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História Eu o conheci no metrô por acaso... - Capítulo 12


Escrita por: Lyle

Notas do Autor


A intenção era para ser um capítulo pequeno, mas acabou acontecendo o contrário.

Espero que gostem.

Capítulo 12 - Capítulo 12


Acordei com os raios de sol contra o meu rosto, um pouco incomodado com a claridade virei meu corpo para o outro lado tentando fugir da luz, passei a mão pela cama a procura de Christopher, mas só encontrei lençóis vazios. Levantei num pulo da cama, mas o reflexo disso foi minha visão se apagando e eu perdendo equilíbrio, além da fome que eu sentia nunca deveria me levantar assim, causa uma forte pressão no cérebro, antes de perder o equilíbrio e tombar totalmente na cama senti mãos fortes me segurarem pela cintura e puxar meu corpo de volta para cima. Aquelas mãos calejadas devido ao treino excessivo de anos de carreira militar, tão quentes e acolhedoras escorando no seu peito nu e trabalho as minhas costas, aquela sensação de segurança, o meu coração a mil, a sua respiração batendo contra o meu ouvido, aquela barba rala loira passando na dobra do meu pescoço e aquela sensação de um amor avassalador preenchendo o quarto até que enfim ouvi sua voz me chamando.

 

- Jonas: Marcus... – bem baixinho ao pé do meu ouvido causando um arrepio gostoso que descia a minha coluna como uma descarga elétrica.

 

Dessa vez sim eu levantei em um pulo da cama, de verdade. Pus a mão em cima do coração e percebi que estava acelerado, não era a primeira vez que eu sonhava com o Jonas, mas diferente das outras vezes esse sonho me pareceu real demais. Olhei em volta e percebi que estava sozinho no quarto, afastei as cobertas e coloquei os pés bem devagar no chão antes de me levantar, me coloquei em pé e fui fazer minha higiene matinal, ainda estava abismado, que raio de sonho tinha sido aquele? Terminei minhas necessidades e me dirigi à cozinha, notei que meu apartamento estava realmente vazio, Christopher não estava lá e dessa vez eu não estava sonhando.

Caminhei até o balcão e vi que tinha um bilhete ali dizendo que o ruivo foi apenas em casa trocar de roupas e que voltava logo, dei os ombros e me espreguicei, a preguiça de um domingo de manhã era incrível principalmente por ser um dia chato e desinteressante onde eu simplesmente não tinha nada para fazer a não ser ficar morgado em cima da cama ou do sofá assistindo TV, a minha única sorte é que hoje estreia a nova temporada de Game of Thrones e eu quero ver quantas pessoas vão morrer só nesse primeiro episódio. Fui fazer um café quentinho para mim e aproveitaria para fazer alguns wafles também, hoje estava frio e faltava apenas um mês para as minhas férias e seria também o começo do inverno.

Foi tomando meu café que me peguei pensando em que momento minha vida havia virado de cabeça para baixo, desde pequeno gostava de ter os meus planos bem feitos e organizados, talvez por causa da minha mãe ser secretária de uma empresa da cidade do Kansas onde ela sempre deixava tudo muito bem arrumado ou talvez fosse meu jeito certinho que tenha me feito ser assim. Sempre fui uma pessoa teimosa e persistente, o que eu queria corria atrás e foi assim desde o começo, mas ultimamente parece que tudo só vem para dar errado, meus sentimentos antes claros agora estavam confusos e bagunçados, a pessoa de quem estou correndo atrás não é a que eu realmente quero, meus pensamentos ficam fora de ordem e não sei mais para onde correr, o que devo fazer ou o que realmente pensar. Era como se todos os planos que eu tinha feito até hoje nunca tivessem realmente se concretizado, como se todo o caminho até agora fosse somente um teste, um prefacio para o que está acontecendo agora, mas o que eu realmente queria era fazer o que acho ser o certo que é ficar com quem tanto me quer, com aquele meu namorado ruivo e abusado. Então porque universo meu coração bate mais forte pelo Jonas?

Lembro-me de uma conversa que tive com a minha mãe há algum tempo e perguntei por que mesmo meu pai sendo um maldito filho da mãe ela tinha casado com ele sabendo como ele realmente era e nunca me esqueci da resposta que ela me deu. Ela olhou para mim e disse: “Seu pai pode ser um maldito filho da mãe como você diz, mas quando nos casamos sabíamos que era para ser nós dois. O John sempre foi uma pessoa difícil de lidar, sempre foi um grosso, babaca, estressado e mal educado, mas esses são só os defeitos que a maioria enxerga, durante o tempo em que estive grávida tanto de você quanto do seu irmão ele nunca me deixou na mão, arrisco até a dizer que nessa época ele era um verdadeiro cavalheiro. A razão por estar com o seu pai depois de tantos anos é que eu o amo e tenho certeza de que mesmo por trás de todas as grosserias o John também me ama, claro que ele não aceita vocês pelo fato de ser gay pela criação que ele recebeu, mas em momento algum ele enxotou vocês para fora de casa ou faltar comida na mesa. John Smith pode ser um pai merda para vocês, mas para mim ele é o melhor homem do mundo.” Nesse dia minha mãe não pode me deixar mais surpreso do que já estava.

Claro que continuamos a conversar e tem uma frase que ela mesma disse que serviria para mim algum dia na minha vida e que hoje vejo que ela tem razão, que sempre teve: “No dia em que você tiver de escolher entre duas pessoas escolha a que te faz feliz, porque você pode até ter muita consideração com quem você está, mas um casamento por conveniência nunca vai dar certo porque lá no fundo você sabe que não é com essa pessoa que você quer passar o resto da vida.”

E parando agora para pensar, realmente é o Chris com quem eu quero passar o resto da minha vida? Eu gosto realmente dele sabe, não namoro com ele para não ficar sozinho ou porque me é conveniente, mas por mais que eu me esforçasse ou que eu tentasse de todas as maneiras, mesmo com só dois meses de relacionamento eu tinha a completa certeza de que não me apaixonaria pelo Christopher. Depois de tanto me perguntar o que o Jonas tem que o Chris não tem eu cheguei à conclusão de que não era essa a real pergunta de tudo, e sim o que o Christopher tem que o Jonas não consegue ter e depois de descobrir isso achei a primeira resposta de tantas outras dúvidas, o Chris sempre teve coragem, veio até mim sem medo de arriscar e mesmo sabendo que meu coração batia por outro ele continua tentando, enquanto Jonas é um covarde que me faz ficar apaixonado cada dia mais por ele e não tem a valentia de assumir a responsabilidade por isso. Pessoas não se apaixonam sozinhas, tem sempre um fator que as faz ficar assim por isso mesmo que seja um amor platônico a palavra amor já indica que tem duas pessoas envolvidas na história.

O que minha mãe realmente quis dizer com aquela frase foi que mesmo que eu fique sem os dois se eu continuar a me enganar com uma pessoa que finjo gostar vou acabar machucando não só essa outra pessoa, mas sim vou acabar me machucando e afastando quem tentei manter por perto. Era realmente difícil estar nessa situação e não saber para onde ir, eu nem ao menos sabia com quem falar sobre isso porque Eva me daria um belo golpe na cabeça e me diria para deixar de estupidez, meu irmão Noah também não teria a menor condição de me ajudar já que tinha dado seus próprios passos e conquistado o Kenny, minha mãe Megan é uma mulher ocupada e meu pai nem pensar nessa possibilidade. Estou me afogando aos poucos nesse mar que chamo de confusão, mas não sei se serei salvo ou se alguém vai me ajudar porque mesmo eu estando perto de tantas pessoas estava ao mesmo tempo longe delas.

Minha manhã se passou assim, repleta de pensamentos, lavei a louça do café, sentei no sofá procurando algo para assistir e me enrolei no cobertor. Recebi uma mensagem de Chris dizendo que iria almoçar comigo e que queria comer da minha comida, era bom saber que eu cozinhava bem, mas eu faria algo bem simples, um macarrão com molho de tomate e queijo parmesão. Enquanto não chegava a hora do almoço fui assistir televisão e passando tediosamente os canais eu parei em um canal que passa geralmente filmes infantis e estava passando Meu Malvado Favorito 2, eu gostava particularmente dos minions por isso me atraía tanto o filme, mas parando agora para assistir melhor eu via como o Gruh interagia com a Lucy, duas bestas que passam o filme apaixonados sem se confessar, mas que no final tem seu final feliz. Também sou um besta apaixonado, mas diferente do filme eu não teria meu final feliz. Assistindo o filme me lembrei do Liam, aquele menino era realmente muito fofo, tinha um brilho reluzente nos olhos e um sorriso tão encantador quanto o do pai, mas Liam diferente de Jonas confiou em mim e teve coragem de vir até mim sem preconceitos.

Jonas era um covarde porque toda vez que Christopher me mandava uma mensagem enquanto estava com ele, o militar ficava com uma cara preocupada e ontem eu vi o mesmo olhar só que bem mais apreensivo, como se tivesse medo que o ruivo fizesse algo contra mim, mal sabe o Jonas que quem fez o maior estrago foi ele e não meu namorado. Quando bateu meio dia a campainha tocou e fui atender a porta já sabendo quem era, encontrei o ruivo escorado no batente da porta com aquele sorriso abusado no rosto e aquele olhar sedutor, dei passagem para ele entrar, fechei a porta e ele me puxou para um caloroso beijo. Retribuí até onde meus pulmões conseguiram aguentar, pois tive de me separar por falta de ar, o ruivo começou a me dar beijos na bochecha, desceu pelo pescoço e me deu um belo chupão ali mesmo, quando eu fosse trabalhar teria de esconder aquilo. Empurrei-o e dei um tapa no seu ombro.

 

- Hey! – reclamei fingindo estar indignado, mas nós tínhamos essa intimidade, dormíamos juntos, comíamos juntos, fazíamos sexo juntos. Somos um casal como qualquer outro e apesar da situação que eu me encontrava estar com Christopher era agradável.

- Chris: Eu estava com saudade. – falou ele cheirando meu pescoço e rindo enquanto eu bagunçava seus cabelos vermelhos com uma mão e com a outra apertava seu ombro.

- Nós nos vimos ontem. – ri me separando dele indo para a cozinha, olhei para o ruivo e vi-o tirando seu sobre tudo e a camisa junto já que o aquecedor estava ligado e não estava tão frio. Comecei a pegar alguns tomates, cebolas, o queijo e o macarrão, senti minha cintura ser rodeada por trás e minhas costas se chocarem contra o peito de Christopher, por um milésimo de segundo me lembrei do sonho e num reflexo mal pensado acabei me afastando dele assustado. Chris olhou para mim surpreso e eu olhei de volta constrangido.

- Chris: O que houve? Você nunca me repeliu assim. – ele se escorou no balcão e me puxou gentilmente pelo braço me fazendo abraçá-lo e assim ficamos por um tempo. Eu não disse nada e ele por mais curioso que estava respeitou isso, Chris nunca me forçou a contar nada porque ele sabia que eu iria contar quando achasse que era a hora, então eu só enterrei minha cabeça no peito do meu namorado sentindo seu braço ao redor da minha cintura e sua outra mão acariciar meu cabelo.

 

Eram nessas horas que eu mais me perguntava por que não ele, porque o meu coração não podia ser dele, e o universo sempre sacaneava comigo rodando a imagem do sorriso de Jonas na minha cabeça como se ele fosse à resposta para tudo. Passado algum tempo onde o único barulho presente era o da TV ainda ligada e o das nossas respirações me afastei um pouco dele, o suficiente apenas para eu olhar para o seu rosto e beijá-lo com ternura onde o carinho foi bem recebido, não era o beijo feroz que costumávamos dar e sim um beijo onde eu queria sentir com todo o clamor seus sentimentos e saber se os meus seriam recíprocos o suficiente. Doce ilusão, por mais que aquele beijo fosse lento, calmo e cheio de sentimentos eram os sentimentos do Chris e finalmente a realidade bateu com força em mim, eu nunca teria sentimento suficiente para retribuí-lo. Separamos-nos dando selinhos bem espaçados, senti sua mão acariciar minha bochecha com o polegar e seus olhos verdes cravarem nos meus e foi aí que eu vi que por mais filho da puta que o universo estava sendo apenas de uma coisa ele me avisava, eu iria machucar esse homem maravilhoso se eu não tomasse cuidado.

 

- Quer me ajudar a fazer o almoço? – falei um pouco mais calmo ainda abraçado ao ruivo, decidi ignorar por enquanto esses pensamentos, eu não tinha cabeça para pensar em uma solução para eles. Chris puxou meu rosto para um selinho mais demorado.

- Chris: Não me culpe se eu colocar fogo na sua cozinha. – riu me soltando e começando a cozinhar comigo.

 

Depois de cozinhar o almoço nós nos sentamos no sofá e assistimos a reprise do jogo de ontem comendo macarrão, eu não sabia se ria da cara do Chris a cada ponto marcado pelos Yankees ou se ria por conta de cada grito que ele dava com a boca cheia de macarrão e os dentes sujos de molho de tomate, sei que eu estava me acabando de tanto rir na hora do almoço. Depois disso lavamos a louça e passamos a tarde inteira enrolados em um lençol assistindo um filme de ação que passava na televisão, uma comédia romântica para ser exato, sempre gostei de todos os gêneros de filme até o terror, mas Christopher não me pareceu muito animado e acabou cochilando no meu colo ainda no começo do filme, fiquei acariciando os seus cabelos vermelhos enquanto assistia a história de três mulheres traídas pelo mesmo cara e que resolveram foder com a vida dele. Que sorte que eu namoro um homem.

Na parte da noite eu deixei Christopher no sofá e fui atrás de pedir algo para a gente jantar, uma pizza seria ótimo, algo simples e que enchia a barriga. Deixei o ruivo apagado no sofá e fui tomar um banho quente, era o meu primeiro do dia, mas não havia o porquê do excesso já que o tempo estava ficando mais frio a cada dia e eu não me sujei hoje, era maravilhosa a sensação de água quente correndo pelo corpo tirando cada pensamento negativo, peso sobre os ombros e lavando a alma, eu me sentia mais limpo. Saí do banho, vesti uma calça de moletom limpa e uma blusa também limpa, voltei para a sala e encontrei com um Chris se espreguiçando sobre o sofá, ele olhou para mim ainda com sono.

 

- Chris: Tomou um banho sem mim? – ele falou enrolando a língua.

- Claro, o senhor apagou aí no sofá e eu tomei um banho. – falei indo beber um copo de água e oferecendo outro ao meu namorado.

- Chris: O que acha de eu pedir uma pizza para o jantar? – me engasguei com a água e ri um pouco do ruivo que olhou para mim sem entender. – O que foi? – perguntou.

- Eu já pedi. – falei surpreendendo o ruivo e nessa hora a campainha tocou. – E já chegou. – peguei dinheiro na minha carteira que estava perto da televisão. Abri a porta olhando o jovem entregador que tinha no máximo a idade do meu irmão, paguei o rapaz agradecendo pelo serviço prestado e entrei no apartamento. Depositei a pizza e a coca cola na mesinha de centro e abri sentindo o sofá ceder do meu lado. – Espero que goste de calabresa com mussarela. – senti um beijo na minha bochecha.

- Chris: Você é o melhor namorado do mundo. – ele falou pegando um pedaço enorme de pizza de mussarela.

 

Passamos a nossa noite assim, comendo uma pizza com o refrigerante rindo das palhaçadas que nós fazíamos, assistimos alguns outros filmes e o primeiro episódio da nova temporada de Game of Thrones. Depois disso nos sentimos cansados, apagamos todas as luzes do apartamento e fomos juntos para a cama, deitamos sob os lençóis aos beijos e em determinado momento Chris se separou e olhou o meu pescoço.

 

- Chris: Ficou a marca do meu chupão bem direitinho no seu pescoço. – falou ele rindo e eu fiquei de cara emburrada. Ele me deu um selinho e foi distribuindo pelo meu rosto e eu senti cosquinhas e ri.

- Eva vai ficar doida quando ver isso, ela já é perturbada imagine quando ver isso. – falei sentindo os braços do ruivo me puxarem para mais perto e eu me aconcheguei melhor no seu peito.

 

Dormimos assim, um grudado no outro. O dia amanheceu e eu acordei sem o Chris na cama, eu já sabia que ele tinha voltado para casa para trocar de roupa, levantei da cama e fui para o banheiro me arrumar para ir trabalhar, tomaria café no aeroporto mesmo já que não tinha nenhum pouco de ânimo de pegar um metrô lotado então iria mais cedo. Arrumei minhas coisas, ajeitei a gola da blusa para que o chupão, que praticamente gritava PROPRIEDADE DE CHRISTOPHER WALKER, sumisse de vista, vesti o sobre tudo, peguei minha mochila, carteira e o celular e saí de casa determinado a pegar hoje uma condução menos lotada. Ainda era pouco mais de seis e meia da manhã e a maioria das pessoas ainda estavam nas suas residências se arrumando para mais uma segunda feira de muito trabalho, desci até a estação e esperei pelo veículo atrás da linha amarela de segurança, decidi fazer algo diferente hoje, peguei os fones de ouvido dentro da minha bolsa e liguei ao celular ativando a minha playlist, escolhi dentre os álbuns escolhi o do Scorpions.

O metrô chegou e eu embarquei com tranquilidade nele podendo até sentar em um dos poucos bancos que ainda restavam, os fones tocavam o som do rock clássico onde mostrava que a banda Scorpions ainda era uma das melhores e que continuava a agradar muitos da nova geração de fãs de rock. Mas uma das músicas me chamou atenção: Wind of Change, eu estava passando por tantas mudanças nesse momento que não haveria trilha sonora melhor que essa para acompanhar. Em pouco tempo cheguei ao aeroporto, subi até a superfície e pus-me a caminhar pela caçada que acompanhava a grande avenida que como sempre estava parada devido a tantos taxis e carros, Nova York era um caos em certas horas do dia.

Adentrei o prédio indo diretamente a praça de alimentação, passei na Starbucks e comprei meu amado expresso com um donut, não havia nada melhor em uma segunda feira de outono com um vento frio batendo. Sentei em uma das mesas e comecei a tomar meu café, não tardei muito a sentir uma presença feminina na cadeira ao lado, Eva com sempre parecia acabada como todo início de semana, sua aparência estava impecável como de costume, mas quem a conhecesse via que ela preferia estar ainda na cama. Quando olhei para o rosto da minha chefe vi um sorriso de orelha a orelha e fiquei curioso.

 

- Acordou com o pé direito? – perguntei tomando um gole de café enquanto Eva se espreguiçava sentada na cadeira.

- Eva: Meu marido acabou comigo esse final de semana. – eu já sabia o que ela ia falar, iria falar de como o final de semana dela foi sexualmente gratificante, então tratei de interrompê-la antes que ela começasse.

- Pode parar por aí, não preciso saber quantos orgasmos você teve e muito menos as posições que você usou. – Eva tinha essa mania toda vez que o marido dela a satisfazia, a sorte é que eram poucas as pessoas com quem ela falava isso.

- Eva: E eu achando que ele andava brochante na cama quando na verdade ele ainda tem toda aquele potencial... – e então ela começou a me contar mesmo assim enquanto eu mudava os tons de vergonha no meu rosto a cada pessoa que passava por perto de nós e escutava a conversa demasiadamente imprópria para o local. Quando Eva nasceu veio um parafuso a menos só pode, quando ela finalmente parou de falar e foi comprar o seu adorado quase vangloriado capuccino. – E seu final de semana como foi? – perguntou minha chefa quando voltou da cafeteria.

- Sábado foi um desastre. – a vi acenar com a mão como um sinal para continuar a falar. – Fui assistir ao jogo dos Yankees com o Christopher e quem eu encontro? – Eva parou de comer na mesma hora.

- Eva: Não brinca... – ela parecia incrédula, bom nem eu tinha ainda acreditado que tudo aquilo aconteceu.

- Foi um mero acaso, fui comprar algo para comer e acabei encontrando com o filho dele que estava perdido, só que eu não sabia que era o filho dele, então quando eu levei a criança para o balcão para chamar pelo pai dele eis que aparece o Jonas. Aí o Chris veio atrás de mim, quase rola briga dos dois, mas consegui impedir. – continuei a contar a história para ela que ouvia atentamente cada detalhe, claro que teve algumas informações que não contei como o filho da puta do Isaac, mas tirando isso foi o resumo do meu final de semana.

- Eva: Marcus eu tenho que admitir cara, ta foda. – ela falou terminando de comer, meu café eu já tinha terminado há algum tempo antes dela.

- Estou sabendo. – falei me levantando junto dela e indo em direção à torre de controle.

 

Quando cheguei à torre entrei Simon trabalhando, fazia tempo que não o via devido ao nascimento da sua filha, o cumprimentei e desejei os parabéns pela princesinha linda que tinha vindo ao mundo. Simon me contou que o nome ele e a esposa escolheram na hora e que a menina tinha ganhado o nome de Hannah que significava flor, mostrou uma foto da pequena todo empolgado, mas apesar da conversa estar boa e de Eva estar encantada com a bebê mandou Simon embora, pois havia trabalho a ser feito. Pouco tempo depois Christopher chegou também e cumprimentou a todos, veio até mim, me deu um selinho rápido e foi para o seu posto trabalhar. Na hora do almoço eu e meu namorado saímos juntos para o lugar de sempre, comer o de sempre, a única diferença e que agora ele sentava ao meu lado e tínhamos pegado o gosto de comer um do prato do outro, coisa melosa de namorado, mas que gostávamos de fazer.

 

- Chris: Hoje não vou poder ir dormir com você. – falou enquanto eu dava um pedaço de batata a ele.

- Por quê? –perguntei o motivo, geralmente toda segunda ele dormia comigo, transávamos para começar a semana bem também. Chris dizia que dava sorte e bom humor, bom humor até que vai, mas sorte vinha me faltando ultimamente.

- Chris: Estou com um monte de roupas sujas para lavar e meu apartamento está uma bagunça, além do mais suas roupas não cabem em mim. – era verdade, apesar de sermos quase do mesmo tamanho eu era bem mais magro do que Christopher o que fazia com que minhas roupas ficassem muito apertadas nele.

 

Não era a primeira vez que isso acontecia, mas algo lá no fundo me dizia que o universo estava conspirando contra minha pessoa, ultimamente eu andava confiando mais nessa parte. Terminamos o almoço e voltamos para a torre, o resto do dia se passou normal e antes que eu me desse conta já era hora de ir para casa, troquei de turno com o Simon de novo e dei um selo demorado de despedida no Chris. Pobre Simon, ainda desatualizado sobre nosso relacionamento quase teve um treco quando viu meu beijo com o Christopher. Saí me despedindo dos outros e fui para o metrô, estava achando o meu dia calmo demais, talvez o universo tenha dado um tempo e me deu uma segunda de folga, doce ilusão. Assim que entrei na condução vi Jonas ficar ao meu lado, mas diferente das outras vezes ele permaneceu quieto, no meu íntimo me perguntava se tinha acontecido algo ou se ele estava passando mal, mas resolvi respeitar o seu silêncio.

O estranho veio depois que eu desci do veículo e pouco tempo depois Jonas também desceu, enquanto eu caminhava para casa sentia a presença do militar andando a uma distância segura atrás de mim, ele estava me seguindo e até agora não tive a menor coragem de saber o porquê.  Talvez ele quisesse me falar algo que no metrô não podia ou, na pior das hipóteses, queria me matar sem ter testemunhas por perto, várias situações se passavam pela minha cabeça e eu não sabia o que pensar. Cheguei ao meu apartamento com Jonas ainda atrás de mim e o deixei entrar, fechei a porta e fiquei olhando para ele enquanto ele me olhava, o silêncio continuava a reinar até que resolvi quebrá-lo.

 

- O que você quer? – finalmente tomei coragem para perguntar procurando com os olhos qualquer coisa que me servisse de arma caso ele tentasse cometer um homicídio.

- Jonas: Podemos conversar? – perguntou ele sem jeito escorado na madeira da porta.

 

Meu coração estava acelerado, parecia que ia sair do meu peito a qualquer momento, o cheiro do perfume de Jonas estava entorpecendo os meus sentidos, nunca imaginei ficar sozinho com ele assim. Mas como sempre o alerta vermelho ligou na minha cabeça e quando ele perguntou se podíamos conversar pensei automaticamente: isso vai dar merda.

 

Continua...

 


Notas Finais


Está ficando difícil a situação do nosso protagonista, o que será que o Jonas quer conversar?

Para quem quiser ver a música e a tradução de Wind of Change do Scorpions.
http://m.letras.mus.br/scorpions/35387/
Até logo.


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