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História Estrelas do Céu de Abraão - Marduk.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Olá, nesse capítulo tem uma passagem de tempo! Marduk na capa!

Capítulo 5 - Marduk.


Fanfic / Fanfiction Estrelas do Céu de Abraão - Marduk.

Quinze anos depois

Esther nunca se esqueceu do extermínio de Jericó, da morte dos pais, e de todos que amava, nunca se esqueceria, mas suas feridas eram cicatrizes agora.

Havia encontrado amigos: Kalu e Nira, que se tornaram seus melhores amigos,  para todos os momentos.  E também fez amizade com um gigante chamado Talmal e descobriu com ele, e outras crianças que a amizade é uma das coisas mais preciosas da vida. Isso a ajudou a enfrentar as duras batalhas, a guerra que aconteciam, ela e todas as crianças de sua geração, cresceram em meio a guerra.

Grande parte da terra de Canaã, já pertencia à Israel, trinta e um reinos havia sido derrotados por Josué e seu exército, mas ainda havia muita terra para se conquistar. Os hebreus não conseguiram expulsar completamente os caneneus, por isso, muitos permanceceram vivendo no meio deles.

No entanto, as doze tribos de Israel, ganharam suas partes da herança, exatamente como Deus havia ordenado à Moisés.

E Esther, seguia sua vida. Estava muito feliz por sua tia, era uma mulher boa,  generosa e forte. Merecia um companheiro como Quenaz, para dividir sua vida. A festa de casamento deles, foi a festa mais linda que Esther esteve presente, à noite que se sentiu verdadeiramente bem. 

Mesmo tantas pessoas dizendo que Quenaz deveria ter escolhido uma hebreia, ele tinha escolhido Adele. A ex princesa caneneia e tiveram um filho: Seraías*. Agora, ela e a tia faziam parte da tribo de Judá. Foi há oito anos,  depois de muitos anos de viuvez que Quenaz pediu Adele, em casamento. E de criada,  ela passou a ser sua esposa, e parte da tribo de Judá.

Aquele tarde, ela foi na companhia dos amigos Kalu e Nira para a Festa da Lua Nova, em Debir*.

Aquelas terras, pertenciam à Otniel, filho mais velho de seu tio Quenaz, e eram tão férteis, como a grande parte da região de Hebron, onde Quenaz, tia Adele, o primo Seraías e ela habitavam, pensava Esther, e ainda ficava a um distância considerável. Era um belo campo, onde seria possível cultivar muitas espécimes de flores, e frutas.

Otniel conquistou a cidade de Debir na guerra, e por isso como Calebe havia prometido, ele se casou com sua filha Acsa e ganhou também as terras,  com fontes superiores e inferiores de água,  após um pedido da esposa ao pai. No entanto, dois anos depois do casamento, no parto de seu primeiro filho Hatate*, Acsa faleceu. E isso mudou Otniel completamente.

Kalu percebeu a ansiedade da amiga, para chegar logo, ela sentia muita saudades da avó, que se tornou uma avó para ele, também. Considerando que ele nunca teve uma família de verdade. Antes vivia nas ruas de Jericó. Hoje vivia na casa dos pais de Nobá.

— Chegamos, finalmente. — falou Esther, com animação.

— Esse campo é belíssimo mesmo. Perfeito para cavalgar. Para plantar, para viver.  — disse Kalu.

Kalu era diferente de Esther e Nira,  ambas eram recatadas à sua maneira, enquanto ele era muito falante.

Logo, Esther avistou a avó.

Martha, não mudou muito coisa, apesar de mais de uma década ter se passado, e ela não parecia ter mais de cinquenta anos, a não ser por alguns fios de cabelos brancos que começavam a surgir em seus cabelos ruivos sedosos, e algumas rugas nos cantos dos olhos.  Olhos estes que permanciam verdes, vivos, e o coração batia acelerado, como todas às vezes que ela via Esther. Mesmo Kalési tendo feito escolhas erradas, ao menos, a filha dela, teria a chance de fazer o bem, de fazer o certo. Como estava fazendo.

Ela estava muito satisfeita como criada de Otniel, que era um rapaz de bom coração, porém se tornou muito solitário, desde que ficou viúvo, e adorava cuidar do filho dele.

E receber a visita de Esther, é o que mais alegrava seu coração. Aquela era uma chance de recomeço, quem sabe algum dia, Esther não encontrasse um bom hebreu e se cassasse, com ele? Ela poderia ter bisnetos, até. Ela pedia a Deus que isso acontecesse, que Esther encontrasse o amor, e tivesse uma vida plena.

— Shalom. Como você estão?

— Esther, tão bonita.  — falou, tocando nos longos cabelos ruivos de Esther, que estavam ainda maiores. 

— Entrem logo, todos vocês irei fazer um chá. — convidou.

— Como estão as coisas em Hebrom? — perguntou, servindo o chá.

Depois de contar, que estava tudo bem com a família, e que eles chegariam logo para festa, Esther entregou o presente de Adele e Quenaz:

— Eu trouxe um presente para senhora, minha avô. Um presente dos meus tios.

— É muito bonito. — disse Martha,  estendendo o belo tecido, sobre a mesa. — Irei fazer um vestido bonito com ele, mas eles não precisavam ter se preocupado com isso. Sempre tão gentis.

— Que bom que gostou, afinal, fui eu que escolhi. — Esther respondeu.  — E sabia que não é incômodo nenhum, minha avô. Meus tios estão muito gratos de você cuidar de Hatate, o neto deles, com tanto amor.

— Esse chá e tão bom, Senhora Martha. — elogiou Kalu.

— Obrigada.

— E onde está Hatate? — questionou Nira.

— Deve está no jardim com o pai. — Martha falou.

Despertando assim, o interresse da neta, afinal estava amava flores, desde infância, principalmente,  quando era princesa e brincava nos jardins dos castelos. 

— Jardim, que jardim? — perguntou ela.

Martha pensou um pouco.

— Nem sei se deveria contar isso para vocês, mas não é nada demais, também.

— E o que é? Sou bastante curioso. — disse Kalu.

— Otniel tem um jardim. Eu chamo de “jardim secreto”, porque quase ninguém sabe da existência desse lugar.  E bom, ele cultiva muitas flores, lá.  Quando não esta treinando, e praticamente um jardineiro. Cuida tão bem das flores,você precisa ver, Esther. — contou.

— Flores? E será que eu poderia ir nesse jardim? Eu amo flores.

— Se algum dia ele te convidar...

Essa resposta a pegou de surpresa, Otniel se tornou alguem tão fechado que ela duvidava muito que algum dia, ele a convidaria para alguma coisa, quanto menos para conhecer seu jardim secreto que tão poucas pessoas, tinham conhecimento.

Tanto Esther, quanto Kalu e Nira, tinham muitas coisas para contar sobre a vida em Hebron, e a hora passou rapidamente.

                          * * *

Esther e Nira subiram no vale para ver o por do sol. Enquanto voltavam, viram um rapaz gravamente ferido, nas margens do rio.

— Tem um rapaz ferido ali. — notou Esther. — Vamos ate lá.

— Ele pode ser caneneu. — Nira alertou.

— Hebreu certamente ele não é. Pode ser de qualquer região próxima a Canaã. Temos que avisar que ele está aqui.

                            *  *  *

Algum tempo depois,  quando Martha havia cuidado dos ferimentos do rapaz,  a neta a procurou.

— E então minha avó, como está o rapaz? Ele vai ficar bem? — perguntou Esther a Martha.

— Vai sim, com certeza, Esther.

— Ainda bem, minha avó. Ainda bem que senhora entende de cuidar de feridos.

— Alguma coisa eu aprendi com minha mãe. E ele um rapaz forte, guerreiro. Sabe, eu achei ele tão parecido tanto com meu falecido marido, Aníbal, quando ele, era jovem. Seu avô,  Esther.

— Eu o achei familiar também, deve ser por isso. Embora, não tenha conhecido meu avó, conheci os irmãos deles.

— Agora, vai lá, que Quenaz e Adele devem está chegando com Seraías. Não tem com o que se preocupar, ele vai ficar bem. — Martha garantiu.  — E essa é a uma semana para comemorações.

                       
                          * * *

Uma semana se passou, e era o último dia da Festa da Lua Nova. Os camponeses de Otniel, eram Gibeonitas, que deixaram suas crenças politeístas e passaram a crer no Deus de Israel,  dançavam músicas hebraicas, fazendo uma linda festa, adorando a Deus.

As pessoas, Esther observava, haviam mudado,  principalmente seus amigos e ela mesma. 

Outras coisas não mudaram, Lila e Gael, vieram para a festa, e permaneciam amigos inseparáveis. Assim com ela, Kalu e Nira.

Mas, a maior mudança havia sido de Otniel, e essa infelizmente,  ninguém gostou. Só a parte dele ter se transformado em um grande guerreiro, de sua tribo, mas o fato de se tornar alguém melancólico e distante, depois de ficar viúvo, entristecia a todos. Lila sempre dizia que sentia falta do “antigo Otniel”, mas afinal quem não sentia?

Ao menos,  ele sorriu nos últimos dias, durante a festa, e ficou perto, junto do filho, e da família, pensou Esther. 

— Foi uma festa linda. — Esther disse, à todos que estavam perto dela.

Lila, Gael, Nira, Kalu e Nobá e Zilai.

— Então, ele é aquele o rapaz que vocês duas encontraram? — perguntou Lila.

Todos olharam para a direção dele. Se chamava Marduk, e contou que era um Assírio, guerreiro do Reino do Norte, na Alta Mesopotâmia e que foi atacado por saltiadores. Conversava com alguns camponeses,  tomando um pouco de vinho. Ele era alto e esbelto, e vestia roupas de guerreiro, agora,  cedidas por Otniel. Estava se sentindo recuperado e quis ficar para o último dia da Festa da Lua Nova,  antes de partir.

— Sim, é ele, Marduk é um guerreiro Assírio, quis aproveitar o último dia da festa. — explicou Esther.

Ao perceber que estavam falando dele,  ele olhou para eles. Especialmente para Esther.

— Veio de muito longe.  — falou Gael.  — Alta Mesopotâmia.

— Ele parece encantado por você, Esther. Não para de olhar para cá. Para você — sussurou Nobá,  um tanto incomodado.

No entanto, não era o que Esther pensava. O  olhar dele,  parecia muito mais de curiosidade, do que de encantamento.

                          * * *

Esther se afastou dos amigos,  para ir até a casa,  no caminho, o rapaz Assírio a abordou.

— Esther,  eu preciso falar com você. — disse ele.

Esther, desde primeiro momento, tentou se lembrar de onde o conhecia.  Porque ele tinha um rosto bastante familiar para ela, e longos cabelos pretos.  Embora Nira e Kalu disserem que não, que o rosto não eta familiar,  mas para a ruiva havia sim alguma familiaridade.

— Pode dizer, Marduk. — disse ela.

— Em primeiro lugar, obrigado. Muito obrigado, ter me salvado.

— Não precisa agradecer, qualquer pessoa que te encontrasse teria feito o mesmo.

— Mas foi você que me encontrou. Devo minha vida à você.

Ele a observou por alguns instantes, sorrindo.

— Foram os Deuses que fizeram com que você me encontrasse. Justamente você, Esther. — disse Marduk.

— Como assim?

O rapaz deu um sorriso.

— Com tantas as descrições de como eram Marek e Kalési, eu tive certeza de que você era Esther, é a filha deles, assim que recobrei minha consciência e a vi. Você usa até mesmo um símbolo da Deusa Isthar, o pentagrama nesse colar. Um símbolo caneneu.

Esther tocou na estrela do colar de ouro em que estava em seu pescoço,  não o tirava desde o dia em que o pai a entregou. Era a única lembrança de que sua família existiu, um dia. Os hebreus, achavam que ela tinha que tirar que aquilo era idolatria, no entanto Adele, explicou que o colar era apenas uma lembrança de família. A única lembrança.

Foi impossível os olhos não ficarem marejados, como sempre que se lembrava dos pais, ficava emotiva.

Marduk notando aquilo, segurou na mão da ruiva.

— Desculpe, eu não queria te deixar assim, triste. Ainda mais essa noite, estão todos felizes.

— Onde você ouviu falar sobre o meus pais? É quem faz tanto tempo que eles faleceram.

— Mas foram o últimos reis de Jericó, nunca serão esquecidos. Existe uma lenda entre os caneneus sobreviventes de que a filha dos reis de Jericó, vive entre os  hebreus. Eu achei que fosse mentira, mas pelas descrições, só pode ser você.

— Eu, lenda?! — Esther pressionou os lábios. — Não, eu sou real.

— Agora eu sei que é.

— Mas não sou nenhuma princesa,  não mais.  Enfim,  você sabe muito sobre mim, mas eu não sei quase nada sobre você.

— Eu quero mudar essa situação. — disse ele. —Eu tenho uma coisa muito importante para te dizer. Fui criado minha vida inteira na Alta Mesopotâmia, mas descobrir há pouco tempo que sou caneneu. De Jerusalém.

— Então, você não é Assírio?

— Não, mas é como se eu fosse. Minha mãe, contou a verdade, no leito de morte. Descobri que meus pais, não eram meus pais de verdade. E que eu sou seu primo. Filho de Adele e Adon. — completou.

Esther não podia acreditar naquelas palavras. Aquilo não fazia o menor sentido.

— Não sei como pode saber dessas coisas, mas não pode ser. — disse ela.  — A tia Adele, não teve filhos com Adon, ela perdeu todos, durante a gravidez.

Marduk balançou a cabeça.

— Isso porque você não sabe a verdadeira história. E essa foi a forma que eu encontrei de me aproximar de você, estava indo para Hebron a sua procura, e de minha mãe, quando fui atacado por saltiadores, como disse antes.  Eles me roubaram, me bateram e acreditaram que eu estava morto.  Não conte a ninguém, o que eu estou dizendo aqui, por enquanto.

— Está certo.  — Esther concordou, confusa.

Se Adele teve esse filho, porque nunca falou sobre ele? Pensou ela.

— Sua avó, é a mãe de Kalési, não é?— questionou, e Esther assentiu. — Ela achou semelhança entre mim e o marido dela. Você precisa acreditar em mim. 

Esther hesitou e se lembrou da avó ter comentado isso com ela, no dia que o encontrou:

"... eu achei ele tão parecido tanto com meu falecido marido, Aníbal, quando ele, era jovem. Seu avô,  Esther."

— Eu... eu preciso pensar sobre isso, o que está me dizendo é muito inesperado,  surpreendente. A tia Adele, nunca me falou sobre isso.

— Tudo bem, eu entendo o quanto é difícil para você acreditar em mim,  acreditar em quem você não conhece, mas você Esther, mas é a única pessoa que pode me aproximar da minha mãe.

— E esse tem sido meu sonho, há quase um ano encontrá-la. Agora que eu te encontrei, não posso mais te perder.  Como eu faço para te ver novamente? — perguntou ele.

— Se você for mesmo filho da tia Adele, ela ficaria tão feliz. Eu sou capaz de qualquer coisa para ver minha tia feliz, ela fez tanto por mim. Sou grata pela chance que ela proporcionou. De viver, em meio uma guerra, quantos não tiveram essa chance?

— Tem razão. É bom ouvi que a minha mãe foi uma mulher tão forte, corajosa.

— Ela é maravilhosa, foi como uma mãe para mim.

— Vai ter uma grande festa em Moabe, daqui a uma semana. O que acha de me encontrar lá? — o guerreiro questionou.

Esther hesitou.

— Eu não posso ir numa festa dessas, e perigoso. E contra as leis de Moisés,  leis de Deus.

— Não vou deixar que ninguém te faça nenhum mal. — Marduk garantiu. — Afinal sou um guerreiro. 

                       
                              * * *

Na tarde do dia seguinte, Quenaz, Adele, Esther, Nira  Kalu e Seraías se preparavam para partir de volta para Hebron.

— Eu vou sentir tanta falta de Seraías. — disse Hatate.

— Vá me visitar em Hebron, assim passamos mais tempo juntos, com o amigo Boaz*. — respondeu Seraías,  abraçando o sobrinho. Embora,  tivessem quase a mesma idade,  eram tio e sobrinho.

— Foi muito bom passar esse tempo com a senhora, minha avó. — falou Esther.

Martha os acompanhou até a porta,  abraçando a neta.

— Sabe como eu gosto da senhora, não é? Se eu pudesse, me mudaria para cá. — disse Esther.

— Então, porque não muda?

— Não quero incomodar o Otniel.

— Conheço bem o meu filho, e tenho certeza de que ele não se incomodaria nem um pouco. — Quenaz se pronunciou.

— Meu pai tem razão, eu não me incomodaria, Esther. — Otniel disse a ela.

— Vocês deveriam ter pegado o caminho para casa, mais cedo. — observou Martha. — Não quero que corram nenhum risco na estrada.

— Eu sou um excelente arqueiro, não tem que se preocupar senhora Martha, eu protejo todo mundo. — Kalu garantiu.

— Eu sei disso, Kalu. E que Deus os acompanhe todos vocês no caminho para Hebron.

                   
                            * * *

Enquanto voltavam para Hebrom, Esther não conseguia parar de pensar em Marduk, no suposto primo. E no quanto isso, iria influenciar em sua vida e na tia Adele, e todos a sua volta. E embora não tivesse garantido nada,  se iria em Moabe, encontrá-lo, Esther sabia que precisava encontrá-lo novamente para descobrir se o que ele havia contado a ela, era mesmo verdade.


Notas Finais


*Seraías e Hatate são personagens bíblicos. Filho de Quenaz e Otniel, respectivamente. Ver em: I Crônicas 4: 13 E Boaz é filho de Salmon e Raabe,  meu OTP <3 Ver em Mateus 1:5 *Sobre Debir ver em Josué 15: 13-20. (Claro que vocês não precisam ler essas partes bíblicas, apenas se quiserem, eu apenas coloco, porque são referências, e porque nao é algo totalmente inventado por mim, é baseado na Bíblia e eu gosto de ressaltar, sempre). Até o próximo capítulo :3


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