História Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XVI

  O Uchiha ponderou sobre o que Karin lhe disse durante todo o dia. Sabia a coisa óbvia a se fazer. Qualquer um em sua situação já teria feito muito mais. Apesar de já ter visto e enfrentado coisas muito mais complicadas, aquilo parecia pesado demais. Talvez admitir um sentimento em voz alta para outra pessoa realmente lhe fosse a coisa mais difícil. O fato era: aceitara finalmente e diretamente seus pensamentos e sensações em relação à Sakura. Porém não fazia idéia de como dizer a ela depois de tanto tempo e tantas coisas.

Ao fim da tarde recebeu outro chamado do Hokage. Foi colocado numa missão rápida de monitoramento. Afastou-se com um grupo pequeno da Vila, e vistoriaram os arredores de Konoha. Um rumor de que mercenários hostis pretendiam invadir a cidade. Não encontraram nada. Apesar de ter sido uma noite calma, tomou-lhe quase toda madrugada. Sasuke era bastante discreto e focado. Os homens que estavam acompanhando-o não tiveram problema em lidar com ele, como a maioria das pessoas acreditava que teria. A fama de arrogante realmente não o deixara por completo.

Enquanto cada um estava em seu posto, o Uchiha percorria silenciosamente o campo. Armava um plano, ou algo parecido, de como abordar Sakura. Mas tudo que pensava ficava péssimo. Perguntava-se como Naruto havia feito e o que havia dito pra Hinata. Lembrava de todos os outros também. Cada um estava agora com alguém – não deve ser tão complicado – palavras de auto-encorajamento basicamente. Ao final da missão, voltou pra casa sem tomar nenhuma decisão.

Dormiu a manhã e parte da tarde daquele dia. Acordou faminto. Não havia nada em casa que quisesse então saiu. Comeu no mesmo lugar de sempre. Por uma coincidência tremenda, Naruto estava lá também. Perfeito! Sentou algumas cadeiras distantes, então o Uzumaki o notou e se aproximou sentando do lado.

- SASUKE! Que bom vê-lo fora do seu esconderijo, digo, sua casa!

Ele não pareceu achar engraçada na piada. Mas Naruto riu mesmo assim. Esse tinha uma grande tigela de ramen quase acabado. Sasuke estava começando a comer. – onde está sua esposa? – perguntou educadamente. O outro coçou o nariz – ela está em casa. Eu saí numa missão bem chatinha essa tarde e cheguei a pouco. Não consegui esperar pra comer.

- você nunca consegue esperar.

Naruto deu-lhe uma tapa nas costas alegre. Depois de acabar, o rapaz de cabelo curto convidou-o a ir a sua casa. De inicio Sasuke foi um pouco relutante, mas aceitou o convite. Queria conversar com o amigo. Precisava de alguém para lhe dar ao menos uma dica de o que fazer. Só não sabia como abordaria o assunto. Chegando Hinata os recebeu cordialmente. Abraçou o marido e deixou-os a sós por algum tempo.

Sentados na sala a janela aberta permitia uma gostosa corrente de ar agraciá-los. Conversaram sobre algumas coisas desimportantes, mas Naruto parecia ansioso com algo e isso perturbou a paciência de Sasuke que acabou perguntando um pouco irritado:

- por que você está assim?

- como?

- com essa cara. Por que você ta fazendo essa cara pra mim?

- não estou fazendo nada pra você.

Sasuke coçou entre as sobrancelhas. – está.

- ok, você ta certo. Eu estou curioso. – aquela resposta deixou o Uchiha sem entender.

- é algo sobre Eu?

- quero saber como acabou aquela história sua de ciúmes. Faz tempo que não falo com a Sakura-chan então não pude perguntar a ela.

Sasuke revirou os olhos. – ah, isso. – Naruto aprumou-se na poltrona para ouvir melhor.

- não deu em nada.

- como assim?

- não fiz nada. Não mudou em nada.

- você não vai dizer a ela?

- dizer o que exatamente?

O Uzumaki bateu na própria cara de leve – dizer a ela o que sente. Confessar que morreu de ciúmes do outro cara. Ir lá tomar ela pra você num cavalo branco vestido de armadura! – sozinho ele gargalhou.

- por que eu iria montado num cavalo vestid...

- você nunca leu contos infantis? Aquela coisa com ‘princesas indefesas sendo salvas por bravos guerreiros’.

- Sakura não precisa ser salva. Ela pode muito bem cuidar de si mesma sem ajuda.

Naruto bufou – você é muito chato. Sabe disso né?

- eu só não entendi o que você quis dizer. – Sasuke permanecia sério.

- uma coisa que eu aprendi com a Hinata é que: garotas gostam que sejamos românticos com elas. Por mais que aquilo que estivermos fazendo por elas pareça constrangedor e idiota, as deixa feliz.

- ta tentando me convencer que Sakura iria querer que eu aparecesse no apartamento dela montado num cavalo como se fosse pra uma guerra?

- MEU DEUS! SASUKE NÃO SEI COMO FAZER VOCE ENTENDER! Vou ter que desenhar pra você?!

Os dois ficaram por boas horas discutindo o assunto. Hinata finalmente veio ao encontro deles e presenciou seu marido com uma prancheta, papel e lápis em mãos realmente desenhando algo que parecia um plano pra o amigo que opinava em certos pontos. Quando os dois a viram se ajeitaram nas cadeiras e Naruto escondeu a folha. Ela parou frente a eles e pediu a prancha. Estava nela desenhado em rabiscos horríveis algumas coisas das quais ela conseguiu distinguir apenas a palavra “sakura” apontada para um bonequinho mal feito e a palavra “sasuke” pra outro.

- sabe, eu não ia me meter no assunto de vocês, mas eu pude ouvir o barulho que faziam enquanto lia meu livro – então sentou entre eles – eu tenho uma idéia que, com certeza é melhor que essa coisa aqui – apontou pro papel e depois o amassou sem dó.

- eu e meu marido não íamos entregar o convite hoje, mas já que você está aqui – ela estendeu a ele um envelope – isso será pra todos os nossos amigos. Sakura também estará lá.

Sasuke pegou cuidadosamente e guardou no bolso.

- no dia da festa você terá uma boa oportunidade com ela. Vou ajudá-los já que ela mesma me ajudou com o Naruto há um tempo...

Ele a ouviu atentamente, Naruto também. Pro fim de toda a conversa o Uchiha agradeceu um pouco envergonhado. Jamais imaginou receber conselhos sobre relacionamentos de alguém, especialmente da esposa do melhor amigo. Voltou pra própria casa pensando em tudo que ouviu, e decidindo como faria. A festa era o lugar perfeito. Bom, não tão perfeito já que quando estava com outras pessoas se sentia menos a vontade. Mas era o que tinha e com a ajuda de Hinata conseguiria um tempo a sós com a garota pra quem finalmente se declararia. Aquilo lhe causou um grande embrulho na barriga e uma ansiedade descabida. Quem diria que se sentiria daquela forma por um motivo tão comum?