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História Eu o conheci no metrô por acaso... - Capítulo 14


Escrita por: Lyle

Notas do Autor


Sei que falei que não ia mais postar e eu realmente não vou, é que deu tempo de escrever esse capítulo e quis resolver pelo menos alguma coisa na vida do nosso protagonista Marcus.

Ouviram a música que recomendei? Ela vai servir para esse capítulo também.

Espero que gostem.

Capítulo 14 - Capítulo 14


Acordei mexendo meu corpo o mínimo possível devido ao cansaço extremo que sentia e a ardência em alguns pontos, olhei que horas eram no despertador novo que comprei e me surpreendi ao ver que já passava de uma da tarde, o despertador não havia conseguido me acordar e naquele exato momento eu não queria sequer saber que o mundo ainda girava, o meu tinha sido completamente destruído e arrasado e parte disso era culpa minha. Com muita força eu me levantei e senti algo escorrer pelas pernas, ontem parecia ter sido um pesadelo, mas tinha sido verdade e cada palavra ainda doía no meu ser.

O reflexo de ontem batia no meu corpo com toda a força, a falta de um lubrificante e a agressividade faziam meu quadril dar algumas pontadas bem finas e agudas daquelas que dói pra cacete, cambaleando fui até o banheiro e quando cheguei ao cômodo me olhei no espelho, o rosto roxo e inchado devido aos socos trocados com toda a força eram a mostra disso. Meu pescoço então nem se fala, o chupão que Christopher tinha deixado não exista mais, somente a marca perfeita dos dentes de Jonas e pela coagulação deu para ver que na hora tinha sangrado, e essa não era a única marca, havia outras mordidas e hematomas arroxeados espalhados pelo pescoço, ombros e tórax. Naquele momento nunca existiu carinho e agora que minha ficha realmente tinha caído eu era o único idiota que mesmo depois de tudo continuava perdidamente apaixonado por ele, não passo de um estúpido.

Fui em direção do chuveiro e abri na água quente com a temperatura praticamente escaldando a pele, mas eu não ligava nenhum pouco porque naquele momento agachado no piso do banheiro eu só queria lavar minha alma que passava do ponto e já tinha se pintado de vermelho a cor da luxúria, violência, a cor do coração partido. Os machucados ardiam por conta da água, mas eu não me importava porque a pior dor que eu sentia vinha de dentro e aquela sim eu tinha a impressão de que podia me matar. Ao contrário do que a maioria sentiria eu não estava sentindo remorso e nem me arrependia do que tinha feito, fiz ciente do que aconteceria e assumi a responsabilidade do que poderia vir depois.

Depois de ter praticamente esfolado a pele com o sabonete e a água escaldante saí do banho sentindo o frio que estava o quarto mesmo com o aquecedor ligado, mas eu não lembrava de ter ligado o aquecedor, muito menos de ter ido para o quarto, a única coisa que me lembrava antes de apagar com muita dor era de cair no chão da sala quase como um boneco sem vida, ou seja, eu não poderia ter ligado o aquecedor, muito menos me deitado na cama.  A única explicação lógica para isso era a que eu menos queria pensar que fosse possível então tratei de ignorar a ideia, vesti uma cueca e uma calça de moletom, não tinha vontade nenhuma de comer alguma coisa ou ver a zona que estava à sala, sentia meu corpo pesado demais para isso. Não olhei meu celular que deveriam ter inúmeras chamadas e mensagens de Christopher, muito menos se hoje era um dia de trabalho perdido, naquele momento eu estava absorto em pensamentos e não tinha a menor condição de fazer qualquer coisa, senti a escuridão chegar e apagar de novo, dessa vez sem dor alguma.

 

Senti meu corpo ser sacudido pelo ombro de um lado para o outro e uma voz feminina me chamar, mas eram tão distante que conseguir ouvir já era algo impressionante, abri os olhos tentando focar a visão e mesmo com o olhar embaçado vi o rosto de uma mulher madura com cabelos castanhos e olhos azuis visivelmente preocupados, só conhecia uma pessoa com essas características e quando finalmente consegui focar a visão tive certeza de quem era e dessa vez universo eu te agradeço, trouxe a pessoa certa.

 

- Eva: Marcus. – me chamou e eu escutei nitidamente, eu ainda estava no meu quarto e já estava um pouco mais escuro, deveria ser final de tarde. Ela ainda estava com a roupa do trabalho sentada na minha cama com as mãos nos meus ombros, levou uma delas ao meu rosto e delicadamente passou a ponta dos dedos pelos hematomas que ali existiam. – O que aconteceu? Te liguei o dia todo, mas você sumiu. – ela perguntou com uma preocupação que seria quase uma terceira pessoa ali, mas eu nada disse, me ajeitei na cama, abracei sua cintura fina e me pus a chorar novamente. Não tinha a menor condição de ser forte naquele momento e Eva pareceu entender que naquele momento eu não tinha como falar, era decadente um homem chorar feito um garoto no colo de uma mulher, mas aquela era diferente porque eu sabia que se eu caísse ela ia me ajudar a levantar de novo com as minhas próprias pernas.

 

Minha chefa começou a passar a mão pelos meus cabelos carinhosamente e parecia não se importar se eu estava molhando o terno que ela usava, continuava ali a me consolar enquanto estava totalmente encolhido. Passado uma hora, talvez alguns minutos a mais tive a coragem de  erguer o rosto e olhá-la, mais calmo, respirando ainda com o ar de choro, mas definitivamente mais calmo, Eva tinha esse dom, de acalmar os outros quando mais precisavam. Eu sabia que ela tinha usado a chave reserva que ficava em cima do batente da porta para entrar no meu apartamento, ela podia fazer isso porque eu dei autorização caso algo ruim acontecesse comigo, não tenho ninguém em Nova York a não ser ela e os vizinhos do meu apartamento são todos uns metidos a ignorantes.  Levantei do seu colo me sentando na cama e ela se levantou me puxando pela mão até a cozinha, não pude deixar de encarar o sofá com certa mágoa, um móvel que me trouxe tanta felicidade antes quando eu assistia filmes ou seriados agora carregava uma história triste com ele, a única sorte era que ele não estava sujo. As luzes foram acesas e minha chefa me preparou um belo copo de água com açúcar e eu estava precisando mesmo daquilo.

 

- Eva: Quer contar agora? – ela se sentou em uma das cadeiras que rodeavam o balcão e eu fiz o mesmo tomando goles generosos da água que me foi oferecido. Ela que era uma pessoa tão rigorosa com o trabalho tinha vindo até aqui preocupada comigo então mesmo que eu não quisesse contar eu falaria em consideração a ela.

- Não sei nem ao menos por onde começar. – ri mesmo que sem graça alguma, o ditado rir para não chorar agora fazia bem mais sentido. Comecei a sentir as lágrimas voltarem aos meus olhos, mas eu não me deixei mais chorar, já tinha feito isso mais do que o suficiente.

- Eva: Quem sabe pelo começo? – falou ela brincando tentando dissipar o ar triste que nos rodeava.

- Encontrei o Jonas ontem. – Eva me olhou com uma cara totalmente surpresa. – Foi sem querer, nós pegamos o mesmo metrô e isso acabou acontecendo. – apertei o copo que estava em cima do balcão entre as minhas mãos, mas sem quebrá-lo. – Ontem eu o encontrei, mas durante a viagem de metrô ele não me disse nada, quando desci na minha estação fui seguido por ele até aqui e eu o deixei entrar, não sabia o que ele queria então eu perguntei. – engoli sentindo um nó na minha garganta ao lembrar de ontem. – Ele disse que veio até aqui porque não teve a oportunidade de agradecer por eu ter ajudado o Liam no dia do jogo e que queria pedir desculpas, porque no dia do jogo um dos meus agressores estava lá com ele e o filho dele, e esse cara me agrediu com as palavras lá e enfim, ele veio também me pedir desculpas por isso. - era uma parte da história não contada que Eva estava sabendo agora, tomei mais uns goles de água e a vi se levantar, procurar pela caixinha de primeiros socorros e quando a achou veio cuidar do meu rosto ouvindo atentamente.

- Eva: Feche os olhos para eu poder passar a pomada, mas continue a falar. – tinha um machucado perto da minha sobrancelha.

- Eu falei para o Jonas que ele podia ter dito aquilo no metrô e depois nós ficamos em silêncio. – continuei fechando os olhos e sentindo os dedos delicados da mulher cuidarem de mim. – Christopher domingo me deu um chupão e ontem o Jonas viu, toda vez que o assunto é o Chris ele se sente incomodado e ontem não foi diferente, ele dizia que o Chris não é homem para mim, que ele é um bruto, agressivo e começamos a discutir e em consequência começamos a brigar também. – abri os olhos e encontrei o olhar pensativo de Eva, parecia estar raciocinando algo, mas acenou com a mão para que eu continuasse. – Eu não faço a menor ideia de como isso foi acontecer, de verdade, uma hora estávamos trocando socos com toda a força como pode ver. – apontei para o meu rosto. – E outra hora já estávamos nos beijando. – surpreendi Eva.

- Eva: Espera, ele te beijou? – ela me olhou incrédula tentando captar qualquer sinal de mentira em mim, mas eu tinha certeza de que não estava mentindo.

- Sim. – suspirei, era a parte que mais doía lembrar e onde o nó na minha garganta parecia crescer ainda mais. – Nós transamos no sofá Eva. – e então ela entrou em estado de choque, a situação era tão escrota que não dava para tirar a razão dela de ficar assim. – E está vendo essa mordida onde está bem machucado e com o formato dos dentes bem direitinho? – apontei para o pescoço e ela acenou num sim. – Antes era o chupão do Christopher, agora é quase um letreiro neon de que Jonas esteve aqui, ele olhou com raiva e quis deixar a marca dele por cima. Quando terminamos ele disse que era errado, que não devíamos ter feito aquilo, que era culpa minha, que ele não era igual a mim, mas eu não deixei por isso mesmo e começamos a discutir de novo, gritei tudo que tinha de colocar para fora e nessa parte admito que me sinto mais leve, garanto que dei um belo peso na consciência. – falei e senti um tapa na minha cara.

- Eva: Em algum momento você pensou no Christopher? VOCÊ TRAIU O CHIRTOPHER. –ela gritou.

- Eu sei, mas na hora eu não pensei nele, era errado demais para eu fazer aquilo pensando nele. Sei que o que fiz com o Chris foi errado, mas eu não me arrependo, na hora eu estava tão entorpecido pelos meus sentimentos que não me permiti pensar nele, mas arrependimento eu não tenho nenhum. – eu estava convicto daquilo e não iria mudar, mas eu ainda estava de coração partido. – Eu falhei Eva, falhei em ceder, falhei em tentar fazer tudo pelo Chris, em tudo. – abaixei a cabeça e senti-a ser puxada contra os peitos da minha chefa.

- Eva: Não é bem assim. – senti sua mão fazer carinho nos meus cabelos. – Eu vi que você se esforçava para fazer Christopher tão feliz quanto podia, o seu erro foi não ter terminado antes. – ela era quase que uma irmã mais velha. – O que pretende fazer agora? Chris passou o dia preocupado com você, deveria no mínimo ligar para ele. – ela me aconselhou ainda fazendo carinho.

- Eu vou marcar um encontro com ele hoje mesmo. – falei decidido a isso.

- Eva: Tem certeza? Já é mais de sete da noite e você não tem a menor condição de fazer isso. – ela levantou minha cabeça me olhando nos olhos.

- Eu não posso mais deixar a situação ficar pior do que já está Eva, comecei um relacionamento com o Chris gostando de outro homem, só tenho trazido problemas, toda essa merda que acontece comigo não só me afeta, como também afeta o Christopher. Eu transei com o Jonas ontem, se fosse só o beijo, mas não foi, eu literalmente fiz sexo com o cara, como acha que o Chris vai reagir a isso? – falei puxando os cabelos de tanto nervosismo.

- Eva: Calma Marcus, vai ficar tudo bem. – ela falou tentando me acalmar, mas eu ficava somente mais e mais nervoso.

- Não Eva, não vai ficar tudo bem e você sabe. Eu joguei merda no ventilador e mesmo se eu limpar não vai mudar o fato disso. – Nessa hora ouvi meu celular tocar lá no quarto.

 

Eva e eu fomos até o cômodo escuro e ligamos a luz, vi no ecrã o identificador de chamada e vi que era uma ligação do ruivo, olhei para Eva que acenou positivamente com a cabeça e eu atendi.

 

- Chris? – chamei por ele.

- Chris: MARCUS, que bom que você atendeu, como você está? Porque não atendeu antes? – era incrível como eu me sentia mal com essa preocupação dele, eu não merecia.

- Chris, nós podemos nos encontrar hoje? – perguntei a ele e olhei para Eva que estava visivelmente preocupada.

- Chris: Claro, onde? Quer que eu vá te buscar? – perguntou ele afobado.

- Não, não precisa. Me encontra no píer perto da estátua da liberdade, tem um Starbucks lá, vou estar na frente dele. – dei as coordenadas para ele.

- Chris: Certo, às oito e meia está bom?

- Sim, te vejo lá. – desliguei a ligação.

 

Um silêncio se instalou no local entre mim e Eva e senti meu estômago roncar furiosamente, não tinha colocado nada na barriga desde a noite anterior e mesmo com fome não sentia vontade alguma de comer, coisa que não foi captada pela mulher.

 

- Eva: Você não comeu nada hoje? – ela pareceu indignada. – Você é um irresponsável. – falou indo para a minha cozinha preparar algo para que eu pudesse comer.

- Não precisa Eva. – falei seguindo ela, mas ela já estava pegando uns ovos na geladeira.

- Eva: Não quero mais um pio seu. – falou me apontando a frigideira como se fosse uma arma. – Aliás você ainda não me contou porque não atendeu minhas ligações ou a de Chris. – falou ela acendendo o fogo.

- Eva, se lembra de quando eu comecei a trabalhar eu entreguei um atestado médico informando que minha pressão abaixava fácil? – era um problema de família, geralmente são as mulheres que tem a pressão baixa, mas por incrível que pareça nasci com um problema pressão baixa, quando submetido a situações altamente estressantes ou a situações que exigissem muito de mim minha pressão baixava rapidamente e eu desmaiava. – Ontem à noite acabei desmaiando no chão da sala e só acordei hoje à tarde, o estranho foi que eu estava na cama e eu tenho certeza de que não fui andando para lá. – falei me escorando no balcão enquanto ela mexia os ovos.

- Eva: Jonas te colocou na cama... – não era uma hipótese, era uma afirmação e eu sabia disso, só não entendia o porquê da preocupação dele ter feito isso, Jonas poderia muito bem ter ido embora me deixando no chão mesmo, mas ele não o fez. Por quê? Qual o motivo ou a razão?

- Vamos mudar de assunto? – perguntei tentando mudar o rumo daquela conversa, já estava bem depressivo, então eu não precisava ficar pior.

 

Eva me serviu os ovos e fez para mim um suco de laranja, mesmo que eu não estivesse com fome alguma tinha de repor as energias. Garanti a ela que iria trabalhar amanhã e que iria repor o dia de falta no sábado e minha chefa como sempre exigente disse que era minha obrigação fazer aquilo, mas que eu não me descuidasse da saúde. Terminei de comer lavei o prato e o copo e fui para o quarto tomar um banho rápido, separei uma roupa mais quente e um cachecol já que esses dias faria ainda mais frio, peguei também uma blusa de gola alta e por fim estava pronto para ir, faltava meia hora para o encontro e Eva disse que podia me deixar lá. Por unanimidade Eva e eu decidimos que não ia contar sobre a parte em que eu transei com o Jonas, pouparíamos Christopher disso, mas ela me fez prometer que eu ia falar sobre o beijo e que eu correspondi.

O píer fica perto da estátua da liberdade e é um ponto turístico altamente visitado e frequentado por todo turista ou nova iorquino, ao chegar lá me despedi e agradeci pela carona, mesmo fazendo um frio quase que congelante eu sentia minhas mãos tremer de nervosismo. Era hora de fazer o certo, iria colocar um ponto final nesse capítulo chamado Christopher, eu não tinha mais coragem para olhá-lo nos olhos ou forças para continuar aquilo, não dava mais, e mesmo com o meu quadril doendo, o rosto dormente e várias marcas de mordidas no meu pescoço eu teria coregem de fazer o que eu deveria já ter feito antes, ser honesto com o Chris e comigo mesmo. Cheguei na frente do Starbucks e fiquei olhando para a imensidão negra das águas do rio Hudson já que era de noite, a única iluminação vinda do rio era da grande estátua da liberdade que mesmo já estando com o céu escuro não deixava de mostrar a sua grandiosidade, era realmente um dos maiores símbolos americanos e todo bom patriota sabia bem sua história. Fiquei tão preso nos meus pensamentos que levei um susto quando fui abraçado por trás com força, mas me acalmei ao perceber quem era já que mesmo com esse agarre de um urso ele ainda era gentil e carinhoso comigo, eu me senti um merda. Virei de frente ainda com seus braços ao meu redor e vi seus olhos verdes transbordando de preocupação, seus dedos gelados tocaram a face do meu rosto passando com suavidade sobre os hematomas já cuidados.

 

- Chris: O que houve com o seu rosto? O que houve com você? Quem fez isso? Foram aqueles caras de novo? – a preocupação do ruivo chegava a me entristecer, ele era tão dedicado a mim e eu me sentia cada vez menor na frente dele. – Porque não me atendeu? Porque você continua calado? Fala alguma coisa Marcus! – ele parecia desesperado pelas respostas que eu tinha de dar a ele, e eu iria dar.

- Calma tá? Eu vou contar, vamos só sentar está bem? – passeamos pelo píer procurando um banco vazio e finalmente encontramos, sem pessoas ao nosso redor ficava mais fácil ter uma conversa privada. Sentamos no banco e olhei para ele. – Olha, o que eu vou te contar agora aconteceu ontem, não foi de propósito muito menos algo planejado. – avisei-o.

- Chris: Conta logo Marcus. – ele não se aguentava de ansiedade.

- Encontrei com o Jonas ontem no metrô. – falei e vi seus olhos abrirem numa surpresa. – Antes que você fale qualquer coisa deixe-me terminar. – vi o ruivo acenar positivamente com a cabeça. – Você sabe por que eu mesmo já contei que nós pegamos o mesmo metrô para ir para casa, e ontem foi mera coincidência tê-lo encontrado. O Jonas me seguiu até em casa e disse que queria agradecer por eu ter salvado o filho dele e pedir desculpas pelo Isaac, o cara grosso que xingou até minha alma, eu disse que não havia necessidade dele ter me seguido até meu apartamento e perguntei por que ele tinha realmente ido até lá. – dei uma pausa assoprando nas mãos para aquecê-las. – Foi quando ele disse que você não era namorado para mim, que você parecia agressivo e bruto comigo, nós começamos a brigar, trocar socos, enquanto ele te xingava eu te defendia, mas algo inesperado aconteceu e é isso que eu realmente quero te contar. – olhei nos olhos dele, se tinha de ser agora que eu fizesse ao menos isso certo, eu já estava aos frangalhos, com o coração despedaçado então se fosse para perder a guerra que ao menos doesse mais em mim. – Não sei que foi que agiu primeiro, mas o Jonas me beijou e eu correspondi. – vi Christopher ficar ainda mais surpreso do que já estava, fechou as mãos com força como se estivesse incrédulo.

- Chris: Você o quê? – ele perguntou para ver se tinha escutado direito, mas eu não tinha motivos para mentir.

- Eu correspondi o Jonas. – abaixei a cabeça desviando o olhar do seu. – Lembra que eu disse que gostava de alguém, mas que queria esquecê-lo quando começamos a namorar? – o silêncio era apenas uma confirmação de que eu deveria continuar. – Eu gosto, ou ao menos gostava do Jonas, era dele que eu estava falando. – olhei para ele que mostrava um rosto decepcionado e magoado comigo. – Mas isso não importa mais, ele pisou em mim da pior forma possível e aqui estou eu, um homem em completa decadência porque não sabe lidar com isso. Patético não? – senti sua mão tocar meu ombro, mas eu a repeli. Não, eu não merecia ser confortado pelo Christopher, não depois que eu fiz. Levantei-me ficando na sua frente ainda de cabeça baixa.

- Chris: Marcus eu... – eu sabia que ele ainda estava me olhando, e que o ruivo estava vendo um Marcus totalmente quebrado na frente dele. – Eu ainda não consigo acreditar, talvez eu não tenha sido bom o suficiente... – como? Não, é para ele gritar comigo, me espancar, me xingar dos piores nomes possíveis, e não ser gentil comigo.

- Não Chris escuta. – me ajoelhei na sua frente e mesmo com as mãos frias segurei seu rosto entre elas fazendo um carinho com os polegares. – Me escuta bem, você sempre foi mais do que suficiente, você é talvez o homem mais incrível que já tive a oportunidade de chamar de namorado, quem não é homem o suficiente aqui sou eu. Foi para isso que chamei você aqui, para terminar essa história mal resolvida, eu estou aos pedaços Chris e o que eu menos quero agora é que você me olhe com pena ou com carinho, nunca quis que terminasse assim, mas não quero que fique igual a mim. – meus olhos já marejavam, estavam cheios de água e eu estava tão fraco que não conseguiria segurar.

- Chris: Então acabou? – senti suas mãos tirarem as minhas do seu rosto.

- Sim Chris, acabou. Quero que saiba que enquanto estive realmente com você eu era inteiramente seu e de mais ninguém, mas essa é a verdade, eu quero que seja feliz como não pude ser e que você encontre alguém que te faça realmente bem. – levantei do chão sendo acompanhado por ele ficando de pé também. Ele me deu um abraço, daqueles realmente de despedida e eu retribuí com tudo que tinha, ele depositou um beijo na minha testa como um pai faz com um filho e ali eu sabia que era nosso ponto final.

- Chris: Você vai ficar bem? – falou me soltando e criando uma distância entre nós.

- Não sei. – respondi sincero. – Ah e antes que eu me esqueça, não atendi porque acabei desmaiando, mas já estou normal agora. – falei para o ruivo respondendo sua pergunta de porque não tinha atendido o telefone.

- Chris: Ainda amigos? – ele perguntou.

- Com certeza. – e então viramos de costas um para o outro e fomos cada um para casa.

 

Eu me sentia mais leve, tinha sido honesto com o Christopher e isso me fez bem, sei que ele estava magoado comigo, mas lá no fundo ele também sabia que não era para sermos nós dois. Chris iria achar alguém e eu não estaria mais no seu caminho. No dia seguinte voltei a trabalhar e Eva veio me perguntar como tinha sido a conversa e não poupei os detalhes, por mais ou menos uma semana eu e o ruivo não falamos uma palavra um com o outro, fomos voltando ao normal aos poucos, ainda era estranho, mas era o nosso natural de sempre. Durante um mês inteiro eu evitei Jonas de todas as formas possíveis, pegava outros horários de metrô, voltava para casa de táxi e quando não tinha jeito e eu o encontrava fugia para outro vagão, não queria vê-lo, não estava preparado para isso.

Mas como sempre parece que o universo não me entendia, pois toda vez que eu encontrava Jonas no metrô ele me seguia tentando ficar mais perto de mim, eu fugia para outro vagão me misturando entre as pessoas e conseguia despistá-lo. Tinha vezes que eu até conseguia ficar no mesmo vagão sem que ele me visse, mas eram raras essas oportunidades, e quando minha fuga não era bem sucedida o militar ficava ali ao meu lado, num silêncio incomodo onde poderia haver palavras a serem ditas, mas eu não dava oportunidade, eu não queria ouvir mais nada, já estava juntando os meus cacos não precisava de ajuda para quebrá-los de novo. Quando ele estava ao meu lado procurava ignorá-lo, colocava os fones de ouvido tocando algo para que eu não pudesse escutar nada, tentava evitar qualquer proximidade com ele, mas havia algo que sempre me perturbava que era o seu cheiro, eu não sabia se Jonas tinha tomado um banho de perfume ou se aquele odor estava gravado em mim, só sabia que me entorpecia os sentidos e me fazia contar os minutos para sair dali.

E assim passou um mês de muita angústia, sofrimento e ansiedade, até que finalmente chegou o dia que eu mais aguardava, o primeiro das minhas férias. Já avisei minha mãe, o Noah e o John, eu iria para um lugar onde eu tinha certeza de que o universo não teria poder nenhum sobre a minha vida. Eu estava voltando para o Kansas, estou voltando para casa.

 

Continua...

 


Notas Finais


Bom, final triste eu sei, mas ainda tem rolo nesse papel e logo vocês vão conhecer a família do Marcus. Serão capítulos menos melancólicos, mas ainda sim importantes na vida do nosso protagonista.

Bem, vejo vocês quando eu puder postar de novo. Muito obrigada pelos comentários e pelos favoritos.

Beijos.


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