História Eternal - Family

- Mais rápido, Liam, mais rápido! – Dizia Niall, fazendo uma barulheira toda.

- Não posso simplesmente ignorar os sinais vermelhos, Niall – Liam devolveu, sem tirar os olhos do transito. – Paciência, dude.

- Humf! Não me peça pra ter paciência – O loiro retrucou visivelmente irritado, e também ansioso.

Por mais que quisesse, não tinha como manter a calma. Não mesmo. Liam pedia por paciência porque não foi a filha dele que nasceu.

Depois de esperar por tanto tempo, Melanie tinha finalmente chegado, e Niall se culpava profundamente por não ter estado ao lado da namorada no dia anterior, que fora quando tudo aconteceu. O rapaz mal conseguia parar quieto, as mãos não achavam um lugar fixo e na maioria das vezes iam parar em seus próprios fios de cabelo, bagunçando-os ainda mais. Era quase impossível de descrever o que sentia; um misto de nervosismo, felicidade e muita, muita ansiedade.

- Ai, ai, ai – Niall gemeu, se contorcendo por inteiro. – To com dor de barriga.

Liam arqueou as sobrancelhas, e enquanto Niall segurava a barriga, Liam o olhava com uma expressão impagável, demonstrando o nojo que sentiu com a declaração do loiro.

- No hospital deve ter um banheiro – Ele disse, somente.

- Não é esse tipo de dor de barriga – Niall especificou. – É nervosismo. Cara, porque esse hospital tem que ser tão longe? Com essa demora só vamos chegar lá quando Melanie completar quinze anos!

 

Exageros à parte, chegaram ao hospital por volta de quinze minutos depois. Assim que Liam estacionou, percebeu a grande movimentação em frente ao local. Era impossível não notar o tumulto de paparazzi querendo flagrar algo relacionado ao recente acontecimento.

- Hum, Niall... Acho melhor fazermos a volta no quarteirão, ou até mesmo entrar pelos fundos... Niall? – Liam falava para o nada, pois Niall não se encontrava mais dentro do carro, e sim fora dele, indo apressadamente em direção à entrada do hospital. – Irlandês mais doido!

Assim que o loiro foi visto, a avalanche de curiosos caiu em peso sobre ele. Perguntas e mais perguntas eram lançadas a Niall, nas quais ele fazia questão de ignorar, afinal, não tinha informação alguma, assim como os paparazzi. Pedia educadamente por licença, e na maioria das vezes não era atendido. Ninguém poderia sequer imaginar o quanto ele queria chegar logo à porta principal.

Foi necessária a chamada de seguranças ou ele não conseguiria chegar ao seu destino, e mesmo assim a dificuldade foi grande. Vendo que não arrancariam respostas de Niall, os paparazzi voltaram a atenção para Liam que vinha logo atrás, porém, parecia que um dos vários enxeridos  estava focado no loiro.

- O nome! Como vai ser no nome, Niall? – Gritou o moço, que segurava apenas um bloquinho de papel e uma caneta. Nada de câmera...

Niall ponderou antes de responder.

- Melanie – Disse ele, deixando seu sorriso se alargar, assim como o rapaz do bloquinho que sorriu satisfeito por ter conseguido o que queria.

O loiro seguiu escoltado até a recepção, que ao contrário de lá fora, estava calma, com apenas algumas enfermeiras que passavam por ali. Apreensivo, Niall foi direto em direção à recepcionista, e antes que falasse algo de precipitado, Liam tomou a liberdade de perguntar por Anne.

- Oh sim, Anne Russel... – A moça da recepção disse, checando algo no computador. – Deu entrada ontem à noite no hospital.

- Onde ela está? – Niall foi logo perguntando.

- Em um quarto descansando, senhor – A mulher respondeu educadamente, mas ainda assim era visível a surpresa dela em estar dialogando com Niall Horan e Liam Payne, mas por sorte ela sabia manter o controle.

- Que quarto? Eu quero ver ela – O loiro praticamente exigiu.

- No momento não posso permitir, senhor. O horário de visitas só começa daqui vinte minutos.

- O que? Mas eu sou Niall Horan!

Dito isso, Liam e a moça se entreolharam, ambos estranhando a atitude do rapaz.

- Desculpa... – Liam disse um pouco constrangido. – Ele ta nervoso, sabe como é...

- Claro que sim – A moça soou compreensiva. – Mas, por favor, controle-se.

- Ah, ele vai se controlar, pode ter certeza – Liam disse cético, virando-se para encarar o loiro. – Niall, vai sentar e se acalma.

- Mas Liam...

- Senta lá!

Um pouco de autoridade, na maioria das vezes, funcionava com Niall. Ele resmungou, mas foi se sentar no sofá branco da recepção e apoiou o rosto entre as mãos. Teria que esperar, não havia outro jeito. Enquanto isso, Liam questionava ainda mais a recepcionista.

- Anne está bem? Mesmo? – Perguntou em tom preocupado.

- Sim, ela esta ótima.

- O que me preocupa é que faltavam alguns dias para completar nove meses. Tem certeza que ela ta bem?

- Pelo visto, estes dias não fizeram diferença. Como disse anteriormente, ela está ótima.

- E a criança?

- O bebe está na incubadora, mas hoje mesmo irá para o berçário.

E os questionamentos de Liam não pararam por ali. Durante todo o tempo que tinham que esperar, tanto Niall e sua apreensão quanto Liam e seu interrogatório importunaram a recepcionista que já estava há ponto de explodir.

- Já deu vinte minutos?

- Ainda não, Niall.

 

Cinco minutos depois

- Podemos entrar agora?

- Não.

 

Mais cinco minutos depois.

- E agora podemos?

- Nãããããão!

 

Mais cinco minutos...

- Podemos ent...

- Sim, podem ver ela agora! – Bradou a recepcionista, fervilhando de irritação.

Niall conseguia ser insuportável quando queria. Apesar do olhar odioso que a recepcionista lançava para o loiro, ela educadamente o levou até o quarto que Anne ocupava. Liam, que continuava mantendo o controle, deixou que o amigo entrasse sozinho, afinal, Liam podia esperar, já Niall não aguentava mais esperar.

Cautelosamente, o rapaz empurrou a porta, pondo metade do corpo para dentro do quarto, assim vendo Anne na cama com lençóis azuis. O lugar era bem iluminado, e ela lia um livro, usava seus óculos de armação preta, e mantinha uma expressão normal; normal para quem estava deitada em uma cama de hospital.

Niall tinha um olhar deslumbrado na direção dela. Era meio surreal vê-la ali, tão natural depois de tudo. Assim que foi notado por ela, o rapaz deu um sorriso de canto e foi acompanhado por ela, que apesar de sorrir encantadoramente, parecia bem cansada. Niall sentou na poltrona ao lado da cama, enquanto ela marcava a página do livro e o fechou, voltando o olhar para ele.

- Vai, pode dizer. Eu to parecendo uma velha, deitada em uma cama de hospital, lendo um livro, usando óculos e com o corpo todo flácido.

Niall riu levemente, sem emitir som, e agora bem mais calmo pelo simples fato de ver que ela estava bem ao ponto de fazer piada de si mesmo. Vendo toda a apreensão de Niall, Anne sorriu divertida, levando a mão até o rosto do rapaz e acariciou a maça do rosto dele, que fechou os olhos, suspirando, como se não sentisse o toque dela há muito tempo.

- Me desculpa por não estar com você logo naquele momento? – Pediu suplicante, segurando o pulso da garota. Levou a mão dela até seus lábios, depositando vários beijos estalados na costa da mão da namorada.

- Tudo bem – Disse compreensiva. – Acho que você não aguentaria me ver berrando do jeito que berrei.

Niall soltou um gemido. Até podia imaginar, ou até mesmo sentir tudo o que ela deve ter sentido. Todos os sacrifícios, inclusive a dor para dar vida à Melanie... Deve ter sido muito dolorido.

- Doeu muito? – Niall perguntou com a expressão sofrida.

- Com toda certeza foi a dor mais dolorida que já senti em toda minha vida – Falou sendo o mais sincera possível. – Foi muito pior do que bater o dedo mindinho nos móveis.

- Ow, deve ter doído mesmo – O loiro franziu o nariz, vendo-a assentir. – Mas esta bem agora, não esta?

- Sim – Anne sorriu. – No final das contas acertei em ter preferido fazer parto normal. A recuperação é bem mais rápida, eu me sinto ótima e o melhor de tudo, não vou ficar com nenhuma cicatriz.

Mais uma vez, Niall sorriu, assentindo, e levantou para fazer o que já deveria ter feito; segurou ambos os lados do rosto da namorada, e a beijou delicadamente. Uma demonstração de afeto era mais no que necessário, pelo menos ele achava que era, já que em um dos principais momentos de suas vidas ele não esteve ao lado dela, principalmente agora que estavam ainda mais ligados, afinal de contas, agora são nada mais e nada menos do que uma família. Uma verdadeira família.

- Você já viu ela? – Niall perguntou com os olhos brilhando. Ambos sabiam à que ele se referia mesmo sem ter citado um nome.

- Claro, eu já vi ela – A morena mordeu o lábio, evitando que um sorriso maior se formasse nos lábios. Na realidade, ela estava mais feliz do que imaginava poder estar. – Ela é tão branquinha, tem as mãos pequenas e delicadas, dá até medo de tocar nela, parece tão frágil – Enquanto Anne falava, Niall percebia o encantamento e até mesmo um pouco de emoção na voz dela. – E tem cabelo, acredita? São fios castanhos, afinal, não teria como ela ser loira sendo que você é um loiro de farmácia.

O rapaz fez cara de ofendido, mas seu riso reprimido não demorou a escapar. Felizmente tudo havia ocorrido da melhor maneira possível, e continuaria sendo assim.

Embora imaginasse como as coisas aconteceram, Niall quis saber nos mínimos detalhes, desde o princípio dos fatos até o momento que ela fora parar ali naquela cama. Surpreendeu-se em saber que quem ajudou Anne fora Julia, aquela coisa sem miolos, que apesar de ser sem noção acabou sendo útil e ele obviamente agradeceria quando tivesse oportunidade.

Como tinham passado um tempo longe um do outro, os dois tiveram bastante o que conversar, e tempo suficiente também.

- Pensei que o resto da cambada viria junto – Anne comentou, já estranhando o fato de ninguém além de Niall ter ido visitá-la.

- Liam ta ai do lado de fora, daqui a pouco ele aparece – Disse Niall.

- Os outros já sabem?

- À essa altura o mundo todo já sabe, Ann – Niall deu de ombros. – A entrada do hospital ta tomada de paparazzi.

Certamente, o assédio da mídia nunca seria algo com que fosse fácil de lidar ou até mesmo aceitar. Anne não se acostumava e isso ficou visível com a careta que fez, ainda mais quando revirou os olhos tediosamente.

Antes que pudesse abrir a boca para reclamar, uma sorridente moça vestida de branco adentrou o quarto.

- Olá – Disse a enfermeira, recebendo em resposta um aceno de cabeça de Niall. – Como se sente?

- Bem, eu acho... – Anne respondeu, dando de ombros.

- Bem o suficiente para ir ver o bebê no berçário? – Perguntou, sorrindo persuasiva, assim chamando a atenção não só de Anne, mas também de Niall.

Ambos assentiram freneticamente, afinal, mal viam a hora de ver Melanie.

Niall ajudou a namorada a levantar com cuidado, e apesar de ela ainda estar fraca, não teve maiores problema para sair do quarto, vestindo nada mais do que a camisola azul do hospital. Assim que passaram pela porta, encontraram Liam mexendo no celular, mas logo ele notou a movimentação na frente do quarto e enfim percebeu o motivo.

- Oi – Liam balbuciou, fitando Anne dos pés à cabeça em um misto de incredulidade e... Era impossível descrever a expressão de Liam.

- Oi – Anne riu do rapaz, chegando perto dele e lhe dando um abraço rápido que foi pouco correspondido. Liam estava paralisado. – Vem com a gente – Disse ela, enroscando o braço ao redor do amigo. – Estamos indo ver a Mel.

Pelos corredores, os três seguiram a enfermeira até chegarem no berçário. Por algum motivo desconhecido, ninguém além da enfermeira pôde entrar lá, e isso deixou Niall desconfiado, porém, até Anne dizia que não era nada demais então preferiu ao menos tentar não se importar. Ficaram em frente à uma parede de vidro, assim vendo o berçário cheio de bebês. Cada qual tentava adivinhar qual das crianças era Melanie, mas só a viram quando a enfermeira pegou-a no colo e a trouxe para perto de onde eles estavam.

- Olha – Anne cutucou Niall, que ainda tinha o olhar perdido, mas quando pôs os olhos em Melanie, não conseguiu mais mover um músculo sequer.

Até Liam ficou sem reação, olhando para a criança.

- Mas é tão pequena – Niall disse deslumbrado, espalmando a mão no vidro como se quisesse tocá-la.

Era uma sensação mágica; e o fato de saber que aquela criança era uma parte de si fazia ser algo mais intenso, indescritível. Ter uma filha trazia sensações até então desconhecidas, porém, eram sensações boas.

Já bem próxima daquela parede de vidro que os separava, era possível ver que a pequena Melanie balançava as pernas suspensas no ar, como se estivesse apenas brincando.

Também foi possível ver que a garotinha possuía olhos tão azuis quando os de Niall.

 

 

Dias Depois...

- Jeff, estaciona o mais perto possível do portão, tudo bem? – Niall pediu ao motorista assim que o carro se aproximou da casa.

- Claro, senhor.

Estavam indo para casa, finalmente. Depois de alguns dias no hospital era o que Anne mais queria, e Niall como ia lá frequentemente também queria mais que tudo ir para casa. Não aguentavam mais aquele cheiro irritante de hospital.

Nos bancos traseiros do carro, ao lado de Niall, Anne tinha Melanie nos braços. Estava tranquila, até ver que a frente da casa era tomada por fotógrafos. Olhou apreensiva para Niall, que não estava muito diferente dela. Mas, por sorte, ele já imaginava que aquilo pudesse acontecer, tanto que a van que vinha atrás do carro estava cheia de seguranças. Assim que o carro de vidros escuros parou em frente ao portão, os seguranças desceram imediatamente da van, e, o mais educadamente, pediram para os paparazzi se afastassem, assim eles puderam criar duas barreiras, abrindo caminho livre.

Vendo que era seguro sair, Niall abriu a porta do carro e, rapidamente Anne fez o mesmo. Obviamente, as câmeras não pararam de soltar flashes até que Niall e Anne entrassem em casa.

- Essa gente não tem limites mesmo – Anne comentou assim que Niall trancou a porta.

- Enfim em casa – Disse, suspirando. – Isso é o que importa.

Indo em direção ao sofá, o loiro indicou que Anne sentasse ao seu lado, e assim ela fez. Não tinha dificuldade para andar nem nada mais, porém, ainda preferia que Niall segurasse Melanie quando ia fazer algum movimento brusco, como por exemplo, se jogar no sofá. Antes de sentar de qualquer jeito ao lado do rapaz, entregou a criança para ele, por segurança.

Até que os dois se saiam bem ao cuidar da garotinha.

A pequena Melanie dormia despreocupadamente, com o rosto rechonchudo encostado no ombro de Niall, e a mãozinha espalmada no peito dele. O silêncio agradável instalado no interior da casa era muito convidativo e propício para um cochilo, tanto que os olhos de Anne já ficavam mais pesados. Em ocasiões assim de extremo cansaço era mais do que ótimo não ter empregados que fizessem barulho.

- Ela ta babando no meu ombro – Niall sussurrou, para não acordar Melanie, e Anne riu.

A morena levantou devagar, inclinando-se para dar um selinho em Niall.

- Fica aí com a Mel um pouquinho enquanto eu tomo banho, ok?

Niall arregalou os olhos.

- Se ela acordar e começar a chorar? – Perguntou apavorado.

- Faça ela parar de chorar, oras...

O loiro estreitou os olhos.

- Não é como se fosse sair leite dos meus mamilos pra fazer ela parar de chorar – Niall foi irônico, e de certa forma engraçado aos olhos de Anne.

- Ela não vai acordar – Tentou convencê-lo. – Só preciso de uns vinte minutos. Volto já.

- Vinte minutos? Vai acabar com a água do mundo desse jeito!

Ignorando as controvérsias exageradas de Niall, ela subiu a escada, indo para o banheiro a fim de tomar aquele banho tão esperado. Não há nada melhor do que usar seu próprio sabonete em seu próprio banheiro depois de uma estadia no hospital...

Lá embaixo Niall rezava para que Melanie continuasse vagando pelo mundo dos sonhos por pelo menos vinte minutos, ou o tempo que durasse o banho de Anne. E pelo visto, Melanie deve ter herdado a preguiça da mãe, pois sequer se moveu durante longos minutos.

Quando Anne retornou ao andar debaixo, não pode deixar de sorrir ao ver Niall deitado no sofá, dormindo, com Melanie sobre seu peito. O braço do rapaz continuava firme e cuidadosamente envolto no pequeno corpo da criança.

Embora achasse um pecado acabar com a cena, ela preferiu acordar Niall para irem dormir em um lugar mais apropriado. Entretanto, o loiro não abriu mão de subir até o quarto com Melanie sem seu colo, alegando ser perigoso que Anne fizesse aquilo, afinal, ela continuava sendo uma pessoa desastrada.

Já no quarto Niall optou por tomar banho também. Enquanto isso, conversava a distancia com a namorada. Ele no banheiro e ela na cama.

- E como fica a turnê? – Perguntou ela depois de Niall ter dito que teria bastante tempo livre para ficar em casa.

- A turnê já acabou – Respondeu o rapaz aparecendo com apenas uma toalha enrolada na cintura.

- Férias então?

- Isso aí. Férias, babe! – Niall disse com a voz afetada. – Quer dizer, ainda esse mês começamos a trabalhar no novo álbum. Já têm algumas letras quase prontas, mas de qualquer forma vai ser um processo bem longo, e por um lado isso é bom.

- É sim. Pelo menos você vai vir pra casa por alguns dias seguidos – Anne pontuou um dos fatores bons das “férias” de Niall.

Não era lá uma grande coisa, porque na verdade ela precisaria dele por muito mais tempo, mas já se contava feliz com a novidade.

- Niall – Ela chamou.

- Hum?

- Eu ainda preciso ficar em repouso por algumas semanas, então, faça o favor de não ficar andando pelado na minha frente – Disse cética, vendo que a toalha de Niall havia caído e ele passeava livremente e sem roupa alguma pelo quarto.

O loiro riu divertido, indo pegar algo para vestir.

- Então, faça o favor de me avisar quando pudermos dar fim a essa coisa do demônio chamada abstinência – Niall disse com os dentes cerrados, indo se juntar a ela.

- Eu avisarei, pode ter certeza.

Ambos riram, mas na realidade, falavam muito sério.

Com Melanie entre eles, ajeitaram-se sobre a cama (muito mais confortável que a cama e a poltrona do hospital). Ela repousou a cabeça no braço esticado do rapaz, e Niall beijou-lhe a testa, enquanto seus olhos foram se fechando por conta própria. O fato de ser cedo da tarde não tinha a mínima importância. Precisavam de um descanso. Um merecido descanso.

 

 

Algumas semana depois...

Mais um dia de gravação no estúdio que acabou.

Por ter optado em gravar pela parte da manhã, separadamente dos outros rapazes, Niall podia voltar para casa no meio da tarde.

O silêncio já havia se tornado habitual, exceto pelas vezes que a família de Anne ia fazer uma visita, mas por sorte não tinha ninguém na casa, nem Anne ele viu quando percorreu o caminho do quarto. Depois de se higienizar por completo, vestiu uma bermuda qualquer, ficando sem camisa e saiu à procura da namorada.

Quando a encontrou, na cozinha mexendo em um dos armários, ficou encostado na soleira da porta, rindo silenciosamente por ver que ela precisava ficar na ponta dos pés para alcançar o armário. Anne usava uma blusa vermelha que Niall reconheceu como dele. Pelo que pôde perceber, ela não usava nada mais além daquela blusa, pois quando espichava o braço para cima, o tecido subia junto, deixando grande parte dos glúteos à mostra. No momento que os olhos do loiro se fixaram naquele detalhe, o resto do corpo pareceu entrar em ebulição.

O coitado estava pagando pelos pecados com a bendita falta de sexo. Não desejaria abstinência nem para seu pior inimigo.

Por incrível que pareça, ainda existia bom senso na mente do rapaz, até porque se não existisse ele já teria agarrado a namorada há muito tempo. Usando o pouco de sanidade que ainda lhe restava, Niall se aproximou cautelosamente, levando as mãos até a cintura dela e a puxou bruscamente para si, deixando o rosto se perder por entre os fios castanhos e úmidos de Anne.

- Que susto, Niall! - Disse exasperada, em uma tentativa falha de olhar para ele.

Niall apenas riu divertido, afastando os cabelos dela e deixando seu pescoço livre; a pele lisa ficou à mostra, pedindo para ser marcada.

- Ta com fome? – Perguntou ela. Tinha uma lasanha de microondas em mãos.

- Muita fome – Respondeu roucamente, e ela só percebeu o duplo sentido da frase quando Niall deu uma forte mordida em seu pescoço.

Sem muito tempo a perder, Niall a virou de frente para si e rapidamente beijou-lhe os lábios em completo desespero. Nada diferente dele, Anne o retribuía ferozmente, soltando arfadas desejosas entre um beijo e outro. Era bem provável que marcas roxas aparecessem mais tarde nas coxas dela, pois os dedos do loiro apertavam tanto aquela região como se fosse a primeira vez; tão forte que a fez gemer, mordendo sem pena o lábio de Niall.

Necessitavam um do outro mais do que nunca.

Respondendo aos gestos ferozes dela, Niall chupou a língua da garota com vontade antes de se separar minimamente para tirar a blusa que ela vestia e já se tornava incomodativa. Obviamente, o que havia por debaixo da blusa era muito mais interessante; lingerie vermelha rendada. Muito provocante... Até parecia que ela queria realmente provocá-lo. E diga-se de passagem, que, em termos de provocação os dois ficavam empatados, mas no momento Niall estava levando vantagem.

Impulsionou-a para cima, fazendo-a enroscar as pernas em sua cintura, e às cegas o loiro deu alguns passos até encontrar a mesa, onde a largou deitada sobre a superfície plana. O barulho de coisas caindo pelo chão não tirou a atenção que ele dava ao corpo moreno bem em sua frente.

O choque térmico do contato dos lábios gelados dele com o calor que emanava do corpo de Anne fez com que ela arqueasse as costas, no mesmo instante que um gemido escapava de sua boca. Niall usava a língua enquanto distribuía beijos molhados pelo corpo da namorada, deixando cada parte formigando com a saliva quente, e fez questão de puxar com os dentes aquele pequeno piercing no umbigo que ela teimava em ainda usar, arrancando mais um gemido dela, acompanhado de uma risada alta e divertida.

Era muita saudade, necessidade, uma vontade reprimida que precisava ter fim logo. Tudo se tornava uma grande e prazerosa loucura.

- Niall – Anne chamou por ele, e só conseguiu fazê-lo parar puxando seus cabelos. – Isso aqui é muito desconfortável – Disse desanimada, referindo-se à mesa de madeira maciça. – Que tal o quarto?

- Eu ia sugerir isso agora mesmo – E sorriu presunçoso.

Ajudou-a a descer dali, e em meio a amassos foram em direção do segundo andar, aos tropeços. Houve algumas quedas nos degraus, dedos mindinhos bateram nos móveis... Resultado de tamanho desespero.

- Não, aqui não – Anne avisou assim que Niall ameaçou abrir a porta do quaro. – Mel ta dormindo aí.

Entendendo o motivo que o impedia de entrar ali, ele continuou a conduzi-la pelo corredor. Poderiam usar um dos quartos de hospedes.

No meio do caminho, querendo deixar Niall igualmente “vestido”, Anne impulsionou a bermuda que ele usava para baixo, mostrando já um volume evidente por debaixo da cueca vermelha. Até na cor estavam sincronizados.

- Ah meu Deus, como eu senti saudades sua – Niall disse contra os lábios dela enquanto a deitava lentamente na superfície macia da cama. Na verdade, referia-se à imensa saudade carnal que sentia.

- Menos papo e mais ação, Niall!

Fazendo o que ela disse, Niall voltou a beijá-la, passando a acariciar as laterais de seu corpo arrepiado, já ameaçando jogar longe o sutiã.

- Também não precisa ter pressa, Horan – Disse, puxando o lábio do loiro para si. – Quero que isso seja beeem longo.

 

***

 

Uma cama nunca tivera ficado tão desarrumada naquela casa, e um calor infernal havia se instalado no lugar. Resultado da junção daqueles dois corpos que jaziam ofegantes sobre o emaranhado de lençóis.

- Acho que... Batemos o record de vezes hoje – Ela disse, olhando rapidamente para Niall.

- Dá pra acrescentar mais uma.

- Não! Me deixa descansar, seu tarado – E começou a limpar o suor da testa. – Sério, to acabada.

Rindo, Niall a fez virar de frente para si, enquanto ela brincava com seus cabelos.

O tempo parecia ter sido cronometrado para eles, pois depois de alguns minutos que usaram para recuperar o fôlego e as forças, aquele barulho indesejado de uma campainha tocando soou acima deles.

- Ah, mas que caralho! – Niall xingou alto, socando a cama.

Provavelmente era um, ou todos seus parceiros de banda que tinham permissão de chegar até a porta de entrada.

Hora muito apropriada para irem ali...

Depois de tirarem no “impar ou par” e Anne perder, ela teve que levantar e ir, ainda relutante.

Esperando que ela voltasse, Niall permaneceu ali, deitado, mas Anne não voltou. E quando ouviu um choro vindo do quarto ao lado, quem saiu em disparada foi ele.

Pelo menos o casal pôde ter seu momento de extrema privacidade...

Com Melanie nos braços, Niall desceu os degraus da escada vestindo apenas a cueca, e ao contrário de quem pensava que veria, era apenas Zayn quem conversava com Anne, que tinha voltado a vestir a blusa vermelha.

Entregou a criança para a namorada e se jogou no sofá.

- Por acaso vocês tavam tirando o atraso? – Zayn disse risonho. – Olha o estado dessa criatura! – Apontou para Anne, toda desgrenhada.

- Valeu por ter atrapalhado a gente – Niall disse sarcástico, semicerrando os dentes na direção do amigo.

- Ué, podem ir assistir televisão no quarto. Eu fico aqui com a Mel.

- Anne queimou a televisão do quarto - Disse Niall, mesmo sabendo que não foi bem naquele sentido que Zayn se referiu.

- Como se queima uma televisão?

- Com refrigerante. E um travesseiro.

- Ãh?

Totalmente fora da conversa, Anne riu, lembrando do ocorrido de uns dias atrás.

- Nós estávamos em meio a uma guerra de travesseiros. Niall largou um copo de refri em cima da televisão, eu errei a mira e acertei um travesseiro no copo e puff! A televisão queimou – Ela explicou como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Hum, ta... – Zayn disse, somente. – Então é melhor que Niall vista uma roupa, e que você dê um jeito nesse cabelo porque o resto do povo ta vindo aí.

Em outras palavras; Harry e Lara, Julia, Louis, Liam e quem mais eles levassem junto.

Tanto Niall quanto Anne já podiam até imaginar toda aquela gente brigando para ter Melanie nos braços por alguns minutos.

Seria mais uma noite de casa cheia.