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História Ethereal - Bellarke - 11. Erlebnisse


Escrita por: elysianfl

Capítulo 12 - 11. Erlebnisse


Clarke acorda quatro dias depois quase totalmente recuperada, e considera continuar não saindo de casa, se possível nem sair do quarto. Mas seus pensamentos não a deixam em paz, ela recapitula tudo que descobrira nas últimas semanas, a prisão de seu pai e o real motivo, o esconderijo do trem espacial que não era uma expedição breve ao espaço, era uma fuga só para uma parcela da população norte americana, a que tinha muito dinheiro — e alguns "sortudos" como ela, — o blackout que a fez acordar em um laboratório e Bellamy achar que ela havia sido eletrocutada. Além disso, descobriu sobre o que faziam nos laboratórios e o cruel projeto do tal Bill Cadogan, e que de alguma forma, isso chegava até ela e ao líquido injetado em seu corpo, motivo pelo qual queriam desesperadamente um herdeiro dela e de Bellamy e ele nem teve a dignidade de lhe contar. 

É, ela definitivamente não podia ficar em casa. Precisava procurar onde começava e onde terminava a relação entre tais segredos. Tinha a infeliz impressão de que aquilo era só a ponta do iceberg. 

Ao chegar na ALIE segue direto para um único lugar, o escritório Blake. E como ele havia dito a ela uma vez, tudo que era dele agora era dela, ou seja, ela também devia ter direito a usar seu escritório — ia inclusive usar esse argumento com ele se necessário. 

Não sabia bem o que procurar, sentia que quando achasse saberia. Mexeu em vários papéis na mesa, tomando cuidado para deixar organizado como encontrara. Não havia nada além de relatórios de impostos e criptografia de coisas que ela não podia decodificar lendo. 

Passou a procurar entre os livros da estante, folheou cada página mas era só mais frustração. Ele nem deveria ler qualquer coisa ali, devia ser tudo apenas decoração. 

— Posso saber o que está fazendo aqui?

Ela se assusta com Bellamy entrando tempestuosamente no ambiente e batendo a porta atrás de si. Sua grande marca de estupidez.

— Bellamy…

— É, eu. O que estava fazendo aqui no meio das minhas coisas? 

— Eu só estava procurando…

Ele ergue a sobrancelha a desafiando a inventar uma bela desculpa pra se safar dessa. 

— Estava procurando algo.

Responde atrevida.

— Algo? — ri sem acreditar que ela não dá o braço a torcer — e você não poderia ter pedido esse algo?

— Não. Você não saberia onde está…

— Não…E você sabe?

— Eu?

— É, você, Clarke. O que está acontecendo? Você tá muito mais estranha que o normal.

— Eu preciso ir. 

— Ah, mas de jeito nenhum. Depois da última noite eu planejava te deixar sozinha pelo tempo que fosse necessário, mas você veio até minha sala com seus próprios pés, então eu exijo saber que diabos foi aquilo? 

— Não sei do que está falando.

— Ah, não sabe? 

— Bellamy por favor…

— Por favor, digo eu. Por que é que você voltou a me odiar do nada e decidiu que agora eu sou um monstro? Toda vez que tento falar com você é uma humilhação diferente! E você reage sempre assim, respondendo com palavras vagas, me deixando sozinho. O QUE TÁ ACONTECENDO? 

— Ai me poupe do seu cinismo, você sabe o que está acontecendo!!! — explode falhando a voz prestes a chorar e balbucia — Você sabe, não sabe?

— Pela milésima vez não, eu não sei! Eu não consigo te decifrar, colocar suposições e palavras na boca dos outros é arte sua.

Ela sabia que era a raiva dele falando e enquanto ela resistisse ele a machucaria mais. 

— Eu queria muito acreditar em você…

O responde em voz baixa, de costas pra ele enquanto arrumava os livros em suas mãos de volta à estante.

— Então o que te impede? 
Ele a obriga a olhar pra ele, chegando mais perto. 

— Porque esse é o meu lado que gosta de você querendo se sobressair sobre a minha razão. 
Bellamy esbugalha o olho, surpreso com a admissão. 

— Achei que nenhum lado seu gostasse de mim.

— Eu também…até me negar a acreditar no que faz todo o sentido, meu inconsciente não iria te proteger se eu não sentisse o mínimo afeto que fosse. 

— Então devo ser grato ao seu inconsciente, que é o real, porque você sabe né…as coisas que pelas quais agimos por impulso são nossa verdadeira essência, se uma parte sua quer me dar uma chance, porque você não escuta ela? 

— Porque eu preciso ouvir a minha cabeça, acima do meu coração. 

Bellamy bufa e anda pelo ambiente. Clarke aproveita a brecha pra tentar sair da sala.

— Nem pense nisso, eu já falei que dessa sala você não sai!

Ele para ela pelos cotovelos e a empurra de volta aonde estava, mas seus pés embolam no tapete e ela cai de costas, derrubando um aparador de livro de vidro em cima de uma mesinha e desacordando.

— Clarke!? 

Bellamy põe a mão na cabeça assustado e corre pro lado dela, com cuidado ele a senta acomodando sua parte superior em seus braços, um filete de sangue vermelho quase escuro escorria por sua testa e pedacinhos de vidro grudaram em seu lado esquerdo do rosto, os quais ele retira com cuidado. 

— Clarke, acorda por favor! — pede baixinho, tentando não se desesperar. Ele nem tinha a empurrado com força!

De repente ela começa a tremer em seus braços, como um ataque de epilepsia. Então Bellamy fica emocionalmente desorientado, não sabe se corre atrás de um médico, ou liga, ou fica ao lado dela tentando qualquer coisa para que aquilo pare.

Ele estava paralisado.

Enquanto isso, Clarke estava ciente em seu subconsciente do que acontecia mas seu corpo parece que tinha vida própria, a realidade se desmanchava em duas simultâneas, seu corpo parecia estar em um processo de déjà vu de quando estava presa naquela maca no laboratório, antes sua memória estava fragmentada, mas agora ela lembrava de ter tido uma crise daquelas quando foi levada por engano. E sua mente tentava obrigar seu corpo a ficar imóvel, sem sucesso.

Aquela não era a primeira vez que Clarke se encontrava naquele estado de transe, nas outras duas vezes Bellamy nem ninguém estava por perto, ela só teve que esperar seu corpo cansar, e quando finalmente parava e dormia, acordava pior que antes pelo esforço involuntário dos músculos. 

Bellamy finalmente reage e ativa o transmissor de voz envolto no pescoço para chamar socorro, é quando Clarke consegue comandar seus movimentos e puxa o microfone dele, esmagando com a mão. 

Ele olha pra ela horrorizado e prestes a iniciar uma briga, mas se cala quando ela concentra toda sua força pra sentar de uma vez só.

— Você não vai chamar ninguém — Ordena quase sem voz — Eu vou ficar bem, isso sempre passa — Bellamy ergue a sobrancelha — Sim, não é a primeira vez, só aos seus olhos. Me ajuda a sentar na poltrona por favor? 

De automático ele se põe de joelhos e a ajuda a sentar na cadeira ao lado, mas permanece sentado no chão de frente a ela, esperando que ela explique.

— Desde aquele dia, que eu acordei do suposto choque, eu tenho essa crise esporadicamente. 

— Por que você nunca me contou?

— Eu não sabia se podia confiar em você…ainda não sei.

— Tente a sorte, então! Me deixe saber o que tanto lhe aflige e já que você é tão boa em ler pessoas, vai saber se estou mentindo ou não. 

— Estou tão cansada de brigar com você…

Reclama respirando fundo e fechando os olhos, se recostando na poltrona. 

— Não lute contra isso, só converse comigo. Por favor. 

Ela abre os olhos e inclina a cabeça pra baixo o fitando triste.

— Eu não fui eletrocutada aquele dia.

— O quê? — Bellamy junta as sobrancelhas e abraça os joelhos ajeitando a postura, sua linguagem corporal pedindo pra ela continuar. 

— Enquanto eu saia daquela cena — torceu a boca olhando torto pra ele lembrar da "cena" — Eu tropecei e cai perdendo a consciência, quando acordei estava num local no qual nunca havia estado antes, um laboratório, só sabia que era aqui. E sabe quem estava lá? 

Ela não pergunta para que ele responda, mas ainda sim ele teme pensar em um nome.

— Jacob Green estava lá, e ele só salvou a minha vida, porque tinha planos mais importantes pra ela, segundo ele eu serei a mãe do tão aguardado herdeiro Blake, é verdade? É por isso que casou comigo? 

A cabeça de Bellamy está um verdadeiro turbilhão de emoções, ele se pergunta se todo mundo sabia dessa história antes dele e ao mesmo tempo a maneira como ela vinha reagindo a ele…tudo fazia sentido. 

Ele não responde em seguida, o que ela toma como culpa e balança a cabeça em decepção pra ele, que logo trata de tentar reverter a merda que já deve estar instalada nas impressões dela sobre ele.

— Clarke…eu não fazia ideia até você me questionar isso aquele dia.

— Ah, me poupe Bellamy! Eu pareço otária pra você?

Ele se levanta atordoado com a situação que se encontra

— EU ESTOU FALANDO A VERDADE! Assim que você saiu da sala aquele dia, Thelonious entrou com essa mesma história pra mim, eu mal pude refletir que porra vocês estavam falando, por causa do alerta sonoro e depois você sumiu e aconteceu tudo que aconteceu pra estarmos aqui hoje, eu realmente não parei pra pensar naquilo. Eu- eu não sei…O que você quer que eu diga? 

— Nada, Bellamy. Eu não quero que você diga nada, nem se justifique. Eu só acho engraçado você ficar magoado ao ser chamado de monstro…

— Por que? Tudo isso por causa de um filho? Querer um filho nunca foi pecado indigno de onde eu venho.

— De onde você vem… 

Ela ri sarcástica e endurece o semblante. 

— Esse filho nem seria escolha sua, fala sério comigo uma vez na sua vida Bellamy, VOCÊ NUNCA NEM PENSOU EM FORMAR UMA FAMÍLIA COMIGO! Nem a mim como esposa você realmente escolheu, eu fui a opção fácil e agora esse bebê é o que? O lucro fácil pra você e essa empresa de merda? 

— Mas de que porra você está falando? Eu não entendo uma palavra do que você diz, deveria estar fazendo sentido pra mim? Porque não está!

— Eu estou falando que você não se importa com nada além do dinheiro entrando no seu bolso e no dos seus parceiros! Você está disposto a usar o sangue do seu sangue como experimento, eu tenho nojo de você…

Nessa altura ela soluçava tanto que nem sabia se ele a havia entendido. 

Escondeu seu rosto em suas mãos tentando reprimir mais lágrimas de escorrerem. 

— O- o quê? 

Ela levanta a cabeça e o fita. Não sabe explicar o que vê em seus olhos, talvez nem ele saiba. 

— Do que você tá falando?

Ela permanece em silêncio. Ele grita.

— O QUE VOCÊ QUIS DIZER?

Suas mãos estão suadas quando ele, pela milésima vez, passa pelo cabelo e pelo queixo, num gesto se mostrando atordoado. 

Clarke considera de verdade o fato dele ter tanto conhecimento quanto ela sobre tudo, talvez menos ainda. Sente seu coração se apertar torcendo para que essa fagulha de expectativa esteja certa. Aceitaria ele nunca a perdoando facilmente se a condição fosse a inocência dele em tudo aquilo. 

Ela então decide contar (quase) tudo o que viu e não entende. Desde o trem espacial escondido em um dos pavilhões inferiores, até a prisioneira, Lexa quando quase foi embora com ela, e as várias vezes que esteve em perigo mas foi resgatada pelo padrinho dele, Cole. 

É por isso que ela achava que ele tinha ciência de tudo. 

Clarke não conta o que viu e ouviu com aquelas crianças no vídeo daquele homem, mas acha que pelo menos uma coisa ele precisava saber.

— E Bellamy…você tem uma irmã.

Ele finalmente levanta o olhar pra ela, com lágrimas prestes a transbordar de seus olhos vermelhos e não sabe o que dizer. Decide ignorar a última informação por ora.

— Eu achei que você soubesse…fazia sentido, como você me tratava e depois…depois me obrigaria de qualquer jeito a deitar com você, porque eu preciso de dar um filho, eu não queria acreditar que tinha casado com um monstro mas eu precisava porque…se você não faz parte disso, então estou ainda mais em perigo do que antes…porque você não pode me proteger.

Clarke falava com o resto de forças que restava, porque nem lágrimas mais tinha pra chorar, as marcas d'água estavam pegajosas em seu rosto e tudo que ela queria era se levantar e ir ao banheiro limpar, mas a agonia em não saber o limbo que os atravessava era mais urgente.

— Me diz- me diz que eu estava errada! — implora.

Com a feição dolorosa, ele se ajoelha novamente perto dela. 

— Eu nem deveria me sentir desgostoso por você pensar que eu pudesse estar por trás de algo assim, mas é inevitável. Clarke?

Como sempre, a dor na voz dele é possível ouvir e identificar só em chamar o nome dela.

— Eu sinto muito…

Ela pede.

— Não, Você não tem ideia do que eu achei…eu achei que tinha perdido você. 

— Bellamy…

Ela põe a mão sobre o braço dele tentando cortar sua fala mas ele prossegue.

— Você podia ter morrido. Eles podiam ter te visto antes. Você podia ter morrido naquela maca e eu nunca saberia. E eu iria achar pelo resto da minha vida que tinha sido o choque após fugir do que viu entre mim e a Echo. Eu nunca mais conseguiria me olhar no espelho de novo, porque então eu veria ele…o monstro que você sempre viu em mim. 

Ela balança a cabeça aflita e se lança pro chão, junto a ele, o segurando pelo queixo.

— Olha pra mim. — os olhos vermelhos vazios dele fitam os dela. — Eu achei que você estava ciente desde o início, que já era um plano em conformidade com o motivo de eu precisar assinar um acordo de confidencialidade e agora vejo que pode até ter sido, mas não manipulado por você. Eu não acho que você é de fato mau, Bellamy.

Ainda meio em transe ele responde.

— Mas ainda sim eu machuquei você. Aqui e aqui — leva os dedos sobre a sua têmpora e para a mão no coração. 

Clarke segura a mão dele por cima e aperta.

— Ainda há tempo de consertar. Eu prometo.





















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