História Esmeralda - Perigoso amor unilateral

Kim Taehyung

O quão doloroso é não ter seus sentimentos correspondidos?

Depois de alguns anos sofrendo com a ausência de contato que tanto desejo ter com o homem dos meus sonhos, eu sou a pessoa perfeita para responder essa pergunta. Mas não farei isso, até porque não sou capaz de expressar tamanha dor e estou mais preocupado com outra questão.

O que Jung Hoseok viu em Jeon Jungkook?

O imbecil está colocando o plano abaixo com uma mudança inusitada de rumo. Nós, os envolvidos no esquema, nunca imaginaríamos estar diante de tal situação. Nem em mil anos Jung Hoseok se interessaria por alguém como o simples e órfão Jungkook, só que aconteceu. Da maneira mais trágica possível, o sem sal está nesse exato momento envolvido nos braços do que deveria ser o meu homem.

Eu sofro imensamente desde Jisoo. Desde a primeira vez que pus os olhos no noivo da minha melhor amiga. Eu reprimi meus sentimentos com veemência na época, não trairia Jisoo de maneira alguma.

E Hoseok nunca reparou em mim.

Infelizmente o fato perdura até hoje.

Reviro os olhos ao receber mensagens de Jungkook. O mesmo está enlouquecido com o vídeo em posse de Jung Sunmi e pediu para que eu o ajudasse a destruir as evidência da traição. Até parece.

Na hora certa Hoseok vai saber de tudo.

Descobrirá que seu inocente Jungkook não é tão inocente assim. Na minha opinião ele é só burro mesmo.

O elevador para no sexto andar e um casal entra junto de duas filhas escandalosas. Torço o rosto em descontentamento por não suportar crianças. Fecho os olhos me controlando para não mandar as duas pestes pararem de gritar, é preciso trabalhar a paciência bem fortemente nesses momentos de provação da vida. Quando volto a enxergar a família, reparo que o patriarca não tira os olhos de mim. Interessante. Mudo minha postura ficando de frente para eles e bem descaradamente mordo os lábios me insinuando para o homem que aparenta ter uns trinta anos. Eu vejo como ele fica arrepiado, treme na base completamente desestabilizado, suas pupilas dilatam e a inquietação de seu corpo é tão clara quanto a luz do sol. O desejo escorre de suas orbes. O mais legal da situação é que a mulher dele nem percebe a troca de olhares. Ela está usando um vestido que cobre demais sua pele e está um tanto descabelada. Ora ou outra a desleixada repreende as filhas barulhentas e quando ela faz isso parece ainda mais velha. Pobre mulher sem sal...

Ela me lembra Jungkook.

Quando as portas do elevador se abrem a esposa sai primeiro com as crianças e eu aproveito a oportunidade. Encurralo o homem no canto e apalpo o pênis coberto pelo jeans. Não me surpreendo ao senti-lo endurecido.

Durou segundos, mas aposto que o proporcionei a situação mais excitante do mês. Ou melhor, do ano.

[...]

- Você demorou.

É a primeira coisa que escuto ao me sentar na poltrona acolchoada do spa. Típico de Jung Sunmi, ela vive para repreender as pessoas.

- Desculpa estava em uma missão para destruir um lar – uma jovem chega e começa a desamarrar os meus sapatos.

- A não ser que seja o lar do Jungkook não está desculpado – arqueou a sobrancelha esquerda, uma mania dela.

- Seu filho não colabora... – resmunguei baixo ao começar a receber a esfoliação provinda de mãos macias.

- Talvez eu tenha arrumado um jeito de adiantar o processo...

[...]

Sunmi me procurou assim que decidiu que roubaria Jeon Jungkook. Na época eu estava afastado da cidade, talvez tão abalado com a perda de Jisoo quanto Hoseok. A proposta era ótima, tão doce quanto mel. Eu receberia parte das riquezas e levaria Hoseok de brinde. Nunca desejei mais o brinde do que o próprio produto na vida.

Parecia mais fácil no começo, como tirar o doce de uma criança. Só que Hoseok tem se mostrado um empecilho, se negando a convencer Jungkook a passar a propriedade rica em pedras preciosas para o nome dele.

Ele não quer mais o dinheiro. Está dando preferência ao que sente pelo sem graça do Jungkook.

- É aquele carro – indico para o velho sentado do meu lado e ele assente. É assustador o fato dele estar com uma expressão tão leve como se estivesse dando um passeio no parque. Nem parece que estamos prestes a tentar causar um traumatismo craniano em alguém.

- Coloca o cinto – ele ordena.

Nem tenho tempo para pensar, a caminhonete vai com tudo na direção do carro luxuoso. O impacto é forte e faz minha cabeça ir com força para frente. O som ensurdecedor indica que está feito, e eu tento ignorar a vontade de vomitar e criar forças para sair do veículo. Cubro o rosto com o capuz preto e confiro as consequências ao que coloco meus pés no asfalto.

- Porra! – é só o que eu consigo dizer ao ver o lado atingido. O lado de Hoseok. Corro na direção do carro e abro a porta apressadamente, o velho se aproxima de mim e eu o encaro com ódio.

- Droga seu imbecil! – fico desesperado ao ver Hoseok desacordado – Você bateu do lado errado – seguro o rosto fino sentindo os olhos arderem.

- Hoseok meu amor, acorda – o sacudo sentindo algumas gotas salgadas escorrerem – Por favor acorda.

O velho está ao meu lado e ele mede o pulso do Jung com uma tranquilidade fora do normal.

- Ele está vivo. Provavelmente só machucou a perna – fico mais aliviado ao escutar as palavras – Agora vamos, temos que sair daqui.

- Não! Temos que levar ele para o hospital – me agarro ao corpo desacordado não querendo me afastar.

- Ele vai ficar bem. Temos que sair daqui antes que nos vejam – explica me puxando.

Sem ter o que fazer, sigo o velho na esperança que alguém ligue logo para uma ambulância e Hoseok seja atendido.

[...]

- Não se preocupe, acabei de receber uma ligação do hospital e Hoseok está bem, só quebrou a perna. Infelizmente tambem não aconteceu nada demais com Jungkook, nosso alvo – Sunmi explica do outro lado da linha.

No momento nem me abalo com o fato de ter falhado na missão, só me acalmo plenamente ao saber que o Jung não sofreu nenhuma consequência grave.

- Ok, obrigado por me avisar – encerro a ligação e escorrego as costas pela parede.

Fecho os olhos e penso no que poderia ter acontecido caso o impacto fosse maior. Eu poderia ter ajudado a matar o homem que amo. Eu nunca me perdoaria.

- Ele está bem – sussurro na tentativa de livrar o peso da minha consciência. Nessa altura do campeonato também agradeço por nada de ruim ter acontecido com Jungkook. Eu não sou um assassino. Que merda estou fazendo?

Eu só quero ficar com Hoseok não preciso matar Jungkook para isso.

É difícil não ficar frustrado por não o ter comigo. O máximo que tive dele foram as vezes em que estava de joelhos o satisfazendo para simplesmente ser descartado que nem uma puta depois. Não que eu desgostasse de o engolir por inteiro, porque eu amava. Só que foi péssimo porque na cabeça dele eu só estava fazendo aquilo para que ele ficasse longe de Jungkook e não arruinasse a vida dele que nem o mesmo fez com a minha amiga. O que era uma tremenda mentira, Hoseok amava Jisoo ele nunca a fez mal algum, quem a envenenou foi Sunmi e fez isso muito bem.

Jisoo apenas teve o privilégio de ser amada plenamente por aquele homem maravilhoso até se entregar completamente ao distúrbio.

Eu me sentia péssimo só de pensar que estava envolvido em um esquema com Jung Sunmi. Ela que nos fez sofrer tanto. Jisoo por ser atormentada até murchar completamente, Hoseok por sofrer imensamente pela perda assim como eu.

Ding Dong.

Levanto do chão e arrasto os pés sem a mínima vontade de atender a porta. A abro com brusquidão e tenho uma surpresa.

O vizinho.

Sorrio malicioso para ele e abro espaço para o homem mais velho entrar.

Não posso me curar do meu amor unilateral mas posso me distrair dele por algumas horas...

Enquanto o homem casado mete em mim com força eu imagino Hoseok. E eu vou fazer de tudo para tornar o meu sonho realidade.

Me aguarde Jungkook.

Hoseok:

Hey, loirinha

Vou passar ai no seu apartamento amanhã.

Vou te devolver sua pulseira e você vai me explicar como a perdeu aqui em casa.