História Estarei com você, sempre - Resgate

POV Nick Wilde 

Já era. Estávamos mortos. Sabe o que é mortos? É como estávamos.

Henry estava na porta, estávamos completamente machucados, doloridos e sem forças. O que faríamos? Bom, não havia lugar algum para fugir. Se tentássemos nos esconder também não adiantaria muito. Henry está muito violento e com certeza conseguiria nos agarrar e nos reduzir a pedacinhos de Nick, Judy e Bland. 

O pior é ver a expressão de pânico no rosto de Judy. Eu queria poder acalmá-la, poder acolhê-la em meus braços, mas não era hora para isso. Bland ainda estava apagado. Não sei se ele conseguiria sobreviver (caso Henry não o matasse primeiro). 

Não é que eu esteja pensando negativamente, só estou pensando NO QUE REALMENTE acontecerá. Não há como impedir. O DPZ nunca chegaria tão rápido, e, mesmo que chegasse, não conseguiria chegar a tempo de nos salvar. Enfim, adeus DPZ, adeus vida, adeus mundo. 

Bom, não é que eu queira morrer, mas de vez em quando você tem que cair na realidade. Bom, com todas as minhas forças, vou lutar para conseguir que Judy consiga escapar. Eu não me importo de ter que dar minha vida para isso. Foi Judy quem me mostrou o real sentido de viver. Ela me deu uma segunda chance, eu pude recomeçar. Ela me retirou daquela vida miserável de vendedor de patolés, onde eu não tinha uma moradia fixa, ou um emprego que me garantisse muito dinheiro. Eu também dependia de Finnick para conseguir os picolés gigantes. Enfim, Judy foi quem me ajudou a mudar tudo isso, e até hoje eu acredito que eu não retribuí o favor. 

-Nick... 

Olhei para os lados desesperadamente. Havia uma única janela no final do quarto, corri até lá (fazendo uma careta de dor por causa do meu pé) e a abri, colocando a cabeça para fora. Estávamos no segundo andar. Se estivéssemos completamente bem, conseguiríamos pular tranquilamente dessa altura. Agora, machucados do jeito que estamos... Se tentássemos, no mínimo quebraríamos algumas partes do corpo. 

-Judy... Não tem saída. 

Judy mancou até mim, olhando para baixo também. 

-Vamos ter que tentar. 

-Mas é muito alto! Nos machucaríamos ainda mais!

-Pega o Bland, Nick. 

Funguei, meio que me rendendo à ela. Estremeci quando ouvi um estouro vindo da porta, mas ela não se abriu. Peguei Bland e coloquei-o por cima de meu ombro. 

-Como acha que conseguiremos descer? Mesmo que conseguíssemos, Lily disse que o navio está cercado de bandidos e seguranças. - lembrei.

-Eu sei. Mas não vi nada até agora, só o Henry mesmo. - as orelhas dela se ergueram quando ouvimos outro estouro vindo da porta. - Enfim... Quer descer primeiro? 

Olhei para baixo novamente. 

-Não é uma boa ideia...

-Olha aqui, Nick! - ela não parecia estar furiosa, mas mesmo assim recuei um pouco - Não podemos esperar até que Henry quebre aquela porta e nos mate, temos que fazer alguma coisa! 

Engoli em seco. Ela estava certa. 

-Tá, eu vou tentar ir primeiro. 

Me agarrei à janela e comecei a descer. Tomei cuidado com minha pata machucada, embora fosse difícil. Bland quase escorregou de meus ombros, meu eu o puxei de volta com o braço. 

-Pode ir Nick, não há ninguém ai em baixo. - disse Judy. 

Fechei os olhos e me soltei da janela. Caí de joelhos no chão de madeira do primeiro andar do navio, que dava vista ao mar. Soltei um gemido e me levantei novamente. Judy se preparava para pular. Larguei Bland no chão e estendi os braços para cima, dizendo:

-Pode vir, eu te pego! 

Ela pulou. Eu não consegui pegá-la no colo, ela caiu ao meu lado, só que de pé. 

-Tudo bem? - ela me perguntou, pressionando o curativo em sua lateral, com uma careta. 

-Tudo, e você?

-Também. Vamos. - ela tentou correr, mas a dor a impediu. Ela voltou a ligar para o DPZ. - Garramansa!! Venham rápido!

-Bogo e os outros já saíram, Hopps! Só espere um pouco!

Ela desligou. 

-Para onde vamos? - perguntei.

-Vamos tentar nos esconder em algum lugar, e então esperamos até o DPZ chegar. 

-Tá. - ajeitei Bland em meus ombros, olhando para os lados rapidamente, me certificando de que não havia ninguém ali. Ouvimos um estouro vindo da janela do quarto em que estávamos. Parece que Henry ainda está tentando arrombar a porta. - Está doendo muito? - abaixei meu olhar para o machucado dela. 

-Está... Enfim, não há tempo pra se preocupar com esse machucado. Está vendo algum lugar onde a gente possa se esconder?

-Hum... Não. E também... Não sei se é uma boa a gente voltar pra dentro do navio. 

-Por que?

-Lily disse que está cheio de seguranças...

-Vamos tentar encontrar um esconderijo primeiro, e depois a gente vê se tem alguém por aí rondando. 

-Okay...

Entramos novamente para o navio. Ele estava deserto, para a nossa surpresa. Olhei para Judy e ergui uma das sobrancelhas. Ela também parecia um pouco confusa. Bom, melhor para nós. Seguimos pelos corredores até encontrarmos uma sala vazia e aberta. Judy abriu a porta e entrou, seguida por mim e Bland (que continuava em meus ombros). 

-Vai ligar pro DPZ? - perguntei, depositando Bland no chão. 

-Vou - disse Judy. - Eu tenho que apressá-los... Tem um tigre maluco que está sobre os efeitos das uivantes, dezenas de pessoas correndo perigo por conta disso e mais três oficiais feridos!

-Ok. 

Judy gemeu fracamente ao puxar o rádio do bolso de sua roupa, que estava escura de sangue. Discou o número do DPZ, mas ninguém atendeu. 

-Droga.

-O que houve? - perguntei.

-Garramansa não está atendendo. 

-Quem sabe você não ligue para o Bogo?

-Não sei o número dele.

O rádio de Judy tocou. 

-"Hopps!" - ouvi a voz de Bogo. - "Rastreamos o navio pelo seu rádio comunicador, estamos perto. Há um helicóptero da polícia que está a caminho também. Pedimos ajuda da frota marinha para capturar os bandidos!"

-Chefe Bogo, Henry está sobre os efeitos das uivantes, ele está muitíssimo perigoso! - disse Judy. 

-"Encontrem um lugar para ficar até que a gente consiga chegar. Se o radar não está mentindo, estamos a apenas um ou dois quilômetros!"

-Ok, só tentem vir rápido!

-"Estamos tentando, Hopps". 

Ela desligou. 

-E então? - perguntei. 

-Estão vindo. 

-Quanto tempo?

-Não sei... - ela se sentou no chão, tomando cuidado com seu machucado. - Mas não devem demorar muito...

Ficamos esperando por mais alguns segundos. A dor em meu pé era constante e terrível, como se tivessem arrancado meu pé fora completamente. Judy respirava pesadamente, como se o simples ato de respirar lhe custasse certo esforço. 

Alguns minutos se passaram, até Bogo voltar a ligar para Judy.

-"Hopps, Wilde, Bland! Onde vocês estão??"

-Estamos em uma sala do primeiro andar! - respondeu Judy.

-"Vou procurar por vocês, enquanto os outros oficiais procuram pelo navio os bandidos e por aquele Tigre sob o efeito das uivantes"

-Ok, vamos tentar achá-lo também! - ela desligou novamente, se levantando - Vem Nick.

Caminhei até a porta. Quando chegamos lá e saímos pelo corredor, olhamos em volta para nos certificarmos se não havia ninguém. Ouvimos passos vindos da porta, e era o Chefe Bogo. Aleluia!

-Hopps, Wilde! Estão bem?

-Não, senhor... - respondeu Judy.

-Vão direto ao barco, precisamos levá-los ao hospital! - ordenou Bogo.

Porém, antes de conseguirmos andar, tropecei no carpete do corredor e caí com tudo no chão. Soltei um grito de dor. Acho que FINALMENTE quebrei o pé. A dor foi muito forte, que só vi quando Judy gritou meu nome e se ajoelhou ao meu lado, antes de eu desmaiar.