História Espantalho, o rei dos pesadelos - Sombras

- Onii-chan! - exclama Eri abrindo uma porta rapidamente e entrar em um quarto. A criança usava suas roupas de sempre, entretanto em seu rosto estava uma máscara de gás, a menina andou cantarolando uma musiquinha antes de parar na frente de uma cama.

Na dita cama Izuku estava dormindo profundamente abraçado com um travesseiro, ele parecia bastante inocente diferente de quando ele está em sua persona espantalho. A garota se aproximou dele lentamente antes de subir na cama e pular no garoto.

Izuku acordou com um grito e virou o rosto para encarar sua irmãzinha sorrindo para ele por debaixo de uma máscara. Reconhecendo quem o acordou o rapaz jogou a cabeça de volta ao travesseiro gemendo.

-Bom dia Onii-chan! – exclama a garota feliz fazendo Izuku sorri fracamente para ela.

-Bom dia Eri-chan. – murmura o rapaz antes de levantar a garota e sair da cama com ela nos braços. –Que horas são? –

-Perto das 07:00. – declara Eri fazendo Izuku piscar para a garota antes de arregalar os olhos.

-Oh... – Izuku muda seu olhar para sua roupa antes de estreitar seus olhos e encara a irmãzinha. –Eri? Gostaria de me dizer alguma coisa? –

-Você não gostou?  - pergunta a menina com um tom um pouco assustado fazendo Izuku suspirar.

(Alguns minutos depois)

A porta da sala de aula é aberta repentinamente fazendo com que todos parassem de arrumar seus materiais para olhar a nova chegada. Ao verem a pessoa todos arregalaram os olhos tentando entender o que estava na frente deles e segurar o riso.

O espantalho estava com sua roupa de sempre, mas agora estava repleto de adesivos fofos de unicórnios e flores. Aizawa encarou o rapaz com um olhar plano antes de soltar um bufo divertido.

-Uma palavra, ou respiração a mais sobre isso e eu garantirei que suas vidas estejam permanentemente traumatizadas pelo pesadelo que irei dar a vocês. – rosna o espantalho indo em direção a sua mesa.

-Ok, depois desse momento de distração. – começa Aizawa estremecendo com o brilho do Espantalho. –Vamos continuar, hoje vocês terão uma tarefa importante, que pode mudar completamente suas vidas na U.A. –

Isso fez os alunos ficarem tensos enquanto encaravam o professor que soltou um bocejo. –Vocês tem de escolher o representante de classe. –

Essa informação fez todos visivelmente relaxarem antes de começarem a se nomear para o cargo e falarem que pode não dar certo como ninguém se conhecia o suficiente para votarem. O espantalho suspirou cruzando os braços.

-Olha, qualquer coisa uma pessoa vai ter dois votos, eu não tenho o menor interesse em participar disso. – declara o Espantalho fazendo todos acenarem antes de começarem a votar.

(Algumas horas depois)

As aulas da U.A foram bastante parecidas com as das escolas normais, o espantalho realmente não ficou surpreso com isso, mas as aulas de herois foram bem melhores e bem vindas. Agora ele estava novamente no telhado sozinho olhando para o céu enquanto colocava a máscara novamente.

-Então é aqui que você vai nos intervalos? – pede uma voz do lado fazendo o Espantalho virar a cabeça para ver Kyoka Jiro o encarando com um bento na mão.

-Sim... – responde o espantalho antes de olhar para o bento nas mãos da garota. -...Você ainda não comeu? –

-Bem...você é meio solitário na sala e pensei em te fazer companhia hoje. – declara a garota com um pouco de vermelho nas bochechas antes de se sentar ao lado do espantalho. –E comer com os amigos é muito mais divertido. –

-...Desculpe, mas não é muito seguro comer perto de mim. –

-Seu quirk né? Gás do medo. – comenta ela abrindo o bento começando a comer.

-Sim, meu corpo produz naturalmente esse gás ai eu necessito usar essa roupa para impedir que ele se espalhe. – responde o espantalho vendo Kyoka começando a comer.

-É desconfortável? – pede ela fazendo o espantalho abaixar a cabeça antes de acenar.

-Todo maldito segundo. – murmura o rapaz fazendo Kyoka o encarar de olhos arregalados, inicialmente ele fica confuso antes de olhar para os lóbulos estendidos da garota. – Ah sim, seu quirk vem com super audição. –

-Sua roupa o incomoda? Você só a usa.  – pede Kyoka com um pouco de preocupação.

-...É claro, eu mesmo a projetei para que não deixasse que o meu gás saísse e nunca consegui fazer outra roupa então eu tenho de esperar usando essa ou você ficariam traumatizados pela vida. – explica o espantalho antes de dar de ombros. –Sem pressão. –

Isso fez ela o encarar por alguns instantes antes de bufar divertida e rir.

-Nada mal milharal. – brinca Kyoka recebendo um olhar do espantalho.

-Milharal? –

-Sim, os espantalhos são usados em plantações para espantar os animais, mas nos filmes de terror é mais fácil ver eles em milharais. – explica Kyoka fazendo o espantalho piscar antes de rir, após alguns segundos os dois começaram a rir.

-Essa foi boa. – comenta o espantalho quando finalmente se acalmou ganhando um sorriso de Kyoka.

-Valeu. –

Com isso os dois ficaram em um silencio confortável enquanto Kyoka continuava comendo, de vez em quando trocavam umas palavras antes de voltarem ao silencio. De repente eles ouviram um alarme vindo da escola.

-Houve uma violação de segurança nível 3, todos os alunos, por favor, evacuem o prédio imediatamente. – Diz uma voz vindo das caixas de som, que puderam ser ouvidas de toda a escola.

-Uma invasão?  -Pede Kyoka chocada se levantando assustada, mas antes que ela pudesse sair uma mão agarrou seu pulso.

-Não, é apenas a imprensa, eles realmente não desistem fácil. – comenta o Espantalho entediado ganhando um olhar surpresa de Kyouka.

-A imprensa? Você não os expulsou como da última vez? – pergunta a garota ganhando um olhar do espantalho. –Alguns alunos viram como você espantou a mídia naquele dia e espalharam o boato. –

-...Entendi, e para responder sua pergunta, eu nunca os vi hoje, cheguei tarde e os portões estavam fechados, entrei pelos fundos. – declara o rapaz dando de ombros.

-Como diabos ainda permitiram que você fizesse isso? – questiona a garota de olhos arregalados.

-...O diretor Nezu conheceu Eri. – declara o rapaz macabro se lembrando de como o diretor ficou aterrorizado por ser usado como bichinho de pelúcia e como o animal não podia dizer não a Eri.

-Foi uma...experiência única. –

De repente o espantalho ficou tenso e olhou de relance para o chão estreitando os olhos antes de voltar a atenção para Kyouka.

-Então...vamos esperar que tudo isso pare? –

-Acho que sim. –

(Algum tempo depois)

-Ei jiro. – chama um rapaz loiro com um raio preto nos cabelos e de olhos castanhos vestindo o uniforme da U.A. –Onde você estava no intervalo? –

-No telhado com o Espantalho. – responde a garota sem tirar os olhos das anotações que fazia.

-Sério? Ele? Você não o acha meio assustador? – questiona o rapaz com um estremecimento recebendo um olhar da garota.

-Não, na verdade... – comenta Kyoka antes de se lembrar do olhar nos olhos do rapaz assustador quando falaram do quirk dele. -...Ele é bem legal quando realmente o conhece. –

-...Você tem uma queda por ele? –

-Por mais que seja interessante ouvir sobre as relações amorosas dos meus alunos, eu prefiro que façam isso quando eu não estou dando aulas. – comenta Aizawa olhando para o loiro e Kyoka.

-Desculpa sensei. –

Aizawa dá a eles um último olhar antes de voltar a explicar o assunto. Kyoka suspirar antes de dar um olhar irritado para o loiro voltando para suas anotações.

Logo o sinal tocou fazendo os alunos suspirarem e se começarem a sair. Kyoka suspira saindo da sala, ela continuou andando antes de perceber o espantalho andando sozinho atrás dela, olhando ao redor ela percebeu que os alunos estavam todos em grupos menos ele.

Respirando fundo a garota espera o espantalho chegar até ela e começa a caminhar do lado dele, mas a surpresa deles só aumentou quando Tokoyami se juntou a eles.

-O que vocês estão fazendo? –Pede o Espantalho cansado os encarando.

Tokoyami ficou quieto olhando o espantalho enquanto Kyoka tirava o celular do bolso.

-Estou andando com meu amigo solitário. – declara ela enquanto digitava algo.

-O mesmo que ela. – declara o rapaz com a cabeça de corvo ao mesmo tempo que Dark shadow saia e dava um sinal com o polegar pra cima.

-...Vocês sabem que não é muito bom andar comigo certo? –

-Talvez, mas somos herois e podemos cuidar de nós mesmos. – declara Kyoka guardando o celular. –E somos amigos, é o que fazemos. –

-Amigos? Isso é algo que não escuto a muito tempo. –

Essa frase fez os dois que o acompanhavam pararem chamando a atenção do espantalho.

-Escuta cara, nós somos amigos ok? Você eu e o corvo aqui. - declara Kyoka recebendo um olhar irritado de Tokoyami antes do rapaz encarar o espantalho.

-Faço das palavras dela as minhas. - declara o rapaz.

O espantalho os encara por alguns segundos antes de bufar.

-Ok, nós somos amigos. - 

-Boa. - acena Kyoka animada e com um sorriso. 

 (Quebra de cena.)

O espantalho entrou em seu quarto e suspirou antes de olhar para a escuridão irritado.

-Saia, eu já sei que está ai. –

-O infame espantalho. – declara uma voz quando uma nevoa escura aparece antes de revelar um homem feito da mesma nevoa com um terno de barman e um colar de metal, segurando um laptop aberto com uma vídeo chamada ligada. –Que honra conhecer aquele que destruiu a Yakuza. –

-...Eu bem que senti cheiro de podridão. – rosna o espantalho antes de encarar o homem de terno. –Esse não seria ele, né? –

-Sim é ele, mas hoje o chame de Kurogiri. –

-Você é desprezível e muito estupido em mandar alguém aqui. – comenta o adolescente retirando as luvas das mãos jogando-as na escrivanhia ganhando uma risada do homem no monitor.

-O que posso dizer? Você é especial, por que acha que eu o transformei ele em um nomu? Não podia permitir que seu “colega” na destruição do Shie Hassakai morresse tragicamente. – declara a voz enquanto Izuku abaixava o capuz e retirava a máscara e colocasse as mãos nos bolsos.

-Quer um agradecimento? Vem me visitar, eu vou te mostrar exatamente o quão agradecido eu estou. – declara Izuku estreitando os olhos ganhando uma risada.

-Que língua afiada, parece que é como dizem: Tal pai, tal filho. –

-Eu não sou nada como você seu bastardo. – rosna Izuku quando as paredes começam a tremer, fazendo Kurogiri estreitar os olhos.

-Não se preocupe com isso Izuku-kun, afinal, fui eu que garanti que nenhum dano chegasse a minha querida Inko e a Eri-chan, afinal ainda somos uma família. – comenta a voz sorrindo antes de parar repentinamente. –Entretanto minhas intenções são honestas Izuku-kun, amanhã meu protegido irá atacar a USJ, se você for pra lá peço para tomar cuidado... –

Izuku arregala os olhos quando a sala para de tremer enquanto o rapaz cerra os punhos olhando fixamente pra tela.

-O que você quer me contando isso?  -

-O que sempre quis quando se trata de você, Inko e Eri, o melhor. – explica a voz cansada com um suspiro. –Eu não sou um santo, sou um monstro e um vilão de categoria SSS, mas eu não permitirei que vocês sofram pelos meus erros e pecados. –

-...saia. – rosna Izuku quando a tela apagou fazendo Kurogiri se virar e sair por um portal.

O garoto suspirou antes de se sentar em sua cadeira exausto pensando na conversa que acabou de ter. Se fosse verdade ele e seus colegas estariam em perigo, ele deveria contar para eles? ...Izuku podia ver a forma que ia ser.

Ele já era listado como vilão, se ele falasse sobre o aviso de seu pai seria ainda pior, provavelmente Izuku voltaria para o Tártaro.

“Novamente por que isso seria ruim? Eu tinha até um videogame lá e ninguém era afetado pelo meu poder.” Pensa Izuku antes da imagem de sua mãe, Eri, Tokoyami e Kyoka aparecessem em sua cabeça.

O rapaz suspirou antes de olhar para seu espelho, uma careta em no rosto. Lentamente Izuku se levantou indo em direção ao mesmo, ele ficou encarando a imagem sem expressão antes de socar o mesmo quebrando-o em vários pedaços.

Ele observou como os cacos caiam no chão, mas ao invés de se quebrarem ou fazerem barulhos eles viraram uma grande poça de um líquido prateado. Lentamente a substancia passou por Izuku indo para sua sombra, o rapaz lentamente se virou e encarou uma imagem sua no chão o encarando.

Entretanto a imagem dele não tinha olhos, mas suas orbitas estavam bem abertas, praticamente arregaladas o encarando e tinha um sorriso perverso em seu rosto.

-SENTIU MINHA FALTA IZUKU-KUN? – questiona a contraparte de Izuku quando uma mão explodiu do líquido, fazendo o esverdeado dá um passo para trás pronto para o combate.

De repente um trovão ecoa no céu iluminando o quarto, nesse momento Izuku ouve o som de algo quebrando em seus pés. Com isso ele arregalou os olhos antes de agarrar sua máscara e se encolher no canto do quarto.

Rapidamente o garoto colocando a máscara e respirar fundo. Ele tremia bastante quando outro trovão ecoou iluminando o quarto de Izuku, logo ele fechou os olhos e começou a cantarolar baixinho para si mesmo.

De repente outro trovão ecoou e iluminou Izuku, mostrando uma sombra estranha na parede, era como se fosse uma pessoa com vários tentáculos se remexendo. De repente a sobra sorriu com os braços da sombra saindo da parede e pairarem em cima da cabeça de Izuku, estranhamente isso fez ele se acalmar e olhar para a sombra viva antes de acenar a cabeça.

-Obrigado... – agradece o garoto antes de começar a retirar sua roupa. –Amanhã vai ser um longo dia. –

(No dia seguinte.)

Era o horário da aula de treinamento de heróis, os alunos da classe 1-A estavam calmamente esperando pelo All Might. Eles se animaram quando a porta foi aberta, mas logo ficaram confusos quando Aizawa veio cansado.

-A aula de treinamento de heróis de hoje será com três professores, All Might, eu e outra pessoa, se arrumem logo. – explica Aizawa.

-...Sensei, o que vamos fazer? – pede Sero curioso, afinal eles iam ter três professores hoje.

-treinamento de resgate de naufrágios, de incêndios...de várias coisas. – explica Aizawa lendo um papel.

-Parece que vai ser intenso... – comenta Kaminari nervosamente.

-Sim... –concorda uma garota rosa com chifres amarelos na cabeça.

-Ai sim, isso sim é dever de um herói! –exclama Kirishima animado.

-O treinamento será realizado fora do campus, então vamos pegar um ônibus, vistam suas fantasias e me encontrem fora da escola. – com isso o professor sai da sala enquanto todos os alunos se levantam.

O espantalho entretanto cerrou os punhos antes de garantir que suas foices estavam bem presas ao seu corpo, ao garantir que estavam o rapaz suspirou.

“Eu posso não gostar dele, mas seria um tolo se ignorasse seu aviso, ninguém aqui vai morrer, não no meu turno.”

Com isso ele olhou para Kyoka falando com Momo, enquanto Tokoyami falava com Dark Shadow.

"Ninguém."