História Eu e Um Demônio - Isso Que Você Chama de Amor?

Na noite daquele mesmo dia, Amanda andava pela casa enquanto todas as demais dormiam. Depois de um tempo a garota de cabelos pretos se sentou no sofá e olhou o grande relógio na parede, que marcava 3:47 da manhã. Olhou pela janela e viu que a chuva aumentava, o que só a preocupava cada vez mais.

- Onde aquela louca se meteu... - Amanda falava sozinha enquanto passava o dedo pela janela, fazendo um risco no vidro abafado.

Depois de uma hora, a porta é aberta de um jeito agressivo e entra Pandora, que estava claramente bêbada e molhada pela chuva.

- Onde você tava? - Amanda falou brava - Você podia ter morrido!! E cadê suas coisas?? Você foi roubada??? 

- Tu é minha mãe ou o que? - Pandora cambaleou até o sofá e caiu sobre o mesmo como uma bigorna.

- Você estava com quem? - Amanda pegou uma toalha quente para ela - Isso é perigoso! Você bebeu?! Você só tem 17 anos menina!! 

- Cala a boca, vadia - Pandora disse dando um tapa na cara de Amanda, que se manteve firme.

- Você tem noção do que você tá falando? - Amanda disse sem demonstrar nenhuma reação quanto ao tapa - Você tá assim por que? Hoje você estava toda feliz...

- EU TO ASSIM POR QUE EU QUERO - Pandora empurrou ela e a jogou no chão - SUA PUTA DESGRAÇADA.

- Olha as horas! - Amanda disse se levantando - Daqui a pouco todo mundo acorda e vai ver esse seu show - Amanda disse colocando a Pandora no sofá.

- FODA-SE - Pandora disse apertando o braço de Amanda, ameaçando o quebrar - SE EU QUISER EU TE MATO, SUA PIRANHA!

- Me mata então. - Amanda disse secamente - Se é isso que você quer mesmo, me mata.

- AAAAAAHHH - Pandora apertou mais o braço de Amanda, e caiu desmaiada.

- ... - Amanda a pegou no colo e deixou em sua cama, e depois saiu e desceu para a cozinha, onde começou a preparar o café.

Quem olhasse para a Amanda naquele momento sem ter visto o que aconteceu antes, nunca desconfiaria. Seu rosto estava com uma expressão normal, mas por dentro seu coração chorava e se perguntava se valia mesmo a pena viver. E por que ela escondia suas emoções? Desde pequena foi ensinada, treinada e obrigada a ser mais uma no mundo, e que seus sentimentos não importavam. Depois de uma hora, o café já estava na mesa, e a primeira a descer foi Michelle.

- Bom dia. - Michelle disse em um tom simpático e se sentou na mesa e começou a tomar seu café.

Todas as meninas já tinham descido, menos Pandora.

- A rapariga voltou? - Pâmela disse comendo uma panqueca - Ela saiu correndo e nem disse para onde ia...

- Ela chegou aqui faz duas horas - Amanda disse sem tirar os olhos de sua xícara de café.

- Ela te acordou? - Rebecca disse preocupada - Você está com uma voz de sono...

- Eu não dormi - Amanda disse recolhendo a mesa e colocando na pia para lavar.

- Como assim? - Lambruska apareceu do lado dela - De novo? Isso não faz bem para a sua saúde, Amanda. Você tem que fazer o que eu te disse. - Lambruska começou a ajudar ela a lavar a louça - Não inventaram a palavra "Foda-se" para nada. 

- Eu sei... - Amanda disse em um tom triste.

- E por que esse moletom? - Michelle também apareceu do lado dela - Eu sei que tá chovendo, mas não tá frio. 

- Eu coloquei só por colocar mesmo... - Amanda ia saindo quando Pâmela puxou o moletom de Amanda e revelou as marcas roxas.

- MENINA DO CÉU - Pâmela se assustou ao ver as marcas.

- Te espancaram??? - Rebecca correu até Amanda com um saco de gelo.

- Foi a Pandora, né? - Michelle disse escorada na mesa.

- Olha, a Pan é doida - Lambruska disse - Mas acho que ela não é capaz de levantar um dedo para a Amanda.

- ... - Amanda viu toda aquela cena e só se sentiu cada vez mais mal por estar fazendo todos se assustarem ou se incomodarem, e sua única reação era manter um silêncio triste.

- Foi ela. - Rebecca disse encarando Amanda.

- Olha, vocês cuidam disso que eu e a Mi vamos para o Aeroporto resolver o negócio daa passagens. - Lambruska disse saindo com Michelle da casa e deixando as três sozinhas.

Passaram-se algumas horas e Rebecca estava cuidando de Amanda, que não tinha falado nada até aquele momento. Já eram 13:00 quando Pandora desceu as escadas.

- Bom dia - Pandora falou naturalmente, como se nada tivesse acontecido, e em troca recebeu o olhar mortal de Rebecca e Pâmela-  Que isso gente? Parece que eu fiz uma torta com a maçã do Paraiso e dei para o diabo comer.

- Você fez pior. - Pâmela disse indo até ela - Como você tem a coragem de sair daqui no meio de uma tempestade, beber todas e mais algumas, chegar de madrugada após fazer a Amanda ficar até tarde acordada e preocupada com você e ainda bater nela??? Você tem noção do quão brava eu to? Eu podia te matar na porrada agora, mas eu não sou igual você.

- C...Como Assim... eu... - Pandora tentou se defender e foi acertada por um tapa de Rebecca.

- COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO, VELHO - Rebecca disse brava - VOCÊ TEM NOÇÃO? TU TEM SÓ 17 ANOS, NEM IDADE PARA BEBER TU TEM. OLHA PARA ELA E SE PERGUNTA SE VOCÊ MERECE TER ELA NA SUA VIDA! 

- Gente... - Amanda falou de um cantinho do sofá - Por favor, parem...

- Como? - Pâmela falou-  Ela te bateu e você ainda quer defender ela? Tu é retardada menina?

- Não fala assim com a coitada - Rebecca puxou a orelha de Pâmela.

- ... - Pandora sumiu em uma nuvem de fumaça.

- Humf... Covarde - Rebecca falou.

Não muito longe dali, Pandora discava um número em seu celular, quase se afogando em suas lágrimas.

- Alô? - Pandora falou segurando o choro.

- Oi Panzinha, como vai? - Pandor falou do outro lado da linha.

- Tá tudo uma merda... - Ela falou quase voltando a chorar.

- Não gostou do Havaí? - Pandor disse.

- Não é isso... São uns problemas pessoais... 

- Ah, tá...

- Não vai nem perguntar o que é?

- Você vai falar?

- Não.

- então...?

- AAAAAAHH - Pandora desligou o celular e continuou andando pelas ruas molhadas de Chicago.

O sol estava se pondo quando Pandora chegou na rua da casa de Michelle, enquanto ainda andava em direção a casa viu Amanda sentada no telhado vendo a magnífica cena da natureza enquanto pequenas gotas ainda caíam do céu, sem notar a presença da garota de cabelos cinza.

Pandora então entrou na casa e se sentou no sofá estranhando a casa vazia. Vencida pelo cansaço fechou os olhos e entrou em um sono profundo, mas acordou enquanto era levada para seu quarto no colo de Amanda.

- P...Porquê? - Pandora disse olhando no fundo dos olhos de Amanda.