História Eu Precisava De Ti - Um Solitário Diretor

A cerca de oito quilômetros à oeste da estação de metrô sul,um homem circunspecto possuidor de fios rubros muito bem alinhados no meio das costas, respira frustrado logo depois de uma reunião com o seu mais indisciplinado professor, Ângelo que prefere mais ser conhecido como Máscara da Morte (estranho gosto esse) mais enfim, no dia anterior que fôra somente o primeiro dia desse novo ano letivo, o por vezes inconveniente canceriano achou por bem ensinar sobre separação silábica à infantes entre nove e dez anos, utilizando como modelo para a explanação do conteúdo um esqueleto, isso mesmo, uma réplica exata de um esqueleto humano, como já era de se esperar, os gritos de pavor dos petizes foram inevitáveis, as explicações aos pais queixosos também, foi um custo para Mu esclarecer à várias pessoas que o tal esqueleto, era tão só um mero e original brinquedo,(dar satisfações, era uma verdadeira chatice) ainda bem que ele tinha Mu

Mu o seu vice diretor e braço direito, graças ao ariano muitos dos problemas do renomado colégio Santuário do Saber se quer chegavam ao conhecimento do ruivo, porém nem tudo o tibetano pode resolver por conta própria e a conversa com o irreverente Ângelo foi uma dessas coisas, na sala da diretoria o prateado justificara a sua atitude, como pueril brincadeira infantil, e método original para o aprendizado dos pequenos,o aquariano tentando conter a sua impaciência, devolveu dizendo que nem tudo  cabia para mostrar à crianças, ainda mais sem um aviso prévio, dando de ombros o canceriano diz que terá mais critério na aplicação de novos conceitos para os alunos, embora ainda ache que o esqueleto é sim legal ,afirmação na qual Camus não acreditou muito, Ângelo não é de cumprir esse tipo de promessa, mais como o seu senso de justiça não lhe permite demitir o docente, que apesar de excêntrico, no geral é um bom profissional.. após ouvir a fala do canceriano e revirar os seus olhos castanhos de reflexos avermelhados, o francês achou melhor liberar a saída de Ângelo da sua frente, mesmo porque o horário das aulas deve ser rigorosamente cumprido sem hesitações

presentemente engolindo rapidamente uma aspirina para a sua dor de cabeça, o francês se sente incrivelmente sozinho nesse momento, desde que ele e Milo terminaram à sete anos ,o sisudo aquariano não permitiu, que mais ninguém adentrasse intimamente em sua vida, hoje Camus é totalmente independente, livre de tolos sentimentos, o que na maior parte do tempo lhe deixa extremamente satisfeito, não obstante em alguns momentos como esse o ruivo experimenta um avassalador vazio em seu peito, o por vezes gélido francês procura ignorar, as marcas que o término do seu antigo relacionamento lhe deixou na alma, ou a desastrosa ausência de toda a sua família, daquela forma que ele nem gosta de lembrar os detalhes, aparentemente Camus não tem ninguém...

todavia uma lembrança vem a sua mente nesse ínterim, na cidade onde está, ele Camus tem um único parente de sangue vivo,o seu primo Dégel,porém a opinião do francês quanto aos laços de afeto não se modifica com esse lembrete, relacionamentos familiares não são mais necessários para sí, ele Camus é forte ,autossuficiente (e para completar esse solitário diretor, não faz ideia exata,de aonde Dégel possa estar) e se ele Camus uma vez desprezou os sentimentos, deve mais é olvidá-los para sempre, esse é o seu lema

batidas ecoam na grossa porta de madeira da sala, uma cabeça aparece

_olá Camus

_Mu...

_eu sei que você gosta de trabalhar sozinho, mais há esses papeis para você ler e assinar,quer minha ajuda?

_ok,deixe-os sobre a mesa,e eu não preciso de auxílio.. agora vá verificar se não há ainda algum estudante pelos corredores

diz o aquariano impassível

_tudo bem, vou lá

responde o ariano tranquilo,deixando Camus a sós, o dono dos cabelos lilases se pergunta como é que alguém pode gostar de se isolar das outras pessoas, preferindo passar os seus dias, enfurnado em uma sala fechada, rodeado de documentos, ele Mu simplesmente sufocaria se vivesse assim, bom,quem é ele para opinar,cada um sabe o que lhe faz mais feliz...

observando a área dos bebedouros e franzindo a testa e os dois curiosos pontinhos que ele tem no lugar das sobrancelhas, o tibetano se aproxima devagar, e bronqueia muito calmo com dois garotos

_Kiki,Seiya as aulas já começaram, para a sala agora

_mais pai...

_aqui eu não sou o seu pai Kiki,você é um estudante como outro qualquer

_chato...

_a gente já ia pra sala tio Mu

_sei Seiya.. me engana que eu gosto

_é sério tio..

_eu irei acompanhar vocês até a porta da classe, para garantir que não haverá desvios

_mais pai...é sério isso?

o olhar grave do ariano é a resposta sem palavra, os dois meninos seguem o vice diretor e coordenador geral da escola sem dizer mais nada

o fim de tarde chegou o ambiente está vazio (a exceção do aquariano) Camus se levanta da sua poltrona giratória sentindo uma dor fina em suas costas, talvez ele tenha passado tempo demais sentado, seu estômago reclamou da falta de alimentos, o francês quase sorriu ,todas as suas ocupações desse dia, lhe fizeram esquecer do horário exato da sua refeição, e outrossim da incômoda sensação de solidão de horas antes... o ruivo já poderia avaliar se alguém lhe interpelasse (não que alguém tivesse espaço para lhe fazer perguntas indiscretas, mais enfim...) que a sua vida se encontra na mais perfeita ordem e paz do jeito que deve ser, voltando a focar na sua fome do presente, o francês sonha em saborear deliciosos croissants, únicos croissants que são feitos do outro lado da cidade, vale a pena conferir...comer fora tem suas vantagens, afinal para quê cozinhar para apenas uma pessoa, desperdício de tempo óbvio. saindo de sua sala e trancando-a,Camus fica realmente contente por aquela hora não se deparar com mais ninguém, embora não se importasse de fato, com o que dissessem de suas roupas, se são adequadas ou não, sendo elas camisa pólo branca de manga curta, calça de brim preta e sapato social escuro, era melhor evitar ouvir maldosos conceitos alheios

então dando partida no seu audi prata o sério, antissocial e na maioria das situações indiferente aquariano se prepara para desbravar o mundo...

Continua