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História Eu prometo - 9. Sentimentos - Lena Luthor


Escrita por: cris_mariano

Notas do Autor


Oi, leitoras e leitor maravilhosos! hehe
Fiquei feliz de saber que tenho fãs homens também! Obrigada por acompanharem :D

Bom, antes de qualquer coisa é importante avisar que boa parte da história foi escrita BEEM ANTES de trailers ou qualquer INFO ou SPOILER da quinta temporada.
Tudo o que está escrito é minha versão pessoal do que eu acho ou gostaria do que acontecesse me baseando nas personalidades e atitudes anteriores delas. Ou seja, significa que os eventos da quinta temporada não vão interferir em meu roteiro e desenrolar da história que estou escrevendo com todo o carinho pra vocês :D

Dito isso, acho que vocês vão gostar MUUUUITO desse capítulo.

Boa leitura!

Capítulo 9 - 9. Sentimentos - Lena Luthor


Fanfic / Fanfiction Eu prometo - 9. Sentimentos - Lena Luthor

9. Sentimentos

Lena Luthor

 

 

            Já fazia uma semana que eu havia descoberto que minha melhor amiga era, na verdade, a maior heroína de National City e arqui-inimiga da minha família, mas ainda não tinha me acostumado a estar ciente sobre isso. Kara, apesar da força que mostrava ter em seu interior, fisicamente sempre aparentou fragilidade, muito provavelmente como uma máscara para dificultar a sua identificação. Nem mesmo eu, uma mulher jovem com diversos PHD’s e doutorados, foi capaz de reconhecer as semelhanças entre elas e fazer uma conexão. No entanto, qualquer dúvida ou resistência que eu tivesse acabaram no momento que há vi saltar do edifício da CatCo, disposta a salvar quem estivesse em perigo.

            Eu já tinha visto a loira voar naquele dia em meu apartamento, mas vê-la se “despir” e se transformar na kryptoniana foi mais um choque, e resisti ao máximo voltar para dentro, só entrando no elevador quando já não podia mais vê-la.

            Realmente precisava resolver algumas pendências na L-Corp, mas não perderia a oportunidade de provocar ou observar minhas duas funcionárias em meio a um ato de fuga, mesmo que fosse para defender a cidade. Ainda não havia perdoado Kara, pra falar a verdade, era difícil fingir essa normalidade que eu colocara entre nós pelo bem da empresa e do pouco da nossa amizade, mas parecia ainda mais difícil continuar a manter distância dela como fiz na última semana. Kara fazia falta para mim e eu não podia negar que isso doía muito mais do que saber que ela me enganou durante todo o tempo.

            Minha mente estava tão atordoada com a bagunça que a loira causou em mim que, pela primeira vez, havia me esquecido de uma reunião com um dos nossos parceiros da China. Jess até tentou remarcar, mas o empresário já estava na cidade e seria muito deselegante simplesmente cancelar.

            Era desgastante manter minha postura profissional quando por dentro eu sentia que meu mundo desabava, mesmo tendo crescido como uma Luthor eu não estava preparada para uma traição como a de Kara. Nunca tinha deixado um relacionamento pessoal atrapalhar meu lado profissional, nem mesmo com Jack, mas aí apareceu a loira, mostrando que a vida podia ser muito mais amarga e irônica do que eu já experimentara.

            Falando em ironia do destino... Surpresa fiquei eu quando Lana Lang apareceu em meu escritório da CatCo sem hora marcada, trazendo várias memórias há muito esquecidas. Isso só fez eu me perguntar como levei tanto tempo para conhecer Kara Danvers, já que aparentemente a loira também conhecia a mulher do interior.

--- Mas... O que faz aqui, Lana? --- indagou Kara com os olhos arregalados.

--- Uma garota não pode querer expandir os horizontes e visitar velhos amigos? --- riu se levantando e aceitando o abraço que Kara lhe deu.

--- É claro que sim! --- concordou.

--- Bom, acho que vocês já se conhecem. --- torci os lábios observando-as com o cenho franzido, incomodada com a intimidade entre elas.

--- Sim! --- disse a loira sorridente. --- Nos conhecemos em Smallville...

--- Pouco antes de eu e Clark terminarmos e ele ir pra Metrópolis. --- completou.

--- Parece que isso faz bastante tempo. --- mencionei.

--- Muito tempo, você sabe! --- falou. --- Depois ainda fui para Gotham.

--- Você está em Gotham? --- questionou Kara.

--- Lana é a Diretora da nova sede da Fundação Wayne. --- interrompi fazendo a loira me encarar surpresa.

--- É sério? Que incrível! --- riu.

--- Sim, estou me mudando para National City essa semana.

--- Estou fazendo uma matéria sobre vocês. Lena até me conseguiu o contato de Bruce Wayne, mas com você aqui é bem melhor. --- continuou sorrindo. --- Minhas fontes me disseram que Talia quem comandava.

--- Talia tem muitas filiais para cuidar, então me deixou à frente desta. --- explicou. --- Como conheço poucas pessoas na cidade, aproveitei para vir dar um oi a Lena. Faz tempo que não nos vemos, não é? --- perguntou-me.

--- Desde que você cancelou o casamento com Lex e foi para Gotham.

--- Até tinha me esquecido disso. --- disse Kara.

            Lana Lang é uma mulher de muitas histórias. Sempre soube que ela e Clark Kent foram apaixonados na juventude, Lex sempre fez questão de mencionar isso nas poucas vezes em que nos falamos quando eu ainda vivia no internato. Não sei se realmente havia sentimento ou se era apenas mais uma das obsessões de Lex naquela época por qualquer migalha de Clark, mas Lana foi o mais próximo de um relacionamento que ele já teve, chegando até mesmo a noivarem e marcarem o casamento. Hoje era quase irônico pensar no fato de que ele aparentou ser feliz ao lado dela, parecendo ter ganhado alguma guerra que pensasse estar lutando contra o futuro Homem de Aço.

--- De qualquer forma, eu realmente só passei para dar um olá para Lena, mas fiquei feliz em ter te encontrado também. --- a morena sorriu tocando o ombro da outra.

--- Foi bom te ver também. --- Kara sorriu ajeitando os óculos.

            Observei com atenção o contato entre elas. Lana e Kara pareciam duas superamigas que não se viam há muito tempo e matavam a saudade em minha sala quase como se eu não estivesse presente. Imaginei se a minha concorrente era mais uma das pessoas que sabiam sobre o segredo da Supergirl e isso me deixou realmente irritada por parecer que apenas eu que era feita de idiota. Mesmo sem a confirmação desse pensamento, só de ver as duas mulheres juntas já sentia o gosto amargo do ciúmes em minha garganta. Eu sei que Kara sempre foi do tipo de fazer amizades rápido, que atraía toda a atenção para ela mesmo sem querer, mas era difícil pra eu admitir que mesmo se nossa amizade não voltasse ao normal, ela continuaria a seguir bem com sua vida, tendo pessoas com quem contar, muito diferente de qual seria o meu futuro.

--- Bom, preciso ir, Lena, ainda tenho muitas coisas para resolver sobre a mudança e também já tomei muito do seu tempo. --- confessou me acordando de meus pensamentos.

--- Você é sempre bem-vinda. --- menti dando-lhe um sorriso aberto.

--- Vamos marcar um café assim que as coisas ficarem mais tranquilas. --- avisou. --- Ainda precisamos continuar nossa conversa sobre os velhos tempos.

--- Com certeza precisamos. --- ironizei aceitando seu abraço.

--- E realmente sinto por Lex.

            Não respondi. Estava cansada das pessoas me dizerem que sentiam muito pela morte do meu irmão quando, na verdade, eu sabia que era tudo uma polidez fingida. Eu mesma não sentia.

--- Mande lembranças a Clark. --- disse Lana para Kara.

            Apesar de termos sido cunhadas por um tempo considerável, Lana e eu nunca fomos amigas, apenas compartilhamos alguns momentos ridículos como uma pseudo-família, talvez por isso nosso abraço pareceu tão vazio e frio comparado ao caloroso aperto que ela dera em minha amiga.

--- Pode deixar! --- disse a loira.

            Espiei a reação de Kara enquanto víamos Lana caminhar para fora do escritório, despedindo-se da minha recepcionista por tê-la deixado entrar mesmo sem hora marcada. Isso me fez criar uma anotação mental para solicitar que mais situações assim não acontecesse.

Soltei um pigarro chamando a atenção da Garota de Aço, fazendo-a me olhar. Kara carregava uma leve vermelhidão nas bochechas, parecendo envergonhada com tamanha intimidade. Levantei uma sobrancelha em provocação, demonstrando que tinha observado e achado estranha a interação entre elas.

--- O que foi? --- indagou a loira guardando o celular no bolso.

--- Nada! --- desdenhei me sentando. --- Você provavelmente queria algo importante pra ter entrado desse jeito em minha sala.

--- Me desculpe! --- justificou. --- Você pediu que eu te entregasse os relatórios ainda hoje e viesse falar com você assim que chegasse. Vim apenas lhe dizer que te encaminhei tudo por e-mail.

--- Eu sei o quanto os relatórios são importantes para essa empresa, Kara, mas você precisa ter mais cuidado antes de irromper meu escritório da maneira que fez. --- disse rígida. --- Poderia ser qualquer pessoa, felizmente era sua amiga Lana Lang.

--- Ah, não somos amigas. --- sorriu envergonhada ajeitando os óculos. --- Mas como ela namorou Clark fomos próximas durante um tempo.

--- Bom, ela acha que vocês são. --- afirmei mudando meu olhar para o computador. --- De qualquer forma, já recebi seus e-mails, acabei de verificar.

--- Certo, certo. --- gaguejou. --- É... Só pra você saber... Houve um ataque no centro, por isso eu e Nia tivemos que sair.

--- O que me importa é que cumpriu suas tarefas de hoje. --- desdenhei polida. --- Kara, se antes sem saber o que você fazia eu já não te atrapalhava, agora é que não farei isso sabendo sobre Supergirl. Imagine a manchete: Lena Luthor é responsável por mais uma destruição de National City porque obrigou Supergirl a lhe preencher papelada. --- zombei. --- Realmente, pode me poupar das suas explicações.

            Eu senti que ela queria responder, que pretendia explicar, mas provavelmente estava nítido que eu não queria ouvir. Não levantei os olhos, mas escutei quando a loira bufou e caminhou para fora da sala, resmungando alguma coisa sobre eu ser cabeça dura. Chacoalhei a cabeça em negativo. Eu sabia que Kara Danvers era impaciente, mas ela estava querendo demais que eu perdoasse sua traição tão rápido, isso se eu realmente decidisse por perdoar.

 

****

 

            Passaram-se quase três semanas desde a visita de Lana na CatCo, e meu relacionamento com Kara ainda permanecia da mesma maneira. A loira sempre arrumava um jeito de insistir e me perguntar se eu já tinha decidido ter nossa conversa. A resposta sempre era a mesma: “Ainda não, Kara!”

            Eu sentia que ela estava ficando estressada e perdida. Diversas vezes saía da CatCo apressada, mesclando sua rotina de repórter com a de salvadora da cidade. Ela parecia tão perdida e saturada que não foram poucas às vezes em que recebi algum e-mail ou documento enviados que deveriam ser encaminhados para outras pessoas. Eu tinha a sensação que Kara pensava em mim mais do que imaginava, como se sempre se distraísse e acabasse cometendo esses pequenos deslizes. E confesso, não fosse a minha habilidade e excelência profissional, provavelmente faria o mesmo.

            Por mais que eu me esforçasse, Kara não saía da minha cabeça. Sempre me pegava lembrando da nossa conversa em meu apartamento, revivendo o quanto aquela revelação havia me machucado. Apesar de manter a cordialidade no trabalho, não tinha conseguido voltar ao normal, meu coração não me permitia ignorar tudo o que aconteceu entre nós.

            No começo a loira me mandava mensagens, vinha até minha sala ou arranjava qualquer desculpa para poder me ver, mas com a passagem dos dias eu notei que tudo isso diminuiu. Kara ainda persistia em mim, mas agora parecia ter sua atenção dividida entre mais pessoas, diferente do que acontecia quando éramos apenas eu e ela.

Aquela foi apenas a primeira visita de Lana, mas foi a última direcionada a mim, pois frequentemente ela aparecia para almoçar ou tomar café com minha amiga, já que eu tinha renunciado a esses momentos com Kara, mesmo com a insistência dela em me chamar.

Lana já estava oficialmente instalada em National City, a Fundação Wayne já estava funcionando e sei que Kara continuava a investigar. A loira me segredou sobre o ataque do alien escorpião e sobre sua desconfiança da empresa de Bruce, mas não tinha coragem de questionar minha ex-cunhada, já que, pelo jeito, ela não sabia sobre Supergirl como imaginei.

Respondi a mensagem de Alex recusando mais uma noite de jogos enquanto saía do elevador da CatCo, sentindo um corpo se esbarrar em mim. A força do encontro me fez soltar o celular, vendo-o cair direto no chão. Em um piscar de olhos Kara me estendia o aparelho, o pegando tão ágil que minha visão humana não foi rápida o suficiente para acompanhar.

Encarei seus olhos azuis brilhantes, olhando-me com um sorriso sapeca, orgulhosa por ter me poupado mais uma dor de cabeça de ter que arrumar outro celular.

--- Quase! --- disse me estendendo o aparelho.

--- Nossa, que reflexo, Kara!

            A risada de Lana chamou minha atenção, me fazendo só agora perceber sua presença. Instintivamente torci os lábios, sem conseguir esconder o descontentamento por vê-la outra vez em tão pouco tempo.

--- Realmente! --- concordei pegando o celular outra vez. --- Obrigada!

--- Sinto muito pelo esbarrão. --- disse Lana.

--- Tudo bem!

            Eu não pretendia continuar ali, essa amizade estranha entre elas não fazia sentido pra mim. Eu tinha a sensação de que Lana forçava uma intimidade e proximidade que Kara não tinha com outras pessoas, exceto comigo, antigamente.

            Assim que dei um passo para continuar meu caminho, ouvi a loira me chamar, me impedindo de continuar.

--- Lena, espere.

--- Precisa de algo, Kara? --- questionei.

--- Você tem um minuto?

--- Tenho uma reunião com James daqui a dez minutos e depois irei para a L-Corp.

--- Eu já estou de saída. --- interrompeu Lana. --- Nos vemos hoje à noite? --- perguntou encarando atentamente Kara.

--- É claro!

            Franzi o cenho deduzindo que Lana Lang era a nova convidada para a noite de jogos das irmãs Danvers. Isso só me fez perceber o quão substituível eu parecia para elas. Bastou eu me afastar alguns dias por culpa das mentiras da irmã mais nova que já arranjaram outra para colocar em meu lugar.

--- Tchau, Lena!

            Apenas assenti, vendo quando Lana enlaçou a cintura de Kara dando-lhe um beijo demorado na bochecha. Eu nunca disfarcei o carinho e amor que sinto pela loira, sempre demonstrei facilmente não me importando com o que as pessoas achariam, mas aquela demonstração de intimidade em minha frente me enjoou. Lana se demorou em largar Kara, parecendo satisfeita em estar nos braços dela. A loira soltou uma risada baixinha, envergonhada pela carinho recebido, antes que outra mulher a fitasse sorrindo e desaparecesse no elevador.

Levantei uma sobrancelha quando Kara me encarou, fechando o sorriso no mesmo minuto como se tivesse sido pega em flagrante fazendo algo errado.

--- Hum... Lana Lang, sério? --- questionei voltando a andar, vendo a garota correr para me acompanhar. --- Clark sabe que sua ex-namorada tem uma queda pela prima dele?

--- O quê? --- perguntou espantada.

--- Por favor, Kara. Está óbvio que ela está afim de você. --- revirei os olhos entrando em minha sala.

--- Lana? Não, claro que não. Não mesmo. --- negou veementemente. --- Somos só amigas.

--- E ela sabe disso? --- indaguei indo até o bar e me servindo uma dose de whisky, ignorando a loira, pois sabia que ela não tinha interesse na bebida.

--- É claro que sabe! --- afirmou sem convicção. --- Bom, eu acho que sabe.

--- Agora entendo porque seu relacionamento com James não funcionou, seu senso de percepção é muito baixo. --- constatei indo até a varanda, observando o céu alaranjado de National City, dando indícios que a noite estava próxima.

--- Ei, não me insulte. --- franziu o cenho parando ao meu lado. --- Tenho apenas um déficit de atenção quando se refere a interesse amoroso.

--- Percebe-se! --- murmurei bebericando lentamente, observando os olhos azuis sobre o vidro do copo.

--- Lena, eu posso ouvir seus sussurros. --- lembrou-me fazendo bico. --- Lana e eu não temos nada, definitivamente. E posso te afirmar que existi 0% de chance de isso acontecer.

--- Não que isso me interesse... --- pausei. --- Mas Kara Danvers parte mais corações do que a própria Supergirl.

--- Você acha? --- perguntou curiosa. --- Eu não faço isso.

            Soltei um pequeno riso, não me controlando por ver a cara de preocupada que a mulher me devolveu. Realmente ela parecia não ter ciência no poder que exercia em quase todas as pessoas que nos conheciam, e nada disso tinha a ver com o fato de ela ser Supergirl, a adorável e sexy heroína de National City.

--- Me pergunto se é este o assunto que você gostaria de falar comigo. Realmente tenho uma reunião com James daqui a cinco minutos e não pretendo me atrasar ou gastar esse tempo falando sobre a quantidade excessiva de pessoas apaixonadas por você.

--- Ninguém está apaixonado por mim, Lena. Mon-El se foi há muito tempo e Winn está no futuro. --- murmurou ajeitando os óculos. --- Eu gostaria de te pedir um favor.

--- Pessoal ou profissional? --- indaguei me apoiando no parapeito, vendo que ela me observava atentamente.

--- Bem... Não sei como responder. --- disse coçando a cabeça. --- É pra Supergirl.

--- Não trabalho mais com Supers, você sabe!

--- Por favor, Lena. --- fez uma careta. --- Poxa vida.

--- Oh, me perdoe se estou lhe decepcionando, Kara. --- ironizei. --- Se eu fosse você, agradeceria por ainda manter um relacionamento polido com a pessoa que enganei por anos. Se fosse outra pessoa em meu lugar nem estaria falando com você.

--- Se me deixasse explicar, você entenderia o porquê fiz isso. --- murchou. --- Eu ainda estou disposta a consertar as coisas.

--- Admiro isso, mas não significa que será tão fácil. --- engoli em seco.

--- Eu sei. --- choramingou. --- Sei disso! Mas tudo bem, eu só queria te pedir algo. Se Winn estivesse aqui provavelmente estaria muito empolgado, mas depois de tudo o que aconteceu, eu gostaria que fosse você a responsável pelo redesign do meu uniforme.

--- Isso é sério? --- ri balançando a cabeça em negativa. --- Acha mesmo que eu farei isso?

--- Eu não sei. --- deu de ombros. --- Mas você é minha amiga e a pessoa mais inteligente que eu conheço no mundo. Isso é como um símbolo de paz, uma bandeira branca pra gente. Se há uma pessoa em quem confio pra isso, é você.

--- Engraçado como você é contraditória. Você fala de confiança como algo de extremo valor pra você.

--- Eu confio em você, Lena. --- resmungou. --- Você não consegue entender que eu tive medo?

--- Medo, Kara? O que você acha que eu seria capaz de fazer para te dar medo? --- questionei dando mais um gole da bebida de cor âmbar.

--- Medo de perder você, medo do que está acontecendo agora. --- abaixou a cabeça. --- Você está se afastando de mim e eu não sei como consertar isso.

--- Eu não sou um brinquedo que você quebra e depois conserta com cola, Kara. Não sei o que te ensinaram em Krypton, mas não é assim que os humanos funcionam.

            Dei-lhe as costas sentindo um nó se formar em minha garganta. Se eu soubesse que aceitar falar com ela me traria tantas dores, eu teria evitado, até porque achava que era sobre questões profissionais. Não queria tocar no assunto sobre sua identidade secreta, ainda não estava preparada para encarar essa ferida, mas Kara insistia nisso, como se cutucar o machucado fosse a melhor maneira de curá-lo.

            Arrepiei-me quando senti o toque de Kara em meu braço, me virando novamente de frente para ela. Seus olhos pareciam opacos e tristes, sem o brilho de sempre, muito provavelmente refletindo o que via nos meus. Seu semblante em nada se parecia com o que eu costumava ver antes do nosso desentendimento. Mas foi só olhando atentamente para ela que percebi como a loira estava abatida e melancólica, uma versão de Kara Danvers que eu só havia visto quando ela precisou sacrificar Mon-El.

            Kara soltou um longo suspirou e continuou me segurando, me forçando a permanecer conectada com seu olhar.

--- Eu sei que não é assim, Lena, é por isso que estou apavorada. --- confessou baixinho. --- Todos os dias acordo com medo de você decidir que isso não vai mais funcionar e me mandar pra longe da sua vida.

--- Todos os dias acordo com a sensação de que vou mandar você pra longe da minha vida. --- desabafei.

--- Isso me apavora!

            Kara se aproximou, me assistindo de perto. Eu via em seus olhos que suas palavras eram verdadeiras e podia sentir no tremular da sua voz. A força dos seus sentimentos era tamanha que me impedia de dizer qualquer coisa.

--- Já perdi tantas pessoas, Lena. Não posso perder você também!

            A loira mordiscou o lábio, olhando para a paisagem que havia escurecido mais alguns tons, tornando-se avermelhada.

--- Em Krypton temos um sol vermelho que é muito parecido com esse pôr-do-sol. Lá não temos poder, somos mortais como qualquer humano na Terra. Nos ferimos, adoecemos e morremos, lá somos vulneráveis e frágeis.

            Eu não tinha certeza se queria estar ali ou se estava pronta para o seu desabafo, mas meu corpo me traía, mantendo-me estática para ouvir o que ela falava, contemplando a beleza da loira sob a luz natural. Kara parecia absorta, como se revivesse lembranças já esquecidas há muito tempo.

--- Lá eu era apenas Kara, e você foi a única que me conheceu como o a Kara nascida em Krypton, sem poderes e frágil.

--- Eu não quero carregar essa responsabilidade! --- disse finalmente. --- Não quero uma amizade só porque eu ofereço algo em troca.

--- É isso que você não entende. --- riu tristemente. --- Você está tão acostumada as pessoas te procurando por interesse que não entende que você não me dá nada. Pelo contrário, você só me tira, me tira tudo o que nascer em Krypton me oferece aqui na terra. Com você eu não sou nada, sou só Kara, e não Supergirl.

            Franzi o cenho concentrada nas palavras que a loira acabara de me dizer, sentindo meu coração saltar desesperado dentro do peito tamanho poder elas tinham. A loira abaixou a cabeça tentando esconder uma lágrima que vi descer lentamente por sua bochecha. Sem poder me controlar, levantei a mão direita tocando seu rosto com delicadeza. Kara ergueu seu olhar, fungando baixinho, também parecendo surpresa pelo caminho que nossa conversa tinha seguido. Parei a lágrima com meu polegar, acariciando sua bochecha com carinho.

            Senti as mãos da mulher envolverem minha cintura, me puxando para um abraço inesperado, cheio de sentimentos e sensações. Demorei alguns segundos para pousar minha mão livre em suas costas, tentando manter o copo equilibrado na outra mão.

            Ficamos assim por um momento, apenas em silêncio. Kara parecia ter o mesmo pensamento que eu, como se as palavras pudessem quebrar a magia que acontecia entre nós.

            Ela ameaçou se afastar, mas ainda permaneceu com as mãos em minha cintura, raspando a ponta do seu nariz em minha bochecha. Senti um calafrio descer por minha coluna com o ligeiro toque da loira, mandando arrepios para as minhas terminações nervosas. Fechei os olhos sentindo o cheiro floral de Kara, me deixando embriagar no seu aroma. Eu podia sentir a respiração dela tocar minha pele, eriçando meus pelos sem que eu pudesse impedir.

            Abri meus olhos lentamente e quase me afoguei quando encontrei os azuis de Kara, brilhantes e vivos como há tempos não via. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu podia sentir a intensidade em cada célula do meu corpo. Eu sabia que dentro de mim crescia um desejo por Kara, por mais que eu tentasse esconder, mas nada do que eu sentira até agora se comparava a vontade que eu tinha de selar nossos lábios nesse momento. E muito provavelmente isso teria acontecido não fosse o barulho do meu nome ser chamado, fazendo-nos saltar, nos afastando sem conseguir encarar uma a outra, como se fôssemos duas adolescentes pegas em flagrante fazendo algo errado.

--- Podemos começar? --- indagou James aparecendo na varanda. --- Oh, me desculpe, eu não sabia.

--- Não, tudo bem. Kara já estava de saída, não é mesmo? --- afirmei virando o whisky de uma vez, tentando aplacar a fome da loira que havia dentro de mim.

--- Sim, é claro. --- murmurou envergonhada, abaixando o rosto para sair da sala, mas antes que ela desaparecesse, surpreendi-me quando me ouvi chamar por ela.

--- Kara?

--- Sim, Lena?

--- Sobre o uniforme... Me mande o que gostaria.

            A loira até tentou controlar, mas falhou miseravelmente me dando um largo sorriso e assentiu, saindo logo em seguida. Respirei profundamente e fui até o bar, enchendo o copo outra vez apenas para esvaziar em seguida.

--- Ei, vai com calma. A coisa deve ter sido feia entre vocês. --- avisou James. --- Está tudo bem? Tive a sensação de que interrompi algo.

--- Não é nada! --- neguei. --- Estou pronta se você estiver.

--- Se você diz. --- deu de ombros. --- Só preciso repassar com você algumas questões. --- explicou. --- Falei com o departamento financeiro...

            Segui James para fora do meu escritório aérea demais para prestar atenção ao que ele me falava. Eu ainda sentia meu coração saltar pela boca só com o pensamento de quase ter beijado Kara. Não tínhamos nem consertado nossa amizade e eu quase tomara uma decisão que podia prejudicar tudo pelo qual tenho me esforçado. Definitivamente eu não tinha forças para lidar com uma rejeição de Kara nesse momento, principalmente depois de tudo o que ela tinha feito. Eu precisava colocar a cabeça no lugar e reavaliar algumas coisas antes de decidir dar continuidade ou não a esse nosso relacionamento bagunçado. Kara mexia comigo mais do que eu imaginei que fosse possível.

 


Notas Finais


Ah meu Deus... Eu vi um beijo ali?
Foi quase hein?! hehe
Lena tá morrendo de ciúmes de Kara e Lana...
De repente isso ajuda ela a perdoar nossa heroína.

Lana à frente da Fundação Wayne nos supreendeu novamente.
Será que ela tem algo a ver com o que está acontecendo? hehe

Espero que esse capítulo ultrapasse o número de comentários, suposições e perguntas do anterior :D
POR FAVOOOR u.u

Um beijão a todos e até o próximo capítulo.

PS: Não vi a estreia, só quero ver quando sair a temporada inteira u.u
PS2: Estão gostando fos gifizinhos? hehe


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