História Eternal Flame - Prólogo

Ouvi o som da campainha e me levantei do sofá, caminhando até a porta apressada. Quando a abri, esbocei um sorriso em ver os seus olhos verdes de novo. Ele me cumprimentou com um beijo na bochecha e entrou, indo para o meu quarto, como era de costume. Andei atrás dele e quando entrei no meu quarto, o encontrei sentado na minha cama.

- Então, como foi seu dia? - Perguntou simpático, sorrindo revelando as suas covinhas.

- Como todos os outros. - Dei de ombros e fui-me sentar do seu lado. 

- Sonhou com algo hoje? - Perguntou, puxando seu caderninho de dentro da sua maleta. Ele apontava tudo o que eu lhe contava naquele caderno. 

- Sim. - Assenti e ele me olhou nos olhos. - Sonhei que estava correndo em um lugar vazio. Parecia ser um campo, mas não tinha vida. Era tudo cinzento e muito sinistro. Eu estava fugindo de algo que vinha atrás de mim. Queriam me matar. Eu só lembro de tropeçar num galho e ver aquela coisa me atacando. Não lembro de mais nada depois disso. - Contei, num tom baixo.

- Não consegue identificar essa pessoa? - Perguntou, escrevendo.

- Não. Mas sei que era alguém mais velho. - Franzi os lábios.

- Hmn... - Fez um ruído com a garganta e continuou escrevendo. - Em todos os seus sonhos, é sempre essa pessoa que aparece ou vai alternando? - Perguntou, desviando seus olhos do caderno para mim.

- É sempre a mesma pessoa. Eu nunca consigo ver o rosto nem o corpo. - Suspirei pesado. Ele assentiu e apontou algo no seu caderninho.

- E tem se cortado ainda? - Perguntou num tom um pouquinho mais duro. Ele sempre esperava ouvir um não, mas é inevitável quando um sim é simplesmente a verdade. Balançei a cabeça positivamente ele cerrou os lábios numa linha dura.

- Selena, você sabe que...

- Eu sei! - O interrompi. - Mas eu não consigo evitar. - Me levantei da cama. - Sou mentalmente instável, tenho problemas e não os consigo ultrapassar de outro jeito. Sabe como é o sentimento de não ser amada por ninguém? - Perguntei, levemente irritada olhando para ele, que me fitava espantado. - Na escola sou zoada e xingada por não ter ninguém. Sempre volto sozinha para casa e almoço sozinha. Eu não consigo conviver com isso. Me diga, se você passa-se pelo mesmo, o que faria? - Perguntei, cruzando os braços.

- Eu sinceramente não sei, Selena. - Ele pousou o caderninho na cama e se levantou, vindo até mim. Ele parou à minha frente e pegou nos meus braços. - Você é a garota mais forte que eu conheço. - Ele sorriu e automaticamente, eu sorri também. - Você só precisa de mais algum tempo e com a minha ajuda você pode ultrapassar tudo isso, ok? - Perguntou e eu assenti, com um ligeiro sorriso. 

Harry me abraçou e o abracei pela cintura, já que eu era pequena demais para chegar ao seu pescoço. Se eu tivesse um abraço desses todos os dias, minha vida iria melhorar. Ele é somente o meu psicólogo, só me quer ver bem. Rocei lentamente meu nariz na sua regata, sentindo o cheiro de colónia cara. Quando ele me abraçava eu me sentia protegida de tudo e de todos.