História Espírito das flores - Pervincas - capítulo único

Seokjin estava concentrado, enquanto mexia alguns ingredientes em seu caldeirão, o jovem bruxo estava fazendo mais uma de suas poções para vender, seria mais fácil se ele pudesse usar sua magia livremente, mas isso não era possível.

 Enquanto li o seu livro de feitiços, ele notou que faltava um ingrediente para a poção ficar completa, ele precisa de pétalas de uma pervinca lilás.

 Suspirou, ele não acreditava que havia sido tão descuidado ao ponto de esquecer um ingrediente, ele fechou seu livro, marcando a página da poção com uma fita, fez um breve movimento com a mão, abaixando o fogo do caldeirão e caminhou em direção a porta.

 Pegou seu sobretudo no cabideiro ao lado da porta, junto pegou também sua bolsa estilo carteiro, voltou para perto do caldeirão pegando seu livro de encantamento e um livro sobre botânica, guardou ambos na bolsa e saiu.

 Já era fim de tarde, porém o sol ainda estava lá, iluminando tudo, então o Kim não iria precisar de um lampião.

 Caminhou vagarosamente pela floresta onde morava, conhecia aquelas árvores como a palma de sua mão, sabia exatamente onde procurar as pervincas lilases.

 Logo ele se aproximou do canteiro de flores, pegou dentro de sua bolsa um pequeno frasco de vidro, se ajoelhou na grama e começou a pegar as pétalas das pervincas.

 Todavia enquanto pegava as pétalas, alguém se aproximava de si, era um belo rapaz que estava descalço, suas vestes se resumiam a um manto na cor das pervincas lilases, em sua pele haviam algumas flores e seus olhos eram tão brilhantes quanto as estralas.

 Era o garoto mais lindo que já vira em toda sua vida.

 – Por que estás a pegar minhas pervincas? – a voz do lindo rapaz soou calma, ele se abaixou na altura de Seokjin, que o olhava maravilhado – Garoto?

 – Ah... me desculpe, não sabia que as flores eram suas, nunca havia visto ninguém perto do canteiro, imaginai que elas não fossem de ninguém – se embolando um pouco nas palavras, o Kim disse enquanto se levantava apressadamente.

 – Oh... Entendi, posso saber no que era usá-las? – o dono das flores perguntou, enquanto se levantava também.

 – Irei usá-las para fazer uma poção – Seokjin disse meio nervoso, evitando olhar para o belo rapaz.

 – Que tipo de poção? – o rapaz questionou, a cabeça pendendo para a direita.

 – É uma encomenda, um remédio.

 – Você é um bruxo que vende poções para mortais? – o rapaz questionou curioso, se aproximando mais.

 – Também, eu vendo poções, ou faço encantamentos para todos, entretanto só coisas pequenas – o bruxo moreno disse sorrindo, olhando por breve segundos para o belo ser a sua frente.

 – Entendi, bem, eu sou Jung Hoseok, um espírito das flores, e você?

 – Kim Seokjin, um bruxo. 

 Depois daquele dia, eles se tornaram cadê vez mais e mais próximos, eram inseparáveis.

 Eles aprenderam muito um com o outro, Hoseok não costumava falar com ninguém a muitos anos, e Seokjin nunca tivera um amigo que era um espírito, eles aprendiam coisas novas um sobre o outra a cadê segundo.

 No começo, quando Hoseok disse para Seokjin que era o espírito das flores, o bruxo imaginou que o Jung era o espírito das pervincas, mas não, Hoseok era o espirito de todas as flores.

 “Eles estavam em um campo de girassóis, Seokjin precisava de suas sementes e algumas pétalas, então eles foram até o campo, assim que se aproximaram das flores a aparência do Jung mudou.

 Antes sua paleta de cores se resumia em tons de azul e roxo, agora era completamente amarela, seu manto era da cor dos girassóis, sua pele estava mais bronzeada, seu cabelo mais vivos, e ao invés de pervincas sobre a pele, haviam lindos e pequenos girassóis.

 Seokjin ficou encantado quando viu, quase se esqueceu de pegar as sementes e as pétalas.

 – O que foi? – Hoseok o questionou, enquanto pegava algumas sementes, logo o Kim negou com a cabeça e sorriu pequeno.

 – Não é nada.

 O Jung o olhou desconfiado, mas no fim deu de ombros, se ele não queria falar, não havia problema, o espírito respeitava aquele espaço.

 No caminho de volta, Seokjin fez questão de ir pelo mais longo, só para ver as mudanças que aconteciam em Hoseok durante o caminho.

 Eles passaram por violetas, margaridas, lírios, rosas, botão-de-ouro, gardênias, orquídeas, pelas tão conhecidas pervincas, e então chegaram na casa do bruxo.

 A partir daquele dia, Seokjin plantou todo tipo de flor em volta de sua casa, Hoseok sempre ficava lindo em suas mudanças.”

 Hoseok também fora surpreendido, quando conheceu o bruxo, ele havia dito que só fazia magias pequenas, e logo o espírito imaginou que ele apenas invocasse objetos pequenos e fizesse feitiços básicos, mas não.

 O bruxo era incrivelmente poderoso.

 “– Seokie – o bruxo mangou, fazendo o espírito rir, deixando de ler para o olhar – Sabe onde tem lótus? Nunca os encontrei por essas bandas.

 – Você não pode invocar lótus ou criar? O lago fica muito longe daqui... – o que agora tinha a palete de cores resumida em um lindo tom de azul, pertencente as belas orquídeas, perguntou.

 – A magia está em encontrar, não em criar, se eu crio um ingrediente mágico ele não tem tanto poder quanto o verdadeiro, agora multiplicar é outra história – o bruxo explicou se levantando, ele pegou rapidamente o livro de encantamentos e o de botânica, colocou o sobretudo e pegou a sua bolsa, logo sorrindo para o espírito – Apenas pense no lago.

 – Okay – logo o Jung tinha os olhos fechados, não demorou muito para sentir a mão do outro junto da sua, quase abriu os olhos, mas os manteve fechados, até que ouviu Seokjin rir e sentiu o mesmo largar sua mão.

 – Pode abrir os olhos – e quando os abriu, Hoseok não acreditou, estavam no lago das flores de lótus.

 Para alguém que dizia só fazer encantamentos pequenos, Seokjin era muito poderoso.”

 Ambos foram surpreendidos com o tempo, havia tanto para saber um do outro, tantas coisas incríveis, levou tempo para Hoseok saber porque Seokjin morar no meio da floresta, porém quando ele soube, apenas o abraçou firmemente, não o largando pelo resto do dia, fazendo o bruxo sem clã ou família rir.

 E os questionamentos do Kim para o Jung eram muitos, o espírito já havia viajado o mundo inteiro, conhecia todas as plantas e amava conversa com o bruxo sobre.

 Quando estavam juntos, ou seja quase sempre, eles estavam bem, estavam felizes, sorriam sem parar, eram o par perfeito um do outro.

 Não demorou para o primeiro beijar acontecer, e então o segundo, o terceiro, depois de um tempo, perderam a conta, apenas se beijavam.

 Foi tudo tão natural, como uma flor desabrochando lentamente, eles estavam na própria primavera, sabiam que as outras estações chegariam, mas aquele flor era única, suportaria tudo e continuaria de pé, até que eles vivessem.