Lá estava eu sentada na mesa de reuniões da casa dos Trainor´s. Estava com um coque preso com aquelas fivelas japonesas e meu terninho surrado. Will chegou empurrando com as próprias mãos as rodas da sua cadeira e eu não pude deixar de sorrir. Ele tinha conseguido melhorar.
- Olá, Clark. – Ele falou formalmente.
- Olá, Trainor. – Balancei a cabeça em sinal de cumprimento.
- A minha mãe já está vindo. – Ele falou visivelmente incomodado.
Concordei com o que ele falou.
- Lou... – Will apertava as mãos, gesto que descobrir fazer quando estava nervoso.
Ele foi interrompido pelo som dos saltos do sapato de Camilla Trainor se aproximando.
- Bom dia. – Ela falou rispidamente, como de costume e levantou os óculos para cima da cabeça.
- Bom dia, senhora Trainor. – Sorri como uma tentativa de provoca-la. – Onde eu assino?
A mulher tirou da sua bolsa uma pequena pasta e a colocou em cima da mesa. Eu peguei o papel que tinha dentro e uma caneta que estava ao lado.
Quando eu estava para assinar, Will me interrompeu e perguntou:
- Clark, tem certeza que quer fazer isso?
- Eu estou indo para Nova York, Will. – Olhei para ele ainda segurando a caneta. – Tenho certeza absoluta.
Continuei olhando para ele e percebi a angústia que ele sentia e abaixei a cabeça para assinar meu pedido definitivo de demissão.
Depois de sair da mansão, fui direto para a casa de Sam. Bati na porta e esperei alguns segundos até que o seu sobrinho abriu a porta.
- Olá, querido. Como você está? – Acariciei o seu queixo e sorri delicadamente.
Ele retribuiu o sorriso e me abraçou. Talvez deva ter lembrado do dia em que fiquei com ele esperando a ambulância chegar. Quando estava terminando o abraço, ouço um pigarro.
- Sam.
- Oi Louisa. – Ele ainda estava irritado comigo. – Jake, pode ir lá em cima?
O menino balançou a cabeça e saiu prontamente.
- Eu queria pedir desculpas por ontem e dizer que não tinha o direito de me meter.
- Também preciso pedir desculpas por aquela gritaria no restaurante. Eu estava nervoso...
Fui até ele e passei os meus braços pelo seu pescoço. Sam encostou a testa na minha e chorou.
- Ei... Vai dar tudo certo... Eu estou aqui. – Sussurrei no seu ouvido.
- Eu não quero ter que passar por isso de novo...
Me afastei dele e o olhei com as sobrancelhas levantadas.
- Passar por isso de novo?
Ele desviou o olhar do meu e desconversou.
- Acho que está na hora de dar o soro para a minha irmã. – Ele apontou para a escada que dava para os quartos. – Você quer vir?
Ainda estava refletindo o que significava ele ter passado por isso, mas me desliguei dos pensamentos e balancei a cabeça.
- Eu tenho que resolver uns assuntos da viagem.
- Que viagem?
- Ah... – Eu coloquei a mão na cabeça, expressando que tinha esquecido de conta-lo. – Eu fui convidada para trabalhar em Nova York.
- E parece que não ia me contar. – Ele me olhou sério.
- Eu pretendia te contar ontem, mas aconteceu aquela briga e...
- Quando você vai? – Sam me cortou.
- Daqui a três meses.
Ele entortava a boca em um sinal que estava bem irritado com a situação.
- Você não vai me falar nada? – Perguntei tentando entender o porquê de seu tratamento frio.
- Você quer que eu fale o que? Que eu pule de alegria?
- Queria que você ficasse feliz por mim.
O rapaz deu um suspiro longo e se virou para sair.
- Sam... Por favor...
Ele continuou andando.
- Nós não definimos o que temos, ok? Isso não é uma amizade colorida, não é um namoro. Aliás, foi você que deixou as coisas chegarem a esse ponto.
- Para mim você é importante, Lou.
- Você também é importante para mim. – Eu suspirei. – Depois do Will eu não tinha sentido nada por ninguém e aí chegou você naquele bar.
Ele estremeceu ao falar de Will.
- Sam, qual a sua ligação com o Will? Por que você fica assim – Apontei para ele. – Quando eu falo dele?
- Não é nada, Louisa. – Ele virou e continuou a andar.
Acabei de me declarar para Sam e fui ignorada completamente. Eu definitivamente não nasci para ter qualquer tipo de relação amorosa.
Era evidente que Sam e Will se conheciam e o pior de tudo. Eles se detestavam.
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