1. Spirit Fanfics >
  2. Estilhaços >
  3. Fugir

História Estilhaços - Fugir


Escrita por: renpoem

Notas do Autor


nesse capítulo será explicado como ocorreu a morte do Jaemin; tentei ao máximo não deixar algo detalhado, tá bem resumido na verdade, porque sei que muitos tem gatilho com isso, no entanto, sintam-se a vontade para pular se não se sentirem bem lendo.

Capítulo 3 - Fugir


“Esse armário era de Na Jaemin, o aluno que morreu em um acidente onze meses atrás.”

 

— Como é? — Jeno perguntou exalando surpresa. Que ligação deveria ter Renjun com esse garoto?

— Uma hora ou outra você saberia, mas prefiro que saiba por mim. Venha! — ele puxou o braço de Jeno escada abaixo deixando-o confuso, porque dali a alguns minutos os professores entrariam em sala.

— Haechan, aonde você está me levando? — perguntou, mas não obteve resposta, sendo levado para fora da escola e apenas parando quando os dois já estavam em um canto isolado debaixo de uma árvore.

Jeno estava confuso, se perguntando onde tinha se metido apenas por ter o mesmo armário do garoto chamado Jaemin.

— Escute, antes de qualquer coisa, você não deve tocar nesse nome. Provavelmente todos já devem estar falando sobre você ter ficado com o armário dele, mas nunca toque no nome de Na Jaemin.

— Haechan, diga de uma vez, quem é Na Jaemin? — o Lee moreno suspirou e olhou nos olhos de Jeno.

— Jaemin era meu melhor amigo... — disse de forma séria — E namorado de Renjun.

— Namorado… do Renjun?

— Sim. Renjun foi transferido no meio do ano passado para cá e Jaemin era presidente do Grêmio, então foi o responsável por apresentar a escola a ele e ajudá-lo a se enturmar. Ele nos apresentou e logo viramos amigos, nós três. E eu não sei exatamente em que momento aconteceu, mas os dois começaram a se apaixonar. Era amor verdadeiro, Jen.

— Hae, se você não quiser falar sobre isso está tudo bem, eu sinto muito por te pressionar assim…

— Não tem problema. Como eu disse, algum dia você ficaria sabendo, porque mesmo depois de quase um ano, o pessoal dessa escola não deixa Jaemin descansar em paz. — ele suspirou — Não quero mais ter que falar sobre ele como se sua vida se resumisse a esse maldito acidente. 

— Como… Como foi o acidente?

Haechan suspirou antes de continuar.

— Renjun e ele tinham começado a namorar há alguns meses, e naquele dia Jaemin foi passar a manhã de Natal na casa dele. Pelo que Renjun me contou antes de se afastar de mim, os dois tinham ido ao mercado comprar algumas coisas para a mãe dele, e quando estavam saindo da loja, um carro desgovernado apareceu. Ele estava indo bem na direção de Renjun, então Jaemin o empurrou da frente do carro, mas não conseguiu se salvar.

Jeno percebeu que Haechan estava se segurando o máximo que podia para não chorar, o maxilar estava trincado e ele olhava diretamente para o chão com as pálpebras caídas.

— Depois do acidente, Renjun se fechou completamente. Ele e eu brigamos depois do enterro, e eu sei que ele se sente culpado, ele acha que a culpa é dele por Jaemin ter morrido, mas não é. Eu tentei falar com ele, tentei pôr isso na cabeça dele, mas Renjun só me afastava mais e mais, e no fim se deixou consumir pela culpa. Jaemin era uma pessoa incrível, era gentil e alegre, todos que o conheciam o adoravam logo de imediato. Ele esbanjava vida aonde quer que fosse, sempre colocava aqueles que amava em primeiro lugar.

— Os dois se amavam de verdade, não é? — Haechan assentiu.

— Jeno, Renjun ainda não se recuperou da dor que sente, então coisas como a que aconteceu hoje, quando ele te levou ao seu armário, ainda o abalam. Só… tome cuidado com ele, por favor.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer que fique longe dele, ele é complicado, não dá para ajudar alguém que não quer ser ajudado, me entende?

Jeno apenas assentiu sem dizer mais nada, não sabia o que pensar, o que sentir, só sabia que mesmo não querendo ele já tinha se envolvido de alguma forma com Huang Renjun, o garoto das borboletas.

 

 

[...]

 

 

Naquele mesmo dia a professora de Geografia deu aos alunos a ideia de fazerem um "amigo secreto" já que o Natal estava se aproximando. Sortearam seus amigos secretos e Jeno tentou evitar prestar muita atenção em Renjun, ele não costumava falar nas aulas, sempre ficava quieto ou desenhando.

— Quem você tirou, Jeno? — perguntou Chenle após Jeno tirar seu papelzinho do saco que uma aluna distribuía para os alunos.

Jeno olhou surpreso para o nome que estava escrito ali.

— Mark Lee.

Vish… — resmungou Jisung — Boa sorte, esse aí não fala uma palavra com ninguém além de Renjun, a menos que seja necessário.

— Ele fala com os garotos do time às vezes. — Haechan interveio.

— Necessário. Ele é capitão do time de basquete, mas nem mesmo fica com eles no refeitório na hora do almoço. — retrucou Jisung e Jeno suspirou derrotado.

— Como eu vou dar um presente para ele assim?

— Pergunte a Renjun, ele deve saber do que o primo gosta. — Chenle deu a ideia — Agora para entregar vai ser meio difícil… Mark Lee é esquisito, tenho medo dele.

— Medo do quê? — Haechan perguntou debochado.

— Ah, sei lá, ele é todo forte e quieto, o modo como ele olha para as pessoas faz parecer que quer matar alguém. — Chenle fingiu um arrepio.

— Vai ver ele só é tímido. — Jisung o defendeu e Chenle deu de ombros, dando o assunto por encerrado.

Durante a aula, Jeno pensou em como raios falaria com Renjun. Pela breve conversa que tiveram, o chinês não mencionou o fato de que já tinham se encontrado, talvez não tivesse tanta importância para ele quanto — estranhamente — teve para Jeno.

No final da aula, ele passou a observar Renjun; o chinês guardava os materiais em sua mochila preguiçosamente enquanto os alunos se dispersavam, loucos para irem embora. Jeno resolveu esperar todos saírem, até que ficaram só ele e Renjun na sala, os dois a três fileiras de distância um do outro. 

Ao que o chinês pôs a mochila nas costas, ele olhou para Jeno de maneira confusa.

— É impressão minha ou você está me esperando, Lee?

Jeno se levantou de seu lugar e foi até ele, com uma das mãos na alça da mochila e os olhos baixos, tomando cuidado para não olhar nos olhos alheios. Parado a uma distância considerável do garoto, ele falou:

— Tirei seu primo no “amigo secreto” e não sei o que dar. Alguma ideia?

— Você sabe que eu não mordo, não é? — Renjun perguntou em desdém. 

— Bem... Me aproximar não parece ser uma boa ideia visto que o único com quem você fala é Mark. Devo presumir que não quer ninguém tão perto assim.

— Não é que eu não queira, Lee, apenas não consigo. Não consigo deixar as pessoas se aproximarem.

— Talvez porque você as afasta inconscientemente? 

— Pelo visto, Haechan já te contou. Minha nossa, ele não perde tempo! — Renjun riu debochado.

— Não fale assim dele. E não é como se tivesse restado muita escolha depois que você saiu correndo assim que viu meu armário.

A expressão do garoto endureceu e Jeno levantou o rosto para olhá-lo.

— Não era para você estar com aquele armário, o diretor disse que não daria a ninguém. 

— É só um armário, Renjun.

— É o armário de Jaemin. 

Era o armário dele. Ele se foi, um dia todos acabam partindo com tudo o que têm.

Alice através do espelho. — Renjun disse, suavizando a expressão ao que Jeno assentiu — Quer saber o que dar a Mark? Ele gosta de fotografia, não dê nada relacionado a basquete porque ele já tem várias quinquilharias do time que gosta. E você?

— Eu o quê?

— Gostaria de ganhar o que de presente?

— Por acaso você me tirou no amigo secreto? — Jeno sorriu ladino e Renjun deu de ombros.

— Quem sabe.

— Sei que é estranho, mas não tem nada que eu queira.

— Vamos lá, Lee, você tem que ter algum interesse.

— Pensando bem, acho que tenho sim, mas não sei se é muito seguro.

— Não me diga que é algo como esportes radicais… — Jeno riu soprado negando — O que é, então?

— Você. — ele disse de maneira séria, fazendo o chinês quebrar a pose divertida de antes e olhar para Jeno em uma mistura de surpresa e confusão.  — Estou brincando, Huang. Não fique tão sério. Apesar de a idéia de ver você com um laçarote na cabeça debaixo de uma árvore de natal pareça tentadora.

— Não sou um objeto.

— Não foi isso que eu quis dizer... droga. — Jeno resmungou consigo mesmo, tentando encontrar desculpas, mas Renjun apenas soltou um riso fraco.

— Sei o que você quis dizer, e confie em mim, não é uma boa idéia. — Apertou seus dedos contra a alça da mochila; Jeno viu os nós das falanges se tornando brancos, e a expressão apreensiva.

— Você não é tão ruim quanto pensa ser, Huang. Aposto que caso permitisse, as pessoas poderiam ver em você algo que não vêem há muito tempo, algo incrível, alguém incrível. — Jeno andou para trás, se distanciando de Renjun e antes de dar as costas, lançou um sorriso brincalhão em sua direção — Pense a respeito do laçarote, adoraria ver um vermelho bem cintilante e bufante no topo da sua cabeça. Ia ressaltar o castanho dos seus olhos.

Ouviu a risada sincera de Renjun enquanto saía da sala e nunca se sentiu tão bem por fazer alguém rir.


 

 

[...]

 

 

A parada onde Jeno pegava seu ônibus ficava a algumas quadras da escola. Ele estava prestes a colocar seu celular dentro da mochila quando alguém passou correndo por ali e o derrubou no chão sem se preocupar em parar para pedir desculpas. Jeno bufou irritado se agachando para pegar o aparelho, rezando para que a tela não tivesse trincado com a queda. Parou ao ver que havia outro objeto junto ao seu celular; jogado a uma distância pequena havia um pingente, ele pegou a medalha e olhou em volta, procurando pela pessoa que poderia ter perdido aquilo, mas não havia ninguém por perto além das que passavam apressadas por ali. Chegou a perguntar se pertencia a alguém que estava por ali,  mas foi ignorado.

Colocou o pingente em sua palma. Era um broche, entalhado com arabescos em seu entorno, e uma frase que não ele não entendeu atrás. Podia ser de qualquer pessoa, mas o Lee tinha quase certeza que era daquele que esbarrara em si há poucos segundos. Não teve muito tempo para pensar já que seu ônibus parou no ponto, então ele colocou o objeto no bolso e entrou no transporte.

 

 

[...]

 

 

Jeno estava sozinho em casa. O irmão estava no trabalho e os pais também. Aospoucos o céu ia dando sinais de estar anoitecendo.

Era entediante ficar em casa sem fazer nada, não aguentava mais ficar só fuçando o celular, e nem mesmo os filmes que tanto amava assistir pareciam ser suficientes para preencher seu tempo. Na escola antiga, ele fazia parte do clube de jornalismo e do time de vôlei, mas nunca foi muito bom em nenhum dos dois, tanto que no vôlei era o reserva. Mas era bom ter os treinos, ou passar as tardes ao lado de Hendery enquanto o garoto enlouquecia tentando arranjar alguma coisa interessante para pôr no jornal da escola.

Ele se lembrou de que Renjun disse que havia um clube de audiovisual, mas que quase ninguém participava. Anotou mentalmente que pediria informações de como entrar no clube; lá poderia conhecer pessoas novas e trabalhar um pouco com aquilo que tanto almejava fazer na faculdade, cinema e audiovisual, seria incrível.

Estava sentado no sofá com algum anime aleatório passando na TV. Suspirou, decidindo por subir e tomar um banho, onde provavelmente passaria vários minutos debaixo do jato quente enquanto se perdia em pensamentos e, inconscientemente, todos voltariam a mesma pessoa: Huang Renjun.

Era estranho que ele tivesse ficado tão interessado em alguém. Jeno sempre foi bom em ler as pessoas, mas para si, Huang Renjun era uma completa incógnita, tão quieto, cabisbaixo, afastado, com uma história dolorosa o envolvendo. Não conseguia imaginar se fosse ele a carregar a culpa de algo tão horrível, talvez não aguentasse. Talvez Renjun não aguentasse.

Deixou a água quente molhar seus cabelos, se livrando de todos os pensamentos, e até mesmo dos sentimentos que ainda o cercavam. Tinha chegado a apenas uma semana, uma mísera semana, e sua vida virara uma encruzilhada de sentimentos, criadas por um garoto chinês. Talvez fosse curiosidade pura, a vontade de conhecer alguém que não queria ser desvendado, se aproximar de alguém que queria distância, ou achava que queria, e, principalmente, curar alguém que estava quebrado.

Riu ao ter o último pensamento rondando sua mente; como ele poderia curar alguém cujo coração estava repleto de dor e mágoas, se nem os amigos conseguiram fazer isso?

Saiu do banho enrolando uma toalha na cintura e enxugando o cabelo com outra, olhou de relance para a sua janela que dava vista para o quarto do vizinho, apenas para ver ali um rosto conhecido. Em sua cama, cercado por papéis, rabiscando algo em uma das folhas, estava Huang Renjun. 

Uma fisgada atravessou o peito do chinês quando ele desviou os olhos dos papéis naturalmente, olhando para a janela e encontrando os olhos de Jeno, que nem conseguiu esconder sua surpresa, estando ali parado e petrificado.

Se sentiu um idiota por estar há tão pouco tempo pensando no garoto e de repente se vendo o encarando sobre o reflexo de sua janela. 

De longe, sentiu os olhos do chinês baixarem de seus olhos e passarem por  seu dorso nu, com uma expressão indecifrável, o estudando, o escaneando. Engoliu em seco ao ter aqueles olhos passeando pelo seu corpo, e então fez o mais sensato: correu para fora da vista daquele que acabara de descobrir ser seu vizinho, totalmente envergonhado, tratando de procurar rapidamente roupas em seu armário. 

Assim que pegou um moletom e uma calça jeans rasgada, ele as vestiu afoito, secou mais um pouco os fios molhados e colocou seus óculos que estavam sobre a escrivaninha, mas quando voltou a janela, Renjun não estava mais lá.

E, de qualquer forma, Jeno não saberia o que fazer se o visse.

Jeno desceu até o andar de baixo, pegando o celular do bolso e se sentando na bancada da cozinha, logo fazendo um pedido de pizza. Até sabia se virar de vez em quando cozinhando, mas a preguiça estava o dominando naquele momento, mesmo que fosse apenas para fazer só um ramen. 

Lembrou-se que tinha dever de casa para fazer, e choramingou. “Oras, era o primeiro dia de aula, para que dever?”, foi o que o Lee pensou. Mas mesmo que estivesse quase dormindo ali na bancada de tanta preguiça, ele iria jantar, subir e fazer as atividades escolares.

Recebeu a notificação do aplicativo indicando que o pedido chegaria dali a uma hora, o estômago roncou como se em resposta à demora da comida. Desceu da bancada indo em direção a TV e ligando novamente, pondo em uma série que assistia quando não estava entediado; era uma série de comédia e muito boa, por sinal.

Nem se deu conta dos minutos passando a cada episódio, só tirou a atenção da TV quando ouviu a porta ser destrancada, revelando seu irmão entrando com um sorriso bobo no rosto.

— Doyoung, quanto tempo! — Jeno caçoou — Esse sorriso é por me ver?

— Ah, fica quieto! — o irmão disse resmungando e Jeno riu.

— Como foi seu dia?

— Bom, para começar, o campus da faculdade é enorme, quase me perdi, e no trabalho o chefe me adorou, mas acho que meus colegas não foram muito com a minha cara. — ele dizia enquanto tirava o casaco e se sentava ao lado de Jeno — E o seu?

Ah, muitas coisas aconteceram levando em consideração ter sido só um dia, pensou Jeno.

— A escola também é grande, mas eu conversei com alguns meninos, eles são legais. Não foi tão horrível. — Jeno deu de ombros.

— Está vendo? Eu disse que não seria. Já viu algum clube ou time que tenha interesse?

— Tem um clube de audiovisual, vou ver como funciona e tentar entrar, pode ser legal. — Doyoung assentiu sem ter muito o que dizer — Pedi pizza para o jantar.

— Pizza? — o irmão fez careta.

— A não ser que você queira cozinhar…

— Não! Pizza parece ótimo! Adoro pizza! — Donyoung falou apressado e Jeno riu.

— Acho que está prestes a chegar. — ele olhou no celular o horário e assim que fez isso a campainha tocou.

— Pode deixar, eu pago. — Doyoung disse se levantando do sofá e tirando dinheiro da carteira.

Jeno foi até a cozinha, arrumando dois pratos e dois copos na mesa. Não muito depois, Doyoung apareceu com a caixa de pizza, a colocando em cima da mesa. Os dois comeram em silêncio, e depois de terminarem, Doyoung levou o lixo para fora. 

O Lee mais novo estava prestes a subir para o quarto quando Doyoung chamou sua atenção falando:

— Tem um garoto sentado no balanço entre nossa casa e a do vizinho, ele está sozinho, parece meio triste.

— Um garoto?

— Sim, deve ter sua idade, acho que é um dos filhos da vizinha.

Jeno sabia que seu irmão estava lhe dizendo para ir lá e fazer companhia ao garoto, aquele que Jeno tinha quase certeza de quem era. Ele apenas assentiu saindo porta afora não sabendo o que diria a Renjun, talvez só se sentasse ao seu lado e esperasse que ele falasse.

Quando chegou perto do balanço de modo que desse para ser visto, Huang Renjun tirou seus olhos do chão e o encarou daquele mesmo jeito indecifrável de sempre.

O Lee se aproximou e se sentou no balanço ao lado dele, encarando o chão.

— Bem vindo à vizinhança. — foi Renjun quem disse primeiro — Preferia não ter descoberto que éramos vizinhos de uma maneira esquisita.

Jeno fez careta ao lembrar-se de ter aparecido só de toalha na frente do chinês.

— Meu corpo é tão ruim assim? — ele perguntou em um sorriso sugestivo. Sabia que não era, só estava provocando Renjun, que em resposta soltou um bufar indignado em sua direção.

— Meus olhos quase queimaram! — ele soltou um risinho.

— Não foi o que pareceu quando você ficou encarando.

Renjun virou o rosto e Jeno podia jurar que ele tinha ficado vermelho, não dava para ter certeza visto que estava muito escuro.

— Já te disseram que você é muito convencido?

— Prefiro dizer que sou confiante. — Jeno sorriu divertido e Renjun bufou negando com a cabeça.

— Por que veio aqui? 

— Meu irmão disse que tinha um garoto deprimido no balanço, então achei que seria uma boa ideia me deprimir junto com ele.

— Você, deprimido? — ele perguntou de maneira incrédula e Jeno assentiu hesitante.

— Me mudar… não está sendo muito fácil.

— Você não parece afetado com isso.

— Não gosto de transparecer, me isolar de tudo não vai ajudar em nada. Mas não posso negar que estou diferente do que era.

— Diferente como?

— Isso é um interrogatório? — Jeno ergueu uma das sobrancelhas e riu.

— Estou tentando fazer com que o foco da conversa não seja eu, se não se importa.

Jeno apenas continuou:

— Sei que pode parecer que estou me adaptando facilmente. Bom, estou tentando fazer isso. Toda essa coisa de escola nova, amigos novos ainda é estranho para mim — ele suspirou —, mas não deixo que pareça que estou triste, não quero que me encarem como estranho ou infeliz. 

Jeno tentou engolir um "sem ofensa" que entalou na garganta.

— Não quero que as pessoas achem que sou vulnerável. Me afastar, evitar as pessoas… só vai piorar. — Renjun o encarou como se soubesse que aquilo estava parecendo um conselho para si.

— Não estou pronto para deixar as pessoas entrarem na minha vida de novo, Jeno. Não posso deixar que se envolvam no caos que eu sou, não posso deixar que se machuquem junto comigo. — a mágoa era perceptível em sua voz.

— Não pode impedir que alguém se machuque ou se magoe, Renjun, não pode fazer as escolhas por elas.

— Posso evitar que façam a escolha errada.

Ele encarou Jeno nos olhos com um aviso claro: "não faça a escolha errada".

— E o que seria exatamente a escolha errada?

O Lee tentou não gaguejar levando em conta o modo como o chinês ainda o olhava nos olhos, em aviso de que deveria se afastar, que não cruzasse aquela linha tênue que Renjun havia feito para — em sua percepção — proteger as pessoas dele.

— Não sei o que você pensa que está fazendo, mas pare. — Renjun disse, sério e esquivo.

Jeno se levantou, passando a mão pelo moletom e escondendo as mãos ali no bolso.

— Você não pode fugir para sempre, Huang Renjun.

Jeno saiu andando e entrou em sua casa, deixando um Renjun pensativo para trás.


Notas Finais


eu aqui pensando se talvez o Jeno não tá se intromentendo demais...
esse interesse repentino é meio estranho né?
Esse capítulo me deu bastante dificuldade, confesso, já tinha ele pronto mas na hora de postar, reli e já não gostei mais do resultado, então refiz ele inteiro, espero não ter decepcionado vocês.

Enfum, obrigado pelos comentários no capítulo anterior, eles me ajudaram muito, vocês são demais :(

twitter: renclash


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...