História Eu não vou voltar pra você, Taeyong - "Sua chamada está sendo encaminhada..."

Você me ligou pela quinta vez só essa manhã e não consegui não rir ao ler as mensagens que me enviou após as ligações — propositalmente — não atendidas.

"Jaehyun, por favor, eu só preciso falar com você por um minuto"

"Já não basta me ignorar na faculdade, vai mesmo levar a sério o que disse sobre não atender minhas ligações??"

"Por favor, Jaehyunnie ㅠ.ㅠ"

"Meu Deus atende a porra do celular, Jaehyun!!!! Eu já tô a ponto de chorar"

"Você não vai mesmo me atender, não é? Mais que merda Jaehyun, eu só queria me desculpar"

"Você também não vai atender o telefone da sala? Sua mãe disse que você não estava em casa, mas tenho certeza que está ㅠㅠeu juro que sinto muito, Jaehyunnie"

Sabe, Taeyong, eu até sinto pena, até me preocupo todas vezes que o Sicheng vem até mim com aquele jeitinho fofo e senta do meu lado no intervalo e, mesmo contra a minha vontade, me diz que você está triste porque sente minha falta.

Eu me senti péssimo quando sua mãe me ligou naquela manhã, chorando, me dizendo que você chegou bêbado em casa e chorou no colo dela dizendo que tinha feito a maior burrada da sua vida.

Ele tinha te deixado e só naquela hora você acreditou no que eu te disse antes que me deixasse.

Já se passou quase uma ano, Taeyong, não que eu esteja contando, mas é impossível não se lembrar da data exata em que se toma um pé na bunda do seu namorado de infância.

Por mais que eu tenha seguido em frente — em partes —, ainda me lembro claramente do dia em que você jogou seis anos de nossas vidas no ventilador.

Era o meu terceiro ano na faculdade, você estava no último do seu curso, para mim, mesmo com os dois enfiados no meios dos muitos trabalhos e projetos, estávamos bem... Mas parece que não era o mesmo para você.

Eu estava estudando naquele começo de noite de domingo, tínhamos brigado pela manhã porque você queria que fossemos até a casa do Doyoung para mais uma das festas dele, tínhamos ido no fim de semana anterior e eu precisava me preparar para uma prova.

Disse que você fosse sozinho daquela vez, confiava em você mais do que em mim mesmo, acreditei que não teria problemas.

Nunca fui tão ingênuo.

A festa começaria às dez, às nove você entrou no meu quarto perfeitamente arrumado e o seu perfume que já me era tão familiar se espalhou pelo cômodo me fazendo sorrir e ir até você te beijar, não queria que continuássemos brigados. Mas você não sorria e se afastou me deixando confuso.

Me lembro perfeitamente da sua expressão de desespero, seus olhos me encaravam como se estivesse prestes a chorar enquanto seus lábios vermelhos e inchados adornavam um pirulito qualquer, um hábito que tinha sempre que estava nervoso. Os cabelos rosados estavam bagunçados e por mais que eu tenha achado ser coisa da minha cabeça eu pude jurar ter visto marcas vermelhas no seu pescoço.

Só depois eu me dei conta de algo: você estava com ele antes de entrar na minha casa.

Você o beijou ou sabe-se lá mais o que fez antes de vir até mim.

Disse que precisávamos conversar e então daí em diante eu só queria que nunca tivesse vindo até o meu quarto.

Por um momento eu desejei até que continuasse com ele sem que eu soubesse e me poupasse da dor que eu estava sentindo ao ouvir cada uma das palavras que dizia.

Você tinha se apaixonado pelo garoto novo da sua turma e ele, mesmo tendo saído junto conosco e nossos outros amigos, sabendo sobre nós dois e agindo como se fosse meu amigo, ficou com você.

Uma, duas, três, muitas vezes e bem perto de mim.

Eu me sinto um idiota, burro e cego.

Fui corno.

Meu primeiro e único amor até aquele dia estava de pé na minha frente confessando que estava apaixonado por outro.

E o pior, você teve a cara de pau de dizer que ainda me amava, mas queria ficar com ele sem ter que esconder de mim.

Você foi baixo demais, Lee Taeyong e eu quis te odiar, mas não o fiz.

Te disse apenas que você sofreria as consequências por aquela escolha, e não era uma ameça, eu jamais seria capaz de algo assim, só conhecia sua nova paixão um pouco para saber que ele costumava brincar com corações alheios.

Te disse para sair da minha casa e que no momento que atravessasse aquela porta teria me perdido para sempre e para que nunca mais voltasse a me procurar.

Você chorou, mas achou que eu estava blefando e então saiu.

Eu pude ver pela janela que ele te esperava no carro do outro lado da rua, você teria companhia para a festa, no final.

E eu chorei, Taeyong, mais do que você vem chorando desde que ele te deu um pé na bunda depois de apenas dois meses e encontrou outro. Me senti um lixo, um ninguém, algo substituível.

Você era parte da minha vida desde que eu era capaz de me lembrar e todas as minhas primeiras vezes foram suas, então eu fui infeliz por dias e dias, até aprender a lidar a com a sua falta.

Mas você não.

Lembra que eu te avisei?

Sinto muito por você, mas foi escolha sua e não pense que me sinto feliz ou vingado por saber que foi trocado, graças a você eu sei como isso dói.

E embora isso tenha sido o bastante para que você percebesse que o que tiveram não passou do uma paixão momentânea e me quisesse de volta, era tarde demais.

Eu não estava blefando, Taeyong e você melhor do que ninguém deveria saber disso.

Não importa quantas vezes ligue ou quantas mensagens me mande.

Eu não vou, nunca, jamais, sob hipóteses alguma, voltar pra você.