História Eu tô quase - Quem me dera olhar pro céu da maneira que olhava antes

Não vejo a lua, ou as estrelas, perdi esse hábito com minha vida agitada e a mania de andar olhando para o chão, o que é uma coisa bem triste para alguém que costumava encontrar um pouco de paz nos atros silenciosos e no brilho das supernovas.

Não vou mais ao terraço também, não por ele me lembrar a Jeongguk e os dias em que costumavamos deitar ali e olhar pro céu, a fumaça que compartilhavamos em meio a beijos gostosos e conversas sem sentido, não é só por ele. A realidade é que não sinto mais vontade; hoje tento encontar calma em cigarros que são rapidamente consumidos e em livros de sebo de gente antiga tão ignorante quanto eu, que abandonei minha paixão pra sobreviver nesse mundo.

Na falta dos mentolados eu me satisfaço com xícaras de café sem açúcar e noites em claro, a melancolia sempre ali como se para me lembrar que amanhã tenho que aguentar um pouco mais por aquilo que nem sei.

No final eu sei que vou me arrepender, e que não vai ter valido a pena tanto esforço para uma vida infeliz, mas não é como se eu pudesse lutar contra algo assim.

É tão grande que te massacra e não te deixa levantar da cama, os olhos ficam cansados e as olheiras se tornam parte permanente naquilo que você costumava chamar de você.

Não me surpreenderia se visse um artista de rua retratar a mim mesmo como um sem rumo, um qualquer, o objetivo ali, sempre um pé na frente mas nunca de fato alcançado.

Qual é, pleno sábado e a realidade bate na minha porta, sorte a minha não ser um sonhador assíduo daqueles que tem planos e planos e planos e um dia quase chegam lá.

O quase.

Ele está sempre aqui, não me incomoda mais.

Engraçado que os que dizem me conhecer acreditam veemente que tá tudo indo bem e minha maré de sorte é o suficiente pra não me deixar pegar dp na faculdade.

Mas a realidade é que eu nem sei o que eu tô fazendo lá, por isso eu volto pro meu hábito de fumar às escondidas que é pra desestressar o que ainda não consigo por pra fora.

Se me vissem explodindo jurariam que não sou o mesmo.

Mas é amigos, eu tô quase.