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História Eu Tu Ele (AtsuKageHina) - "Cuidado onde pisa"


Escrita por: kjuzera_writes

Notas do Autor


Postei e corri pras colinas.

Capítulo 18 - "Cuidado onde pisa"


Empolgado e ansioso para o primeiro jantar deles três juntos (segundo na verdade, mas aquele primeiro não contou porque não foi bem um encontro), Hinata se apressou nos chuveiros não dando muita conversa para alguns de seus colegas de time que ainda estavam por ali. 

Vestiu seu melhor jeans, uma camiseta gola V e sua jaqueta de sempre. Enfiou o uniforme sujo, toalha e coisas do banho numa bolsa plástica que jogou de qualquer jeito na mochila, para depois, com todo cuidado do mundo, guardar seus maravilhosos tênis novos num compartimento isolado só pra eles. 

Deu uma última olhada no espelho, ajeitando os cabelos ainda  molhados. Olhou pra si mesmo no reflexo se desejando calma, sorte, e é claro, que não esquecesse que ele era sua própria pessoa. Mantra esse que repetia com a voz de Tooru em sua cabeça.

Determinado e confiante, ele saiu do vestiário, rapidamente localizando Kageyama e Miya onde os tinha deixado esperando na quadra e começaram a caminhar juntos em direção ao estacionamento.

- Uma pena que você não manteve a bermuda, Shouyou-kun, ia ser engraçado ver o Tobio não funcionando direito a noite toda. 

- Oikawa disse que botaram minhas pernas no twitter fake da universidade. - Hinata lembrou divertido - Mostra pra ele!

- Os dois podem parar de conversar como se eu não estivesse aqui? - Tobio interviu. 

- Calma, Tobio, já estou descobrindo aqui qual é o arroba. Um minutinho só! - Atsumu disse pegando o celular. 

Tobio ia reclamar de novo, mas logo eles abriram a foto e ele acabou precisando acessar a conta. A foto tinha sido tirada de um ângulo extremamente esquisito, configurada num zoom maior e, quem quer que tivesse postado, tinha simplesmente cortado fora a metade superior do corpo de Hinata e focado única e exclusivamente em sua bunda e coxas. 

E a legenda dizia: “Cuidado onde pisa, o chão está molhado.” 

Enquanto Atsumu ria exageradamente, dava RT e comentava um gif de cachoeira, Tobio se limitou a salvar a foto. Como jornalista ele tinha uma boa quantidade de seguidores em seu perfil verificado, então precisou se controlar para não dar nem um like. 

O clima descontraído diminuiu quando chegaram no estacionamento em frente à caminhonete. Atsumu prontamente foi para a porta do motorista, mas Hinata precisou se lembrar de que não estavam sozinhos, e que por isso Kageyama iria na frente com ele. Não que alguém tivesse dito alguma coisa, mas era o que esperavam dele, não era? 

Ele foi direto para o espaçoso banco de trás, sozinho. Deixou sua mochila ao lado e colocou o cinto de segurança. Observou os dois falarem qualquer coisa sobre o trânsito, qual rua era melhor pegar, e enquanto Kageyama escolhia uma música, Miya já tirava o carro da vaga.

Parecia algo rotineiro, algo extremamente normal e comum entre eles. E Hinata estar ali no banco de trás assistindo o fazia se sentir como um intruso, alguém que não pertencia. Quando estava sozinho com um deles, em seus encontros individuais, tudo se desenvolvia com ele ou a partir dele ou para ele. 

Com três pessoas era óbvio que alguém ficaria de fora em determinadas situações.

Se sentiu mal por tirar tamanha conclusão de uma coisa tão estúpida quanto sentar no banco de trás do carro quando era fisicamente impossível três pessoas sentarem na frente. Se puniu por pensar aquilo pois era óbvio que alguém precisaria sentar atrás, assim como era óbvio que esse alguém seria ele, afinal, eles eram casados E os donos do carro.   

- Esse é aquele restaurante que fomos no aniversário da sua mãe? - Tobio perguntou em seguida.

- Sim, parece que eles fizeram algumas renovações. Agora tem espaços com mesas tradicionais japonesas. - Atsumu respondeu empolgado. - Você já foi num lugar assim, Shouyou-kun? 

Hinata olhou pra frente e percebeu que Miya olhou brevemente pra ele pelo retrovisor central. Perdido nos próprios pensamentos, ele não entendeu a pergunta.

- Perdão, lugar assim como? 

- É um restaurante japonês tradicional, Atsumu reservou um espaço com tatame pra gente sentar no chão. - Kageyama explicou se virando para trás. 

Hinata ergueu um pouco as sobrancelhas demonstrando surpresa, mas na verdade já esperava que fossem em algum lugar caro. 

- Acho que já, em algum momento com a minha família, mas faz bastante tempo. 

- Você lembra daquela vez que comemos barriga de atum maçaricado? Eles servem também, eu vou pedir. - Atsumu já declarou.

- Você pedindo atum não é novidade alguma. - Tobio respondeu. - Eu vou pedir algo com camarão. 

- Eu li que o tempurá deles é excepcional.   

Hinata ficou em silêncio durante o resto do não muito longo trajeto em que eles já antecipavam o que iriam pedir. Gastronomia sofisticada não era um assunto que ele se sentia apto a debater, visto que normalmente ele só comia batata, ovo, frango e a comida básica do restaurante universitário. 

Não demorou para chegarem e serem dirigidos pela recepcionista por um corredor com várias pequenas salinhas separadas pelas tradicionais paredes de madeira e papel. Não havia porta, apenas uma cortina com os ideogramas do nome do restaurante que cobria a entrada até metade da altura. 

O chão da sala deles era de tatame, então tiraram os sapatos antes de entrar. O espaço não era muito amplo, mas era bem bonito. Tinha luz indireta, algumas artes japonesas nas paredes e a mesa estava posta para três pessoas com elegantes louças tradicionais japonesas.

Mais uma vez, regidos por alguma regra social não dita, Hinata percebeu os dois indo para o lado da mesa que tinha dois conjuntos de louça então ficou do outro lado, sozinho. Eles eram três pessoas numa mesa quadrada, alguém tem que ficar do outro lado, né? Ele precisava parar de criar problemas que não existiam.

- Você deve estar morrendo de fome depois do jogo, não é? - Atsumu disse alcançando um cardápio para ele e outro para Tobio. 

- Sim, estou! 

Ele respondeu tentando passar que estava mesmo, mas só de abrir as páginas e ver as fotos das comidas seu estômago embrulhou mais um pouco. 

- Peça o que você quiser, você merece. - Atsumu disse sorrindo. - Diferente de certa pessoa que passou o jogo inteiro criticando o seu levantador.

- Eu não fiz isso. - Kageyama se defendeu. - Eu só disse que ele não parecia estar se empenhando 100%... Parecia que ele estava se segurando demais, economizando energia. 

- Cá entre nós, Shouyou-kun, Tobio não achou as pernas dele boas o suficiente, por isso ficou decepcionado. 

Hinata riu enquanto Kageyama argumentava que era impossível ter uma conversa minimamente séria sobre esportes com Atsumu que ele já começava a fazer piadas. Eles seguiram falando mais sobre o jogo e sobre as impressões que eles tiveram dos outros jogadores. Os saques de Yamaguchi tinham sido um ponto alto, bem como os salvamentos milagrosos de Nishinoya. 

Shouyou se sentiu bem mais à vontade com o rumo da conversa, se sentindo mais incluído. Quando voltaram a falar do cardápio, ele perguntou o que eram algumas coisas que ele não conhecia e eles o ajudaram a escolher. Acabou optando por um robalo assado com legumes, acompanhado de uma sopa missoshiro. 

Atsumu pediu um combinado de sushi e sashimis e pediu para incluir peças com a barriga do atum que ele tanto queria. Tobio pediu o tempurá de camarão que queria junto com uma massa udon, já deixando claro que pediria o sorvete de matchá de sobremesa depois. 

- Lembra aquela vez que fomos num bar que não servia sobremesa, e aí a gente caminhou bêbado umas quatro quadras até achar uma loja de conveniência porque você queria porque queria um sorvete de baunilha? - Atsumu lembrou enquanto balançava o copo de chá gelado que tomava.

- Não sabia que você gostava tanto assim de sorvete, Kageyama-san. - Hinata reparou. Em nenhum dos encontros deles a sobremesa tinha sequer sido mencionada. 

- Eu gosto, mas acho que é mais um hábito. Sempre me dá vontade nesses restaurantes que o Tsumu inventa. 

- Ele nunca pediu sorvete quando vocês saem? - Atsumu se admirou. - Nossa, eu queria muito ser uma mosca pra ver um encontro de vocês. 

- Bom… Você meio que está vendo agora… não está? - Hinata comentou, meio inseguro. 

- Ah, sim, mas não foi isso que eu quis dizer. - Miya se corrigiu. - Eu me pergunto como vocês são… sozinhos. Vocês se beijam o tempo todo, eu aposto!

Hinata sentiu as bochechas esquentarem loucamente enquanto olhava entre o sorriso malicioso de Miya e o franzir de cenho levemente irritado de Kageyama. Queria dizer que não era verdade, mas ao mesmo tempo o encontro deles no boliche foi 50% amassos e ele não tinha como negar.

- Atsumu, nós combinamos que eu ia falar. - Tobio repreendeu o marido.

Falar o quê? Hinata não entendeu nada. 

- Mas eu nem disse nada, só estou provocando vocês. - Atsumu se defendeu - Shouyou fica ainda mais fofo com as bochechas vermelhas, olha.

Sem saber se ria ou se pedia socorro, Hinata agradeceu aos deuses da gastronomia pelo garçom entrar naquele mesmo instante com uma grande bandeja e começar a servir os pratos.  

O assunto rapidamente mudou de volta para a comida, e logo tudo acabou virando um único banquete com cada um comendo um pouco de cada prato. Hinata precisava admitir que era agradável jantar daquela maneira, transformava a refeição numa experiência memorável. 

Depois de concluírem que o sashimi de atum tinha sido realmente o prato mais saboroso e Miya se vangloriar de que era óbvio, pois ele era quem tinha o melhor gosto, Hinata voltou a pensar no que diabos eles queriam falar com ele. 

Lembrou de Oikawa dizendo que ele precisava colocar limites e se encheu de determinação. Faria eles falarem logo de uma vez e terminar logo com aquele sofrimento. 

- Então, vocês queriam conversar comigo sobre o quê? 

Por mais casualmente que Hinata tenha falado, pelo silêncio que se instalou parecia que ele tinha largado uma bomba. Viu os dois conversarem alguma coisa apenas com os olhos, o que deixava bem óbvio como eles estavam em outro nível de intimidade. 

Atsumu largou os hashis e pegou o copo de chá, se apoiando levemente para trás enquanto Tobio parecia se preparar para dar um discurso na frente de milhares de pessoas, ajeitando um pouco a própria roupa e cabelo.

- Bom, Hinata, o Atsumu e eu conversamos bastante e percebemos que esse nosso sistema, ou não sei que nome a gente poderia dar para isso que a gente tem, está funcionando melhor do que a gente imaginava no início. 

Hinata respirou fundo, absorvendo as palavras de Kageyama. Elas não pareciam exatamente ensaiadas, mas ele podia perceber que ele estava realmente pensando antes de falar, muito diferente de como Miya normalmente falava. 

O tom até um tanto formal não deixava muita margem para interpretações ambíguas. Ele estava dizendo que, o que quer que eles tivessem, estava indo bem, até melhor do que eles esperavam. E aquilo era bom, fez seu coração começar a acelerar e as borboletas da sua barriga se alvoroçaram loucamente.

- Certo. - Ele se forçou a dizer vendo que Kageyama esperava alguma confirmação de que ele estava acompanhando.

- Nós dois estamos muito felizes com o que a gente vem vivendo com você e antes de mais nada precisamos saber se você também está contente. 

- Sim! Quer dizer, estou… Eu… Eu também não esperava que fosse ser assim… Eu me surpreendi, positivamente. - ele respondeu, atrapalhado, mas sincero. Sentiu o coração bater mais forte em antecipação e as bochechas ficarem quentes. 

- Ótimo, a gente já imaginava que sim. - Tobio disse sorrindo. - Foi pensando nisso que a gente sentiu a necessidade de mudar um pouco as coisas… mudar o que a gente tinha combinado no início. 

Mudar os combinados era algo bom! Será que eles realmente iriam propor que tivessem algo a mais? Algo que não fosse um sistema e fosse de fato um relacionamento? Uma maneira em que ele pudesse se sentir incluído de fato e não apenas um espectador da relação deles dois? 

Tooru podia ter a melhor das intenções em falar aquelas coisas para ele, mas ele sabia que Kageyama e Miya eram diferentes. 

- A gente acha que o que temos hoje já não é mais suficiente. Queremos dar um passo adiante. - Tobio disse pausadamente e esperançoso.

Será que Shouyou vinha todo aquele tempo sofrendo por não ser correspondido à toa?! Seria possível transformar aquele trabalho em algo real como ele queria? Kageyama tinha toda a razão, aquilo não era mais suficiente. Ele queria poder extravasar seus sentimentos, poder dizer o que sentia,  poder sentir, nem que fosse apenas ⅓ do amor que eles sentiam um pelo outro. 

Vendo como o rosto de Hinata já se iluminava de felicidade, como ele concordava com a cabeça e um sorriso se abria mesmo com as bochechas avermelhadas, Tobio não hesitou em fazer a proposta derradeira. 

- Nós gostaríamos que você fizesse sexo com a gente. 

Tobio disse finalmente e acompanhou quase que em câmera lenta as feições alegres de Hinata se desfazerem no mesmo instante. Franziu o cenho tentando entender, já começando a repassar toda a conversa na cabeça para identificar o que ele tinha dito de errado, quando:

- Eu estou tão aliviado, você sempre vai fazer a parte da conversa daqui em diante, Tobio. - Atsumu disse finalmente soltando seu copo agora já vazio e se debruçando sobre a mesa, sorrindo largo. - Tobio disse que da última vez que eu conversei com você, em cinco minutos eu já estava te pagando três vezes o valor então que ele quem ia falar dessa vez. 

- Não foi por isso que eu disse que queria falar, e... 

Uma batida alta na mesa interrompeu antes que os dois começassem uma discussão paralela. Eles olharam surpresos para Hinata, sua mão estava tensa num punho fechado sobre a mesa, e a expressão que se formava em seu rosto não tinha nada de iluminada. Ele estava irritado, e parecia que ia chorar a qualquer momento.

- É isso que vocês querem? Qual foi a parte do “eu não sou um prostituto” que vocês não entenderam? 

Atsumu até abriu a boca pra falar, mas não disse nada. 

- Nós sabemos que você não é nada disso, - Tobio falou prontamente -  mas nós achamos que seria um próximo passo e…

- Vocês, vocês, vocês! Tudo é sobre vocês, o que vocês conversam, o que vocês acham e o que vocês querem! Ocorreu em algum momento nessas conversinhas a dois a possibilidade de perguntar o que eu espero disso tudo? 

Tobio queria responder que sim, mas a verdade era que não.

- Aposto que vocês concluíram simplesmente que eu sou só um moleque universitário que ia ficar nada menos que feliz de ser pago e ainda ter o grande privilégio de transar com as beldades. Desculpa trazer as notícias chocantes pra vocês, mas minha vida é muito mais do que esse nosso sistema. Eu não existo pra agradar vocês dois. 

- Hinata, por favor, não foi isso que eu quis dizer, vamos conversar e… - Tobio tentou remediar de novo mas o ruivo já se levantava e ia em direção à saída.

- Tooru estava certo mesmo, só eu que fui idiota e achei que vocês pudessem ser diferentes e gostarem de mim de verdade. Vocês só querem alguém pra ser o brinquedo de vocês, e esse alguém não vai ser eu. Eu me demito! 

Kageyama estava surpreso demais para se mover mas Miya já tinha levantado junto com o ruivo e estava prontamente na frente da porta, numa tentativa estúpida de impedir que ele fosse embora. 

- Shouyou, espere um pouco, você não precisa fazer nada que não queira, podemos fingir que essa conversa nunca existiu, manter como estava antes e…

Hinata agilmente desviou dele, passando pela porta e rapidamente calçando seus sapatos de volta.

- Obrigado pelo jantar, Miya-san, e por favor não me ligue mais. - ele disse polidamente, fazendo questão até de abaixar levemente a cabeça antes de se virar e sair. 

Num quase estado de choque, Atsumu observou ele se afastar levando a mão no rosto, sem entender exatamente como aquilo tinha dado tão errado. 

- Será que eu devo… correr atrás dele? 

- Não ouse fazer absolutamente nada, Miya Atsumu. - Tobio ordenou. - Não está feliz com o que você fez e quer ir lá cravar o último prego que falta?

- Eu fiz? Mas foi você que falou tudo! Eu não disse nada! 

- Você disse que eu só estava preocupado com o dinheiro, Atsumu! 

- Eu não disse isso! 

- Disse sim, e por isso ele achou que a gente queria pagar ele por sexo, e-

- Com licença. - Na porta, o garçom que vinha atendendo eles chamou, aparentando estar completamente constrangido. - Gostaria de pedir que por gentileza vocês mantenham o tom de voz mais baixo… 

Atsumu queria mandar ele à merda mas se segurou pois sabia que o pobre funcionário não tinha nada a ver com o que se passou ali. 

- Já estamos indo embora, pode fechar a conta.


Notas Finais


**se esconde no cantinho**

Próximo Capítulo: “Eu também te amo muito.”
Segunda, 24/05.

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