertada.

Ridículo.

Tão ridículo quanto a própria Scarlett lembrando-se disso pela décima vez.

Um trovão estremeceu o chão e a trouxe de volta. Piscou rapidamente algumas vezes e olhou para cima, onde o vitral abaulado era castigado pela forte chuva que caía sem intervalos desde a noite anterior. A aula de Astronomia foi cancelada e Kogawa amanheceu cancelando também a aula de voo. Imelda foi a primeira a protestar, disse que ninguém ali era feito de açúcar para derreter na chuva, mas a professora não deu corda. Scarlett teve que obrigá-la a voltar para a sala comunal, entrelaçando o braço ao dela e a puxando para as masmorras.

— Uma porra ter que fazer dever de casa quando eu poderia estar voando lá fora. — Imelda virou a página do livro com força, quase rasgando o papel.

— Você não poderia estar voando lá fora, Imelda. — Scarlett disse, rindo.

— Nenhum raio iria me pegar se a Kogawa confiasse nos meus talentos.

— Você está sempre subestimando a natureza das coisas, né? — Scarlett questionou e a morena apenas revirou os olhos, debruçando-se na mesa.

— E aí, meninas! — Ominis se aproximou com um pacote de feijãozinhos na mão, oferecendo para Sky, que pegou cinco, levando um por um a boca. — Terminaram o dever de Poções?

Melancia, meleca, pimenta, morango e batata.

— Não sei porque ainda tento comer isso. — Fez uma careta e pegou a xícara de chá que estava a sua frente para limpar o paladar. — Nem começamos e Imelda vai dormir, pelo visto.

A sonserina ergueu uma mão, fazendo um sinal positivo, mas não levantou a cabeça.

— É, ela confirmou que vai dormir.

Ominis riu e sentou-se a mesa com elas, passou a mão sobre as capas dos livros, tentando identificá-los pelos relevos, já tendo gravado cada um deles. Eram os livros de Poções e dois de Runas Antigas.

— Já sabe quais matérias vai cursar? Você tem que falar hoje com a professora Weasley, né?

— Sim. Segunda vou fazer Aparatação e Transfiguração. Terça, Feitiços e DCAT. Quarta, Herbologia e Poções. Quinta, Trato das Criaturas Magicas e Astronomia. Sexta, voo e Runas Antigas.

— Seu pai já mandou o dinheiro da aula de Aparatação? — Imelda forçou-se e levantar a cabeça. — Meu pai disse que não vai pagar doze galeões só para eu aprender ir daqui até ali. Disse que quando eu fizer dezessete ele mesmo vai me ensinar. Como se ele fosse muito didático. — Bufou, irritada.

Scarlett percebia que muitos alunos não pagariam pelas aulas, mas ela sabia que se não aprendesse em Hogwarts, não teria ninguém para ensiná-la.

— Ele mandou ontem todo o dinheiro para as aulas e para as coisas que vou ter que repor. — Scarlett respondeu. — Vai fazer as aulas, Ominis?

— Sim. Farei quase todas que você, só não faço Astronomia e Runas Antigas, mas de resto… Estaremos juntos. — Ele trocou a caixa de feijãozinhos por uma maça verde.

— Eu imaginei e não se preocupe, vou conseguir me cuidar sem você.

Os dois riram, mas logo a atenção foi chamada pelo grupo de alunos que descia as escadarias. O primeiro tempo de aula havia encerrado. Sirius descia a escadaria na frente do grupo, com Eglantine Lestrange, sua namorada — que Scarlett só havia visto de longe — e Septimos Malfoy. Seu primo passou os olhos por ela mito brevemente, em um relance, ignorando totalmente sua existência, como ela esperava. Logo ao final do grupo, vinha Sebastian com Violet em seu encalço como pulga, como sempre. Dois insuportáveis que se mereciam.

— Eles namoram? — Scarlett perguntou sem perceber. Batia a varinha no livro rapidamente, mal percebendo encarar os dois.

— Quem? — Ominis perguntou.

— Sebastian não namora, ele tem… interesses… talvez? — Imelda respondia com a voz arrastada. Estava escorada em sua mão e olhava o grupo com tédio. — Sempre vai ter uma menina grudada nele, mas ele nunca vai assumir nenhuma.

— E sempre foi assim?

— Desde o terceiro ano. Foi quando ele começou a ficar bonitinho. Dali para frente, acho que ele já pegou pelo menos três de cada casa, inclusive meninas mais novas e mais velhas.

Ominis riu, quase gargalhou se não fosse a boca cheia de maçã.

— Tenho nojo de libertinos. — Virou-se para o livro dado pela Weasley, mudando a página.

— Eu tenho nojo delas que se prestam a isso.

— A galera cria muitos rumores em cima do Sebastian, mas a realidade é que ele não beija metade das garotas com quem anda. Duas, no máximo. — Ominis foi em defesa do amigo.

— Até onde você sabe… — balbuciou Sky.

— Eu sei de todas, acredite. — Pareceu mais um desabafo do que uma afirmação.

— Bom, tenho mais o que fazer e ficar fofocando dele não está na lista! — Fechou seu único livro e o guardou na bolsa. — Vou passar no Grande Salão para comer algo e ir para minha aula. Até mais tarde!

Com um aceno dado de costas para os dois amigos, Scarlett saiu das masmorras rumo ao Grande Salão e serviu-se de duas tortinhas de abóbora, que tanto gostava, e um copo generoso de suco de laranja. Ela engajou na conversa com Garreth sobre seu projeto de poção mata-fome e acabou perdendo a noção da hora. Levantou-se rapidamente e despediu-se de longe, correndo pelo caminho que achou o correto. Porém, acabou virando no lugar errado em algum ponto e se perdeu. Sabia que tinha que ir para uma das torres, mas não sabia como chegar lá.

O grande relógio batia suas dez badaladas e ela se martirizava por ter sido tão burra ao ponto de não ter usado a Chama do Salão para seguir para a aula; sequer encontrava alguma outra para chegar logo na única aula que não queria atrasar-se. No livro que a professora Weasley a entregou tinha um mapa que não serviu de nada naquele momento, apenas para saber que estava na torre da Corvinal e que a aula era por ali. Desistiu de tentar se virar e pediu por informação para o primeiro corvino que cruzou com ela.

Quando finalmente subiu os infinitos degraus de madeira até a sala de Estudos das Runas Antigas, o professor estava para iniciar a aula, dando-a tempo apenas de entrar e se jogar na primeira cadeira ao fundo.

— Bom dia, classe! Eu sou o professor Thaddeus Wilder, novo professor de Estudo das Runas Antigas.

Ele olhou a última aluna entrar e fechou a porta com a varinha. Scarlett encolheu-se na cadeira. A sala era quase tão escura quanto o Caldeirão Furado. As altas janelas lançavam raios de sol sobre pontos específicos e as arandelas eram espaçadas demais para fazer grandes diferenças.

Ela encarou finalmente o professor. Ele era mais sério que Ronen, mas não tão carrancudo quanto Sharp, de poções. Estava entre seus quarenta anos e vestia-se bem demais para um professor. Era uma figura notável. Pesquisador, talvez? Era comum eles desistirem do Ministério e virarem professores. Fig mesmo havia feito isso.

Com um aceno, pediu que todos ficassem de pé. Scarlett ficou entre baixas estantes de livros com alguns totens egípcios e um armário enorme onde o esqueleto de uma criatura estava exposto, escondida até que Wilder esquecesse seu rosto.

— Diferente da professora anterior, eu gosto de trabalhar com duplas variadas. Para aguçar o trabalho em equipe de vocês para que não sejam como a corja egoísta e incompetente do Ministério. As duplas são permanentes e formadas por mim.

Os alunos murmuraram em desagrado. Alguns amigos se juntaram para mostrar que queriam estar juntos e outros seguiram a estratégia diferente de se afastarem para Wilder achar que não eram amigos. Scarlett estava tranquila com os moldes da aula, não tinha amigos ali para que quisesse ficar junto, queria apenas conhecer a matéria que tanto havia lido sobre.

— Você! — O professor apontou para ela. — Senhorita atrasada.

— Callaghan. — Apresentou-se.

— Ótimo. E você. — Apontou para outro aluno que ela não conseguiu ver por ter o armário justo naquele rumo. — Senhor…

— Sallow.

Imediatamente ela fechou os olhos e crispou os lábios. Só poderia ser piada!

— Serão uma dupla por esse ano. Pode sentar-se com ela. — O professor não parecia o tipo de homem que aceitava ser contrariado.

Scarlett sentou-se na mesma cadeira que estava anteriormente, completamente desanimada.

Uma pena preta anotou os nomes deles, fazendo o mesmo para as outras duplas formadas. Havia muito descontentamento a cada novos nomes proferidos, Thaddeus parecia ter analisado muito bem a turma antes de começar a aula para misturar o máximo possível todos. Vinte alunos e dez duplas formadas e anotadas.

— Não aceitarei ninguém vindo me pedir para mudar. — Ele se adiantava. — Aprendam a lidar com as diferenças ou desistam de estar aqui.

Scarlett cruzou as pernas e os braços, olhando para frente com a expressão mais vazia que conseguiu. Sebastian também não pareceu muito contente, atravessou a sala e jogou o livro na mesa, mais próximo da novata, antes de sentar-se e deixar a bolsa no chão ao seu lado. Ela o olhou de soslaio rapidamente e respirou fundo. Péssima ideia, o perfume dele invadiu suas narinas sem pedir licença, mais forte do que se recordava, um aroma quente que a lembrava uma floresta de cedro no verão, era inebriante e fez seu coração saltar. Expirou lentamente. O pé fora do chão balançava inquieto e sua mente não parou.

A vida estava a castigando por todos os pensamentos ruins sobre Sebastian? Como se empurrasse ele para o convívio dela para que ela não desgostasse tanto assim dele. Olha como ele é inteligente, engraçado, popular e cheio de amigos. Tudo o que ela conseguia pensar era como ele era irritante, prepotente e arrogante. Como… como ele é inesperadamente atraente, como um ímã, como o cheiro dele a embriagava e como o olhar dele a colocava fora de órbita. Scarlett estava ficando louca. No pior sentido da palavra. Odiá-lo com tanta força estava causando coisas estranhas em sua mente e um calor esquisito em sua nuca.

— Abram o livro Tradução Avançada das Runas na página trinta e dois. — Wilder ordenou quando um giz começou a anotar a matéria no quadro-negro. — As runas escandinavas…

Sebastian abriu o livro e o deixou centralizado na mesa, sabia que ela não tinha comprado os seus depois do incidente com o dragão. Ele quis prestar atenção na aula, gostava daquela matéria e se dava muito bem nela, como em todas as outras, mas sua mente não focou em uma palavra sequer, como se estivesse de baixo da água com os ouvidos entupidos. Estar perto de Scarlett o deixava em estado de alerta e ele sempre acabava acompanhando o movimentar dela, mesmo sem querer. Sabia que ela já tinha percebido os olhares dele, mas tentou fingir normalidade, como se não se importasse nada. A verdade é que ele se importava. Se importava porque não entendia o motivo dela atraí-lo com tanta força; um mínimo movimento e seus olhos eram agarrados pela aura dela e quando dava por si, estava encarando de novo aquele mar verde.

Era um porre toda essa situação. Desde a pequena discussão na sala comunal, ainda naquela terça-feira, Sebastian passou a evitá-la pelo bem de Ominis e de si próprio. Não conseguia segurar seus ímpetos quando falava com ela e, definitivamente, não estaria com cabeça para forçar cavalheirismo, mesmo que ironicamente. Relaxou o corpo na cadeira, as penas esticadas e os pés cruzados enquanto tinha as mãos entrelaçadas no colo. Estava farto disso tudo. Farto de estar longe de Ominis, farto de ter que segurar a língua e de não ter mais com quem desabafar sobre as preocupações que o sufocavam.

Não queria tirar Ominis dela, Scarlett precisava do amigo, mas ele também precisava. Queria falar com ela e entender porque ela o odiava e talvez pedir desculpas ou tentar resolver, mas todas às vezes que pensava em fazê-lo, as palavras fugiam de sua mente. Talvez ela agisse desse jeito como uma reação automática pelo jeito que ele a tratava, mas Sebastian nunca conseguiu romper a barreira entre eles criada há três anos. Aquela briga infeliz que só serviu para o seu tio explodir com ele após a coruja de Orion. Mal se lembrava do que aconteceu, apenas de estar sujo e fendendo por culpa dela. Irritante. Não tinha nada que ele pudesse ter feito para ela agir com tamanho indecoro.

Wilder continuou a falar e a falar e Sebastian continuou sem entender. Os braços relaxaram ao lado do corpo e ele pode sentir muito levemente ela se mover sobre seu braço por estarem próximos demais. De repente, o cheiro dela era tudo o que ele sentia, ultrapassando o pergaminho fresco sobre a mesa e os livros velhos que os cercavam, até mesmo o cheiro doce e enjoativo de Cassandra Blume a frente. Era apenas ela. Como se tivesse sido teletransportado para o campo de flores perto de Feldcroft, no auge da primavera, quando as lavandas encontram as folhas de limão e as flores de laranjeiras.

Ela se curvou sobre a mesa para fazer suas anotações e ele se pegou analisando como sua mão era delicada com o deslizar da pena no pergaminho; como seu cabelo longo caia sobre suas costas e quase dava voltas quando chegava ao final. Ela os enrolou na mão e jogou para o lado, dando-o a visão dos pelos de sua nuca e do brilho do suor em sua pele alva. A volta delicada de seu maxilar e a orelha adornada por uma pérola rosada. Ela mexia sua perna de forma ansiosa e isso fez um sorriso leve brincar em seus lábios. Ele a deixava nervosa.

Sebastian curvou-se também, rasgando um pequeno pedaço do pergaminho e mergulhando a pena no tinteiro.

 

“Já que vamos ter todas as aulas juntos, não acha melhor traçarmos uma nova estratégia que não seja a indiferença total? Acho que Ominis não está muito contente.”

 

O papel foi disfarçadamente arrastado para ela, os olhos presos no professor como se prestasse alguma atenção. Ela foi eletrocutada por uma onda de arrepio que desceu da nuca até a ponta dos pés. Leu o pedaço de pergaminho mais de uma vez antes de decidir responder.

 

“O que sugere?”

 

Arrastou o papel de volta para ele no momento que Thaddeus virou-se.

 

“Nenhuma ideia em mente agora, mas podemos conversar sobre depois.”

 

Sebastian passou o papel antes que o professor voltasse seu olhar para a turma.

 

“Ok. Por Ominis.”

 

Ele riu muito levemente e ela pode ouvir, sentindo um calafrio no pé do estômago.

 

“Te verei no Varinhas Cruzadas hoje para um desafio?”

 

Agora ele disfarçou o passar ao mudar a página do livro.

 

“?”

 

Foi a única coisa que ela escreveu antes de voltar o papel.

 

“O Lugar Não Autorizado e exclusivo que te falei na terça.”

 

Anotando com a destra as informações do quadro negro, empurrou o pedaço de papel com a canhota.

 

“Eu pensei que você já tinha desencanado e visto que eu tenho talento mesmo para ser bruxa.”

 

Ela devolveu o pequeno pedaço de pergaminho por debaixo do livro. Sebastian deu um leve riso nasalado.

 

“Está com medo de perder, miss Callaghan?”

 

— Nem nos seus sonhos, Sallow. — Ela sussurrou antes que ele pudesse entregar o papel, agora estava levemente inclinada na sua direção, mas seus olhos estavam no livro. A voz dela tão próxima ao seu ouvido arrepiou sua nuca.

 

“Procure o Lucan Brettleby na torre do relógio hoje, às três da tarde, e oficialize-se como a melhor duelista, caso tenha tanta confiança assim.”

 

Curvou-se na direção dela, como se fosse pegar algo no chão e deslizou o papel por sua perna, próximo ao joelho, de modo que a fez pegar papel rapidamente da mão dele, completamente desajeitada. Sebastian mexeu em sua bolsa e voltou a sentar-se normal. Ela sorriu, Sebastian pode ver pela curvatura das maças rosadas de seu rosto, mas não respondeu mais, dobrando o papel e o colocando no bolso de sua capa.

Sua mente trabalhava mil formas de vencê-lo e Sebastian Sallow mal poderia pagar para ver.

 

༻✦༺

 

Poderia ser burrice de Scarlett se envolver em algo assim em seu primeiro ano em Hogwarts, mas não pode evitar gostar da adrenalina correndo com seu sangue ao apressar-se pelos corredores até a Torre do Relógio naquele fim de tarde. O vento gélido beijou sua face quando passou pela última ponte, zunindo em seu ouvido. Ela parou antes de empurrar a porta. Checou para ver se a varinha estava mesmo no bolso de sua capa e que seu cabelo estivesse bem preso no coque baixo.

Tocou o batedor com hesitação, estava tão nervosa quanto ansiosa. Era o tipo de coisa que sempre se fantasiou vivendo, sua primeira aventura em Hogwarts. Apertou o metal frio ao para empurrar a porta, mas ela foi puxada de uma vez, tirando seu equilíbrio. Sebastian surgiu gargalhando e completamente distraído quando Scarlett caiu em seus braços. Suas mãos seguraram instintivamente na cintura dela, enquanto a garota caía de cara no peitoral largo dele. Seu nariz doeu, ela recuou o passo cambaleante com os olhos fechados pela dor e cobrindo o local afetado, gemendo baixinho antes de abrir os olhos e depara-se com ele.

O céu estava tomado pelo laranja que indicava a fria noite que viria e os raios de sol lutavam para aquecê-los em faísca sutis que pintaram suas faces. Os olhos de Sebastian pareceram chamas vermelhas quando o seu castanho encontrou o laranja do sol e mergulhou nas jades de Sky.

— Estava com saudades de mim, Scarlett? — zombou. Ele tinha um sorriso ladeado nos lábios e as sardas salpicadas em sua face estavam destacadas pelo sol. Pela gravata folgada e os primeiros botões da camisa abertos, Scarlett pode vê-las seguir até o peitoral, não deixando de se perguntar mais uma vez onde acabariam.

— Precisa abrir a porta parecendo um trasgo?! — ralhou, ríspida. Franziu o nariz e fungou, a dorzinha era chata, mas ela ficaria bem.

Sebastian revirou os olhos e abriu espaço para ela com uma cortesia fingida e cínica. Scarlett forçou um sorriso sem graça alguma e passou por ele esbarrando em seu tronco com força. Ele desistiu de ir embora e caminhou no rastro dela até o espaço destinado aos duelos.

Estava cheio, desde primeiranistas aos formandos do sétimo ano. Todos se aglomeravam em pequenos grupos e conversavam animados como se ali estivesse prestes a sediar o maior dos eventos.

— Lucan é o grifinório de cabelos cacheados bem ali. — Sebastian quase sussurrou, bem próximo ao ouvido de Scarlett. Ela esfregou a orelha incomodada e apressou o passo até o garoto. Ainda era incomodo estar próximo demais de Sallow.

Lucan era mais novo, um ano no mínimo, mas parecia ainda estar no quarto ano. Seria uma criança responsável pelo tão famoso clube de duelo de Hogwarts? Esse lugar era uma surpresa atrás da outra.

— Lucan? — O garoto a olhou desconfiado. — Sebastian me disse para falar com você sobre… bom…

— Se Sebastian te indicou, isso é tudo o que eu preciso saber. — Ele respondeu, a voz infantilizada de um pirralho.

— E… como funciona? — Scarlett não via firmeza alguma naquilo, era muito estranho uma criança ser líder de um clube de duelos como aqueles.

— O Varinhas Cruzadas é uma ideia minha para eleger de uma vez por todas os melhores duelistas de Hogwarts. Só é possível entrar com indicação, eu analiso, monto os torneios e o melhor leva o título. — dizia, orgulhoso de si — Se Sebastian te indicou, você deve ter mesmo o surpreendido. Ele não indica ninguém.

“Surpreendido? Eu dei uma surra nele!” bufou em um riso e olhou a sua volta.

— Interessante. Quero participar, quando posso começar? — Estreitou os olhos, determinada.

— Gostei da animação. Estava mesmo você aparecer depois do que aconteceu na aula de DCAT. Leander Prewett está esperando um oponente, seria um bom começo.

— Ela vai comigo, Lucan. — Sebastian surgia atrás de Scarlett, novamente a assustando. Mania infeliz dele andar como um felino em caça, sempre por perto e sempre silencioso.

— Você não ia…

— Estou bem. — cortou o grifinório.

Lucan sorriu como se tivesse ganhado na loteria e concordou. Os sinos acima de suas cabeças soaram altos, os quatro badalando de uma vez. Scarlett colocou as mãos nos ouvidos e curvou-se até que o som parasse. Eram três da tarde.

— Já conhecem as regras!

O pequeno grifinório enxotava os alunos para o alto arco. Em um estrondo, as grades de ferro desceram em um retinir ensurdecedor de correntes sendo arrastadas. Estava apenas Scarlett e Sebastian na torre.

Os entusiastas se espremeram entre as grades para ver, todos torcendo e gritando, alguns estavam do lado de Scarlett, sobretudo seus colegas de classe, mas grande maioria torcia por Sebastian, o, até então, invicto vencedor do Varinhas Cruzadas.

— É simples, miss Callaghan. Não existe feitiço proibido por aqui. Me derrote e o título é seu.

Ele a rondava como um leão, passos lentos, um de cada vez, confiante e altivo. Ela o acompanhava, como uma leoa, cruzando suas pernas a cada passo que dava para mantê-lo sempre em seu campo de visão. Era quase uma dança.

— Posso usar as Imperdoáveis? — brincou, o sorriso pintando sua face em uma alegria que ele não havia visto nela até aquele momento.

— Você sabe as Imperdoáveis? — perguntou com as sobrancelhas erguidas em surpresa.

— Não… Mas eu poderia, se soubesse?

— Foi o que pensei. Mas não, tudo com parcimônia, não queremos ferir ninguém, mesmo que um ou outro acabe parando na enfermaria às vezes.

— Então, sem maldições… — lamentou, mesmo que tudo não passasse de uma brincadeira.

— Sem maldições, miss Callaghan. — O sorriso dele causou de novo o estranho comichão em sua barriga.

— E você vai me dar seu título logo no primeiro duelo do ano? — provocou.

Sebastian deu de ombros.

— Eu realmente sou bom em tudo o que faço. Não estou com medo de uma novata.

Comecem logo! — Uma voz gritou ao fundo.

Ambos riram, mas não deixaram de se olhar, fagulhas brilhando entre eles como um fogo prestes a incendiar toda a floresta. Os dois pararam. Estavam no exato centro da Torre. A luz do sol adentrava as grades e rompia a plateia até tocar as faces deles.

A cordialidade do duelo foi iniciada. Apresentaram varinhas, abaixaram em um piscar, viraram-se de costas e contaram. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco passos. Quando se voltaram um para o outro, Scarlett lançou um feitiço que serpenteou de sua varinha até Sebastian.

— Protego! — Ele proferiu. — Golpe baixo, miss.

— Você é lento, Sallow! Levioso!

O escudo dele foi quebrado no tempo dela girar o pulso e lançar outro feitiço. Sebastian rolou no chão e sacudiu a varinha, acertando o peito de Scarlett. Ela cambaleou, a dor correu seu corpo de forma aguda, diferente da aula de Hecat.

O barulho se intensificou. Os alunos estavam ficando agitados.

Scarlett engoliu seco e ficou ereta. Sebastian tonou a atacá-la, ela ergueu a varinha e conjurou um escudo, girou em seu eixo e o estuporou com tanta vontade que, mesmo com o escudo, ele foi arrastado para trás até que o Protego batesse na parede atrás de si.

— Depulso! — exclamou ele.

— Protego!

No momento que o escudo foi atingindo, ele se desfez. Scarlett arregalou os olhos. Sebastian lançou três faíscas vermelhas habilmente. Ela saltou para o lado e rolou no chão antes de pôr-se de joelho e lançar dois ataques. Um pegou em sua perna e o outro foi desviado quando ele se jogou no chão de pedra para a esquerda.

— Incendio! — proferiu ele.

— Glacius! — Ela disse quase o mesmo tempo.

Os golpes se chocaram, os cercando do vapor pelo derretimento do gelo. Eles já estavam ofegantes. Sky tirou sua capa e a jogou para o lado, o colete verde de seu uniforme estava aberto e ela estourou com pressa os primeiros dois botões de sua camiseta branca. Alguns meninos assobiaram, mas ela estava focada demais para dar atenção.

— Cansada, Sky?!

— Levioso! — Sebastian foi erguido no ar. — Descendo!

De uma só vez ele foi ao chão, puxado pela varinha dela. Seu corpo se chocou lateralmente em um estrondo oco. A plateia reagiu com um uníssono “uuhl…”, como se a dor fosse neles. Sebastian rosnou, jogando a cabeça para trás ao se por de pé para tirar os cabelos de sua face suada.

— Depulso!

Scarlett foi jogada para trás de uma só vez, batendo suas costas nas grades de ferro antes de cair no chão apoiada nos braços para não bater a cara. Ofegante, se colocou de pé. Ela não tinha uma grande variedade de feitiços em seu arsenal, diferente dele, que estava ali há muito mais tempo. Teria sido uma boa ideia? Não saberia dizer, não quando sentia aquela brisa fria e quente de novo, vindo de dentro dela como uma bomba explodindo no mar.

Sua varinha tomou um insólito brilho azulado e ela convocou dois vasos que estavam próximos a Sebastian, lançando-os nele, um seguido do outro. O Protego não foi conjurado a tempo e logo ele sentiu um líquido quente escorrer por sua testa. A plateia estava calada.

— Confringo! — Sebastian lançou nela, que desviou para a direita, ainda que sua saia tenha chamuscado.

Ele estava levemente tonto, mas sentiu um gosto enferrujado subir de seu âmago e tomar sua boca. Aquilo o manteve de pé. Sebastian lançou mais três feitiços e Scarlett parou os três com uma destreza repentina que ele não conseguiu entender.

Ela o atacou com as faíscas escarlates de sua varinha, não mirava mais, onde pegasse estava bom. Sentia seu coração tão acelerado que mal raciocinava, era como ser levada por puro instinto e selvageria.

A armadura que estava ao lado deles foi imbuída pela energia azul de Scarlett e lançada em Sebastian de uma vez. Ele foi jogado contra a parede e caiu.

— Levioso! — Scarlett saiu do chão e, antes que pudesse tentar voltar, foi atingida pelas faíscas vermelhas de Sebastian. — Flipendo!

Ela girou no ar, ficando tonta. Moveu sua mão e voltou ao chão, caindo de joelhos de uma vez. Grunhiu em dor. A armadura foi novamente controlada para bater em Sebastian, mas ele interceptou com um erguer de sua varinha e Scarlett pode ver um relance rubro em seus olhos castanhos antes dele lançar a armadura nela.

Um segundo.

Ela teve um segundo para transformar a armadura em pó antes de ser atingida. Mal soube como fez isso. Sebastian elevou a varinha, pronto para outro ataque quando o apito de Lucan soou. Tinha professor a caminho.

O grupo se dispersou tão rápido quanto formigueiro ao ser pisado, mas Scarlett não conseguiu mover-se. Sebastian correu em sua direção, pegou sua capa com um Accio e a puxou pelo braço para uma porta ao lado.

— Alohomora!

O barulho do cadeado abrindo ecoou. Em um movimento rápido, ele a empurrou para dentro, fechou a porta atrás de si e a puxou pela cintura, como se sentisse as penas delas fraquejarem. Scarlett não o olhava, estava sentindo aquela sensação agridoce no peito crescer com suas batidas cardíacas elevadas. Era a magia ancestral tomando conta dela. Sentiu aquela mesma coisa quando Sirius a atacou e quando esteve em Gringotes com Fig.

Sebastian mantinha o forte aperto em sua cintura, preocupado com sua reação, o cenho franzido e o olhar vasculhando cada centímetro do rosto dela. Suas respirações estavam ofegantes, Scarlett tinha o cabelo fora do lugar e apenas parte dele preso no coque. Sebastian estava suado e tinha sangue escorrendo até sua sobrancelha e descendo pela têmpora, os dois estavam sujos e com muita adrenalina correndo em suas veias.

Ela finalmente o olhou, notou que estava com ambas as mãos espalmadas no peitoral suado de Sebastian, sentindo a respiração pesada e seu coração bater forte sob a palma. Encará-lo fez sua boca secar. Aquele castanho intenso preso nela e o cheiro dele adentrando suas narinas com ferocidade. Queria se afastar, mas não conseguiu.

Sebastian deslizou os olhos pelas sardas que se destacavam pelo rubor de suas bochechas até os lábios rosados entreabertos, de forma que ele pode sentir o hálito quente contra sua pele. Desceu mais o olhar, a gravata verde estava folgada e os botões abertos da camisa davam o gosto de ver o início de seu decote. Sua mão a apertou mais, instintivamente.

— Você está sangrando. — sussurrou ela, chamando a atenção dele de volta para os seus olhos.

Quando sua boca abriu-se para responder, o som de passos do lado de fora foi ouvido. Sebastian logo cobriu a boca de Sky. Era mais de uma pessoa. As vozes logo surgiram, eram Sharp, Hecat e Fig e pareciam estar logo do outro lado da porta.

— Vamos continuar fazendo vista grossa para os duelos? — Sharp perguntava, descontente.

— Sim. — Hecat simplesmente disse. — Os alunos que participam dele são os que se destacam em minhas aulas. Veja só o senhor Sallow, um prodígio.

— Creio que seria melhor se abríssemos um oficial e supervisionado… — Fig sugeria.

Sebastian segurava o riso, os lábios curvados em um sorriso sacana que chamou a atenção de Scarlett. A luz azulada que adentrava a única janela daquele deposito o deixava com a expressão quase inumana, e seus olhos estavam negros como a noite, o que a desconcertava ainda mais. Ele tinha o maxilar anguloso, a expressão marcante por suas pestanas grossas e os cabelos estavam completamente bagunçados, o que era estranhamente atraente, com todo aquele suor escorrendo por sua fronte.

As vozes foram se afastando, mesmo que ainda parecesse estar ali na Torre do Relógio. Ele tirou a mão da boca dela e a voltou para sua cintura, seu corpo se recusava a soltá-la, mas ela se desvencilhou, retirando as duas mãos dele com cautela para não fazer nenhum barulho ao se afastar da porta.

Ele a seguiu, os passos sorrateiros, até que ela se sentasse no chão logo ao fundo, onde a luz não tocava. Colocou a capa nas penas dela, cobrindo-as, e sentou-se ao lado, encostando a cabeça na parede fria de pedra.

Os dois respiraram fundo.

— Você ainda está sangrando. — insistiu ela, sussurrando o mais baixo que pode.

— Faz parte quando jogam um vaso de pedra na sua cabeça. — zombou, no mesmo tom baixo que ela.

— Eu… eu não sei exatamente o que houve.

— Faz parte dos duelos, Scarlett. Não se preocupe comigo.

— Não estou preocupada. — disparou, na defensiva, seu tom aumentou. Ele cobriu a boca dela de novo, soltando devagar após. — Só… nenhum professor pode te ver assim. Eles já sabem que você faz parte do clube.

Sebastian riu baixo, meneando em negação.

— Pode me ajudar, então?

Virou o rosto para encará-la, tinha um sorriso nos lábios que ela não conseguiu deduzir de cara. Ela mordeu o lábio inferior, pensativa, e concordou. Sebastian sentou-se de frente para ela, mantendo aquele estranho sorriso.

— E então…?

— Eu não sei como ajudar. — admitiu, quase riu, mas estava envergonhada.

Sebastian segurou sua mão que estava com a varinha e moveu-a em um movimento de L invertido.

— Episkey é o feitiço. Só… cuidado.

Ela sorriu e assentiu. Aquele sorriu o balançou. O movimento foi repetido e o feitiço falado em um sibilar. Ele contraiu o rosto, como se tivesse sentido uma leve dor e relaxou os ombros após.

— É isso. — murmurou.

Scarlett umedeceu os lábios secos e pegou a capa que cobria sua perna; segurou o rosto dele com a destra, sentindo aquele calor característico de Sebastian, sua mão molhada pelo suor. Focou em limpar o sangue da testa dele em um movimento delicado da outra mão. Ele foi cordial em ajeitar a saia plissada dela nas pernas, para não mostrar suas coxas e fechou os olhos até que ela terminasse. Scarlett lamentou, queria ver aqueles olhos um pouco mais.

— Você é uma boa duelista para uma novata. — disse ele, sua voz estava grave, ainda sussurrava, mas um tom mais alto.

Ela deu um riso nasalado, sem vida, voltando as mãos ao colo quando terminou de tirar o sangue.

— Para uma novata ou para uma ex-aborto?

Ele congelou, não sabia o que dizer. Abriu os olhos devagar e fitou os dela por um tempo que pareceram longos minutos, mas foram segundos.

— Eu nem imagino o que você deve ter passado para chegar aqui… Sinto muito, Sky.

Um sorriso triste surgiu e ela abaixou o olhar.

— Scarlett. — O corrigiu, a feição voltou a endurecer. — Não preciso da sua pena, Sallow. Sobrevivi e estou aqui, é apenas o que me importa.

Ela colocou-se de pé em um instante, soltou os cabelos e vestiu a capa suja. Sebastian fechou os olhos e travou o maxilar, descontente. Quando levantou, a lançou o mesmo olhar altivo de sempre.

— Acho que eles já foram. Melhor sairmos daqui, não quero te encrencar. — Foi a última coisa que Sebastian disse antes de abrir a porta com tudo e tomar o seu rumo para longe de Scarlett.


Notas Finais


Acho que já deu para perceber que isso aqui não vai ser um slow burn, mas vai ser delicioso vê-los consumidos pelos hormônios da adolescência e um turbilhão de sentimentos cultivados por muito tempo.

Essa semana eu fiz um pequeno booktrailer para Escarlate.

https://www.youtube.com/watch?v=cMcSdTf3g_0

Espero que tenham gostado e nos vemos na próxima semana.


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