História Estrelas do Céu de Abraão - Capítulo LVII

De volta, a Hebrom, Elias, estava radiante.  — Chegamos.

Maya e Israel, observavam tudo a sua volta impressionados.

— Aqui é tão bonito quanto você me descreveu! — falou Maya.

Elias sorriu. — Eu lhe disse que não estava exagerando. Israel é uma terra muito bela e fértil! Nossa Terra prometida!

—  Eu tenho que ir para casa. —  disse Jacó desanimado.

—  Se eu tivesse uma casa, a família, estaria feliz. —  Israel falou, entristecido.

—  A questão nem é essa, vou ter que explicar porque meu irmão Esaú não voltou. Meus pais vão fazer tantas perguntas... Enfim, terei que passar por isso mesmo.

—  Por um lado, foi bom, vocês precisavam se afastar um pouco. — Naomi disse ao irmão. — Vamos para casa, depois eu vou lá na sua casa, Elias.

— Está bem, as portas estão sempre abertas. Shalom.          

           ***

Na escada de casa, Yarin conversava com Joana, que perguntou: — Você acha mesmo que a Naomi vai voltar?

— Não tenho a menor dúvida. Diferente de mim, ela nunca quis ir para a Mesopotâmia, mas  fez ela se apaixonar por Hamurábi foi a fé dele. Muito dos nossos, não tem essa fé.

— E Esaú e Jacó? Será que voltam? Eu pergunto porque... São guerreiros e bom, e dizem que os assírios tem um exército sem igual.

— Eles tem que voltar, senão Iru enlouquece. — Yarin afirmou. — Ele mesmo disse, não ensinou tudo o sabe aos filhos para eles servirem à exército de pagãos.

Joana ficou pensativa.

— Ele ainda vai se apaixonar por você — Yarin disse, de repente, Joana a olhou sem entender.

— O Jacó. — ela esclareceu. — Eu sei que você gosta dele.

— É verdade, eu nunca comentei com você porque...

— Porque os dois ficam me disputando. — a própria Yarin, completou. — Saiba que eu não aguento mais isso, pode parecer mentira, mas eu não sou hipócrita, no início eu até que gostei, de se disputada. Quem não gostaria? Mas... Eu cansei, eu quero me apaixonar, como aconteceu com meus pais.

— Tenha paciência e irá acontecer.

— Elias enviou um papiro, ele esteve na reino da Núbia, mas já está voltando. — contou a ruiva.

— Então, ele pode chegar à qualquer momento. — Joana falou, pensando em Jacó. — Eu só queria que Jacó me notasse, que ele percebesse que eu o amo...

— Digo o mesmo que me disse, tenha paciência, Joana. Ainda vai acontecer.

— Enquanto isso, você pode escolher entre um deles.

— Não pode ser assim, ainda mais que eu sei que você, minha amiga, ama o Jacó.  Mas eu não amo Esaú, quer dizer, amo, ele é meu primo, mas não, como homem.

— Você não tem culpa de ser a hebréia mais linda de Judá.

— Eu não sou nada disso.

— É sim, e tem mais, eu sou estrangeira.

— Isso não significa nada, minha mãe, Rute, Melina, todas estrangeiras, mas com uma fé admirável. Sua mãe Adama, também.

— Ela nem parece cananéia, tem razão.

— Você também não parece.

Joana os avistou vindo um pouco longe, mas reconheceu que era Elias.— Seu irmão, Yarin. E não vem só.

— Minha tia avó Adele. A ruiva correu até ela, a abraçou. — Tia Adele!

— Yarin, como está linda! Cada dia mais parecida com Kalési.

— E isso é bom? — a ruiva quis saber.

— Sim, Kalési era belíssima!

— Essa é filha de Adama, Joana. — Yarin apresentou a amiga, ao ver se aproximar.

— Um prazer te revê- la, Joana.

— Igualmente, rainha.

— E aonde estão Naomi, Jacó e Esaú e Hamurabi? — perguntou Yarin.

— Depois eles vem aqui, foram para casa de Iru. Exceto, Esaú... Ele ficou na Mesopotâmia. — contou Elias. 

— Não, a culpa é minha. — a ruiva culpou-se.

— Não foi. — negou Elias. — Eles estamos bem, não à mais discussão, brigas... Este é Israel, e essa Maya,  minha noiva. — Elias os apresentou, para a surpresa de Yarin.

— Noiva!?

— Seu irmão está amando, Yarin. — Adele avisou. — Em algum momento, vai acontecer com você, também.

Israel, o ex escravo, não conseguia parar de olhar para Yarin, encantado. Nunca tinha visto uma moça tão bela. Yarin devolveu o olhar, mas se sentiu constrangida, era a primeira vez que um olhar a intimidou.

— Vamos entrar, fazer uma surpresa para minha mãe. — disse Elias.

Assim que começaram a subir as escadas, Joana comentou com Yarin. — Viu como o rapaz que chegou com Elias, olhou para você?

— Isso é comum, teve ter pensado que sou estrangeira.

— Nada, ele parecia encantado.

— Confesso que gostei dele, Israel. Ele é... Diferente. 

— A rainha Adele que é diferente do que imaginei. É tão linda, mas tão educada. 

Maya observou a casa, enquanto subia as escadas, era uma casa ampla.— Que saudades que eu estava de vocês,  minha família. Shalom! — falou Elias alegremente, da porta.

Hadassa, Lis e Joabe vieram correndo para abraçá-lo.

— Meu neto! — Adele exclamou ao ver Joabe.

— Vovó Dele.

— Eu trouxe presentes para vocês, pequenos! — avisou Elias. 

Esther veio depressa, e abraçou o filho. — Meu menino está de volta.

— Quem é essa moça linda? — perguntou Hadassa, olhando para Maya,  e a fazendo sorrir.

— Essa é Maya, minha noiva. — disse Elias olhando encantado a nubia, para dizer em seguida. — Essa é Hadassa, minha irmãzinha mais nova, que eu tanto te falei.

— Você também é muito linda, Hadassa.

Hadassa a abraçou com carinho.

Já Esther, ficou surpresa com o filho disse. — Noiva!?

— Sim, eu finalmente vou me casar... Com a filha de Zuma.

— Espera, vocês vão ter que me explicar essa história direito. Como assim, Elias?

— É uma longa história. Israel, por exemplo, é hebreu, e está em busca de sua família.

Esther observou Israel com curiosidade, ele se parecia com... Gabriel, o falecido marido de Rebeca.

— É o filho de Rebeca. — afirmou ela.— Ele realmente se parece muito com o outro filho de Rebeca, o Rafael.

— Então as duas conhece a mãe dele? — Maya perguntou. — Israel era escravo na Babilônia, assim como eu.

— Conhecem minha mãe? — Israel perguntou.

— Sim, mas você se parece mesmo com seu pai. Por isso, o reconheci, filho de Gabriel. Sua mãe colocou seu nome de Miguel.

Israel ao perceber que saberia de toda verdade, emocionou-se, era tudo o que sempre quis.

— E onde eles estão?

— É, sente-se. — pediu Esther. — Vou preparar um chá para conversamos com mais calma, será uma longa conversa.

— Eu posso ajudar a senhora a preparar as coisas. — sugeriu a moça.— Não imagina, não precisa se incomodar, Maya, aqui você é visita.  Viu duas meninas conversando ali na varanda, não é? Ela assentiu.

— Então, é minha filha Yarin, com a amiga Joana, vá conversar com elas, vou levar umas coisinhas para vocês comerem também.

— Tia Adele, a senhora veio finalmente. — disse Esther e a abraçou. — Sabe que terei uma conversa longa com o rapaz, se quiser pode ir até a casa de Seraías. 

— Eu ficarei, acho que posso te ajudar a contar a história de Miguel. Enquanto isso, Hadassa e Lis, brincam um pouco mais com Joabe. 

Esther concordou. — Está certo. 

Maya foi em direção as escadas, junto de Elias.

— Maya, senta aqui com a gente. —Yarin a chamou. — Vem conversar.

— E meu pai está na tenda do juizado? — quis saber Elias.

— Sim, está, como sempre.— a irmã confirmou. 

— Irei falar com ele. Shalom. 

***

Na tenda do juizado, Otniel recebia hebreus e os julgava de acordo com a lei mosaica. A tenda se parecia com as tendas montadas na época de Gilgal, quando Elias chegou, havia um casal no meio de uma causa.

— Não aceito ser repudiada! — a mulher reclamava ao juiz Otniel. — Só quero minha carta de divórcio, tenho esse direito!

— Ela nem merece a carta! — replicou o homem.

— Senhor, por favor, a lei deve ser cumprida. — Otniel tentava convencê-lo.

— O pior é ter de pagar de volta o dote, além de dar a Carta, vou falir!

— Há sim, um preço alto à pagar pelo divórcio, mas essa é a lei, se repudiar sua esposa, estará indo contra a lei de Moisés...

O hebreu, depois de muita conversa escreveu a carta de divórcio e saiu.

A hebreia o agradeceu antes de se retirar: — Muito obrigado, juiz Otniel. Que Deus continue o abençoado para julgar Israel com tanta competência. Shalom.

— Shalom, que Deus a abençoe. — disse Otniel.

Otniel pensou que trataria de mais um caso, quando seu filho entrou. Ele sorriu e abraçou o filho calorosamente.

— Elias,  como é bom ter meu filho amado de volta!

— É muito bom estar de volta, pai!

— Como foi a viagem? Voltaram todos bem?

— Todos, menos Esaú. Ele quis ficar...

— Iru ficará inconformado. Mas ele está bem?

— Sim, está bem, eu até acho que foi melhor assim, os dois estavam levando a rivalidade cada vez mais a sério.  E o rei Tiglate me fez um convite... De ser, o governador da Mesopotâmia.

— Você aceitou!? Por acaso, veio apenas para se despedir de nós, Elias?

— Nada disso, meu pai, não aceitei!  Como poderia? Se ficasse na Mesopotâmia... estaria longe de nosso povo, da minha família, da minha fé.

— Esse é o meu filho. 

— O senhor está se saindo bem, pai.Otniel suspirou. 

— Sim, mas às vezes são coisas tão simples, esse casal, por exemplo, veio do Norte, de Naftali. Bastava o marido escrever a carta de lá mesmo. Mas se ele recusava...

— É a lei. Eles tem que entender que a lei tem que ser cumprida.

— Quem dera todos pensassem como você, meu filho, ser juiz é árduo trabalho, mas se Deus me colocou nessa função, eu seguirei em frente, sem nunca desanimar, desistir... E como foi na Mesopotâmia? Esteve, na Babilônia?

— Sim, as duas coisas. Eu encontrei Maya, a filha de Zuma.

— Maya!? E onde ela está?

— Em nossa casa, conversando com Yarin e Joana.

— Zuma e Mandisa esperaram por anos para encontrar sua filha... Eles ficarão tão felizes. Eu e sua mae sabemos exatamente o que é isso, a ausência de um filho. Não tivemos que esperar tanto assim, mas... sofremos muito quando Yarin esteve longe da gente.

— E tem mais, o filho de Rebeca, também o encontrei. No caso dele,  foi uma coincidência,  entramos em casa,  e minha mãe percebeu que se tratava de Miguel.

— Maya e Miguel encontrados, Elias, essa viagem foi mais vantagiosa que eu esperava!

— Muito mesmo meu pai! Minha mãe está contando a verdade para ele. E eu... Pretendo me casar com ela. 

— Fico feliz que tenha encontrado o amor, Maya, quero revê-la. Eu vou atender mais uns dois casos, e nós já vamos para casa. — Otniel disse ao filho.

***

— Maya, eu tanto te procurei, e quem te encontrou foi meu filho.— Otniel falou emocionado,  ao ver a jovem,  e então olhou para Miguel.   — E você também, Miguel. 

— Sua mãe está angustiada, sempre na esperança de encontrá-lo. — Adele falou. — Rebeca nunca perdeu a esperança de que te encontraria algum dia.

— Só de saber que tenho raízes. E que se eu tivesse entrado naquele palácio... Teria a encontrado. Mas fui muito teimoso.

— Posso te levar até seus avós agora. Podemos ir a cavalo, o que acha? — perguntou o juiz. 

— Sim, eu gosto muito de cavalgar.

— Vamos então, não é muito longe daqui... 

***

Esther ao ver a filha descendo as escadas, perguntou. — Yarin, aonde é que senhorita vai?

— Vou acompanhar minha amiga Joana até a casa dela.

— Está certo. — Esther consentiu. 

— Mas não demore, meu amor.

Depois, Esther convidou Maya para entrar.

— Então Maya, o que está achando de Judá?

— Eu me lembrava alguma coisa sobre Efraim, e o Norte, mas o Sul... Está sendo uma experiência nova, estou amando

— Que bom que está gostando de Hebrom, de Judá. Pode ter que em Otniel encontrará uma maneira de você está com seus pais o mais rápido possível. 

— Que bom! — respondeu a nubia, radiante. 

— Quanto a Elias e você estarem noivos... Eu fico muito feliz, já está na hora de meu filho se casar, ele é um bom rapaz, e construir uma família, e tenho certeza de que nos vamos nos dar muito bem.

***

Adele já estava com o filho Seraías e a nora Tamar, as margens do rio Jordão, perto de onde eles moravam. 

— Que lugar mais agradável, está vivendo, Seraías. — disse Adele, ai filho. 

— Eu sempre gostei da simplicidade.— respondeu Seraías, preparando a rede de pesca.

— Eu também, fiquei na corte porque Alec quando se tornou rei, tinha acabado de ficar órfão de pai e mãe... Eu não podia deixá-lo. Porque eu sei por experiência própria que onde a poder, a pessoas que más intenções...

— A senhora fez o certo. — Tamar concordou, com Joabe, em seu colo.

Adele sorriu olhando o neto. — Joabe é tão lindo. Se parece com Seraías, quando criança. 

— Na infância. — relembrou Seraías. — Foi quando eu aprendi a pescar com meu pai. 

— Ia e voltava para casa com monte de bambus. Sempre gostou de artesanato. Fico feliz que tenha se tornado um artesão de sucesso, filho.

— E eu estou muito feliz que esteja aqui, minha mãe. 

— E agora será Tiglate que receberá minhas visitas, porque eu vim para ficar, filho. 

Tamar e Seraias sorriram emocionados, com a novidade. 

— Tá vendo, filho. — ela falou, para Joabe. — Vovó Dele, vai ficar.

Joabe sorriu alegremente também, e Adele o pegou no colo.