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História Escolhas (Taekook) - Capítulo VII


Escrita por: mazigoo

Notas do Autor


agindo como se a última att não fosse a quase um ano kkkk

caralho o taehyung faz aniversário mais o presente é nosso, foto taekooookkkkkkk dois gostosos

ja sabem, fiquem a vontade e não tenham odio por mim qualquer erro ignorem

Capítulo 7 - Capítulo VII


Fanfic / Fanfiction Escolhas (Taekook) - Capítulo VII

 

 

 

Escolhas 

 

(Rockabye -- Clean Bandit feat. Sean Paul & Anne-Maria)

Ninguém nunca vai te machucar, amor 

Eu vou te dar todo o meu amor

Ninguém é tão importante como você

Então, durma bebê, durma

Eu vou ninar você

Durma bebê, não chore

 

Kim Taehyung 

 

Quando Taehyung acordou, não foi surpresa quando a dor de cabeça bateu um pouco acima da nuca, muito menos ficou confuso ao não ver a decoração de seu quarto. Por muitas das vezes o motivo do estilista não beber era aquilo: se lembrar de tudo o que havia feito. Era óbvio que sabia que passou dos limites na noite passada e quão humilhante se fez na frente de Jungkook. 

 Se sentia patético pela forma que apareceu na casa dele e tinha vontade de morrer só da imagem de si próprio se oferecendo para o cantor ser passada continuamente em sua mente, como um flashback de algum filme de terror, um dos mais assustadores.

Taehyung sabia que podia simplesmente ir embora dali e fingir que aquilo nunca aconteceu, negar até a morte quando fosse pressionado pelo Jeon, mas, no fundo também sabia que ele próprio não iria aguentar aquela situação em que se colocou. 

Pessoas bêbadas dizem aquilo que mais quer em seu ser quando sóbrio e não tem coragem para fazer, sim? Então é certo dizer ou pensar que ele, por mais que bem no fundo do seu coração, quer Jungkook de volta? 

Céus! Havia chorado como um bebê em seus braços enquanto pedia por carinho e sexo como um maldito necessitado. Sua vontade de morrer aumentando um pouco mais. Provavelmente o antigo Taehyung – o adolescente – iria prender a respiração até morrer por falta de ar; só 'pra não lidar com aquela situação.

Contudo, Kim Taehyung agora era um homem feito e crescido, que não corre dos seus problemas e sim os enfrenta, e se naquela manhã ele teria que enfrentar Jungkook — seu maior problema no momento —; ele o faria. Com receio, é verdade, mas faria. 

Quando colocou os pés calçados pela meia no chão, respirou fundo e fez força nos braços para levantar, e quando já de pé, observou como Jungkook ainda parecia gostar de cores neutras para decorar o quarto. Era enorme, como o seu no andar abaixo, também era pintado por um tom de creme bem claro nas três paredes e a quarta sendo um tom mais escuro de vinho. 

Sem saber muito o que fazer, Taehyung dobrou o edredom grosso e esticou o lençol da cama; não era um mal educado e o mínimo era arrumar onde havia dormido. Na cama de Jeon Jungkook. Seu ex e pai do seu filho.

Que droga! Ainda não podia acreditar que Jungkook o rejeitou em seu estado de decadência e ainda dormiu no próprio sofá enquanto ele dormia em sua cama. 

Não que aquilo fosse ruim, era ótimo na verdade, — até porquê estava  muito arrependido— mas pensar que o cantor negou qualquer coisa consigo, fazia Taehyung sentir algo em seu coração. Uma coisa que ele não saberia dizer do que se tratava e nem teria uma explicação para tal sentimento, de alguma forma, aquilo o fez reviver o pensamento de que Jungkook não era um cafajeste ao ponto de se aproveitar da sua falta de lucidez e que toda aquela cena que fez ao voltar, querendo se impor, não se passava de uma máscara, numa camada grande e grossa de arrogância. 

No banheiro do quarto, não se importou de usar a mesma escova de dentes que o ex, visto que não havia reservas na parte de baixo, e também não é como Taehyung realmente fosse se importa com aquilo. 

Puf, tiveram um filho juntos, o que era dividir uma única vez a escova de dentes?! 

Ele encarou a si mesmo depois de jogar água em seu rosto pela segunda vez, parecendo acabado em todos os sentidos. Mesmo fracas, havia olheiras abaixo dos olhos escuros, tinha umas marquinhas de espinhas também mas não era de importância, mesmo assim, se sentiu feio e resolveu sair do banheiro antes que sua autoestima fosse parar no calcanhar. 

Feito um gato arisco, ele saiu do quarto e passou pelo corredor que dava entrada para a sala e para cozinha, nessa última sendo preenchida pela presença da senhora que havia aberto a porta para si, noite passada. 

Receoso ele se aproximou, ganhando atenção dela. 

— Bom dia — foi educado. 

— Bom dia, querido — ela sorri doce e Taehyung podia chorar por ver o sorriso da sua vó na mulher.  Sentia falta dela e parecia mais emotivo naquela manhã. — Acho que não fomos apresentados devidamente ontem. Sou Sunmi.

— Kim Taehyung — envergonhado ele se curvou para a senhora. 

— Olhe, aqui tem umas laranjas, vai te ajudar — empurrando um prato a frente do estilista, a mulher indicou uma cadeira. — Posso fazer um café, se prefirir, mas não sou muito boa nisso. É que Jungkook não...

— Não gosta de café, eu sei — respondeu simples, escondendo o fato de que ele corrompeu Jungkook aos chás quando mais novos.

Taehyung se sentia mais calmo com o líquido quentinho descendo por sua garganta, o que ajudou Jungkook aceitar a mudança da cafeína pelas ervas, afinal, naquela época precisava mesmo de calmaria para aguentar a pressão colocada para se sair bem em tudo. Se tornaria um cantor famoso, não podia ter erros. Tinha que ser perfeito.

— Onde ele está? — perguntou depois de se sentar e aceitar de bom grado a laranja.

— Foi buscar Jungwoo — Taehyung concorda, mesmo tendo esquecido que era o dia de Jungkook ficar com o filho. — Devo te elogiar, vocês tem uma criança adorável. Ele é tão educado e carinhoso.

— Obrigado — agradeceu um pouco envergonhado pelo olhar quase penetrante da mulher sob seu movimento de levar a laranja até a boca, parecia que Sunmi podia ler todo sua história como uma daquelas cartomante que te para na rua. Fazia com que o Kim se sentisse estranho.

Ameaçado e amedrontado não, confortado talvez.

— Você o conhece a muito tempo? — perguntou baixo.

— O suficiente para saber dele melhor que ele mesmo — riu um pouco, tentando relaxar o estilista. — Me sinto como uma mãe para Jungkook.

— Acho que a senhora Jeon não iria gostar muito de ouvir isso.

— Bem, é verdade, mas tudo bem, eu não gosto dela também — cochichou como se a mulher pudesse sair a qualquer momento pelas brechas da casa.

— Sinto muito por você ter tido o desprazer de conhecê-la — foi sincero com Sunmi, a mulher havia acabado de ganhar um ponto consigo por desgostar da ex sogra.

— É, eu também sinto. Eu não desejo aquela mulher como mãe nem para o CEO onde meu Jungkook trabalha. E olha que ele é crápula — falou incrédula e de um jeito fofo, que fez o Kim sorrir. 

Em silêncio, ele terminou de comer a fruta observando como a senhora era delicada ao cortar pequenas tomates. Sunmi também ficou quieta, abrindo a boca apenas para pergunta se o Kim aceitava mais uma laranja, o que ele negou rapidamente sentindo-se satisfeito e um pouco melhor da ressaca. 

— Sunmi, eu queria– b-bem, eu quero pedir desculpa pelo forma que apareci aqui ontem — encolheu os ombros quando a mulher voltou a olhar pra si. — Eu não sou esse tipo de pessoa, nunca fui alguém impulsivo e não sei o que me deu ontem. Estou tão envergonhado que posso explodir. 

— Oh, não querido, explodir não deve ser uma coisa muito boa — parou de falar e limpou as mãos num pano, sentando próximo ao Kim. — Sabe, Jungkook me contou sobre você e o filho de vocês. Nunca vi ele chorar tanto enquanto dizia que escolheu errado. Que deveria ter escolhido você — fez um breve carinho em seus cabelos, como uma vó agradando o neto. Taehyung fungou, não podia chorar agora. — Eu chorei com ele também, é verdade, e vendo apenas o lado dele, eu o vi sofrer demais. Eu não estou desmerecendo sua dor, tenho certeza que você sofreu ainda mais, e quem sabe ainda sofra — Taehyung concordou e limpou a lágrima que molhou sua bochecha. 

— Sete anos, já se passou sete anos mas ainda dói como se ele tivesse gravado aquelas coisas 'pra mim, e todo momento fica se repetindo na minha cabeça. Eu não sei o que eu fiz 'pra merecer isso, eu não sou uma pessoa ruim, nunca fui. E-então por que eu tive que sofrer tanto? 

— Oh querido — Sunmi rapidamente o agarrou pelos ombros e deixou que Taehyung chorasse em seu peito.  — Tudo bem, tudo bem.

— Eu me sentia tão culpado por quase não gostar do meu próprio filho — chorou mais um pouco. — Eu fiquei com medo dele parecer com o Jungkook e me fazer viver o rosto dele sempre. E isso aconteceu, Jungwoo é a cara do Jungkook. Mas eu não odeio o meu filho, nunca nessa vida eu vou nutrir esse sentimento pelo meu filho. 

— Ele não tem culpa de nada, Jungkook é uma coisa e Jungwoo é outra.

— E-eu sei, eu o amo muito — fungou, sentindo o cheiro de amaciante nas roupas da senhora. — Depois de um tempo percebi que Jungwoo nunca teria culpa pelo que o pai dele fez, foi Jungkook que me deixou, o meu filho ficou do meu lado sempre; ele é tudo o que tenho. 

— Shii... Vai ficar tudo bem, pode chorar, o choro nos limpa de dentro 'pra fora. 

E Taehyung chorou mais um pouco, soluçando nos braços da senhora que "cuidou" de Jungkook. Ele chorou ao ponto de pensar que podia morrer desidratado, mas no final, estava melhor. Provavelmente a senhora Sunmi tinha razão pois assim que deu o último soluço, se sentiu mais leve. 

 — Está melhor? — Taehyung concordou com um sorriso fraco, limpando o rosto com os dedos. — Viu, só? 'Tá tudo bem. 

— O-obrigado Sunmi. 

— Não precisa agradecer — a senhora riu por conta das bochechas vermelhas do Kim. — 'Pra mim nunca foi um problema ver alguém chorando, ainda mais se eu puder ajudar. E eu posso te ajudar? 

— Não sei...

— Certo, você ama muito o seu filho não é? — Taehyung concordou rapidamente. — Como eu disse, tenho Jungkook como um filho 'pra mim, e eu o amo muito. Assim como você quer o melhor 'pro Jungwoo, eu quero o melhor 'pro meu Jeon também. 

— O que a senhora quer dizer? 

— Isso é apenas uma opinião minha, ok? Não fique bravo comigo, mas você está remoendo muito o passado Tae. Posso te chamar assim? 

— Pode, é claro — se arrumou na cadeira e prestou mais atenção no que ela falava. 

— Então Tae, como estava dizendo: tantos anos se passando e você ainda continua lá atrás, revivendo uma coisa que se passou e que te fez infeliz. Você não me disse que é uma pessoa boa? Então por que não perdoa ele? 

— Ele me deixou, fiquei sozinho cuidando do nosso filho por anos, a senhora tem noção do que eu passei 'pra poder 'tá aqui? 

— Eu tenho — respondeu e aquilo deixou Taehyung surpreso. — Eu tive um amor também, muito tempo atrás — seu tom de voz era nostálgico. — Eu o amava e ele amava a mim também, mas eramos jovens, e  fomos para caminhos diferentes — continuou com amargura. — Algum tempo depois, eu descobri que ele tinha morrido. O amor da minha vida foi embora porquê estava doente e não queria que eu sofresse sabendo que ele ia parti 'pra sempre. Mas ele não tinha esse direito, eu queria ter ficado com ele até os últimos momentos — a senhora passou a chorar e Taehyung engoliu à seco. — Mas eu sei que se eu tivesse ficado com ele, não ia aguentar saber que o homem que eu amava podia morrer bem na minha frente, e eu, não poderia fazer nada. 

— Eu sinto muito...

— Eu não quero que você ou Jungkook acabe como eu, sozinha. Ou que Jungwoo acabe como... como o meu filho. 

— A senhora tem um filho? 

— Eu tenho, ou tinha, eu não sei bem... quando Noa foi embora eu estava grávida, mas e-eu… Eu nunca o vi na verdade, assim que ele nasceu falei que não o queria — Taehyung piscou atordoado, não sabendo como reagir.

— Onde ele está?

— Ele foi para um abrigo, fora do país.

— Sunmi…

Taehyung finalmente entendeu o que ela estava querendo dizer, e o gosto da verdade era horrível.

— Não tem como eu voltar atrás, perdi o amor da minha vida e o meu filho, um por minha escolha e outra por escolha do destino, mas eu te peço, se o destino está lhe dando uma segunda chance, agarre-se a isso. Esquece o passado, foca no que você tem agora bem diante dos seus olhos.

— Eu... — não pode terminar de falar pelo barulho da porta que foi aberta, revelando Jungkook e o pequeno Kim, que carregava o furão nas mãos pequenininhas.

— Papai! — correu para perto de Taehyung quando o viu.

— Oi anjo — o estilista sorriu, beijando o topo da cabeleira azul desbotada.

— Você vai ficar aqui também? — perguntou animado.

— Não, eu... E-eu só vim conversa.

— Conversa de adulto? — ele fez uma careta quando Taehyung concordou.

— Jungwoo você não queria ver como seu quarto ficou? — Jungkook perguntou recebendo um aceno positivo. — Pode ir lá!

— Vamos querido, vou com você — Sunmi sorriu deixando o pano de lado.

— Você viu nonna? Eu ganhei um furão!

— Que bonito, ele tem nome? — e então os dois sumiram pelo corredor deixando os dois homens sozinhos, num clima estranho.

— Você 'tá bem? — o corajoso de falar primeiro foi Jungkook, deixando as duas mochilas de Jungwoo no chão.

— Estou e você?

— Estou.

— Bom.

— Estava chorando? — perguntou quando notou os olhos inchados.

— Conversei um pouco com Sunmi — respondeu simples fazendo Jungkook concordar. — Ela é uma boa pessoa.

— É, ela é sim. Posso saber sobre o quê? Do que conversaram?

— Sobre nós.

— Nós? — apontou para o Kim e para ele mesmo.

— Nós e Jungwoo.

— Família? — Taehyung concordou. — A nossa família?

— Não podemos nos chamar assim, não acha?

— Acho que podemos, se quisermos, a gente pode — disse confiante.

— Hm — respondeu apenas. — Obrigado por me deixar ficar aqui ontem, e sabe? Não ter feito o que eu pedia.

— Por quê? Por que você apareceu aqui daquele jeito, me pedindo aquelas coisas?

— Eu pensei que eu dando o que você queria, iria embora — respondeu sincero, deixando Jungkook surpreso, afinal, achou que o Kim inventaria uma desculpa.

— O que eu queria? Você realmente pensou que eu quero ter você apenas dessa forma?

— Sim, pensei — Jeon bufou, puxando os cabelos da nuca. — Mas você provou que não, e eu agradeço isso.

— Eu quero nossa família Taehyung, você, nosso filho. É isso que eu quero agora.

— Eu já vou indo — se levantou rapidamente. — Agradeça Sunmi por mim, por favor. A gente se vê daqui três dias.

 

[•••]

 

— Papai você 'tá me apertando — resmungou Jungwoo. 

— Só estava com saudade do meu bebê — o Kim disse e voltou a beijar o rostinho do filho. — Olha só, parece que você cresceu muito!

— Jura? 

— Sim, eu juro. 

— Cresceu três centímetros né? — Jungkook debocha ainda parado na porta. 

Três dias havia se passado e lá estava ele em frente a sua casa, lhe devolvendo o filho. Nesses dias que se passaram Taehyung tentou ao máximo não pensar no que Sunmi havia lhe dito. 

Mas aquilo era meio impossível. 

A senhora tinha razão, não podia ficar remoendo uma coisa do passado para ela continuar doendo no presente. E era isso o que Taehyung fazia. 

Isso mesmo, fazia. Nesses três dias também teve uma conversa interna com si mesmo e decidiu se ajudar. Não queria sofrer, e também não queria deixar que ninguém sofresse — mesmo que esse ninguém seja Jungkook. Então resolveu que iria dar uma segunda chance. 

Era o certo a se fazer, não é? Afinal, todos merecem uma segunda chance. E Jungkook parecia se esforça para isso.

O Kim resolveu confiar. Ele iria tentar fazer dar certo aquela família. Ele merecia. Jungwoo merecia isso. E Jungkook também, ainda mais com a família que teve quando criança, merecia uma família de verdade. 

Só era preciso ajustar algumas coisas para terem sua família reunida. 

— Mas 3 centímetro é muito? — a criança questiona confusa. 

— Claro que sim, você está quase do meu tamanho — mentiu descaradamente, fazendo Jungkook rir. — Como foi esses dias? 

— Legal – balançou os ombros — Meu quarto tem muitos desenhos e é tão colorido. 

— Sério? E você gosta? 

— Sim, gosto muito, não é papai? — ele encarou Jungkook. 

— Não saiu de lá 'pra nada, até comia na cama — explicou simples. 

— Que bom então — Taehyung sorriu e beijou sua testa. — Agora sobe 'pra tomar banho e almoçar, hoje nós veremos a doutora Johyun. 

— Mas eu já fiz isso!

— Ele comeu e tomou banho antes da gente vim — explicou o cantor.

— Ah, certo, eu não sabia. 

— Eu vou com vocês — aquilo não era um pedido. 

— Não precisa — Taehyung tenta soar sem ignorância. 

— Sei disso, mas eu vou. Lembra? Família — apontou para todos no recinto e Taehyung só pode concorda, afinal era o que família fazia.

— Acho que já podemos ir então, e você não pode levar isso Jungwoo — brigou quando o menino tentou passar de fininho com o furão nos braços. 

— Mas papai! Ele vai ficar muito sozinho aqui! 

— Não pode Jungwoo — falou firme e num suspiro, a criança colocou o animalzinho na gaiola, conferindo se tinha água e comida antes de se despedir. 

Ao descer para garagem entraram no carro do Kim, Jungkook no banco do carona, Taehyung de motorista e Jungwoo em sua cadeirinha. O caminho foi silencioso, nem mesmo a rádio tocava, se não fosse pelo ar condicionado ou o barulho da estrada, poderiam ouvir o batimento de cada um ali presente.

Taehyung queria dizer que poderiam tentar começar com uma amizade para quem sabe, voltar com a relação que tiveram, mas tinha medo.

Primeiro que Jungwoo estava no carro e o Kim não queria que o filho escutasse aquela conversa para criar alguma expectativa.

Segundo, qual era a garantia que tinha? Tudo bem que não tem como saber se vai ou não dar certo, acontece que para o Kim, já não havia dado certo na primeira vez e ele saiu machucado.

Não queria que isso acontecesse novamente, por isso tinha medo, mas iria supera-ló aos poucos. 

Ao chegaram no hospital, Jungkook e Jungwoo ficaram na salinha onde havia revistas e brinquedos enquanto Taehyung ia até a recepção para dar entrada, voltando até onde pai e filho estavam logo depois. 

— Acho que vai ser rápido, não tem muita criança hoje — comentou simples, vendo Jungwoo montar peças de lego. 

— Muito tempo que você passa ele nesse médico? 

— Desde que Namjoon a recomendou — respondeu. — Ele me ajudou muito em todas as questões da minha vida depois que... você sabe...

— Fui embora — completou recebendo um aceno. — Eu realmente não queria que você tivesse passado pelo que passou por minha causa. 

— Se culpar não vai mudar o que aconteceu Jungkook. Eu também não queria que aquilo acontecesse, mas no momento, foi a solução mais rápida 'pra seguir. 

— Se eu não tivesse sido tão... — começou a falar e foi interrompido pelo Kim.

— Imaturo? Mesquinho? Ganancioso? 

—  Iria dizer idiota mas o que você diz não é mentira — concordou. 

— Eu conheci você Jungkook, o garoto que eu me apaixonei não era isso. Nem um pouco. 

— Queria dar uma vida boa 'pra você Tae —  e lá estava o sentimento estranho no peito do Kim novamente. — Eu quis que você tivesse tudo do bom e do melhor. 

— Mas eu não queria isso — suspirou um pouco desnorteado. — Você acha que dinheiro era a coisa que me importava naquela época? Se fosse assim, eu nunca teria apoiado você ter saído da casa dos seus pais que nadam em dinheiro a vida toda, para que a gente fosse morar numa quitinete juntos! Eu queria você, só você Jungkook... 

— Taehyung... 

— A gente conversa em outro momento Jungkook. Agora não é hora e nem lugar — falou e se assustou com a voz de uma mulher atrás de si. 

— Eu concordo plenamente — era  Johyun, a pediatra. — Vamos conversa um pouquinho a sós? — apontou para os dois homens que concordaram. — Jungwoo, você prefere ficar aqui ou ir conversa? 

— Aqui — respondeu sem interesse, voltando a montar seja lá o que fosse com os legos. Com isso, a pediatra começou a caminhar com os dois logo atrás, entrando em sua sala e indicando que eles pudessem sentar  nas cadeiras a frente. 

— É um prazer finalmente conhecer o outro pai do Jungwoo — Johyun disse simpática. — Como vai? 

— Com pressa para saber sobre meu filho. 

— Certo... Como vai Taehyung?

— Ansioso pra saber os resultados dos exames passado — respondeu simples. 

— Eu também estou, confesso — riu, começando a pegar a pasta do pequeno Kim, levando um tempo para ver cada detalhe dos resultados dos exames que havia pedido. — Bem, como eu falava com você na última consulta, o que eu disse estava certo, olhe — mostrou duas imagens aos pais. — Essa é uma imagem do globo ocular do Jungwoo quando ele teve a primeira consulta, e essa é a de agora. 

Era notável a diferença de uma imagem para a outra. Na primeira o globo ocular da criança tinha pequenas manchas acinzentadas, como pequenos grãos de poeira. Já na segunda imagem, assustou Jeon, como assustaria qualquer pessoa ao ter conhecimento do que a criança passava; era como se tivessem pegado um pincel com tinta e passado em uma tela, manchando-a por completo. 

— Isso é horrível! — exclamou o Kim, desesperado por ter uma noção maior do que acontecia com seu filho. Ao decorrer dos anos, obviamente percebia a mudança coral que acontecia nos olhos do pequeno Kim, mas assim de perto, era muito pior. 

— Infelizmente é a situação que Jungwoo se encontra — foi sincera. 

— Mas e a cirurgia que você me falou? Pode resolver não é?

— Eu li que essas cirurgias são arriscadas — comentou o cantor, recebendo um aceno da pediatra. — Pode não dar certo, não é?

— É um risco. A mesma porcentagem 'pra dar certo, se iguala que pode dar errado.

— Então ele vai ficar cego se der tudo errado? — Taehyung voltou a perguntar aflito. 

— Digamos que estamos acelerando o processo — tentou explicar a situação delicada. —  O estado do Jungwoo sempre foi delicada por conta disso, uma hora ou outra a cegueira vai chegar; infelizmente visão monocular não é uma coisa que pode ser adiada e muito menos evitada. 

— Monocular não é apenas em um dos olhos? — Jungkook perguntou.

— Bem, sim, monocular é em apenas um — concordou. — Mas Jungwoo também tem hipoglicemia relativa e pós-prandial, ou seja, ela pode atacar antes e depois das refeições; então ela ataca de um jeito muito mais descontrolada, por isso a cegueira atinge os dois globos oculares.  

— Entendi — e voltou a ficar calado. 

— Eu não posso garantir a visão do filho de vocês sem ter feito nada, mas quero que pensem nisso como uma oportunidade de tudo ficar normal para ele. A decisão da cirurgia é de vocês, e eu acho que Jungwoo já tem mentalidade 'pra entender e seria ótimo ter a opinião dele. 

— Sim, sim. Faremos isso.

— Faça isso em casa, num lugar confortável. Façam juntos — apontou para Taehyung e logo depois para Jungkook. — Se vocês decidirem que será feita a cirurgia, não é legal que, se der errado, a última imagem que ele tenha é de vocês brigados. Vocês são adultos e Jungwoo uma criança, saibam diferenciar as coisas. Se não querem ficar juntos, não fiquem, mas peço que na frente do filho de vocês, tenham empatia. Você quer que seu filho cresça nesse tipo de ambiente Taehyung? Vendo você ofender o pai dele a todo momento? 

— Não — respondeu firme. Sabia que a bronca que estava lavando era merecida, afinal. 

— E você, senhor Jeon? Quer que Jungwoo veja o pai dele chorar por ai? Vai ser esse tipo de ambiente que ele vai ser criado? Entre brigas e discussões? 

— Não — respondeu seco, não gostando do jeito que a médica falava, atrevida mas com a razão. 

— Ótimo — ela sorriu. — Vou esperar o telefonema de vocês. 

 

[•••]

 

A volta para o apartamento parecia mais lenta e tortuosa para Taehyung. Não sabia o que fazer diante a situação que estava, não tinha certeza se queria que Jungwoo fizesse a cirurgia. 

E se... alguma coisa desse errado? 

Não, não! 

Taehyung não suportaria que qualquer coisa levasse-o de si, não deixaria que aquilo acontecesse; e se fosse custar a visão do filho, que se danem, ele não permitiria que o pequeno Kim fizesse a cirurgia então. 

Dentro do elevador Taehyung escutava a voz de Jungkook e Jungwoo mas não saberia dizer sobre o que falavam. Sua cabeça estava vazia e a única coisa nela era a voz de Johyun, dizendo que tudo podia dar errado — mesmo que não tenha sido dito isso exatamente.

— Pai! Me responde! 

— Estava distraído, me desculpe — se abaixou na altura do filho, encarando os olhos coloridos, segurando a vontade de chorar. — O que você perguntou? 

— Se a gente pode comer pizza hoje! 

— Ah, sim, eu faço. Do que você quer? — perguntou calmo. 

— De atum com palmito e queijo! 

— Certo, mas temos que comprar o queijo certo, sabe disso não é? 

— O queijo fedido — Jungwoo riu. 

— Você é tão esperto, meu amor — elogiou, deixando a criança de bochechas vermelhas. Taehyung suspirou e voltou a ficar em pé, notando faltar três andar para o seu chegar. Pelo canto do olho viu Jungkook observando calado, e queria saber o que se passava em sua mente. 

Qualquer coisa que fosse, só queria saber.  

— Você pode ir também...

— O quê? 

— Você... Hm... Se quiser, pode ir comer com a gente... A pizza...

— Ok, eu só preciso falar com Seokjin — aceitou apressado, pagando o celular do bolso e ligando para o irmão, que atendeu no primeiro toque. — Quero que cancele a entrevista de hoje.

Taehyung ouvia o que ele falava inquieto. Jungkook, o maior cantor da atualidade, estava cancelando seu compromisso para comer uma pizza caseira? Não podia acreditar. 

— Seokjin, invente qualquer coisa, eu realmente não me importo — suspirou irritado com o que o irmão falava. — Estou ocupado. Sim é importante. Vou comer pizza com o meu filho. 

E desligou. Simples assim. 

— Tudo bem? — perguntou com receio. 

— Sim — Jungkook sorriu, daquele jeito que Taehyung lembrava que ele fazia quando escondia o que conversava com a família. Um sorriso falso. — Por que você não sobe enquanto Jungwoo e eu vamos comprar o tal queijo fedido? O que acha? — encarou o Kim mais velho e logo depois o filho, vendo ele concorda rapidamente. 

— Ok, quando chegarem a massa estará pronta — suspirou quando chegou no seu andar, segurando a porta antes de sair. — Toma cuidado! 

Depois de lavar bem as mãos o Kim começou colocando água para esquentar, colocou em uma bacia a farinha de trigo, o sal, o açúcar e o fermento biológico. Ele começou a sovar a massa de uma forma que pudesse descontar ali todos os sentimento que lhe rodeavam. Ele pois força e quando menos percebeu, estava socando a massa enquanto lágrimas rolavam por suas bochechas.

Taehyung estava exausto.

Só queria poder voltar no tempo para poder ter tido escolha melhor de vida para o filho, para que tratassem a saúde dele desde o início, ou quem sabe, ter poderes mágicos que ajudasse Jungwoo.

Mas claro que a vida não era um conto de fadas e tinham que passar por aprovações e dificuldades, porém Taehyung já não aguentava mais sofrer daquela forma.

O abandono que teve da pessoa que mais amou na vida, a gravidez e a infância solitária e complicada do filho – entre outras coisas não citadas agora –, era de se destruír qualquer pessoa. 

Mas ele aguentou tudo isso, e poderia aguentar mais um pouco. 

Ainda fungando pelo choro espontâneo, Taehyung esticou a massa numa forma redonda, adicionando molho de tomate, o atum preferido do filho e os tão amados palmitos. 

Ele deixou sobre a bancada e ligou o forno, a espera de Jungkook e Jungwoo, que obviamente não demorou muito, já que a campainha tocava insistentemente. 

— Chegamos — a criança diz correndo para dentro do apartamento quando Taehyung abre a porta. — Pai, eu escrevi meu nome num atrogafo! — disse animado com o feito, fazendo os dois homens rir pelo jeito que errado que ele pronunciou a palavra. 

— E para quem você deu um autógrafo? — perguntou gentil. 

— Encontramos duas fãs no mercado — explica o cantor, colocando com cuidado as sacolas no balcão. — Parece que não me odeiam tanto por ter um filho — completou.  

— Elas terem ódio por você é compreensível, mas agora por uma criança... 

— Agradeço por não serem assim.

Taehyung acenou em concordância, retirando as coisas da sacola. O tipo do queijo estava certo. Jungkook também havia trazido algumas tomates, uma garrafa com o suco preferido do Jungwoo e por fim, uma garrafa de vinho. 

O Kim encarou a garrafa e logo levantou o olhar para o cantor. Jungkook estava distraído com algo que o filho lhe mostrava sobre o furão, o cabelo lhe cobria as maçãs bem marcada do rosto, assim como a roupa marcava o belo corpo. 

Jeon Jungkook continuava sendo estupidamente bonito. E cara de pau, de achar que o Kim fosse ingerir algo alcoólico depois do episódio no aniversário do pequeno Kim. 

Então o estilista guardou a garrafa de vinho e colocou o queijo junto de algumas rodelas de tomate na massa que descansava na pia, levando-a para o forno em seguida. 

Eles esperam cerca de 30 minutos para que o queijo esteja derretido e a mesa posta. Os três se sentam e é Jungkook quem serve o suco do filho enquanto Taehyung partia a pizza em quadrinhos para que Jungwoo pegasse com as mãos. 

— Onde está o vinho? — o cantor questiona vasculhando a cozinha com o olhar.

— Eu não vou beber — responde com um olhar afiado. 

— É um La Dorni sem álcool — explicou colocando a pizza na boca. 

— Prefiro não arriscar, deixa para a próxima — Jungkook concorda e serve suco para si e para Taehyung também, engolindo a pizza junto da vontade de perguntar se haverá uma próxima vez.

 O cantor prefere não arriscar a boa vontade de Taehyung e fica quieto, observando o modo que Jungwoo pega os pedaços de pizza com as pontas dos dedos miúdos, levando até a boca e comendo com vontade, talvez acostumado demais com aquele queijo para não reclamar do quão fedido e ruim ele é. 

— Está gostoso meu amor? — Taehyung pergunta, também observando o filho. 

— Sim — responde de boca cheia, e o jeito que suas bochechas ficam cheias é tão fofo que Taehyung não briga pela falta de educação. 

— Bebe suco filho, 'pra não engasgar — Jungwoo obedece, segurando o copo com as duas mãos minúsculas e dando goles pequenos no suco, voltando a comer a pizza. 

Em silêncio eles terminam a refeição por um momento esquecendo que teriam que explicar a Jungwoo a situação em que se encontravam. Taehyung ajuda o filho no banho quando Jungkook se oferece para arrumar a cozinha.

 Com uma roupa quente, sentado na sala, a criança é medicada sem reclamações, o cantor fica ao lado do filho, esperando alguns minutos até que possa finalmente conversa com Jungwoo; Taehyung também se sentando ao lado da criança. 

— Eu fiz alguma coisa de errado? — perguntou inocente, estranhando os dois homens com os semblantes sérios tão perto.

— Não meu amor, você não fez nada — Taehyung o tranquiliza. — A gente só quer conversa com você. 

— Sobre o quê? — perguntou curioso.

— Se pudesse, você aceitaria fazer algo que te ajudasse a enxergar melhor? — Jungkook pergunta com cautela. 

— Tipo, usar um óculos? Eu tenho um amigo que usa óculos. 

— É um pouquinho mais complicado — a  criança soltou um "a", como se entendesse. — Hoje, Jungkook e eu conversamos com a sua pediatra. Johyun nos mostrou fotos de como está seus olhos, você quer ver? — ele nega, e Jungkook lhe acaricia o cabelo em compreensão. — Tudo bem, eu vou ser sincero com você e eu quero que preste atenção no que vou falar, pode fazer isso? 

— Sim papai... 

— A Johyun conseguiu um jeito de te ajudar a ver melhor, mas para isso, você tem que fazer uma cirurgia — Taehyung terminou de explicar, engolindo o choro e observando bem a reação do filho. 

— Eu vou morrer?! 

— O quê? Não! — Taehyung respondeu mais assustado que o filho. 

— Não diga essas coisas Jungwoo — brigou Jungkook. — A cirurgia vai te ajudar a enxerga melhor, você não quer ver eu e o seu pai 'pra sempre?

— Eu quero... 

— Mas você tem que saber que pode dar errado também — avisou não percebendo o olhar raivoso do Kim em si. 

— Ai eu vou morrer? — perguntou inocente. 

— Jungwoo você não vai morrer, 'tá? Para de falar isso! — Taehyung pediu com raiva. 

— Desculpa — a criança abaixou a cabeça, não queria deixar seu pai bravo. 

— Vem aqui filho — o Kim chamou e o mais novo logo se sentou em seu colo, amuado. — O papai só quer o seu bem, meu amor. 

— E o meu bem é fazer a cirurgia? 

— Só se você quiser — reafirmou o cantor, se aproximando dos dois. — E se não quiser, tudo bem, esperamos um pouco mais — Jungkook procurou o olhar do Kim e recebeu a afirmação de que, agora sim, estava indo pelo rumo certo da conversa.

— Se eu não enxergar mais, você vai embora de novo? — perguntou ao pai, encarando seus olhos como se fosse possível ver sua alma. 

— Não — respondeu convicto depois de digerir a pergunta inusitada. — Não vou embora. Nunca mais, entendeu? — Jungwoo concorda de cabeça baixa, então, Jeon a segura e faz com que o filho lhe encare. — Vou fazer a gente ser uma família, independente do que for acontecer depois, vou ficou bem aqui, porquê eu amo você e amo o seu pai.

— Ama? — o mais novo o olhou desconfiado. 

— Eu amo muito.

— 'Tá bom — Jungwoo desceu do colo de Taehyung e foi para perto do Jeon, o abraçando forte, deixando o cantor um pouco perdido, mas não demorou para ele retribuir o carinho.

— Vai dar tudo certo — Jungkook falo acariciando as costas do filho. 

— Quero ir para o meu quarto — ele falou baixinho, se soltando do pai. 

— Quer que o papai vá com você? — Taehyung perguntou aflito, ficando um pouco mais triste ao ver o filho negar. — Pode subir. 

Os dois observam a criança subir as escadas com cuidado e quando pode se ouvir o barulho da porta se fechando, ambos respiram fundo, quase que sincronizado. 

Eles ficam em silêncio por longos minutos, cada um com seus pensamentos longe até que Jungkook lembra de algo, chamando a atenção de Taehyung.

— Jungwoo pode ser inocente, mas eu percebi que você estava chorando quando a gente entrou…

— Eu só estou cansado disso tudo — confessou simples. — Você ouviu o que ele perguntou?

— Ouvi Tae, mas você realmente acha que ele entende o quão forte é aquela palavra? Jungwoo é muito inocente 'pra isso… Ele só ficou assustado.

— Eu também fiquei! Céus, eu quase infarto ao ouvir ele pergunta se iria morrer.

— É foi um pouco assustador — concordou Jungkook, preocupado. — Mas vamos nos manter firmes por ele, ok?

— Ok — o estilista acena, respirando fundo mais uma vez. — Eu vou ligar para a Johyun 'pra avisar que ele vai fazer a cirurgia.

— Quer que eu faça isso? — perguntou vendo Taehyung negar e já pegar o celular.

— Dá uma olhadinha no Jungwoo pra mim, por favor — pediu calmo mas preocupado, claro, o filho nunca subia para quarto porquê simplesmente queria e talvez devesse ter sido mais cuidadoso com aquele assunto, era o que pensava. 

Mas a verdade é que não existia uma forma que pudesse ser mais delicada e simples de se explicar algo sério e importante, como eles haviam feito. Taehyung até se surpreendeu pelo jeito cuidadoso de Jungkook para com o filho, lhe dando conforto naquele curto abraço que deram. 

Quer dizer, Jungkook sempre foi carinhoso consigo no tempo em que ficaram juntos, mas foram tantos anos longe que é impossível não haver mudanças principalmente pela forma em que terminaram.

Tinha que dar o braço a torce, o cantor parecia se esforça sinceramente para que se concretizasse o que sempre vinha falando ultimamente: sua família. 

Quando Taehyung desligou a chamada com a pediatra — depois dela explicar calmamente onde, como e quando seria feito o procedimento cirúrgico—; ouviu barulhos estranhos do andar de cima, e quando foi ver o que acontecia, se assustou ao ver Jungkook com o filho choroso nos braços. 

– O que aconteceu? — perguntou desesperado, chegando mais perto e pegando a criança no colo. 

— Eu não sei, eu cheguei aqui e ele 'tava procurando alguma coisa e quando não achou, começou a chorar. 

— Querido, fala 'pro papai o que você 'tá procurando — pediu, acariciando as costas do filho, sentindo ele fungar no seu pescoço. 

— Minha chupeta... — falou baixinho e envergonhado. 

— Jungwoo, a gente não conversou sobre você não precisar mais da chupeta? Hm? O papai 'tá aqui... 

— Não, não... Eu quero — e voltou a chorar.

— Vem cá — o cantor até o momento quieto, chama o filho, que volta para seus braços. Jungkook deita a criança na cama e o cobre com o edredom quente, se sentando ao seu lado. – Primeiro, eu quero que pare de chorar, tudo bem? — o menino concorda amuado, tentando segurar o choro e soluçando. — Devagar... Isso... Agora fala porquê está chorando.

— Quero minha chupeta...

— Seu pai não já conversou e te explicou que você não precisa mais dela? — perguntou calmo, vendo o filho concorda. — Então por que você a quer? 

 — Eu 'tô com medo — ele confessa e sua voz é tão baixa e trêmula que quebra os dois por dentro, fazendo o Kim mais velho se aproximar e se sentar do outro lado da cama, pois sabia que o medo do seu filho era em relação à cirurgia. Seu coração dizia isso.

— Quer saber uma coisa? — Jungkook pergunta, sua mão quase encostando na perna de Taehyung. — Tudo bem ter medo as vezes. 

— Não quero. É ruim — faz bico, ameaçando chorar de novo.

— Sim, você tem razão isso é ruim — concorda. — Sabe, eu também tinha medo. Na verdade eu ainda tenho, e são muitos ruins mesmo. 

— Verdade? Mas você é tão grande! Não pode ter medo! — o menino parece indignado, fazendo Taehyung rir da inocência do filho.

— É natural ter medo do que a gente não conhece — por um momento ele para, Jungwoo atento no que seria dito pelo pai. — Eu tinha medo de como seria te conhecer, mas era porquê eu não sabia como era ser pai e não era legal imaginar que uma coisinha tão pequena seria totalmente dependente de mim. Isso assusta qualquer um. E mesmo eu sendo grande assim — Jeon faz pose, mostrando seus músculos de um jeito engraçado, que fez o pequeno Kim sorrir. — Me deixou com muito, muito medo. 

— Por isso você foi embora? — a criança pergunta ameno. 

Taehyung prende a respiração e encara Jungkook, que também devolve o olhar afiado para si. O Kim podia ver a culpa ali presente e quem sabe, um resto de medo também. 

— Foi um dos motivos, sim. 

— Mas isso não importa agora — O Kim fala, ainda de olho nas reações do cantor, como por exemplo, o pomo de Adão subindo e descendo ao que Jungkook engoliu em seco, concordando, porém. — Agora durma 'tá bem?

— Sem chupeta? — tentou novamente.

— Sem chupeta. Meninos forte e corajosos não precisam disso, né Taehyung?

— É verdade — concordou com a cabeça. — E você é forte e corajoso não é?

— Sou!

— Isso ai, forte como eu e corajoso como seu pai Taehyung.

— Papai Tae é muito corajoso, sabia que ele matou uma barata bem grandona lá no banheiro?

— Sério? Isso foi muito corajoso! — sorriu para a criança. — Agora mocinho, você vai dormir.

— Ah não…

— Ah sim — Taehyung falou, arrumando novamente a coberta em volta do corpo miúdo. — Você me ama?

— Sim, te amo papai.

— Papai também te ama meu amor…

[•••]

— Fico feliz em ver vocês — a pediatra sorriu assim que viu os três se aproximando. Ela se abaixou na altura da criança, que tentou se esconder atrás das pernas grandes do pai. — Você 'tá sendo um rapaz muito corajoso, Jungwoo. Olha só, não estou vendo a chupeta por aqui. O que houve com ela? 

— Papai disse que meninos fortes não usam chupetas — mesmo baixinho, foi ouvido o que a criança disse, olhando para cima a criança encontrou Jungkook sorrindo para si, o encorajando. Afinal, ele estava certo, Jungwoo era corajoso e forte. 

— Seu papai está certo. E 'tá tudo bem sem a chupeta, não é mesmo? — ele negou, fazendo os três adultos rir. 

— Eu ainda estou com medo — confessou. — Mas meus papais estão comigo, eles disse que vão me dar força. 'Tá vendo? Meu pai Jungkook é bem forte — cochicha, apontando para o braço do cantor. 

— Oh sim, eu vejo como ele é forte.

— Papai Tae é corajoso também, ele quem me disse — apontou para Jeon novamente. 

— Bom, já que seus pais vão te dar força e coragem, podemos ir? — perguntou gentil, esticando a mão para que a criança a pegasse, o que ele não fez. Jungwoo, porém, segurou as mãos de Taehyung e Jungkook; seguindo os passos da pediatra. 

A cada passo era uma batida do coração de Taehyung. A caminhada era devagar o que fazia parecer que o Kim poderia morrer ali a qualquer momento por falta de batimentos cardíacos. A mão qual segurava a do filho estava suada e torcia para que ele não fosse questionar sobre. 

Estava encantado pelo modo em que o filho estava lidando com aquela situação. Ele mesmo não sabia como não ir a loucura com o fato de que seu filho poderia sim, perder a visão.

É verdade que do jeito que estava a saúde de Jungwoo, em algum momento a perda da visão aconteceria, mas não de uma hora pra outra, como podia vim acontecer com a cirurgia.

Podia dar super certo, como podia também dar muito errado.

Com a hipótese de nada sair como esperado naquela cirurgia, a imaginação insegura de Taehyung, fez com que o Kim criasse cenas onde Jungwoo não voltava mais para seus braços.

Era aterrorizante imaginar a possibilidade de um filho não voltar com vida para os pais, todos sabiam disso, mas Taehyung tentaria continuar firme, na esperança de que daria tudo certo e, por tudo que acontecesse, ele estaria ali, esperando por Jungwoo.


Notas Finais


é isso, eu odiei esse capítulo porém não ligo

feliz ano novo


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