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História Essas mulheres - Ana - O seu tipo de homem


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 1 - Ana - O seu tipo de homem


Ana se olhou no espelho e gostou do que viu, ajeitando o vestido novo preto, que comprou para essa festa. Aquele vestido era, simplesmente, incrível, muito mais que um simples pretinho básico, pois ele realçava seus pontos forte e escondia as suas imperfeições a deixando sensual, sem ser vulgar, valeu o preço exorbitante que pagou, causando um tremendo rombo nas suas parcas finanças, apesar de não ter nenhuma esperança de conhecer alguém especial nessa noite, já que fugiria completamente do seu mundo habitual, mas só o prazer de se ver assim bonita, valia cada centavo que gastou.

Sem muito mais tempo a perder, apressou-se visto que suas amigas deveriam estar a caminho, retocou o batom vermelho, bem diferente do que usava no seu dia a dia, deu a última arrumada nos cabelos ondulados, longos e castanhos escuros que caiam sobre os ombros, quando o telefone mostrou a mensagem recebida, que elas já estavam chegando. Assim, Ana saiu do seu apartamento, trancou a porta e andou rápido para a portaria, com seus novos sapatos de saltos altos, que não estava acostumada a usar, chegando lá, junto com o táxi, onde estavam suas amigas Raquel e Silvia.

Elas iriam a uma festa de um amigo de sua amiga Raquel, bem relacionada e que trabalhava para uma grande editora de revistas. Ela havia insistindo muito para que fossem, apesar de aquele ser um mundo bem diferente do que Ana estava acostumada frequentar, apesar de estar curiosa.
Dentro do carro, rumo ao seu destino, Raquel falava animada e sem parar, sobre o dono da festa e da sua  nova coleção de roupas a ser lançada para a próxima estação, das pessoas que foram convidadas, querendo passar sua empolgação para as amigas, mas em vão, pois Ana escutava tudo, sem muito interesse, enquanto a apática Silvia estava lá apenas por gostar muito da amiga, mas já estava arrependida por desperdiçar uma boa noite de sono.

Enfim, o carro parou em frente a um prédio de luxo, em um dos bairros mais elegantes da cidade. As três subiram para a cobertura e alguém abriu a porta para entrarem na espaçosa sala bem decorada, com enormes janelas, onde se via uma deslumbrante vista da cidade iluminada. Raquel se sentia em casa cumprimentando a todos, com desenvoltura e seu charme natural, no entanto, as outras garotas estavam totalmente perdidas, deslocadas naquele lugar tão luxuoso e intimidador, mas ninguém parecia prestar atenção nelas, claro com exceção de Raquel, ela nunca passava despercebida. Foi aí que ele surgiu, bonito, alto, bronzeado e com um corpo magro, com cabelos pretos muito curtos, com uma camisa branca e calças de couro vermelhas justas, soltando gritinhos agudos de empolgação ao encontrar Raquel, a cumprimentou com beijinhos e os dois rodopiaram juntos, às gargalhadas pelo meio da sala, enquanto as amigas assistiam toda aquela cena, com um misto de assombro e divertimento.

— Esse é Roberto, ele é o dono da casa e da festa e um estilista incrível. Estas são minhas melhores amigas Ana e Silvia – Com um enorme sorriso, tentando vencer a música alta, Raquel os apresentou, assim que pararam de rodar e ainda abraçada a ele.

— Obrigada, mas ela fala isso porque me ama! – Roberto agradeceu, em um tom afetado de falsa modéstia.

— Mas, é verdade, você é incrível, Roberto! – Raquel reafirmou o elogio, de forma pretensiosa, não dava para saber se ela falava a verdade ou não.

Meio sem jeito, Ana e Silvia agradeceram o convite e elogiaram o lugar, e Roberto as olhou de modo entediado, com certeza, não via nada de interessante naquelas garotas, as cumprimentou educadamente, apontou onde ficava o bar, afastando-se para falar com outros convidados. Naquele instante, Ana se perguntou o que estava fazendo ali, no meio daqueles rostos desconhecidos, aquele não era o seu lugar, algo lhe dizia que não deveria estar ali.

Paradas no meio da sala, Ana percebeu Raquel olhando ao redor.

— Você está procurando por alguém, Raquel? – Ana cedeu a curiosidade

— Não, só estou verificando se alguns conhecidos meus já chegaram – ela informou de modo casual, quando foram surpreendidas por um homem mais velho, porém bonito, charmoso e bem vestido.

Depois, que se recuperou do susto, com um sorriso luminoso, Raquel o apresentou como seu chefe, que pediu para roubá-la por alguns instantes, para logo a seguir arrastar Raquel para longe delas, que deu para as amigas aquele olhar indeciso, erguendo os ombros, como se não tivesse escolha, teria que o seguir.

Daí em diante, as outras duas ficaram totalmente sozinhas e perdidas, no meio daquele enorme apartamento e daquelas pessoas estranhas, observando em volta, sem saber o que fazer nem aonde ir, sentiram-se como barcos à deriva, cercadas por modelos, aspirantes a famosos, atores conhecidos e desconhecidos, gente bonita e bem vestida, que pertenciam a um mundo do qual elas não faziam parte.

Foi a primeira vez que Ana o viu, em um breve relance, o belo homem de cabelos castanhos chamou sua atenção.

— Vamos sair do mio do caminho e procurar um lugar mais tranquilo, Silvia — Ana teve a ideia quando alguém deu um esbarrão em Sílvia. Assim escolheram um enorme sofá, um pouco escondido em um canto da sala.

— Não sei o que estamos fazendo aqui, Ana – Sílvia disse, meio irritada.

— Estamos aqui, porque Raquel nos pediu.

— Ela não precisa de nós. Onde ela está agora? — Ana sabia disso, Silvia tinha razão, aquele não era o lugar delas.

— Você sabe que ela precisa fazer contatos — Ana deu de ombros.

— Contatos?! — Sílvia bufou, ela era como um animal fora do seu habitat natural e estava ficando alterada.

— Como vai Pedro? Ele está se dando bem na França? — Ana mudou de assunto, pois falar sobre o noivo ausente, estudando no exterior, desviaria a atenção da amiga.

— Ah, Ana! Eu sinto tanta falta dele. Estou tão perdida, como se faltasse um pedaço de mim – Silvia se lamuriou. Ana acho que não foi uma boa ideia tocar nesse assunto, pois, daí, viria a ladainha de sempre.

— Imagino como você deve estar se sentindo Sílvia, afinal vocês dois estão juntos, há muito tempo e nunca ficaram longe um do outro, mas, um ano passa bem depressa, vai ver que logo ele estará de volta – Ana tentou confortá-la, mas a amiga parecia estar desolada, fitando-a com os olhos úmidos de lágrimas, mesmo assim, era difícil lidar com a toda aquela carência, algo que não conseguia entender, essa tamanha dependência de outra pessoa.

Levantou-se, bruscamente, querendo escapar dali, nem que fosse só por alguns minutinhos.

– Vou até o bar, buscar uma bebida para nós, Silvia. Espere um pouco que eu já volto

Atrás do balcão, um barman preparava as lindas bebidas coloridas e, como tudo naquele lugar, ele era lindo.

— O que vai querer? – O homem, com musculosos braços morenos a amostra, perguntou, com um sorriso malicioso.

— Não tenho a mínima ideia – Ana respondeu, devolvendo-lhe o sorriso.

— Então, vou fazer uma surpresa para você – ele disse, com um sorriso sedutor, já pegando a coqueteleira.

— Então faça duas, por favor – ela solicitou, ele a interrogou com o olhar. – Para a minha amiga – completou, sem consegui tirar os olhos dos movimentos agíeis das mãos dele, enquanto colocava um monte de doses de bebidas diferentes no recipiente, sacudia com energia, em seguida, encheu dois copos com gelo e despejou um líquido de uma linda cor rosada, dentro deles.  Ela tomou um golinho.

— É forte, mas muito bom! O que é?

— Cosmopolitan. Sabe, Sexy and the City?

— Sim, sei. Obrigada – Deu-lhe um sorriso, que ele retribui um movimento de cabeça, e foi atender o próximo na espera.

— Não foi nada, pode voltar quando quiser, estarei sempre pronto para você – ele respondeu, com um olhar lascivo, deixando Ana um pouco desconcertada, mas ao mesmo tempo, havia gostado da sugestão, mesmo ele não fosse o seu tipo, poderia ser divertido.

Virou-se com cuidado, equilibrando os copos nas mãos, pelo lugar bastante movimentado, não reparou quando alguém se aproximou e o choque foi inevitável, os respingos da bebida voaram dos copos direto para a camisa azul dele.

— Por favor, desculpe-me! — Ana disse, desolada, sem ter como escapar, encurralada entre sua vítima e o balcão do bar, ergueu a cabeça, para encará-lo.  

No entanto, ela se sentiu pior ao ver o belo homem alto, cabelos castanhos levemente dourados e olhos cor de mel, que havia visto antes, com uma expressão condescendente, sendo atingida por seu perfume, ficando meio tonta. Sentiu o rosto queimar, devia ter ficado corada. Aquele era o seu tipo de homem.

— Não foi nada — ele respondeu, educado, com um sorriso encantador, em um gesto rápido, pegou um guardanapo sobre o balcão e passou sobre os respingos na sua roupa – A culpa foi toda minha, por ter sido descuidado.

— Desculpe, mas preciso levar isso para a minha amiga — explicou, mostrando os copos, se contorcendo para passar por ele, seus corpos se roçaram levemente.

 Porém, com certeza, um homem igual aquele nunca se interessaria por uma mulher como ela. Não que ela fosse feia, mas era de um tipo comum e de estatura mediana, nada parecida com as modelos lindas, bem vestidas, altíssimas e magérrimas, que agora enchiam aquele apartamento.

De longe, Ana observou Raquel, conversando e rindo em um grupo, enquanto Roberto, o dono da festa, conversava de modo bastante íntimo com um belo e jovem rapaz loiro. Com o olhar, tentou encontrar o tal homem, que havia esbarrado no bar, mas não o viu outra vez. Achou Silvia ainda sentada no mesmo sofá, com olhar perdido em algum lugar bem longe dali, entregou-lhe um dos copos, que estava segurando e sentou-se ao lado dela.

— Vá com calma porque é forte – Ana avisou, quando Sílvia levava o copo à boca.

— Forte mesmo! – Sílvia fez uma careta.

 Depois, não falaram mais nada por algum tempo, enquanto bebiam lentamente, em pequenos goles. Enquanto, Ana imaginava, quem seria aquele homem e por onde ele andava.

Ao passar da noite, festa se animava cada vez mais, com a bebida rolando e a música mais alta, algumas pessoas dançavam, outras apenas se agarravam, grupos e casais que sumiam para algum lugar e ressurgiam limpando os narizes, muito mais empolgados e alegres. Algumas vezes, Ana conseguiu ver de relance aquele homem, sempre conversando com pessoas diferentes, não parecia estar acompanhado e, contudo, sempre havia uma mulher deslumbrante, se insinuando, junto a ele. Uma dessas vezes, seus olhares se encontraram furtiva e rapidamente, depois, achou que era só impressão, talvez, só uma ilusão, um desejo secreto.

— Quero ir embora! — De repente, Silvia exclamou, entediada e decidida, como se despertasse de um transe.

— Vou com você – Ana concordou, sem vacilar, já cansada daquele lugar. — Vamos falar com Raquel.

Seguiram, abrindo caminho pela pequena multidão entre pessoas já um pouco bêbadas, para encontrar Raquel conversando com um pequeno grupo pessoas.

— Raquel, estamos indo — Ana anunciou, sem rodeio e sem dar espaço para argumentações, ao se aproximar da amiga.

— Mas ainda é cedo! Fiquem mais um pouco — Raquel suplicou, parecendo dividida em deixar as amigas voltarem sozinhas, porém, querendo continuar na festa.

— Não, estamos cansadas, Raquel. Você pode ficar, nós vamos pedir um táxi na portaria – Ana ponderou, meio sentindo uma traidora.

 — Estou indo embora agora, eu posso dar uma carona para vocês, se quiserem — Ouviram alguém falar atrás delas.



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