Sábado, 16:30
Eu havia passado toda a tarde treinando, e estou totalmente exausto. Tudo o que mais tinha desejado pelo caminho era chegar logo em casa, tomar um banho e capotar na cama. No entanto, em frente a porta, meio zonzo pelo sono, procuro as chaves no bolso e um longo suspiro saiu dentre os lábios; ao notar que não estão alí, me obrigando a tocar a campainha.
— Só um minuto. —Não reconheço a voz do outro lado.
— Pai? — Pergunto e em dúvida daquela realmente ser minha casa, dou poucos passos para trás à conferindo.
E sim, com certeza minha casa.
Deste modo, pouco confuso, ouço a porta se abrir e uma bela mulher de olhos verdes, cabelos negros presos a um coque bagunçadinho me olhou e abriu um sorriso simpático. Ela aparenta atingir a idade dos 48 anos. Talvez meu pai a contratou.
— Hum, Jeon Jungkook, certo? — Continuou a sorrir. E após alguns segundos percebo que a encarava, paralisado.
— Ah, Sim! Me desculpe. — Reverencio, cumprimentando-a em respeito.
— Entre, seu pai está no seu quarto lhe esperando. — Gesticulou com um braço, apontando para dentro de casa. Assim, entro e caminho em direção para meu quarto.
Em momento algum meu pai avisou-me sobre contratar alguém para trabalhar aqui, e isso certamente foi desnecessário. Desde que perdemos a minha mãe, havia sido apenas eu e ele, um pelo outro, somente nós dois.
— Jungkook? — Volto a realidade ao escutar a voz dele.
-— Oi, pai. — Entrego um pequeno sorriso ao vê-lo sentado na cama.
— Como foi o treino? — Puxou assunto.
— Ah, tranquilo. Rendeu bastante! — Noto sua preocupação e nervosismo estampado em seu rosto. Deve querer dizer algo importante.
— Bom... É... Meu filho, eu tentei te ligar várias vezes. — Desviou o olhar para a janela.
— Celular descarregou!
— Entendo. — Seu olhar voltou para mim brevemente, mas desviou para as mãos inquietas. E de repente um silêncio pairou pelo quarto, por poucos minutos.
— Vou tomar um banho. — Resolvo quebrar o clima.
— Jungkook, será que podemos... — Me encarou com o semblante sério — Conversar?
— Hum. — Eu sabia que tinha algo de errado nisso tudo, assim, apenas concordo para que continue a falar enquanto sento ao seu lado.
— Jungkook, só me escuta. Por favor. — Antes que eu responda algo, ele continuou. — Acredito que tenha se encontrado com Lyu Nee. — Então esse é o nome da senhora que me atendeu na porta!
— Ela irá trabalhar aqui? — Ele respondeu através dos movimentos da cabeça; em negação. E minha dúvida sobre quem seria aquela mulher somente cresce.
— Iremos... — Hesitou por um momento, analisando meu rosto — Eu e ela vamos nos casar, Jungkook. — O silêncio novamente pairou, e eu pude sentir o estômago se contorcer pelo nervosismo.
— CASAR? — Solto de uma vez, e só aquilo que eu conseguiria dizer. E ele assentiu.
— Ela é uma ótima pessoa, tenho certeza que vocês se darão bem! — Afirmou e os seus olhos mostrou o quanto quer que eu aceite.
Contudo, eu não posso acreditar no que havia ouvido. E, com isso, minha expressão facial tornou-se fechada; seria. Estava tentando digerir todas aquelas palavras, e eu soube logo que ele percebeu isso.
— Eu tentei te ligar, Jungkook... Eu tentei falar antes, mas você nunca tinha tempo. — Suas palavras saíram como contas matemáticas, e continuou falando, porém eu já não entendia mais nada, não conseguia prestar sequer atenção no que sua voz proferia.
Levanto e sem respondê-lo, jogo o celular no colchão, pego uma toalha e caminho direto para o banheiro. Antes de entrar, sinto seu olhar intenso através das minhas costas, e o que mais desejo é que tudo aquilo apenas se transformasse em um sonho.
[...]
Após um banho relaxante e demorado, volto com uma toalha na cintura para o cômodo, cujo meu quarto estava vazio e pude suspirar aliviado. Desse jeito, com um olhar triste; fecho a porta devidamente. Busco por uma calça jeans e camisa branca e começo a me vestir. Em seguida me jogo deitado na cama e pego meu celular.
11 chamadas perdidas de Pai e 104 mensagens de 5 conversas.
Ao ignorar as chamadas e mensagens, deslizo o polegar debaixo para cima rapidamente pela tela, nos contatos, a procura do nome Jimin, meu melhor amigo.
[Jimin hyung]
"Jimin? Ta ai?"
"Eae Guk. To sim" Suspiro aliviado.
"Suave pra conversar?"
"Claro. O que foi?"
"Hum, meu pai sabe..."
"Puts, ta tudo bem?"
"Não"
"Talvez pra ele, mas pra mim não"
"Guk. O que houve?" Respiro fundo.
"Ele vai casar"
"E ela esta aqui na minha casa, nesse exato momento"
Visualizou, e não me respondeu mais. Ele deveria saber sobre o quanto estou nervoso com tudo isso. Sabe que pra mim é como uma traição à minha mãe. Assim, bloqueio o celular e fecho os olhos tentando digerir todos os acontecimentos e descobertas daquela noite.
[...]
— Jungkook, venha jantar. — Acordo lentamente com a voz do meu pai. E noto que havia dormido.
Levanto atordoado e num pulo, coço os olhos para ver o horário que o relógio indica; 21h35. E pelo jeito eu com certeza havia dormido, e bastante.
Desço as escadas, consciente de que ela estaria ali, na minha frente, em poucos minutos. Suspiro e aperto as mãos contra o corpo.
— Jungkook, que bom vê-lo novamente. — Ela sorria, enquanto se servia.
Forço um sorriso e volto os olhos para o meu prato, a esperando terminar para que eu pudesse me servir. No entanto, ouço passos se aproximando.
— Mãe, eu trouxe os refrigerantes! — Espera... Mãe?
Procuro pelo dono daquela voz, e deste modo nossos olhares se encontram. E aquele garoto aparenta ter a minha mesma idade. Com uma combinação incrível; de cabelos escuros e olhos castanhos, que me lembrou um pouco a senhora ao meu lado.
Paraliso involuntariamente o encarando. Então, agora eu tenho um irmão?! Não. Aquilo não poderia ser real.
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