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História Estamos Sós (2 temporada de Água com Açucar) - A vida tem caminhos tão desiguais


Escrita por: 86blossom

Capítulo 4 - A vida tem caminhos tão desiguais


Fanfic / Fanfiction Estamos Sós (2 temporada de Água com Açucar) - A vida tem caminhos tão desiguais


2. A vida tem caminhos tão desiguais


.[Antoinette Topaz].


Tito faleceu, mais um vez alguém importante partiu.
Eu já não sei mais o tempo que temos por aqui, é uma linha envesível muito frágil e sem alarme para nos avisar que esta no fim.
Estou no quarto de hóspedes do casarão, quarto aquele que invadi tantas noites para ver Cheryl. A cama que deitada estou, de colcha rosa e fronhas coloridas, é a mesma que rolei entre gemidos com a ruiva, a um pouco mais de um ano atrás. 
O sono não vem, Bella esta em outro mundo ao meu lado, seu sono é pesado, sua respiração alta.
O saber que Cheryl esta na porta a frente desse quarto me tira qualquer possibilidade de relaxar. 
Minha cabeça ainda não assimilou todos os acontecimentos de hoje.
"-Chega, Topaz" - resmunguei comigo mesmo, em pensamento. - "-água, isso que preciso". 
Me levantei com cuidado, não quero acordar minha namorada, nossa viagem até aqui foi cansativa, seguido de um dia pesado e sem muitos sorrisos.
Parei em frente ao quarto de Beth, a porta estava fechada, e parecida com ela estava eu, dura, parada sem me mexer, talvez eu pudesse entrar ali, sei lá, cutucar Cheryl no braço, perguntar se esta bem, perguntar do por que foi embora e nem me deu a chance de me explicar. Perguntar por que não me atendeu nenhuma vez nesses 18 meses.
Levei a mão no trinco da porta, segurei forte, acho até que apertei incontrolavelmente aquele trinco. Que bobagem, pra que desenterrar algo já superado? Pra que brincar com chamas que estão baixas? 
Água, preciso de água, não de fogo. 
Desci as escadarias do casarão em silêncio, tudo estava apagado, entrei na cozinha, acendendo a luz e pegando uma garrafinha de água mineral na geladeira, Beth sempre teve mania de ter inúmeras geladas para os treinos, em um ano não mudaria.
Apaguei a luz e fiz meu caminho de volta, quando estava beirando a subir as escadas, a luz do paiol de cocheiras estava acesa, me chamando a atenção.
Abri a porta do casarão, estava um pouco gelado o tempo, diferente de dentro de casa, eu vestia cueca samba canção preta, lisa e uma regata sem sutiã da mesma cor. Fui arrumando meus cabelos em um coque bagunçado, as cocheiras estavam silenciosas, o único barulho que se escutava além dos meus chinelos batendo no concreto, era o do mastigar dos cavalos no feno.
Olhei em meu relógio, já se passava das 02:00 da manhã, levando em conta que os animais comiam as 22:00 pela última vez no dia, não deveriam estar mascando nada a essa hora.
Continuei andando, olhando baia por baia, recheada de feno fresco, até ver lá em frente uma das portas abertas. Me aproximei devagar, tentando não fazer muito barulho, se for um ladrão o pegaria e se for um cavalo fujão, não queria assusta-lo. 
Parei em frente a baia de porta aberta, ela estava lá, jogando um montinho de feno no canto da cocheira de Tempestade. Usava sua capa vermelha, com toca, parecendo a chapeuzinho vermelho, mesma capa que usou a primeira vez que apareceu na madrugada em minha casa.
Virou completamente para porta e o susto em me ver fez sua touca cair, mostrando todo aquele cabelo alaranjado, pele branca como a neve e olhos escuros tão expressivos que pareciam me despir, não as roupas, mas sim a pele, os ossos, a alma.
- Oi. - Eu sussurrei, não sabia nem o que dizer. 
- Topaz. - Falou rouca, aquele mesmo tom de quando esta brava. Ela se aproximou da porta, passou por mim, como se eu fosse um extensão da madeira, nada além disso. 
- Cheryl. - A chamei, assim que passou por mim. - Espera, eu quero falar contigo. 
- Ah, você quer? - Cheryl sorriu, um sorriso estupidamente lindo, porém irônico. 
- Eu quero. - Falei sério, eu realmente queria entender tudo que aconteceu. O que ela falou mais cedo, sobre ter tirado vidas de crianças, isso estava martelando minha mente. O que aconteceu no dia que eu fui embora? O que aconteceu nesse um ano e meio? 
- Eu não quero falar com você. - Me respondeu marrenta como sempre. - Eu me sinto suja por ter sido mais uma fodida por você. Eu me sinto um mar, recebendo visitantes que na verdade nunca quiseram nem mergulhar. 
- Pare com isso, pare de colocar uma culpa em mim que... - Fui interrompida com uma Cheryl magoada, e quando mulheres como a Blossom estão magoadas, elas acabam perdendo até a linha de seus raciocínios. 
- Você me virou do avesso Topaz, você colocou minha alma para dançar a sua trilha sonora cheia de amor para no dia seguinte ir embora. Você foi embora com meu cheiro ainda em sua pele e eu implorei, implorei em silêncio para que não fosse, para que não fosse... e então você escolheu ser qualquer um. - Suas palavras saiam de sua boca como facas afiadas, ela estava tremendo os lábios carnudos, sem batom, como poucas vezes foram vistos. Estava tão brava que não se importou em estar quase colada em meu corpo. Seus olhos estavam brilhantes, as lágrimas eram fabricadas mas morriam ali mesmo, sem escapar nenhuma gota. Ela estava magoada mas o que falava não era verdade, eu nunca fui esse monstro que Cheryl queria acreditar que eu era. Eu não poderia deixar que ela me julgasse assim, não ela, que me conheceu no mais íntimo, que teve meu coração e no final amassou, como uma folha de papel sulfite.
- Cheryl, a gente aconteceu. - Falei irritada, elevando o tom de voz. - E era bom. Espero que você lembre o quanto éramos boas. - Respirei fundo. - Eu te desejo o bem, quero que seja feliz. Que seja gigante, eu estou sendo gigante também. Eu te desejo o mundo. - Meus olhos eram traiçoeiros e ao contrário da ruiva já escorriam lágrimas por todo meu rosto. Ergui minha mão direita, para limpar meus olhos e quando o abri, Cheryl estava me encarando, olhando na verdade para minha mão, especificamente para meu dedo que levava uma aliança grossa, dessas que chama atenção por tudo que passa.
A ruiva sorriu de canto, mostrando sua covinha e seus dentes da frente, levemente maiores que os demais. 
- Meu amor por mim me salvou. - Ela disse, seca. - Obrigada por me mostrar isso. - Apontou para a minha mão. -Da maneira mais honesta e desagradável possível. - Ela riu, baixo mas eu ouvi.  Virou seu corpo em direção a saída do paiol. 
- Espera ai, não vai. - Fui atrás dela, segurando-a pelo braço, a puxando contra meu corpo. Ficamos coladas, peito com peito, barriga com barriga. Cheryl sempre foi alguns centímetros mais alta que eu, enquanto eu era mais forte, com as costas mais largas e braços mais definidos. 
- Toni, eu só queria saber o que você tem feito comigo aí dentro da sua cabeça, da sua pele. Não sei do seu gosto mais, como você tem feito para me apartar de todos os seus novos momentos com outra pessoa?  -Ela estava apelando, ela estava tão fria que parecia sem coração. - Toni. - Ela chamou minha atenção, me fazendo soltar o ar pela minha boca entreaberta. - Para que Deus você reza pedindo para me esquecer? 
- Eu já te esqueci. - Vomitei as palavras sem pensar, ela estava jogando comigo, estava querendo me dominar em meu redondel, estava querendo chegar ao meu ponto fraco.
Cheryl riu, o que estava me fazendo ferver o sangue.
- A que nível de autodestruição estamos fardadas? - Falou com os olhos fixos aos meus. - Você me esqueceu, você esta gigante, você esta em um relacionamento sério, até com aliança de compromisso.... - Sorriu olhando para baixo e voltou a me olhar. - Então me solta. - Olhou para minha mão no seu braço. Meus dedos invés de a largarem a apertavam mais. - Topaz. - Falou novamente, em um tom suave porém autoritário. Meus dedos se afrouxaram em sua pele e Cheryl puxou seu braço. - Continue... Gigante. - Ergueu os olhos, como tivesse revirando. - Eu vou voltar para casa. - Virou seu corpo e saiu andando, não se apressou, não correu, apenas seguiu seu caminho até a porta da mansão.
E foi a última vez que a vi.

[2 anos depois]
[Wellington, Florida] 


No começo do ano passado, fui contratada por um haras, aqui eles criam quarto de milhas de rédeas.
Ta aí uma modalidade que não me enche muito os olhos, procuro a emoção a cada spin que os cavalos dão, mas não acho. Falta boi, falta velocidade, falta emoção. Vejo meus potros perderem suas personalidades a cada dia de treino. 
Meu primeiro cavalo a domar nesse Haras se chamava Blondie Play Girl, era uma égua, seu pelo brilhava como os raios do sol. 
Os olhos eram arregalados e assustados, tudo que ela olhava era novidade. Tinha uma andadura solta, seu pescoço lançado e uma garupa digna de uma brasileira. Ela desfilava enquanto eu tentava conquista-la nessa pista redonda. 
Blondie era fogosa, Blondie era arredia, Blondie era um encanto. 
Acho que até hoje, foi o animal mais difícil deu dominar. Com ela aprendi o verdadeiro significado de paciência e vendo-a hoje, eu entendi como A vem antes do B que certos animais jamais deveriam ser domados. 
No começo desse ano, Blondie ganhou o potro futuro, ganhou também o congresso e no final do ano concorrerá o QM de ouro, o famoso Hall da Fama.
Seus olhos não são mais estalados, seu pescoço agora vive curvado para baixo, as orelhas que eram expressivas agora correm sempre murchas, como seu todo seu brio ficasse apenas na expressão de sua cara emburrada. Ela não corre mais solta, agora segue sempre o mesmo ritmo picado do galope curto. Ela ainda desfila, é graciosa como um raio de sol, porém triste como uma tarde cinza em um dia de finados. 
Blondie fará quatro anos no começo do ano que vem e ainda esse ano, seus óvulos serão coletados para que três receptoras tenham seus filhos, aqueles que ela nunca terá laço nenhum além do seu DNA.
Hoje no meu redondel tem Jack Balls Jackers, Pep´s Gotta Gun e Hollywood Top Gunner, estão apostando em potros cara brancas por todo o Estados unidos. Para mim é uma benção, já que trazem na sua genética uma mansidão extrema e uma inteligência nata. 
Aqui eu moro em uma casa, perto das cocheiras, mas diferente de quando estava no Monty, aqui não fico em alojamentos.
- Último de hoje? - Zuleika, a tratadora do pavilhão de potros me pergunta sorrindo. 
- Último de hoje. - Lhe sorrio. - Hoje vou conseguir chegar para jantar a tempo, antes de Bella dormir. - Ri. 
- Só você, Toni. - Zuleika riu, balançando sua cabeça em negação. 
Lavei minhas mãos no tanque do quartinho de traias, passando sabão de coco pelas mãos e braços, lavei meu rosto, tirando o salgado do suor.
- Nos vemos amanha Zu. - Gritei já saindo do pavilhão. Acho que hoje é o primeiro dia do mês que chego em casa antes das 22:00. Arranquei as botas ainda na varanda, Bella sempre surta quando sujo o piso todo com areia das pistas. Joguei as meias sujas dentro das botas, abri a porta e encontrei minha namorada colocando a mesa do jantar, como sempre dois pratos, dois copos, mesmo que eu não chegue. 
- Surpresa. - Gritei abrindo os braços. 
- Amor. - Bella me sorriu, andando em minha direção. - Que surpresa linda. - Me abraçou, mas logo me soltou. - Vai tomar um banho, você ta cheirando a cavalo. - Franziu o nariz. - Vou aproveitar que você esta aqui e abrir um vinho para nós. - Piscou para mim, Bella era uma graça, tinha a minha altura, exatamente, cabelos escuros e a pela pálida, tanto quanto a da Blossom, o que eu acho que é um fetiche para mim, peles bem branquinhas. Quando sai do programa, Bella pediu demissão, disse não querer viver sem mim, o que me derreteu completamente. Seu amor, seu carinho, sua admiração por mim me prendia a ela cada dia mais, como um nó no cadarço do tennis escolar. 
Tomei um banho rápido, quando saí do banheiro, meu pijama de seda azul marinho estava sobre a cama, mais uma vez Bella tinha ajeitado minha roupa de dormir. Sorri, vestindo aquele pijama fresco, porém presente que havia ganhado no último natal.
Jantamos juntas, Bella estava trabalhando para o haras, estava cuidando das finanças dos meus patrões e dos contratos com novos clientes e também vendedores de cavalos. Essa parte chata que eu não entendo como alguém pode fazer faculdade disso na vida. Administrar algo sem ser só de boca e comprimento de mãos não é pra mim.
Tomamos um bom vinho, esse era chileno, seco, grudava um pouco o gosto do céu da boca. 
Rimos da vídeo chamada que fizemos com a galera que ainda estava no Monty, lavamos a louça juntas e fomos para o quarto. 
- Vou tomar um banho. - Bella me deu um selinho entrando no banheiro.
- Ok, vou ligar para Beth, para saber como ela esta. 
Disquei o numero da loira, normalmente eu ligava uma vez por mês, mas nos últimos três meses eu acabei trabalhando tanto que minha "irmã mais nova" acabou sendo deixada de lado. 
- Nossa, o que devo o prazer e a honra dessa ligação? - A loira atendeu toda animada. Mal parecia aquela pobre criança que chorava incontrolavelmente no enterro de seu pai.
- Quero saber como esta o meu bebezão?! - Ri, ouvindo-a rir atrás. 
Beth me contou que esta cursando faculdade de veterinária, em Orange city, uma cidade próxima da Riverdale. Falou que divide o apartamento com Cheryl, que também faz faculdade, mas cursa administração (mais uma louca no mundo). 
- Que bom saber que estão bem. - Ri, olhando para a porta do banheiro. - Cheryl esta com alguém? - Falei mais baixo. 
- Hum... não deveria te dar essa informação. - A loira cantarolou. 
- Por favor. 
- Vocês são tão ridículas. - Me repreendeu. - Mas Cheryl não tem ninguém fixo, na verdade eu nunca a vi com ninguém. - Parou de falar, como se tivesse pensando e depois voltou a falar. - Teve um dia que ouvi barulhos estranhos, como quando eu escutava quando você invadia o quarto da minha priminha ainda na fazenda. - Soltou uma gargalhada, me fazendo viajar por uma fração de segundo ao passado e logo voltar, ao ver a porta do banheiro se abrir, revelando uma Bella vestindo uma camisola preta, colada em seu corpo.
-Beth, tenho que desligar. - Falei rindo, já desligando o celular. 
- Oi, domadora. - Bella sorriu, passando a mão no cabelo castanho. 
- Oi. - Sorri de canto, já me levantando da cama e indo em sua direção. Segurei firme em sua cintura, puxando-a para mim e logo em seguida empurrando-a contra a parede, com um pouco mais de força que eu esperava. 
- Ai Toni. - Bella levou a mão na cabeça. 
- Desculpa. - Eu ri, fechando os olhos com força para controlar meu jeito bruto. 
Bella me beijou, um beijo lento, enquanto sua língua deslizava pela minha, Bella andava comigo até a cama, fazendo minhas pernas encostarem no colchão. Fui me abaixando lentamente enquanto passava a mão pela alça da sua camisola, fazendo-a cair do seu corpo antes que a mesma deitasse por cima de mim. 
Nos rodeio sobre a cama, ficando sobre minha namorada. 
Entre beijos calmos fizemos amor, seus gemidos eram baixos como sempre, no começo eu estranhei mas os anos me ensinaram que era o jeitinho doce dela se entregar. 
Após faze-la gozar chupando-a, subi beijando sua barriga, seios, pescoço, boca. 
- Toni. -Ela sussurrou. - Casa comigo? 
Eu abri os olhos, lembrei da Blondie na hora, olhos assustados com medo e curiosidade do mundo.
- Que? - Sussurrei sem sair minha voz direito. 
- Casa comigo! - Bella encarou meus olhos. Minha respiração ficou forte, pesada, meu coração disparando. 
- Claro. - Sorri, fechando meus olhos e colando nossas bocas. 
Na minha cabeça só passava a cena de Blondie com a cabeça quase ao chão, galopando. Em minha mente passava Cheryl. Na minha mente já não passava mais nada. Eu iria casar. E se eu pensar bem, é o certo a fazer. Bella deu sua vida para mim, para me seguir, enquanto Cheryl deixou sempre claro que queria que eu fosse feliz.
E eu serei, feliz, serei gigante.


Notas Finais


Sorry, não consegui fazer um hot não choni
hahahaha me senti traindo a lealdade da Cheryl.


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