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História Essence - Im gonna love you like im gonna lose you


Escrita por: VickyRefach

Notas do Autor


NOTAS IMPORTANTES LEIAM POR FAVOR!!!!

Bom primeiro quero muito me desculpar com todos vocês, foram meses difíceis na minha vida e eu deixei totalmente a escrita de lado, não podia dar a Essence menos do que tudo de mim e eu estava vazia, ela não merecia isso.
Um capítulo nunca antes foi tão difícil, eu não queria termina-la, eu a amo demais para colocar um ponto final... mas tudo uma hora ou outra chega ao fim, espero que vocês se sintam cada palavra, cada verdade.
NOTAS FINAIS IMPORTANTES!!!!

Capítulo 43 - Im gonna love you like im gonna lose you


Fanfic / Fanfiction Essence - Im gonna love you like im gonna lose you

 

“Para ‘ferir’, obrigada por me ensinar que mesmo que à noite você me leve às maiores profundidades do oceano, eu ainda acordo pela manhã.

Para ‘curar’, obrigada pelas lágrimas, quando elas finalmente vieram, elas tinham gosto de Deus.

Para ‘amar’, você é ainda mais linda do que eu me lembro.” —Camila Cabello 

A vida se molda a gente, ou a gente se molda a vida?
Um baque te derrota, ou te torna mais fortes?
E o amor?
Ele salva?
Ele te salvaria?
Ele a salvou?
Seus dedos percorriam o enorme livro de tradições de sua família, o mesmo livro que jamais havia lido por inteiro, mas que conhecia como a palma da mão.  Seus dedos percorriam os desenhos e com um leve sorriso ela explicava o que representavam aos três pares de olhos grandes que a encarava. Como um conto cheio da magia do amor era capaz de entreter e envolver crianças tão pequenas? Talvez fosse porquê elas tinham cede de esperança, vida e amor.
-Essa é igual a da Mamãe -Apontou Theodoro e Regina sorriu.
-Sim, e essa aqui é igual à da sua vó.
-E a sua mamãe? -Seus dedos seguiram pelas páginas seguintes até encontrar sua marca mostrando-a a Benjamin. E pela primeira vez ela se deu conta de que nunca havia observado o desenho, prestado atenção em seus detalhes e o admirado como ele merecia ser admirado. Nem sua própria marca, ou qualquer outra daquele livro. Nada ali nunca a tocou, pois nunca a fez jus. Por mais conhecida que cada uma daquelas palavras fosse, nunca lhe pertenceram, não até a chegada dele. Seu primeiro namorado não possuía uma marca, seu marido muito menos, e ela os amava. Quem se deixaria levar por uma velha lenda de “almas gêmeas” quando o que se sentia parecia ser simplesmente certo?
A tarde caiu e com ela eles se foram.
Benjamin dormia no banco de trás junto a Theodoro, enquanto a menina observava a rua completamente perdida na história que havia ouvido durante a tarde.
-Tia? -Os olhos da morena procuraram pelos da criança e sorriu para ela. -Minha mãe não possui marca alguma... -Seus olhinhos desviaram brevemente procurando pelas palavras que pudesse usar. -Você acredita que mesmo assim mamãe seja a alma gêmea da Tia Zel? -A perguntou a pegou de surpresa.
Ela acreditava?
-Emmy...- Um suspiro escapou de seus lábios. -Sua mãe já teve uma alma gêmea...
-A mommy! – Respondeu sorrindo.
-E a Tia Zel também, mas só amor não basta... E Anos depois sua mãe está se permitindo amar novamente. -A pequena concordou. -Tia Zel também. E quando a gente constrói um amor, uma família, esse pode ser muito mais forte do que destino, marcas, lendas, histórias... -Emmy sorriu e voltou a se perder na estrada.
-Você acredita nisso? -perguntou o loiro.
-Acredito.
A casa da mais velha fora vista de longe e Emilly se levantou apressada pronta para saltar assim que o carro parasse. Regina e Robin a fitaram desentendidos tal animação não combinava em nada com as caras e bocas que a menina vinha usa usando o resto do dia. Theodoro foi pego no colo e Robin permaneceu no carro com Benjamin, que também dormia, deixando assim que Regina e Emilly adentrassem o ambiente. A porta da frente foi aberta com força e com a mesma força a menina gritou pela mãe.
-Mãae!!! -Camila desceu as escadas completamente descabelada acompanhada de Zelena que não se encontrava em uma situação muito melhor, e a morena não conseguiu conter a risada que escapou de seus lábios.
-O que aconteceu Emy? -perguntou preocupada.
-Tia Regina disse que acredita! -Os olhos claros brilhavam.
-Acredita?- Foi a vez da ruiva se pronunciar.
-Que Tia Zelena é sua nova alma gêmea. -Um longo silencio invadiu a cena e as três mulheres se fitaram por longos segundos. – Bom e que você é a nova alma gêmea da Tia Zelena. Isso é maravilhoso, não é? -a ruiva encarava a irmã tentando entender em que momento haviam chego aquela conclusão, fitava Camila procurando decifrar o que a morena sentia e por fim fitava seu reflexo no espelho se perguntando: “Camila é minha alma gêmea?”
-É sim meu amor, maravilhoso. -sorriu para a criança.
-Isso quer dizer que não vamos mais precisar ir embora? -A esperança transbordava por seus olhos.
-Emy, as coisas não são assim tão simples, mas isso que dizer que voltaremos com mais frequência e quem sabe levaremos ela conosco. -O sorriso no rosto da menina se expandiu e assim subiu as escadas correndo.
-Qual parte eu perdi? -perguntou a ruiva.
-Theodoro encontrou o livro de tradições da família e então eu contei a eles sobre antigas lendas, Emy me questionou sobre Camila não possuir uma marca igual a tua e perguntou se mesmo assim eu acreditava que o amor de vocês fosse possível -respirou fundo. -E eu só disse a verdade, que acredito. -A ruiva se aproximou pegando Theodoro em seus braços, sussurrando para a irmã um “muito obrigada...”
O céu estralado roubava a cena e a atenção de qualquer um que se permitisse perder naquele mar de estrelas, o verão trazia consigo o esplendor de cenários como aquele. Regina se sentia abençoada por ser capaz de contempla-lo.
-Eu estava de longe apenas observando vocês, mas suas palavras não saem da minha cabeça. -Seu corpo se encaixou ao dela e juntos observaram a noite. -Nos nunca conversamos sobre alma gêmeas, tradições de família ou qualquer coisa do tipo... -Ela virou brevemente o rosto o fitando. -Quando você percebeu que as nossas marcas se completavam e que eu era a sua alma gêmea? -a pergunta soou mais seria do que ele gostaria.
-Na noite em que me encontrou na floresta... Um pouco antes de desmaiar em seus braços. -Ele a fitou surpreso. -Eu nunca levei nada disso a sério, eu nunca precisei de uma marca para sentir intensamente as coisas e isso não foi diferente com você. Eu já te sentia, eu já te queria, só não era capaz de admitir. -A prefeita virou o corpo por completo o tendo de frente para sí. -Minha mãe sempre acreditou demais em tudo isso, e quando ela soube que eu havia sonhado com a minha alma gêmea logo deduziu que era você e por essa razão pediu para que me encontrasse na floresta, para que fosse você a ir atrás de mim. -Seus dedos se perderam nos fios loiros.
-Por que nunca me contou nada disso?
-Porque nos somos mais que duas marcas que se completam. Porque a tradição é linda, mas eu te amo além dela, e te desejo além dela, e te preciso além dela. Você é o meu Seule âme, você sempre vai ser, independente de qualquer tradição ou marca, por uma razão muito simples: Eu quero que seja. -Suas mãos o puxaram para si e com urgência ela o beijou, sendo correspondida com a mesma intensidade. Suas mãos se perdiam nos cabelos bagunçados, na barba por fazer, nas costas suadas... nele e em todas as partes que a pertencia.
Robin era quente, como um dia de verão, reluzia luz e vida, transmitia paz e fazia com que todos ao seu redor quisessem correr para o mar azul que carregava nos olhos. Fazia com que ela quisesse se perder naquela cor, se afogar em seu mar particular de todas as formas humanamente possíveis. Regina era em sua melhor descrição a fusão do outono no inverno, quando os dias começam marrons e terminam cinza. Carregava tempestades inteiras nos olhos, transitava por furacões, tsunamis e tempestades, poucos se arriscavam a encarar de perto, ele já havia se perdido e entendia finalmente o porque de tempestade ter nome de gente.
Robin a fez florescer da maneira mais pura e intensa possível. Ele estava disposto a viver uma vida inteira na geada assassina se fosse ela a dona de tal estação... E Regina foi mais, mais que uma tempestade interminável, mais que um inverno impiedoso, Regina foi flor, fincou raízes, derreteu-se junto a neve e com ela floresceu, porque era inverno, mas por sorte depois sempre vinha a primavera.
E assim foi capaz de finalmente entender  quem era ela. Entendeu que nem sempre teria sua primavera, as vezes ela seria verão e outras vezes inverno... Deixava suas flores caírem no outono e se rendia quando vez ou outra suas marcas se faziam presente lhe roubando um pouco de vida... Ainda assim voltada a florescer sempre que o via... E ele? Bom talvez ele não fosse só verão afinal, as pancadas da vida não permitiam que essa fosse sua única estação.
O dia amanheceu nublado o que não era comum naquela época do ano, o vento forte anunciava a chegada de um temporal e em dias como aquele tudo que desejava era permanecer em meio aos seus lençóis, perdida nos braços dele e ambos da maneira a qual ela se encontrava no momento, nua.
–Robin? -o barulho do chuveiro se fazia presente e a preguiça que dominava seu corpo a impedia de se levantar e juntar-se a ele. Longos minutos se passaram até o chuveiro ser desligado.
O corpo molhado, a toalha cobrindo uma pequena parte, os cabelos úmidos completando a paisagem... suspirou, como podia se sentir ainda mais apaixonada por aquele homem?
–Ja acordada? -seu corpo se aproximava do dela aos poucos e os olhos castanhos carregados de luxúria o comiam a distância. –Ainda é cedo morena. -Seus olhos caíram sobre o relógio que marcava “7:17”
–E por que o senhor está acordado essa hora? -ele ponderou um pouco antes de responder, havia se esquecido completamente de lhe contar o que iria fazer hoje.
–Eu tenho uma reunião em Cambridge as 10:00am.
–Assim do nada?
–São alguns assuntos da empresa, minha mãe não poderia vir resolver e bom é a 50 minutos daqui, me dispus a fazer. -um longo suspiro escapou dos lábios dela.
–Hoje?
–Uhum. -Seus olhos caíram sobre a janela e o temporal que ameaçava cair.
–Robin vai chover!
–Eu volto antes do temporal, vai ser rápido, eu prometo. -O descontentamento era visível em seu rosto, ele então a beijou rapidamente. –Eu preciso ir, é importante para Grace e os negócios, eu volto antes que você possa perceber.
A vida nos torna experiente. Nos ensina a obedecer às sensações e reconhecer o quão poderoso é o sexto sentido. O amor salva, mas é preciso ter sensibilidade para ser salvo.
–Robin, por favor. Eu não estou me sentindo bem. -ele ponderou. –Eu preciso de você aqui.
–Re -a gravata foi deixada de lado. –Eu vou estar a 50 minutos de casa, se você precisar eu venho correndo, mas eu realmente preciso ir, Grace nunca mais me pediu nada e eu não quero ter que dizer não agora.
–Eu preciso que você fique! -gritou. –Eu preciso. -derramou o fitando. –Eu não sei o porquê, eu só preciso. -Não queria sair daquela forma, as gotas de chuva já começavam a cair e se não fosse logo seria pego pelo temporal.
–Morena não faz assim, eu vou, mas volto logo. Prometo que se a chuva engrossar eu fico por um hotel e espero passar.
–Ok... -em passos largos ela seguiu para sacada. -Me liga quando chegar.
–Não vai me dar um beijo? -Seus olhos se encontraram e ela o abraçou. –É sempre assim, sempre que chove você fica assim, mas a vida não pode parar meu amor.
–Eu sei... é só a insegurança de sempre me roubando a lucidez. -ele a puxou para seus braços selando os lábios a deixando mais leve.
Leves batidas na porta os separam alguns centímetros, e logo pezinhos adentraram o ambiente. Benjamin com seu ursinho de pelúcia e o inseparável paninho de dormir, caminhou até o pai estendendo seus braços.
–O que faz acordado tão cedo filhotinho? -perguntou a mãe acariciando suas costas.
–Leitinho. -pediu sonolento.
–Vamos todos tomar café juntos então?

Câncer de mama, depressão, crises de pânico, ansiedade, perda de forças, motivação, vida. Lúpus.
Cada doença deixa sua marca, deixa sequelas, invado o corpo sem permissão, algumas se recusam a ir embora, ou te quebram por inteiro.
Já faziam meses desde sua “cura” seus resultados não podiam ter sido melhores, seu corpo havia saído inteiro, na medida do possível, ao final... mas e ela?
Os remédios na gaveta da cabeceira ainda incomodavam ... o risco de remissão secretamente a perturbava... e sua instabilidade permanecia tão presente quanto sempre esteve, mesmo que só gritasse em momentos como aquele.
Seu corpo nu repousava no centro da enorme cama de casal, teus olhos fitavam o teto branco e ela respirava fundo sentindo as lágrimas banharem seu rosto. Alguns acontecimentos nos tornam grandes, outros nos tornam pequenos. Ela se sentia minúscula. Seus dedos passeavam pela barriga lisinha e se perdiam em seu ventre... como não havia percebido?
–Oi meu amor... -sussurrou.
Os testes espalhadas pela cama gritavam o mesmo resultado. Nenhuma falha, nenhum não.
Já faziam dias que sua menstruação não vinha, dias que enjoos dominavam seu corpo junto ao sono excessivo e a mudança de humor gritante. Todos os seus sentidos estavam aflorados e gritavam na sua cara o porque daquilo...
A palavra “milagre” se repetia no teto branco aumentando mais ainda suas lágrimas. Não podia perdê-lo, não queria perdê-lo.
-Regina?!! -A voz de Camila e Zelena invadiram seu quarto e ela se arrependeu no mesmo segundo de ter ligado desesperada. –O que aconteceu?
–Positivo! Todos eles. -apontou para os teste. –Eu estou grávida!
–Aí meu deus!!! -gritaram
–Isso é incrível! Regina isso, aí meu deus. -A morena se jogou nos braços da amiga a abraçando.
–Eu nem acreditava ser possível... -sussurrou.
–E por que você está chorando? -Perguntou a ruiva, a mais nova desviou o olhar fitando qualquer coisa que não a fizesse derramar ainda mais lágrimas do que já havia feito.
–Eu posso perdê-lo. -sussurrou. –Posso perder o meu bebê. -derramou-se mais e mais.
–As chances de você engravidar eram mínimas, e aconteceu. Você tem ótimos resultados, faz acompanhamento, terá todo o suporte para levar a gravidez até o fim.
–Não é sobre suporte, Cam, é sobre meu corpo e o quão traiçoeiro comigo ele é. -Zelena foi aos poucos se aproximando e roubando a morena para si.
–Nos já passamos por tantas coisas, minha irmã. Eu entendo o seu medo, mas nos não vamos permitir  que ele te domine. Você vai ter o seu pequeno milagre em segurança, a salvo e nos estaremos aqui... -um verdadeiro sorriso surgiu em seus lábios. –E Robin, onde esta? Como reagiu a notícia?
–Ele ainda não sabe, saiu cedo. -um leve tom de descontentamento era perceptível, mas ambas mulheres decidiram não comentar. –Eu já vinha desconfiando a alguns dias, mas só tive coragem de comprar os testes hoje e enfim... - apontou para cama.
–10 testes de gravidez.
–13... -sussurrou. –Os outros estão no banheiro.
–Nos vamos ter um bebê!!!!
Zelena envolveu Regina em seus braços que envolveu Camila e assim caíram na cama sorrindo, que lindo presente a vida finalmente estava lhe dando, seria ela merecedora?
–Nos vamos ter um bebê... - sorriu sozinha ainda abraçada a elas.
–Eu vou ser a madrinha! -afirmou Camila ajeitando-se entre os travesseiros.
–Nos vamos!
–Madrinha? De quem? -A porta foi aberta e a respiração da morena acelerou.
–Que puta susto, Mary! -Sua mão permanecia no coração enquanto Zelena e Camila olhavam para porta em choque. –O que faz aqui?
–Vocês ainda não responderam a minha pergunta, madrinha de quem?
–Do meu bebê, eu estou grávida. -A força de suas palavras a impressionou. Estava grávida! Completamente dominada pelo amor que ela e Robin sentiam e que finalmente havia gerado uma vida.
–Isso merece uma comemoração!! -falou a mais velha juntando se as mulheres. –Vamos todos ao café comer e aproveitar o dia juntas, o que acham?
–É uma ideia fabulosa!
–Eu não sei, não contei ao Robin ainda e não quero comemorar sem ele.
–Talvez esse segredinho possa ficar só entre nós, mas ainda assim podemos passar o dia juntas. –Sugeriu Camila.
–Comemorando secretamente. -Piscou a ruiva fazendo a morena revirar os olhos mas concordar logo em seguida.
–Vocês venceram -sorriu. –Eu só preciso pedir que a babá acorde meu filho e troque ele.
–Eu faço isso! -se prontificou Mary saindo do quarto logo em seguida.
A ameaça de chuva havia ido embora e um princípio de sol ganhará o céu. Eram quase 11:00 quando as irmãs Mills atravessaram a porta do requisitado café chamando a atenção de todos para si. Camila vinha logo atrás admirando a cena e rindo do impacto que elas causavam sempre que estavam juntas. A mesa do fundo se encontrava vazia e para lá as mulheres se dirigiram. A garçonete logo veio recolher seus pedidos e a conversa fluiu leve, descontraída como acontecia sempre desde que Regina voltará a ser quem era.
–Nos decidimos ter um bebê também. -comentou Mary. –Neal está grandinho, e eu quero outra menininha. David adorou a ideia e bom estamos praticando desde então. -As garotas gargalharam deixando a mais velha vermelha como nunca.
–Xiiiu! Olha quem vem aí, vamos mudar de assunto ou até o fim do dia StoryBrooke inteiro está sabendo sobre minha gravidez. -segundos mais tarde a matriarca  juntou-se a elas sorrindo.
–Meus tesouros todos juntos, que coisa mais linda!
–Mary foi me visitar e Zelena e Camila já estavam por lá, decidimos vir para cá então.
–Podíamos almoçar todos juntos então? Eu e o pai de vocês iríamos amar. -As Mills se entreolharam e não acharam uma desculpa boa o suficiente para que pudessem negar aquele convite. –Ótimo, vou ligar para ele.
–Ela está diferente. -Afirmou Zelena. –Viram o sorrisinho de lado? Não gostei.
–Mamãe é assim mesmo, Zelena. Não fique criando caso. -a ruiva ignorou o comentário da irmã mais velha e continuou a observar Cora de longe.
Transformação.
Transição.
Mudança.
Épocas do ano.
Dias, semanas, meses.
Isso muda a gente, felizmente.
Todos ali passavam por mudanças, haviam se rendido ao tempo e a vida e decidido vivê-la da melhor forma possível. De uma forma ou de outra Regina havia lhes dado coragem de arriscar, de querer, de mudar. E mesmo sem que percebessem todos a sua volta haviam mudado de estação. Alguns viraram outono, outros inverno... Zelena sem sombra de dúvidas continuava verão. Cora florescia aos poucos e timidamente. Mary, junto a Regina, havia saído do outono dos dias regados a regras, horários e papéis, era finalmente flor e florescia lindamente. Emma e Killian criaram asas quando perceberam que ali não poderiam mais se expandir, levaram consigo seu pequeno presente mas com a promessa de voltar sempre que fosse primavera outra vez.
–Dona Zelena? -A funcionária de curtos cabelos vermelhos interrompeu a conversa se sentindo sem jeito, mas o que podia fazer? Era urgente, ela sabia.
–Sim?
–Há uma pessoa ao lado de fora querendo falar com a Senhora. -A ruiva fitou a empregada intrigada.
–Quem? Algum nome? -Ainda sem graça sussurrou.
-Srta. Ruby. -um frio percorreu sua espinha ao ouvir aquele nome, e o arrepiou não havia atingido somente ela.
–É... obrigada. -Assim que Nanci se retirou Zelena encarou Regina que encava a ela e a Camila que permanecia em silêncio. –Eu já volto. -respondeu trêmula e sem olhar para os lados seguiu para fora.
–Ela nem olhou pra mim ou me perguntou nada. -cuspiu as palavras.
–Ela está em choque.
–É eu também.
–Cam...
–Elas nunca mais conversaram desde que a ex foi embora deixando apenas um bilhete, como você quer que eu me sinta? -A raiva era palpável em sua voz e ela se odiava por isso.
–Não sofra por antecedência, ok? Por favor.
Zelena não sabia ao certo qual era o pé esquerdo ou qual era o direito, qual perna deveria usar e se estava parecendo uma idiota pensando nisso. Assim que a porta do café fechou atrás de si seus olhos caíram sobre os de Ruby e o coração acelerou de uma forma completamente diferente do que costumava acelerar.
–Zelena...
–Ruby. -Dois Passos a separavam, algo menos que isso era perigoso demais. –O que quer?
–Nos precisamos conversar, e eu queria dizer que vai ser rápido, mas não vai. -seus dedo tentaram toca-lá mas a ruiva se afastou assustada. 

–Eu não esperava a sua visita, precisa ser hoje? Eu estou... -Ela a interrompeu 

–Eu não tenho mais forças, e não sei se em outro dia terei coragem para isso... -Zelena se calou deixando que a mulher continuasse –Eu passei dois anos da minha vida me culpando por ter ido embora daquela forma, por ter abandonado você e o seu filho. Me culpei por não ter me despedido e principalmente por jogar fora um casamento, um amor como o nosso.
–É eu me senti culpada também... mas a culpa nunca foi minha, e agora eu sei.
–Não, nunca foi. -seus olhos se encheram de lágrimas, mas continuou. –Zelena Eu te vi no casamento de Regina, te vi com aquela morena que sempre está com você e com o seu filho. Fiquei me perguntando o que ela era sua e se você já havia me esquecido... - o silêncio veio. –Eu não vim aqui atrapalhar a sua vida, eu vim aqui te pedir uma chance, eu quero você de volta na minha vida, eu quero ser sua amiga de novo, eu preciso. Eu sinto falta da sua família, do café, das nossas conversas. -engasgou ao perceber que falava sem pausas e tentou inutilmente conter as lágrimas. –Eu amo você e por essa razão preciso de você na minha vida. E eu queria muito que você precisasse também de mim. -longos minutos se passaram em silêncio. –Eu sei que posso estar pedindo demais, mas não da pra continuar vivendo assim.
–Eu amo você, Ruby. Eu sempre vou amar você e nada tem a ver com desejo ou paixão. Eu amo você porque a gente não deixa de amar quem ama. Eu passei muito tempo questionando porque você havia ido embora, nos falamos tanto sobre ter filhos no começo que para mim essa era uma questão resolvida. Eu te culpei por ter ido embora quando eu mais precisei, te culpei quando Theodoro chorava e eu não sabia o que fazer e só queria o apoio de alguém. Te culpei no primeiro dia de aula, em que ele estava super animado e eu chorava. Me culpei nos braços da minha irmã, da minha mãe, e da mulher que, hoje, eu amo. Mas não existe mais culpa, não da minha parte. -um passo foi dado e assim seus dedos alçaram o rosto da mulher limpando suas lágrimas. –Eu amo você, mas eu não estou pronta para te ter na minha vida.
–Eu sinto tanto...
–Eu também. -Seus braços envolveram-na e juntas choraram tudo que sentiam. –Se você precisar de um emprego as portas do café estão abertas, eu trânsito entre Boston e StoryBrooke o tempo inteiro, então não será um problema. Mas Camila está sempre por aqui... eu não quero que seja um problema para você...
–Nem pra ela. -sublinhou.
–Muito menos para ela.
–Você a ama, Zelena? Mais do que me amou? -Um logo suspiro escapou de seus lábios. –Você não precisa me responder.
–Eu não tinha a resposta até agora. Mas quando eu te vi percebi que meu coração não acelera da mesma forma. -sorriu. –Eu não sei medir amor, Ruby, mas eu sei que a amo com todas as minhas forças. E sim, hoje eu a amo mais do que amei Você. -Os braços da ruiva a soltaram e com um breve sorriso ela se despediu. –Eu preciso ir, está todo mundo aqui, é um dia importante.
–Eu não sabia... não queria incomodar você.
–Não foi incômodo algum.
A morena ganhou estrada sem olhar para trás enquanto a ruiva a seguia com o olhar contendo toda a agonia e ira que sentia. Seu corpo se virou na direção do café e adentrou um pouco atordoada. O que havia acontecido ali? Puta merda.
–Zel? -chamou Regina. –Você está bem?
–Sim, tudo ótimo. -seus olhos caíram na cadeira onde Camila estava e se assustou ao não vê ela ali. –Onde ela está?
–No banheiro. Ela veio um pouco antes de você entrar.
–Puta merda!! Ela estava ouvindo a minha conversa? -Mary balançou a cabeça em afirmação.
–Talvez uma parte dela. -sugeriu Regina. –É melhor você ir atrás dela.
Nunca, em nenhum momento de sua vida havia sentido tanto medo como naquele momento. Sua mão suava e seu coração pulsava acelerado, sem permissão alguma, apenas a lembrando quem era e o que sentia.
–Você não precisa se explicar. -jogou a toalha que secava o rosto na pia a fitando pelo espelho. –Eu vou pegar as minhas coisas e sair da sua casa o mais rápido possível.
–Camila...
–Você deveria ter me avisado que só queria sexo, que eu não deveria me envolver! Que quando a sua mulher resolvesse voltar era com ela que você ia ficar! -gritou com toda a raiva que possuía fazendo com que todas as paredes do café a ouvisse.
–Isso é um absurdo! -gritou de volta.
–Você disse que a ama. -cuspiu. – “Eu amo você, eu sempre vou amar você” -repetiu as palavras em prantos.
–Camila não foi nada disso que você entendeu. 
–Então você mentiu pra ela?
–Não, Eu não menti, eu a amo. -antes que pudesse controlar suas ações a morena levantou a mão e a fechou no rosto da ruiva. Zelena a olhou chocada, não esperava, mas entendia. Seus braços voaram em direção aos dela a prendendo contra a parede. –Me larga!
–Não, agora você vai me escutar! Eu entrei nessa jornada sabendo que não era o amor da sua vida, sabendo que você amava Lauren e que nunca deixaria de amar, porque amor não acaba, Camila. E você sabe disso mais do que eu. -Os olhos da morena se encheram de lágrimas. –Eu a amo, Camila. Amo porque não se deixa de amar alguém que a gente ama. Eu a amo porque a amei durante anos, porque ela foi a minha família, porque ela fez parte da minha história.
–Eu não quero ouvir!
–Mas você vai! -a segurou com mais força. –Eu a amo, mas não a desejo, não mais. Meu coração continua acelerando quando a vejo, mas não da forma que acelera quando eu vejo você. Eu não vou dizer que amo ela, mas amo mais você. São amores diferentes, são momentos diferentes. Eu estou com você, eu quero você, eu preciso de você. -as lágrimas da morena caíram –Eu não estava me declarando para Ruby, eu estava a reencontrando depois de longos dias, eu estava a ouvindo pedir para ficar na minha vida e lhe explicando que eu a amava, mas que agora não conseguia. Porque faz pouco tempo que eu parei de tentar encontrar culpados e simplesmente voltar a viver... e eu não estou preparada ainda, você entende? -ela confirmou ainda desnorteada. –Casa comigo?
–Que?
–Casa comigo! Sem pensar, sem tentar entender, só casa comigo.
–Zelena não é assim, a gente não pode brigar e você me pedir em casamento!
–Eu achei que as coisas haviam ficado claras entre nós.
–E ficaram!
–Você me ama?
–Você é o amor da minha vida...
–Então casa comigo.
Silêncio
Silêncio
Silêncio
–Zelena? Camila? Henry chegou e o almoço está pronto. -Zelena soltou a morena e seguiu a mãe até o salão. –O que raios aconteceu com vocês duas?
–Nada, ela já está vindo. -Regina fuzilava a irmã que apenas ignorou o olhar e se sentou no lugar onde estava, não demorou muito para que Camila se juntasse a mesa e o almoço fosse enfim servido.
Família... Em algum momento do passado, talvez a 32 capítulos atrás eles roubaram a cena, se emocionaram, compartilharam histórias, se permitiram. Em algum momento, e eu não saberia dizer o qual eles ganharam merecimento. Eles que partiram a deixando só, acreditando em sua melhora, mas duvidando que saberiam viver com as escolhas dela. Os mesmo que voltaram sem se preocupar com o rumo que as coisas levavam, que reivindicaram o direito de fazer parte, de estar presente, eles se olhavam. As olhavam e pensavam qual o melhor jeito de terminar de nós apaixonar ainda mais por eles.
–Eu vou viajar! -Anunciou Henry ganhando a atenção de toda a mesa. –Vou passar um tempo na América do Sul, recebi o convite duas semanas atrás, e estou empolgadíssimo. -o sorriso estampava lhe o rosto e a mesa parecia surpresa com tal declaração, menos ela. –Partirei em poucos dias, mas serão apenas meses, logo estou de volta.
–Isso é maravilhoso pai! Vai te fazer muito bem, tenho certeza. -comemorou Mary.
–Você falou a frase inteira no singular. -interrompeu Regina. –Vai sozinho?
–Sim, ele vai. -Respondeu Cora. E a discussão na mesa começou desenfreada, mas não eram elas meninas crescidas? Em que momento as mulheres do papai voltaram a ser apenas garotinhas?
–Chega! -gritou Cora. –Parem de fazer cena estamos no meio do café.
–Por que a senhora não vai junto? -perguntou Zelena. –Papai não pode sair mundo a fora sozinho.
–Eu vou para Boston. -silêncio, de choque, de descrença. Silêncio, nada mais que silêncio... silêncio esse que gritava mais do que a discussão de minutos atrás. –Nos decidimos que dariamos um tempo em nosso casamento... Henry vai para América do Sul e eu para Boston.
–Eu não estou acreditando! Como assim dar um tempo? Vocês têm quantos anos?
–Zelena isso não está em discussão -Respondeu o mais velho já impaciente. –Eu não estou pedindo para ir viajar, estou lhes comunicando que irei, que eu e sua mãe ficaremos separados por tempo indeterminado, e que em breve voltarei para cá sozinho.
–Você tem outro? -perguntou Mary a mãe, a ruiva gargalhou.
–Outra. -Respondeu –Sim, eu estou indo atrás de alguém, não eu não trai o pai de vocês, antes de qualquer coisa, crianças, nos somos amigos. Henry é sim a minha alma gêmea, mas isso é tão amplo quanto já expliquei a cada um de vocês. Nossas almas se pertencem e eu o amo, assim como ele me ama. Nossa amizade não acabou, nosso respeito também não e permaneceremos casados no papel...
–Mas alguns amores precisam ser vividos independente da idade que temos. -continuou ele. –E sua mãe merece viver essa chance. E como sua alma gêmea eu não poderia privar-lhe disso.
O silêncio mais uma vez protagoniza a cena, Regina pouco havia se pronunciado, Zelena se sentia enganada, Mary não havia entendido nada, Camila os admirava e eles... bom eles corriam contra o tempo, esse mesmo que tanto nos fez sofrer nos capítulos anteriores e que continuava roubando a vida, os momento... mostrando que tudo vira memória, e que felizmente se quisermos aos 18, 32, 45 ou 60 devemos correr contra ele.
–Bom já que todos estão fazendo anúncios importantes hoje eu também tenho um. -O silêncio fora quebrado pela voz da morena fazendo com que todos a fitasse. –Eu e Zelena vamos nos casar. -o garfo caiu da mão da ruiva que achou ter entendido errado. Mary engasgou enquanto Cora e Henry comemoravam a notícia.
–Vamos mesmo? -perguntou cheia de inseguranças.
–Vamos!
A tarde cai e com ela os raios voltam a ganhar o céu, aquele verão chuvoso não era comum por ali, secretamente lhe angustiava, estações como aquela não mereciam a instabilidade de uma tempestade só o sol deveria ser comtemplado, e naquele dia ele nem se quer havia aparecido como merecia.
–Como você está querida? -A voz de Cora invadiu o ambiente e Regina sorriu. –Você pouco falou durante o almoço, algo lhe preocupa? -sorriu.
–Muito pelo contrário...
–Você está diferente, Regina, eu te conheço muito mais do que tu pensa. -sorrindo ela dirigiu-se a mãe sentando na beirada da cama.
–Você irá atrás de Grace, não é? -A pergunta a pegou de surpresa, talvez Regina a conhecesse tão bem quanto ela a conhecia. –Sei que sim, não precisa responder.
–E o que você acha disso?
–Acho que ir é nunca mais voltar... -seus olhos voltaram a se perder. –E tudo bem, se essa for a vontade do seu coração.
–Eu amo seu pai.
–Eu sei, ele sabe. Mas você a ama um pouco mais.
–Um pouco mais. -sorrindo Regina a abraçou forte. –Você reluz luz como nunca antes, Robin ficará radiante.
–Não tenho dúvidas.
–E então, o que te preocupa?
–O de sempre, mas Zelena me mandou não pensar, e ela tem razão eu darei o melhor de mim nisso e transformei os 10% de chance em algo real. -as mãos da mais velha se encontraram com o ventre dela. –Algum palpite?
–Aquilo que teu coração deseja. -sorrindo ela se afastou.
–Eu detesto seus enigmas.
–E eu o teu sarcasmo. -Gargalhou. –Felizmente temos que lidar com isso meu amor.  -Cora abraçou a caçula a prendendo naquele laço pelo máximo de tempo possível, Regina lhe passava segurança, força... a morena sentia o mesmo.

Minutos mais tarde se encontrava sozinha outra vez, o silencio predominava o ambiente e algo em seu peito gritava, ela só não sabia decifrar aquela pulsação desregular, aquele aperto no peito. Tanta coisa havia acontecido, tanta coisa estava para acontecer, mas nada que justificasse aquele misto de sensações que a havia dominado.  

–Mom?

–Oi meu amor, vem aqui com a mom. -Em passos desenfreados o menino seguiu em sua direção se jogando nos braços dela se aninhando a morena. –Eu não quero que você cresça, porque algo que diz que você deixará de ser o menininho da mamãe. Me promete que nunca deixará de ser meu pequeno? -Os olhos verdes a fitava risonho e ela o apertou ainda mais em seus braços.

Regina continuou divagando por minutos a fio, Benjamin permanecia a olhando encantado e sorrindo todas as vezes que ela o olhava. Seu pequeno presente que mal cabia em seus braços, seu pequeno milagre ainda tão pequeno ao ponto de ser imperceptível. Sorriu para ambos, não haviam palavras para dizer o quanto se sentia agradecida por eles.

Benjamin adormeceu pouco tempo depois agarrado a ela.

A chuva começara fraca e aos poucos ganhava força, uma linda tempestade invadia a noite e como dissera essa não seria a primeira a lhe atingir naquele dia.

–Foi um prazer. SR. Lockesley. -Robin estendeu a mão em direção ao homem o cumprimentando da mesma forma. –Não gostaria de ficar para o jantar? Logo a chuva vem e a estrada não é das melhores. -ele sorriu agradecido, mas logo negou.

–Eu preciso voltar para casa, não é a primeira tempestade que eu enfrento hoje. -O senhor não questionou e assim ele seguiu para fora do grande edifício. O dia havia sido extremamente produtivo, mas lamentava com todas as suas forças não ter cedido, não ter ficado um pouco mais, não ter remarcado e simplesmente aproveitado aquele dia com ela, com eles.

Assim que o carro foi ligado seu telefone tocou: Grace. Ele ponderou um pouco antes de finalmente atender.

–Sim?

–Oi filho, como esta?

–Voltando para casa.

– Oh... você foi na reunião então. -ele revirou os olhos, sua mãe não perdia o jeito.

–Sim, mãe, eu fui. -Ela sorriu do outro lado da linha e ele a acompanhou, ainda que lentamente a relação que estavam mantendo havia se tornando um pouco melhor, um pouco mais tolerável. – Mãe eu não posso falar agora, vou pegar estrada. Mais tarde conversamos sobre o que foi decidido e como as coisas fluíram.

–Boa viagem, eu amo você.

O veiculo ganhou estrada e junto a ele Robin se fundiu a tempestade, sentindo toda a sua fúria. A chuva caia com força, os raios iluminavam o céu, exibindo a todos sua força, seu esplendor. Mas nem sempre o belo deve ser apreciado tão de perto, a tempestade era bela, mas todos aqueles que a enfrentavam acabavam se perdendo da  pior ou da melhor forma possível.

A estrada era um completo breu, os faróis pouco iluminavam e ali, ele sentia que percorria um caminho sem fim... E com todos esses sentimentos a flor da pele acelerou, acelerou como nunca, procurando uma saída, procurando por ela, em cada gota, em cada raio, na beleza daquele fenômeno da natureza.

E no auge da vontade de não ter saído, e sendo corroído pelo tempo que faltava para chegar, ele se perguntou se conseguiria voltar.

A luz veio da forma mais intensa possível, e não como uma saída lhe mostrando o caminho de casa, a luz veio aumentando o caminho o deixando ainda mais difícil.

E assim como ele caia, ela o sentia.

A colisão do carro com o caminhão fora intensa, a ultima coisa que Robin vira antes do carro capotar fora os faróis altos do veiculo e um grande nada após aquilo. Inconscientemente sua mente busca por ela, por segurança, por socorro. E ela... ela o sentia.

A tontura a dominou e antes que pudesse se segurar seu corpo caiu no chão do quarto desfalecido. Tudo era cinza outra vez ela só não sabia disso ainda.  Aquela era a primeira vez que a ligação que tinham se fazia presente daquela forma, nunca antes nenhum sentimento ou dor do outro os abalou com tamanha intensidade, com tamanha verdade... Não haviam explicação, era isso que significava se pertecem, se sentir, se ter. Quando uma alma está prestes a perder um pedaço a dor se torna insuportável, o corpo não é capaz de aguentar tal ligação, ele simplesmente se entrega. 

 

A notícia do acidente  se espalhou como um furacão, devastou a cidade inteira que inevitavelmente se compadeceu ao descobrir quem era a vítima mais atingida. Não demorou até que todos os Mills se encontrassem na porta dela. O telefone só tocava, a porta da mansão estava trancada, as luzes apagadas e nenhum sinal de que Regina estivesse por lá.

–Ela já está sabendo? -perguntou Mary na entrada.

–Creio que não, ela não está no hospital, não me ligou, ela simplesmente desapareceu. -Respondeu preocupada. –Eu vou arrombar esta merda! -bateu com força na madeira. -Regina!!! – gritou até sentir su garganta doer e as lagrimas descerem com força por seus olhos, sentindo o desespero tomar-lhe o corpo.

–Zelena você não pode se desesperar. -sussurrou a abraçando. –Nos precisamos continuar fortes por ela. Nós precisamos encontrá-la. -Cora passou como um furacão por entre eles forçando a maçaneta e finalmente abrindo a mansão. Zelena não olhou para trás, ou ponderou um segundo sequer antes de invadir todos os cômodos que achou ser possível ela estar. E por fim se permitiu cair ao seu lado a abraçando com força tentando proteger ela do que quer que houvesse acontecido. 

–Zelena Você...? -Com a morena nos braços a ruiva se levantou e encarou Camila em silêncio, elas não precisavam de palavras e naquele momento agradeceu por isso. –Então ela já sabe? 

–Não sei... -As palavras saíram cortadas e engolindo seco ela continuou. –Vamos para o hospital. -sussurrou para Camila. -Ela está grávida e não sabemos a gravidade da queda ou como ela está. -A morena apenas concordou. 

–Eu vou pegar Benjamin e deixá-lo com Mary e seguimos juntas, ok? -acenando a ruiva desceu as escadas ignorando os questionamentos de todos sendo seguida por Camila. –Mary Eu preciso que você fique com ele, com Theo e Emmy, a babá logo irá embora e eu não sei quando vou poder voltar. -A mais velha concordou de imediato passando seu braço pelo corpo da criança que logo se ajeitou a ela completamente alheio a tudo que o cercava. 

–Nos mantenha avistados. -Pediu David e assim a porta da frente foi batida. 

–Nos vamos ao hospital também, se Regina acordar ela precisará de mim e de Henry. Eu ligo para vocês mais tarde. 

 

Sofrimento: 

“2 - Conter-se; reprimir-se; dissimular o sofrimento.
3 - Suportar, padecer com resignação e paciência; tolerar. “ –Aurélio 

Vazio: 

“1- que não contém nada (ou contém apenas ar) ou quase nada. 

2- em que não há ou há poucos ocupantes ou frequentadores.” –Aurélio 

Despertar: 

“1- regência múltipla
fazer sair ou sair do sono, do estado dormente; acordar, espertar."o ruído despertou a criança"

2- transitivo indireto bitransitivo e intransitivo
fazer sair ou sair do estado de torpor ou de inércia; fazer readquirir ou readquirir força ou atividade; espertar.” –Aurélio 

Felicidade:

“1-qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar.
2- boa fortuna; sorte.” –Aurélio. 

Amor: 

“ Nenhum dicionário lhe fez jus, então deixaremos sem explicação.” –V.R

 

Em algum momento de sua vida havia sido sofrimento e então simplesmente deixou de ser se tornando vazio, um completo nada onde apenas um corpo habitava, mas que a protegia de tudo que realmente sentia. E longos dias de vazio se foram quando ele chegou e a despertou em primavera, e a primavera veio com força a fez florecer, a tocou e lhe apresentou a mais pura das felicidades... E de tão feliz que foram se tornaram amor. 

Mas uma vez ele lhe disse que essa era a única certeza que se tinha, a morte e o amor. Ele sabia que juntos viveriam esse sentimento da forma mais bonita e intensa possível... só não esperava que a morte  viria cobrar seu preço tão inesperadamente em um início de verão. 

Seus braços envolviam a irmã com toda a força que possuía em seu ser, ela estava caindo no abismo outra vez, e ele não estava lá para segura-la, ninguém estava, ninguém mais conseguiria. 

Doía como o inferno, doía como nunca tinha doido antes, a quebrando  em milhões de pedaços outra vez. 

–Ele não morreu, Regina. -olha pra mim. –Ele não morreu. 

23 de junho, era início de verão, sua estação. O sol brilhava do lado de fora e ele do lado de dentro... essa era a regra que eles tinham... como sobreviveria aquela estação?

 Era verão mas infelizmente o sol não reinava todos os dias. 

A notícia veio poucos minutos após ter acordado em uma sala branca diferente de onde se lembrava de estar quando desmaiou.  A notícia veio dos lábios da irmã e no instante seguinte se sentiu cair. Os médicos nada diziam, o tempo era cruel como sempre e ela caia. 

Caia

E caia. 

–Ele não pode me deixar, ele prometeu que não iria. 

–Ele não vai. -garantiu a ruiva. 

–Não vai, ele não vai. 

Seu corpo se rendeu ao desespero e as lágrimas e ela chorou como nunca, chorou até se sentir vazia, chorou como se já o tivesse perdido e talvez ela soubesse que o tinha.

A madrugada se foi, o dia veio e com ele breves notícias. 

–Ele está na UTI em coma, o caso é grave mas nos estamos fazendo o possível. 

–Eu preciso vê-lo! -Suas mãos se agarram ao médico. –Onde ele está? Eu preciso vê-Lô! 

–Sra. Lockesley Eu sinto muito...

–Eu não quero saber, eu preciso ver ele. -todos o olhavam apreensivos, nenhum deles achava uma boa ideia, nenhum deles iria a impedir. –Eu estou grávida, ele não sabe, ele se quer sabe que vai ser pai! -as lágrimas vieram. –Ele está indo embora no início da estação, ele é o meu verão, como pode fazer isso comigo?... -se perdeu. – Eu sinto muito Dr, mas com ou sem a sua permissão eu vou entrar. -Ele a olhou, os olhou e cedeu.  

–15 minutos, nada mais. Nos queremos o mesmo, Regina. Mas para isso todos precisam colaborar, venha comigo. 

As paredes brancas e vazias daquele lugar doíam-lhe a alma, a dor por trás delas lhe doía... mas essa era a vida se fazendo presente, se juntando ao destino e mostrando a todos eles que não era só o tempo capaz de roubar-lhes algo. 

O Dr pediu o máximo de silêncio possível ao deixar-lá sozinha. 

–Você disse que voltaria logo para casa -sussurrou próximo a ele evitando toca-lo. –Eu tinha tanto para te dizer, passei a tarde com a nossa família mas só pensando em você, na gente, no nosso filho, no futuro... E eu ainda não descobri como te dar a notícia mais importante das nossas vidas. -seus dedos tocaram os dele. –Eu preciso de voce, Robin. Como eu preciso do ar para respirar. Eu sinto a sua falta, e fazem menos de 24 hrs que nossos lábios se encontraram pela última vez... -sua voz se perdia junto à ela. –Nos fizemos tantas promessas, meu amor. Nos não cumprimos nem a metade... Os médicos disseram que seu estado é crítico, mas eu acredito sabe? Acredito que o amor salva e eu vou salva você. Eu vou te dar todo o meu amor e eu vou salvar você. Nos vamos. -seus dedos foram de encontro ao seu ventre. –Sim, nos... eu, Benjamin e o nosso bebê. Sim, meu amor, eu estou grávida... eu fiz inúmeros teste assim que você saiu, eu me senti apavorada e então pensei em você e em todo o amor e apoio que me daria e o medo se foi, e é esse amor que eu vou te dar. Eu vou cumprir as nossas promessas, eu vou te amar além desta vida, eu vou te segurar agora que você está caindo... eu vou gritar o quanto eu quero, o quanto preciso que você fique, você prometeu que ficaria, lembra?

–Regina?

–Eu vou voltar. – O soltou. – Logo meu amor. 

Regina correu pelos corredores do hospital e ignorou qualquer um que gritava seu nome, seu corpo caiu sobre o banco do carro e ela saiu desenfreada pela estrada, parando em frente à casa deles. Seu corpo não a obedecia, ele não queria, ele não merecia entrar outra vez ali, sozinha. 

A porta bateu e ela seguiu escada a cima em silêncio, passou direto por seu quarto e adentrou o único lugar que a deixaria em paz naquele instante. 

As tintas espalhadas lhe roubava um mero sorriso, algumas telas não haviam sido finalizadas seus dias eram sempre uma correria o ela nem sempre conseguiu ajustar suas vida, sua rotina, sua família só vivia e nem sempre vivia tudo, mas essa era a graça de se ter outro dia e o reviver da forma que achasse melhor. Aquelas paredes que conheciam-na tão bem... sentou-se ao chão e mergulhou a mão no pote de tinta. 

Seus dedos se perderam em um quadro em branco o manchando de cores e deixando com que seus sentimentos voassem para  fora. E fora assim pelos meses que se seguiram. Benjamin passeava por entre as telas lhe trazendo o mínimo de alegria. Os desenhos não mudavam, as cores não mudavam, ela não mudava, ele não mudava e os meses continuavam a passar. 

Junto a si sua barriga crescia, o filho ganhava força, leva dava forças. 

–Eu ainda não descobri o sexo, queria que se fosse menina chamasse Lauren em homenagem a sua irmã, e se tivermos outro menino nada me parece mais justo que ele leve o seu nome... o que me diz? -seus lábios se juntaram aos dele, a resposta continuava a não vir... –Nos estamos esperando por você meu amor. 

O ar lhe sufocava, sua casa a sufocava, as pessoas, os dias, as sensações... sempre a havia sufocado. A cidade não lhe era mais um lar, sua casa não eram mais paredes, e essa casa se encontrava longe demais de seus braços, nada ali fazia mais sentido, nada a trazia paz. 

–Nos vamos embora, eu vou transferir Robin para outro hospital, nos vamos embora. -comunicou a decisão a primeira pessoa que havia encontrado a vomitando para fora sem nenhum vestígio de dúvida.  

–Regina você está grávida, você não pode simplesmente ir embora. 

–Eu não posso mais ficar aqui, nos não vamos superar isso aqui, Robin  não vai voltar para mim aqui. -queria gritar o tudo que sentia, queria fazer eles entenderem que ficar ali era voltar ao passado e a ser quem era, a se entregar ao cinza a falta de sentido ao vazio. –Eu sinto muito, Camila, mas o que essa cidade te deu ela roubou de mim. As estações continuam a passar e eu permaneço no inverno... nos precisamos de uma vida, seguir em frente. 

–Eu acho isso uma loucura... mas se é isso que voce quer, você tem todo o meu apoio. 

 

A mudança aconteceu antes do final do outono, Regina beirava os 7 meses e já sabia o que era o presente que carregava. O tamanho que a casa precisaria ter, como era a nova cidade, o hospital e a distância entre ele e sua casa. Administraria o café de Camila assim que ganhasse bebê, e assim a vida se seguiria, da melhor forma, da única que ela era capaz de lidar. Robin apresentava pequenas melhoras e havia sido transferido para o melhor hospital daquela região. Eles não lhe enchiam de esperança, mas ela sentia que aquele não era o fim. 

 

5 anos depois, 20 de março. 

 

Seus pés se afundavam na areia, era fim de tarde e o Sol se punha glorioso. O começo da primavera era sempre sua época preferida. Era engraçado como a praia havia voltado a lhe trazer boas sensações, e como não queria e nem podia mais fugir de quem era, da mulher que havia se tornado, do passado que havia vivido, de seus erros e suas cicatrizes. Todos eles lhe trouxeram até aquele momento, e gratidão era tudo que sentia. 

–Lauren! Desce daí. -gritou a alguns passos da menina. –Benjamin ajuda sua irmã por favor. -o menino correu e antes que a pequena caísse da pedra a agarrou. –Hope Você não pode correr sozinha por ai. -A criança a olhou sapeca. 

–Desculpa Mommy... -Respondeu Lauren ao se aproximar da mais velha. 

–Eu não estava sozinha, Mommy. -disse Hope. 

–Oh não? -balançou a cabeça.

–Papai estava comigo. -sorriu. –Ele sempre esta. 

A única maneira de suportar a dor é sentindo ela por inteiro, se permitir sofrer, chorar, gritar, se entregar e por fim seguir em frente. A dor nos torna mais humanos, mais fortes, mais capazes. Cada um é o que é pelas cicatrizes que carrega no corpo e na alma. Tua batalha é tão importante quanto a de qualquer um, tua dor é só tua e ela te torna quem você é. Não há um inimigo nessa história, um alguém mais forte, mais fraco, melhor ou pior. Porque é sobre amor, sobre perdão, superação e todas essas coisas salvam. 

“Floresci em você na mais bela primavera, com a brisa no meu rosto e o sol a aquecer meu coração. Era tudo que eu tinha para dar e eu dei na sua mão. Pétala por pétala, amei-te como numa canção, me encantei até com seus defeitos, derreti-me em carinho por cada um dos seus trejeitos. Era apenas uma flor no meio de toda a primavera, mas eu juro, aquilo era tudo que eu era e dei-me à você pétala por pétala. Não era a minha intenção ter espinhos e sinto muito se te machuquei, algumas flores exigem mais cuidados que outras, ainda mais as flores de verão. Mas era primavera e aquilo era tudo que eu era, peço desculpas por só ter durado uma estação.” _  Spring Awakening 
 

 

Eu vou te amar como se eu fosse te perder 
Estávamos andando sob a luz da lua e você me puxou para perto
Um segundo e você desapareceu e então eu estava sozinha

Acordei em lágrimas, com você ao meu lado
Um suspiro de alívio e eu percebi
Não, o amanhã não nos é prometido

Então eu vou te amar como se eu fosse te perder
Eu vou te abraçar como se eu estivesse dizendo adeus
Onde quer que estejamos, não vou te ter como garantido
Pois nunca sabemos quando
Quando ficaremos sem tempo
Então eu vou te amar como se eu fosse te perder
Eu vou te amar como se eu fosse te perder

Num piscar de olhos, uma tragada
Você pode perder tudo, a verdade é que você nunca saberá
Então eu vou te dar um beijo longo, amor, em qualquer chance que eu tiver
Eu vou aproveitar ao máximo os minutos e amar sem arrependimento

Então vamos usar nosso tempo para dizer o que quisermos
Usar o que nós temos, antes que tudo se vá
Não, o amanhã não nós é prometido

Então eu vou te amar como se eu fosse te perder

Eu vou te amar como se eu fosse te perder

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Chegamos ao fim, ou quase. Eu ainda tenho um prólogo para ser postado e com ele um entendimento maior deste final, pra isso gostaria de pedir a vocês que lessem novamente o epílogo vai ser bem preciso mas com um pensamento positivo mais envolvido.
Eu espero de coração que vocês tenham gostado, que vcs tenham sentido eu dei o meu coração pra vcs nesse final e eu estou muito grata por ter chego até aqui, por todos vocês que leem e que se sentem tocado.
Estou aberta a todas as críticas que viram, eu sei que alguns de vcs não vão entender o porque, mas eu prometo explicar com calma tudo. Vou deixar o meu Twitter para quem quiser conversar, criticar... hsushsushsu eu ganhei um desenho muito bonito de uma representação da Regina e cara é tão legal perceber o quanto todo mundo se sente um pouco em Essence, fiquei radiante.
Essence pra mim nunca foi só sobre amor entre um casal, Essence era sobre Regina, sobre mulheres, sobre a superação dela com ela, e de como o amor salva. Eu escolhi seguir esse caminho, eu escolhi não trazer viloes, amantes ou enredos cheios de adrenalina. Eu escolhi falar sobre sensibilidade, sobre sensação, sobre superar, acreditar. Eu escolhi protagonizar isso, e eu não poderia estar mais feliz com o resultado, com a aceitação... eu sei que não existem tantos homens como Robin, e lamento pois acredito que sim, o amor salva.
Me despeço não somente de vocês, mas da minh heroína mais bonita, eu entendi junto com vocês a beleza dela, entendi com o passar dos capítulos sobre a força que eu estava escrevendo. A entendi... e esse entendimento a deixou ainda mais bela do que Lana já o faz por natureza.
Então muito obrigada por isso.
Bom eu não paro por aqui. Já está no ar o meu novo projeto: A mulher mais linda da cidade. É bem diferente de essence, mas secretamente eu estou completamente apaixonada.
Espero que continuem comigo... muitos beijos e muitas lágrimas, Vitória.


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