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História Eu, a patroa e as crianças - OneShots - Aquele depois do fim


Escrita por: TataNeveu

Capítulo 1 - Aquele depois do fim


Aquele depois do fim

Depois de uma viagem inteira em silêncio na volta da consulta, Michael e Jay entraram em casa quando ele resolve quebrar o silêncio.

-Hahaha, foi muito engraçado, Jay.

Extremamente irritada com ele, ela não se vira, parada no primeiro degrau da escada de costas para ele com os braços cruzados.

-Que bom que alguém achou graça na situação, porque eu não achei. Nenhuma!

-Vai, querida, pode falar, você resolveu dizer que está grávida pra eu me sentir culpado por não ter feito a vasectomia. Hahaha, muito engraçado, vamos lá. Já conseguiu, eu vou fazer, tá ok? Pode parar com a brincadeira.

Ela abaixa a cabeça e pega um exame da bolsa. 

-Bem que eu queria que fosse, Michael. E também queria que ao menos dessa vez você não viesse com alguma brincadeira estúpida, mas só pra variar eu vou me decepcionar, não é? -Ela coloca o exame na mão dele.- Quando você decidir conversar sério, a gente vai conversar sobre o que vai fazer. Agora me deixa sozinha. -Ela se volta pra escada e começa a subir. Sem se voltar, grita quando ele começa a segui-la. - FALEI PRA ME DEIXAR SOZINHA, MICHAEL!

Ele olha o exame na mão e faz menção de subir, mas desiste quando ela bate a porta do quarto tão forte lá em cima que todas as paredes da casa parecem estremecer. Com uma careta, Michael se joga no sofá, perplexo. Júnior aparece da cozinha vindo da garagem.

-Caramba, o que foi isso? Achei que fosse um terremoto!

-Uma tempestade seria um bom chute. -Chocado, Michael olha o filho mais velho se aproximando. -Problemas, filho. Um problemão.

Júnior se senta ao lado do pai no sofá, uma expressão solidária no rosto.

-Vamos lá, pai, desabafa comigo. Sei que pareço um idiota e as vezes realmente sou, mas pode contar comigo. O que houve?

Michael abaixa o olhar por alguns instantes e depois ergue o olhar para o filho.

-Sua mãe está grávida.

-Eeeeeca... -A careta de nojo do filho acaba fazendo Michael rir. -Vocês não estão muito velhos pra fazer isso, não?

-Tenho 41 anos e sua mãe tem 39, pretendo ter mais uns 40 anos “fazendo isso” pela frente, e eu realmente não quero que você fale isso de velhos demais pra ela, ok?

Júnior concorda com a cabeça. Após alguns instantes, olha de volta pro pai.

-Bom, você vai ter um filho. É hora de assumir algumas responsabilidades, não é, Michael Kyle?

Ele lança um olhar incrédulo ao filho. Após um tapa na nuca do rapaz, ele o olha sério.

-Eu sei bem o que é isso, foi o que fiz desde que ela engravidou de você!

-Ah tá, é verdade. -Júnior concorda com a cabeça. -Mas vocês queriam isso? Foi de propósito?

-É claro que não. Não achei que fosse acontecer ainda, não com a idade que temos. Como tivemos você muito jovens, realmente nos sentimos velhos pra essa idéia e agora... Bom, ela está furiosa comigo.

-Pai, qual é... Sei que se alguém pode acalmar a mamãe, é você. -Júnior coloca a mão no ombro do pai. -Vocês são ótimos com o Júnior Júnior. É meio estranho pensar em vocês tendo um bebê, mas é legal também. Meu filho vai ter um tio mais novo do que ele, isso é muito louco!

Michael ri.

-É, é muito louco. Você me ajuda numa surpresa pra sua mãe? Se ela não me matar antes.

-Claro que ajudo, pai.

-Ajudar em que? Eu também quero! -Cady grita, entrando na casa com Claire. A filha do meio para do lado do pai e dos irmãos na sala, a testa franzida.

-O que está acontecendo aqui?

Michael olha para as duas garotas e pensa por um minuto na grande confusão que seria aquilo. Pede que as duas sentem ao lado de Júnior e se levanta do sofá, parando em frente aos três com as mãos na cintura.

-Bom... Vocês vão ter um irmão ou irmã.

-O que?? -Cady dá um pulo do sofá, os olhos arregalados no rostinho assustado. -Eu não vou mais ser o bebê da casa?!

-Minha filha, você sempre será meu bebê. Eu te falei isso uma vez, lembra? Não importa quantos bebês cheguem nessa casa, você sempre será nossa garotinha. -Michael olha a cara de nojo de Claire. -Ah, nem vem você também. 

-Pai, isso é bizarro, eu não tenho idade pra ganhar um novo irmão e vocês não tem idade pra terem um bebê! Que absurdo!

-Se eu ouvir mais algum de vocês falar que estamos velhos pra alguma coisa, eu deserdo vocês, está bem? Tanto não estamos que isso aconteceu! -Os três fizeram uma careta, mas não responderam. - Claire, eu estou tentando assimilar ainda, está bem? Não estou com cabeça pra suas conversas egoístas agora! Eu preciso de ajuda! Sua mãe está chateada e com medo de passar por isso de novo, preciso acalmá-la e fazê-la entender que tudo vai dar certo! Posso contar com vocês ou não?!

Os três acenaram positivamente com a cabeça dessa vez e ficaram conversando por mais algum tempo. Após bolarem um plano, cada um foi cuidar de sua parte nele.

Algumas horas depois, Michael bateu de leve na porta do quarto.

-Querida? Podemos conversar? -Quando abriu alguns centímetros a porta do quarto, um objeto atirado por Jay se espatifou na parede ao lado da porta, fazendo Michael recuar. -Jay, pare com isso. Você sabe que precisamos conversar, querida. -Com o silêncio dela, Michael abriu devagar a porta, com medo de ser atingido por alguma outra coisa, mas Jay estava deitada de costas para a porta, a coberta da cama cobrindo até sua cabeça. Michael se aproximou devagar e sentou-se atrás dela, no seu espaço na cama. Percebendo os soluços dela antes que ela dissesse qualquer coisa, ele lentamente tirou a coberta do rosto dela. Encolhida, com o rosto marcado pelas lágrimas e os olhos fechados, ela não fez menção de olhar pra ele. O coração de Michael pareceu falhar uma batida ao vê-la assim.

-Jay, para... Por favor, meu amor, não fica assim.

-Como é que você quer que eu fique, Michael? -Os olhos ainda firmemente fechados, a voz cansada, ela permanece de costas pra ele. -Ainda acha que é uma brincadeira? Ainda quer fazer alguma piada com esse seu senso de humor idiota? Porque eu não estou no clima. Me deixa sozinha.

-Eu nunca vou te deixar sozinha e você sabe disso. -Ele dá a volta na cama, abaixando-se para ficar da altura do rosto dela, a poucos centímetros de distância. -Desculpe ter achado que era uma brincadeira, está bem? Não achei que isso pudesse acontecer a essa altura das nossas vidas, eu... Eu estava em choque, Jay.

-E você acha que eu não estava? -A voz dela falhou enquanto abria os olhos vermelhos e inchados para o marido. -Eu te pedi uma coisa... Uma coisa, Michael. Concordamos que estava ótimo com nossos três filhos, que isso não ia acontecer de novo, faz ideia do quanto me sinto ridícula engravidando sem querer aos 39 anos de idade? Meu Deus, nós já somos avós! Isso é absurdo! -Nervosa, Jay levanta da cama e começa a andar de um lado para o outro do quarto. -Não sei se consigo fazer isso de novo. Não tenho mais idade pra passar por isso, e mesmo que passe, nem temos certeza de que veremos essa criança crescer!

-Jay, agora você está sendo ridícula. Essa certeza nunca teremos, mesmo que estivéssemos com 20 anos.

-Ridícula é uma boa palavra pra como estou me sentindo e vou me sentir estando grávida, lembra da gente rindo da mulher grávida aos 67 anos? Você lembra disso, Michael?

Ele não consegue deixar de rir.

-Querida, isso será daqui a 28 anos no seu caso. Aí então, tá, ficaria um pouco ridículo. Até porque eu duvido que estarei fabricando bebês até lá. -Diante do olhar mortal dela, ele para de rir. - Ei, tá bom, estou brincando, desculpa! Mas é sério, meu amor, você está ótima, em ótima forma, melhor até do que quando engravidou da Claire e da Cady. Tenho certeza que vai dar tudo certo, tá bem? E tem mulheres muito mais velhas do que você dando a luz todos os dias!

-Eu já dei minha contribuição para esse mundo, Michael. Já te dei três filhos, já não está bom? E minha pós-graduação? E todo o trabalho pra voltar a forma depois? Sem contar no quanto é cansativo. Fácil pra você falar, não vai sair nada do seu...

-Opa, opa, pare com isso, se acalme, está bem? Sua pós-graduação continuará quando você quiser, seu corpo voltará a forma se você quiser e isso acontecendo ou não, estará ótimo pra mim! Sim, já estava bom, mas aconteceu, Jay. Não planejei...

-Mas também não fez nada pra evitar, não é? -Ela responde com sarcasmo. Michael balança a cabeça.

-Tá, eu sei, é minha culpa também. Não estou excluindo minha participação nisso, mas também não quero que nosso filho ou filha se sinta rejeitado por não ser exatamente planejado. Já é assim com o Junior e a Claire.

-Droga, Michael, eu não estou rejeitando nosso filho, está bem?! Eu só... -Os olhos dela ficaram marejados de lágrimas quando ela se sentou na cama, voltando a chorar. -Eu só estou com medo de tudo. Sem contar que as crianças vão odiar isso. Não sei se consigo.

Michael se ajoelha na frente dela, segurando seu rosto.

-Você não está sozinha, Jay. Lembre-se apenas disso, está bem? Nós faremos dar certo como sempre fizemos. Você confia em mim?

-É um péssimo dia pra você me perguntar isso, Michael.

Ele faz uma careta.

-É, você tem razão. Mas vai dar tudo certo. Sabe... É totalmente louco e inesperado pra mim também, mas não consigo deixar de me sentir feliz. Não me bata. -Jay abaixa o braço que estava mais do que pronto para um tapa no rosto de Michael. -Sim, me sinto feliz porque terá mais um pequeno Kyle aqui, Jay. Sei que mesmo vindo sem planejamento nenhum esse bebê vai nos trazer muita alegria. -Michael inclina-se e beija a barriga de Jay, que não consegue deixar de sorrir mesmo em meio a tanta confusão. -É sempre muito divertido fazer filhos com você, sabe.

-Michael! -Rindo, ela o empurra de leve. 

-Ah, vai. Sei que você também acha. -Com um sorriso convencido, ele se levanta e lhe dá um leve beijo. -Por que você não toma um banho pra lavar esse choro do rosto e desce pra comermos alguma coisa? Está na hora do almoço.

Ela concorda com a cabeça e se levanta.

-E as crianças?

-Acho que Júnior saiu com a Vanessa e o bebê, e Claire levou a Cady ao shopping.

Ainda confusa e tonta com os acontecimentos daquele dia, Jay se levanta e vai em direção ao banheiro, sem perceber o sorriso maroto de Michael de quem havia acabado de mentir. 

Um pouco mais tarde, Jay desce as escadas a caminho da cozinha, estranhando o silêncio absoluto da casa e o fato de que a cortina da porta de comunicação da sala para a cozinha estar fechada. Com a sensação de que havia algo errado, ela escancara a porta e quase cai para trás com o susto ao ver a cozinha decorada com balões e os três filhos mais velhos solenemente vestidos com roupas de festa, acompanhados por Vanessa e JJ, Franklin e Toni, todos gritando “surpresa!” quando ela apareceu. Michael estava encostado na parede e se aproximou dela. Também estava elegante, de terno, e a olhava profundamente nos olhos. Jay não conseguia parar de olhar de um para o outro, totalmente perdida e confusa com aquela recepção.

-O-o-o que é isso?!

Michael parou em frente a ela, segurando sua mão entre as dele. Todos fizeram absoluto silêncio quando ele suspirou, sem deixar de olhar em seus olhos.

-Janet Marie Kyle... Você é uma caixinha de surpresas, sabe. A essa altura do campeonato, você ainda consegue me surpreender. -Ele olha em volta. - Quis que todos estivessem aqui hoje pra comemorarmos esse dia, porque mesmo sendo tudo muito louco, ele merece ser comemorado. As coisas nunca são como a gente planeja, não é, Jay? -Ele olha para Cady. - Exceto você, filha, você foi planejada. -Os três filhos fazem careta e Jay e Michael riem. - Enfim, o que eu quero dizer é... Jay, sei que jamais teríamos tomado a decisão de ter mais um filho, mas a verdade é que, agora que aconteceu, já não consigo pensar na nossa família sem ele. Eu sei que você está com medo, confusa, com os hormônios a mil e provavelmente vai querer me matar algumas vezes ao longo dos próximos meses, mas... Tenho fé que tudo vai dar certo, Jay. Porque nós sempre fazemos tudo dar certo desde que estejamos unidos. Quando você engravidou do Júnior foi um grande susto, éramos muito novos, eu não tinha como nos sustentar, mas nosso amor me fez amadurecer. Quando a Claire chegou, estava trabalhando tanto para erguer a transportadora que achei que não conseguiríamos, mas conseguimos e tudo só melhorou depois. Quando a Cady chegou, foi maravilhoso, mas ainda estava trabalhando tanto que não pude aproveitar tudo como devia ter sido. Agora temos a oportunidade de vivermos tudo de novo, e mesmo sendo uma grande surpresa eu sei que tudo vai ser incrível e que viveremos e enfrentaremos cada dificuldade juntos como sempre fizemos. Eu te amo, Jay. Eu amo você e amo nossos filhos, incluindo esse aqui - ele colocou as mãos na barriga dela, o que provocou um sorriso em todos os que assistiam a cena da cozinha -, e prometo que vou te ajudar mais dessa vez. Vou fazer tudo o que for possível pra dividir o fardo com você e pra ser um pai mais presente do que fui das outras vezes. Confie em mim, meu amor. -Ele seca com carinho as lágrimas que escorriam pelo rosto dela e lhe dá um beijo de leve, que ela retribui com um sorriso. 

-Eu confio em você, Michael. -Ela apoia a testa contra a dele. - Mas dessa vez depois do parto vou fazer a laqueadura, ouviu bem? -Todos na cozinha riem, incluindo Michael. Jay se vira para os filhos.

-Vocês não estão chateados com a ideia?

Claire faz uma careta.

-Bom, isso é meio esquisito...

-É até meio nojento... -Júnior completa.

-Mas estamos felizes por vocês. E até que um novo irmãozinho fofo como o JJ será bem vindo. -Claire termina.

Jay olha para Cady.

-E você, meu amor? Não está chateada?

Cady olhava para os pés, de cabeça baixa.

-Vocês ainda vão gostar de mim como agora?

-Mas é claro, filha. -Jay e Michael abrem espaço para Cady, que se aproxima deles e se deixa abraçar. - Além do mais... Vou precisar de ajuda com o bebê, como você ajuda com seu sobrinho, sabe? Você vai ser a mais velha, vai poder ser pra esse bebê o que seus irmãos mais velhos são pra você, o que acha?

Cady faz uma careta em direção à Júnior e Claire.

-Tem certeza que querem isso?

-Cala a boca, pirralha! -Claire perde a paciência, mas todos acabam rindo. Cady se volta para os pais mais uma vez.

-Se meu lugar está garantido, eu também estou feliz com meu novo irmãozinho. -Ela se desvencilha do abraço dos pais e vai até a geladeira, de onde tira um bolo aonde ela havia escrito com balas em cima “Bem-vindo(a), bebê!”. Jay se emociona ao olhar pra filha caçula, encantada.

-Você que fez, Cady?

-Eu decorei. -Ela sorri orgulhosa

-Eu ajudei! -Claire exclama.

-Eu cuidei da decoração. -Orgulhoso, Junior conta sua participação. Vanessa dá um tapa na nuca do marido, que após uma careta completa. - Tá, eu e a Vanessa!

Todos riem e se reúnem em um grande abraço. Franklin toca uma música alegre ao piano enquanto todos comemoram. Michael se aproxima de Jay e a abraça pela cintura, olhando-a como se fosse a primeira vez.

-Você me encanta tanto quanto há 21 anos atrás, Jay. -Ela sorri, erguendo os braços em torno do pescoço dele. -Eu te amo e amo a família que nós dois construímos juntos, com todos os membros atuais e futuros dela.

Jay retribui com o olhar apaixonado tão intenso quanto o dele. Agora, mais calma, só conseguia sentir alegria, felicidade e amor por toda aquela grande e barulhenta família e pelo pequeno Kyle que chegaria dali a alguns meses.

-E nós amamos você, Michael. Todos nós. -Jay sorri, colocando a mão na barriga. Eles trocam mais um longo beijo, enquanto os filhos fazem careta do outro lado da cozinha.

-Eca!

Eles riem, se afastando um pouco. Ainda teriam muita comemoração pela frente.


Notas Finais


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