História Eu quero você, idiota! - Só uma questão de tempo

Aomine ainda tinha um sorriso nos lábios quando chegou em casa, tirou seus tênis na entrada e sequer respondeu quando sua mãe lhe perguntou se estava com fome, apenas gesticulou com a mão e subiu as escadas em direção ao segundo andar da casa onde ficava seu quarto. Deixou as coisas de qualquer jeito no chão e entrou em seu próprio banheiro, já começando a tirar as roupas e as amontoando no cesto já quase pela metade de peças para lavar. Ligou o Chuveiro e deixou que a água morna lavasse seu corpo, não demorou muito no banho, nunca demorava, em sua opinião não fazia o menor sentido demorar quase uma hora para fazer o que poderia ser feito em no máximo quinze minutos. Tsk. Não tinha tempo para perder com isso!

Daiki não era uma pessoa muito paciente, detestava esperar, mas havia aberto uma única exceção: Kagami Taiga. O ruivo era diferente de todas as outras pessoas que conhecia, percebeu isso desde a primeira vez que jogaram um contra o outro, mas ainda não era o suficiente para despertar-lhe qualquer interesse. Bom, não era até Kagami o vencer na Winter Cup. O primeiro sentimento foi o choque, estava convencido de que ninguém nunca seria melhor do que ele, nunca o derrotaria, mas o ruivo havia conseguido, e perder não era nada divertido, já havia se esquecido completamente o quão ruim era a sensação da derrota. A segunda coisa foi sua paixão pelo basquete sendo renovada ao finalmente encontrar um adversário à sua altura, um rival capaz de desafiá-lo e fazê-lo dar seu máximo em uma quadra.

Aomine era arrogante e sempre se achou o melhor, tinha motivos pra isso, claro, e aquele ruivo insistente querendo sempre superá-lo o irritava, nem é preciso dizer que seu orgulho ficou terrivelmente ferido quando foi derrotado, voltou a se dedicar realmente aos treinos, ainda chegava atrasado às vezes - afinal, estamos falando de Aomine Daiki – e até aparecia para treinar aos sábados, algo que não acontecia antes, e foi depois de um desses treinos que ele acabou encontrando Kagami jogando sozinho em uma quadra qualquer e o desafiou para u mano a mano. Ganhou, claro, e depois disso passaram a jogar um contra o outro durante todos os finais de semana. Não havia sido nada combinado, eles simplesmente apareciam naquela mesma quadra e ficavam jogando por horas, às vezes o dia todo e mesmo passando cada vez mais tempo juntos, eles não eram o que se podia chamar de amigos, suas conversas basicamente eram provocações e xingamentos, mas de certo modo, até apreciavam a companhia um do outro.

Mas em algum momento – Aomine não saberia dizer qual – alguma coisa mudou – ele também não saberia dizer o que – e em um belo dia enquanto folheava uma revista com fotos de modelos de biquíni na qual todas as garotas sorriam, se pegou pensando no sorriso de Kagami, o ruivo sempre sorria quando conseguia passar por Aomine e fazer uma cesta, era um sorriso lindo... Obviamente quando se deu conta do que estava pensando, achou que tivesse enlouquecido completamente, e à partir daí as coisas só foram ficando piores, mas ele fez questão de ignorar tudo, afinal, ele não era gay!

O moreno não tinha nada contra gays, bom, ele achava muito estranho dois homens juntos, principalmente quando se tinha várias mulheres de peitos grandes por aí, mas isso não era importante, na opinião de Daiki, cada um dá ou come quem ou pra quem bem entender e além disso, ele e Kuroko eram grandes amigos na época em que estudaram no mesmo colégio e sempre soube que ele se interessava por outros garotos, nunca se importou, mas a mera hipótese de ele próprio ser gay, era completamente ridícula! Ele gostava de peitos, havia prova maior de que ele era hétero?!

Continuou ignorando os sinais, mesmo tendo plena consciência de que estava prestando atenção demais no ruivo e a todo momento seus olhos acabavam se desviando para os lábios carnudos e tentadores de Kagami. Daiki só desistiu de negar o óbvio pra si mesmo quando o pior aconteceu: teve um sonho erótico com Kagami! No sonho os dois estavam jogando um contra o outro como sempre faziam e quando a partida acabou, se deitaram ali mesmo no chão da quadra para descansarem um pouco e antes que Aomine sequer recuperasse o fôlego, se viu sendo beijado pelo ruivo, que logo subiu encima dele, deixando-o muito excitado. Começou a deslizar as mãos por cada parte do corpo de Kagami enquanto aprofundava ainda mais o beijo, o ruivo passou a acariciar seu abdômen por baixo da camiseta que usava e depois retirando a peça, Aomine fazia o mesmo com o ruivo e quando ficaram nus da cintura para cima e as carícias se tornaram mais íntimas, Aomine acordou. O moreno estava com a respiração alterada, o corpo um pouco suado e havia uma ereção pulsante implorando por alívio no meio de suas pernas; não teve outra opção a não ser se masturbar imaginando até onde aquele sonho teria ido, depois disso, não havia mais como negar que sentia atração por aquele ruivo.

Aomine não ficou necessariamente conformado com o fato de estar atraído por um homem, isso o tornava gay, não é mesmo? Será que a partir daquele momento iria ficar “secando” cada homem que passasse em sua frente? Seus companheiros de equipe? Seus colegas de classe? Seus antigos companheiros da ‘geração dos milagres’? Não iria mais gostar de peitos grandes? Não, não, isso nunca! Jamais deixaria de gostar de peitos! Mas quanto ao resto...

Daiki tentou se imaginar ‘secando’ seus companheiros de time, péssima idéia, principalmente quando se tem Wakamatsu entre eles. Seus colegas de classe? Sem chance. Mal se lembrava da cara de todos, mas a maioria era nerd, nem se tivesse nascido mulher se interessaria por aqueles idiotas! Então só restavam seus ex-companheiros de Teiko, sim, por que, já havia comprovado que não se interessava pelos homens que cruzavam com ele na rua. A opção mais óbvia seria Kuroko, mas o fato de eles terem sido tão amigos, o fazia vê-lo mais como um irmão do que qualquer outra coisa. Kise era modelo, ou seja, provavelmente era o mais bonito entre eles, mas aquele loiro era tão irritante com todos aqueles “chi”. Midorima? Tsk! A idéia de se interessar o mínimo que fosse pelo tsundere de óculos, o fez rir e muito. Se imaginar agarrando Murasakibara havia sido uma visão do inferno, praticamente a imagem do apocalipse! E Akashi, bom, esse ele nem se atreveria ou acabaria tendo pesadelos com aquelas ‘tesouras demoníacas’.

No fim das contas ficou até aliviado de certa forma, Kagami era o único ser do sexo masculino pelo qual se interessava, mas ainda havia um problema, até onde sabia o ruivo não era gay, se bem que ele também não era e talvez não fosse tão difícil fazer Kagami ficar louquinho para abrir as pernas para si, mas teria que ir devagar para não assustá-lo. Passou um dia inteiro pensando no que faria para ter o ruivo, abriu mão até de seu sagrado cochilo no meio da tarde, mas soube exatamente o que fazer para tê-lo pra si.

O moreno sorriu novamente ao se lembrar da reação de Kagami quando o beijou, havia sido bem melhor do que esperava, o ruivo até correspondera ao segundo beijo e isso significava que não seria assim tão difícil, era só uma questão de tempo. Vestiu uma regata e um short largo e se enfiou embaixo das cobertas, um sorriso malicioso brincou em seus lábios enquanto fechava os olhos e se entregava ao sono. Mal podia esperar para ter o ruivo só pra si.