P.O.V Amanda’s
Eu já havia dado minhas aulas de manhã assim como Virgilia que me contava toda animada como foi dar aula para o terceiro ano B do fundamental.
- Tu tinhas que ver, Amanda – Ela mal comia o tudo de comida que tinha em seu prato – Madison não tem o hábito de fazer som vocal, ela tava fazendo MUUUUU, Amanda, MU.
Eu sorria e ria em ver animação de Virgilia, seus olhos brilhavam e eu ficava feliz com sua felicidade.
- Se eu puder envelhecer dando aula aqui, não será nenhum sacrifício – Ela afirmava colocando uma garfada na boca.
- Por mim tu não vais ser demitida nunca.
- Essa é uma das melhores partes de se namorar a diretora de uma escola.
- Idiota – Ri de seu comentário e terminei de comer.
- Ai, agora tem a físio – Ela reclamava.
- Não sei por quê tu reclamas – Argumentei.
- Ah, porque é chato.
- Mas é necessário, Virgilia – Eu já estava um pouco exaltada e falava mais rude do que deveria.
- Eu sei que é, mas não deixa de ser chato.
- Tanta gente que gostaria de ir pra uma sessão de fisioterapia e não pode, tu tens essa oportunidade pra ter tua autonomia de novo, pra caminhar de novo, e fica aí reclamando.
- Hey, calma – Ela tocou minha mão e logo caí em mim – Eu sei que é idiota, me desculpa.
- Não, me desculpa eu – Dei volta na mesa e sentei meu dorso em seu peito recebendo seu carinho no meu cabelo – Eu fui rude, desculpa, me incomoda sua reclamação de algo que te faz bem.
- Eu vou melhorar isso, prometo – Logo ela me roubou um beijo e puxou meu prato para seu lado – olha o aviãozinho – Rimos e voltamos à comer.
- Virgilia e Amanda, vamos passar? – A doutora Emília nos chama – Boa tarde.
- Boa tarde – respondemos.
- Já vi que você já está com a prótese, Virgilia.
- Eu coloquei em casa.
- Já andou com ela? – Íamos até o corrimão, eu empurrava a cadeira.
- Ainda não...
- Então vamos começar a fazer uso.
Virgilia conseguiu se levantar sozinha, apenas com a ajuda do corrimão, e dava mais passos se segurando.
- Eu acho bom vocês conseguirem uma bengala – Virgilia me olhou atônita e começou a rir.
- Sério isso, Doutora?
- Sério mesmo, Virgilia – Ela foi até um armário e pegou uma bengala de madeira, muito bonita devo dizer, e entregou para Virgilia que olhava com um pouco de aversão.
- Temos aqui o Kid Bengala? – não segurei e Virgilia riu revirando os olhos, eu tive que tapar a boca pra não fazer um escândalo ali dentro.
- Isso te dá um maior sustento, Virgilia – A doutora explicava – É temporário, vai te dar equilíbrio, estabilidade e uma certa confiança já que você vai ter “três pernas” pra andar – Ela faz aspas com os dedos.
- Ela já pode tentar caminhar em casa e no serviço? – pergunto.
- Já pode sim, mas com a bengala. Será que podemos tentar sair da minha sala de bengala?
Ela se esforçou, conseguia ver isso dela, enrolei meus dedos nos seus e sorri com carinho.
- Ah, eu consigo sim – Ela diz me olhando nos olhos, entendi que era por minha causa, não por causa da bengala. Ela forçava todo o peso do corpo na bengala e deu vários passos até chegar na porta, cerca de uns 20.
- Acho que já podem ir com a cadeira fechada – A terapeuta me entregou a cadeira de rodas já dobrada e a levo numa mão enquanto que, noutra, tinha Virgília apoiada.
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