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História Everybody's Broken - Never Say Goodbye


Escrita por: lara_henio

Notas do Autor


Ufa, até agora ninguém me esganou pelo último capítulo! hahaha
Ainda temos muita coisa pela frente, então segurem os forninhos!

Capítulo 19 - Never Say Goodbye


“Você e eu, e meus velhos amigos
Acreditando que isso nunca chegará ao fim
Nunca diga adeus, nunca diga adeus
Segure-se - nós temos que tentar
Segure-se para nunca dizer adeus”

Não queria faltar tanto logo no primeiro mês de trabalho, mas estava atrasada com o pré Natal e precisava saber de suas condições biológicas. Foi para o hospital apenas para cumprir metade do primeiro turno, o que a fez pensar que talvez fosse arriscado continuar trabalhando em dois turnos, mas o dinheiro de ambos mal dava para se sustentar.

- Meu Deus – murmurou para si mesma.

Sharon estava a ponto de explodir com o trabalho acumulado desde o dia anterior, mas ainda estava em espírito solidário com ela, ou com o bebê, pelo menos.

Correu atrás do prejuízo o quanto pode, com um olho na mesa e outro no relógio. Não havia percebido o quanto ansiava por ver seu filho na telinha do ultrassom, em resposta, seu estômago revirou e sentiu vontade de chorar.

Não procurou por Henry, sabia que ele passara parte da noite no hospital e ainda precisaria voltar antes do almoço para atender seus pacientes. Pensou também na ligação incompleta que fizera à tia, certamente ela contara a seu pai e quanto tempo demoraria até eles procurarem-na? Sabia que Daniel já passara seu número para os pais, eles ligaram apenas uma vez, assim que se separara de Jon, mas ela nem chegara a atender.

Recolheu suas coisas jogando-as dentro da bolsa, murmurou uma rápida explicação a Sharon e saiu. Pela primeira vez, cruzou as portas do hospital afagando a barriga, como se seu toque transpassasse a pele até o útero.

(...)

Um único cenário, o hospital, abrigava três situações com três pessoas diferentes: Jon, Henry e Daniel.

Jon dormira sozinho em seu apartamento, ainda não contara para Emilly sobre a ligação que recebera de madrugada anunciando a morte de seu melhor amigo. Passou a noite quase em claro, cochilos interrompidos por dores quase físicas, mas naquele dia ainda teria que consultar-se com o Dr. Crispin para exames de rotina. Ainda não tinham garantias de que o edema intracraniano que tivera não causaria outros danos a longo prazo. O mais difícil seria entrar naquele mesmo hospital, percorrer os mesmos lugares e reavivar as lembranças dos últimos dias de vida do amigo.

Henry era a própria imagem do cansaço, chegara em casa a tempo de cochilar e levantar-se novamente para atender os pacientes agendados, entre eles, Jon. Ainda não tivera tempo para conversar com Julia e perguntar como ela contaria a ele, ou se já não contara. Sabia que aquela notícia traria novas barreiras entre eles, Jon voltaria a fazer parte de sua vida e talvez eles conseguissem reatar. Mesmo que eles não reatassem, Julia nunca estivera cem por cento com ele, Henry bem o sabia que várias vezes enquanto estavam a sós, era no outro que ela pensava. Se fosse com qualquer amigo seu, aconselharia a desistir daquela moça, ela não o levaria a lugar algum. Mas como era com ele, insistiria. Até por que sentia que ela se afeiçoava cada vez mais, ainda que como amigo, mas o véu da amizade podia ser facilmente rompido, não podia?

Daniel estava realmente tranquilo, mesmo sabendo que Julia intrometera-se em sua vida de forma brusca e invasiva. Tudo bem, talvez não estivesse assim tão tranquilo, trancafiado em lugar com estranhos chamando-o de doente. O que aqueles homens de branco sabiam? Ele devia ter, no máximo, uma depressão pelo excesso de bebida. Estava bem, enquanto não o irritavam. Assim que chegou em casa, sua mãe ligou pela enésima vez e deu-lhe a notícia que mudou todos os seus planos. Julia estava grávida. Claro! Lembrava-se perfeitamente da noite em que fora até seu apartamento, Jon não estava, e ele não levara preservativo. Não se lembrava exatamente como tudo acontecera, mas ele esteve lá e realmente estava sem preservativo, tudo se encaixava. Ele seria pai e precisava planejar como seria o futuro com a mãe de seu filho.

Henry foi o primeiro a chegar, atendera apenas um paciente em uma consulta de retorno e esperou Jon chegar, fazendo rondas pela UTI. Daniel chegou minutos antes de Jon, percebeu que Julia não estava na recepção e foi até a cantina, descia novamente para questionar a outra recepcionista, e encontrou Jon no saguão de entrada.

- Daniel – cumprimentou ele pensando em se esquivar.

- Está fazendo o que aqui? – segurou-o pelo braço.

Jon suspirou alto tentando manter a calma.

- Vim me consultar, Daniel.

Daniel pareceu aliviado e surpreso, Jon sentindo que ele queria confrontá-lo a qualquer custo, apressou-se em mostrar que não havia conflito entre ambos.

- Acredito que você esteja com a Julia – comprimiu os lábios tentando forçar um sorriso.

Daniel balançou a cabeça afirmativamente, presunçoso.

- E ela está grávida.

Jon arregalou os olhos e engoliu a seco.

- Pois é – gabou-se ele saindo em direção à recepção, onde Sharon o informou que ela fora ao médico. Foi embora exultante mesmo sem vê-la.

Jon caminhou lentamente até o elevador, estava tonto, lembrou-se da forma como ela falara sobre Daniel para ele, nunca cogitaria a possibilidade dos dois ficarem, ou melhor, voltarem. Mas não havia por que se importar, ele estava com Emilly, ela estava com Daniel. Por que estava tão assustado?

Henry não mencionou o nome dela, muito menos a palavra "gravidez", mas pensou em outro detalhe que até então não dera atenção. Jon saberia que eles estavam juntos? Julia não tinha mais contato com ele, eles só eram vistos juntos dentro do hospital praticamente. Não, ele não tinha como saber, e possivelmente ela nem queria que ele soubesse.

- Tem certeza de que não quer voltar para a psicoterapia?

Jon olhou-o enquanto deitava-se no aparelho de tomografia.

- Sim, quero apenas recomeçar e deixar aquela parte para trás.

Henry não sabia se "aquela parte" era Julia, ou talvez Richie, pois grande parte das memórias de sua amizade também se perdera. Decidiu não puxar mais assunto, se tudo corresse bem com aqueles exames, Jon só precisaria marcar mais um retorno.

Jon olhou o rosto delicado da recepcionista marcado por linhas de expressão, era um rosto bonito quando não parecia tão irritado. Aproximou-se do balcão perguntando por Julia.

- Ela não está – resmungou Sharon.

Quando olhou seu rosto, ela o reconheceu, era aquele cara de quem Julia sempre fugia, seu ex, pai do seu filho.

- Ela anda fazendo os exames, do pré Natal – acrescentou ela.

- Claro, – murmurou ainda aturdido – você pode...

Sharon ergueu a sobrancelha com curiosidade.

- Sim?

- Você pode dar a ela meus parabéns pela gravidez? – falou timidamente.

- Claro – sorriu sem humor.

Depois que ele saiu, refletiu com estranheza ele ter enviado cumprimentos por ela ao invés de dizer diretamente, já que ele era o pai. Mas ela não sabia as condições em que eles haviam terminado, talvez fosse bem pior do que supunha, ou ele era realmente um canalha que não assumiria seus feitos.

(...)

Jon passou rapidamente na loja de CDs, sabia que Emilly estava prestes a sair para o almoço, buzinou assim que ela pôs a cabeleira para fora. Seu sorriso morreu conforme aproximou-se da porta. Entrou no carro e fechou a porta sem desviar o olhar de seu rosto.

- Ele...? – começou a perguntar.

Jon assentiu com a cabeça.

- Não estou com fome, mas posso te fazer companhia...

- Não, Jon, tire um tempo só para você. Daqui a pouco terá que se encontrar com os rapazes, não é? Minha presença agora não vai te ajudar em nada.

Ele segurou sua mão.

- Vai sim – comprimiu os lábios.

Lamentou que Emilly estivesse tão calada, respeitando seu luto, pois com o silêncio não havia nada para distraí-lo. Deixou-a novamente na porta do trabalho, despediram-se com um beijo sem vida e ele não prometeu ligar mais tarde, como geralmente faria.

David fora o mensageiro que o ligara no meio da noite para dar a notícia, Jon já sabia o que era assim que ouviu o primeiro toque do telefone. Surpreendeu-se com a tranquilidade dele durante o velório, não sabia se ele fora ao do Phillip, mas havia uma triste familiaridade nos olhos dele e de Tico com toda aquela cena.

Richie foi sepultado com uma roupa social que eles nunca o viram usando, poucos familiares estavam presentes, mas um jornal local apareceu por alguns minutos, antes de serem expulsos. Duas fãs também compareceram, lançaram olhares tímidos para os outros membros da banda, mas não se atreveram a falar com eles.

Em poucas horas terminaram as cerimônias e Richie oficialmente saíra de suas vidas.

(...)

Julia voltou uma hora depois, seu rosto estava marcado por lágrimas, mas ela não parecia triste, pelo contrário, havia um brilho diferente em seus olhos. Sentou-se pesadamente na cadeira sorrindo para Sharon com uma felicidade perturbadora a ela.

- O que foi? – Julia perguntou esquecendo-se de como a colega sempre estava com o humor no vermelho.

Sharon terminava de recolher a bolsa, prestes a sair, mas virou-se ainda um instante para ela.

- Seu ex esteve aqui – anunciou.

Julia deixou o sorriso morrer em seus lábios.

- Ele mandou parabéns pela gravidez.

Sharon estava de saída, mas Julia ergueu-se em um salto.

- O que ele veio fazer aqui?

- Veio consultar-se com Henry – gritou por cima do ombro enquanto desaparecia pelas portas.

- Ele já sabe – murmurou para si mesma. – Como?

Henry. Só podia ser, mas pior do que a traição por ele ter contado era o fato de Jon apenas ter mandado um cumprimento, não era algo que um homem faria ao se descobrir prestes a ser pai. A menos que ele não tencionasse ser um pai.

Tombou na cadeira, tremia de medo e raiva. Tinha medo que Jon rejeitasse a notícia daquela forma, e sentia raiva de Henry por ter contado sem seu consentimento.

Amber entrou com braços abertos em sua direção, o sorriso em seu rosto dizia que ela também já soubera, só não imaginara que não era bem algo a se comemorar.

- Parabéns! – abraçou-a antes mesmo que Julia levantasse para recebê-la.

Julia sorriu de lado, quase esquecera a felicidade que sentia antes de receber as notícias de Sharon.

- Poxa, Jules, será que eu não devia comemorar? – perguntou fitando a expressão no rosto da outra.

- Não, eu estou feliz. Vou te contar tudo.

Começou a narrar a história de sua descoberta, seus primeiros pensamentos, seus exames, o ultrassom e, por fim, os parabéns enviados por Jon e suas desconfianças. Já era quase fim de tarde quando conseguira terminar de contar tudo, pois não pararam suas tarefas em nenhum instante. Henry não a procurara, sabendo de todo o serviço acumulado que teria.

- Não havia outro modo dele saber? Não me parece que Henry seja capaz de algo assim.

- Não, eu só contei para a Sharon e a minha... – parou respirando fundo – Claro, minha tia, mãe do Daniel.

- Sim, provavelmente ele.

- Mas se foi ele quem contou, Jon pode até achar que o filho não é dele.

- Ainda assim, ele deveria tirar a dúvida com você.

- E voltaríamos à estaca inicial, eu insistindo que não o traí, ele sem saber se toma partido em fatos que não se lembra...

Suspirou atendendo o telefone, Amber esperou até que ela desligasse.

- Faz um teste de DNA.

- É doloroso ter que chegar a esse ponto, não quero me submeter a essa humilhação. Se a minha palavra não foi o suficiente para ele, talvez seja melhor que ele nem assuma a paternidade.

Encerrou o assunto com aquela última reflexão, até que outra coisa lhe passou pela cabeça: Claire. Talvez ela pudesse intermediar contando o que sabia sobre a decisão de Jon a respeito daquilo. Já era quase fim do expediente quando ligou para a amiga.

- Jules, que bom receber sua ligação!

- Claire, eu queria te contar pessoalmente, mas não quis ligar antes com medo de te pegar no meio do velório.

Seu rosto se contraiu rapidamente ao pronunciar a última palavra. Ainda estranhava ter que assimilar a morte de Richie, mesmo que eles nunca tenham sido muito próximos, mas sabia que Claire tinha um carinho imenso por todos eles, bem mais do que ela própria.

- Ah, – sua voz oscilou - bem, eu não fui ao velório.

- Como não? – Julia soou quase indignada.

- Jules, eu e o Dave rompemos.

Não houve resposta.

- Foi no sábado, não tive tempo de te contar. Nós estávamos em um mau período, tudo era motivo de brigas, eu já me sentia exausta só de pensar em passar umas horas com ele. Foi uma decisão unânime nossa, mas não acho que possamos ser amigos, não por um tempo.

- Ah.

- O que você queria me contar?

Julia quase esquecera, mal recuperara a voz.

- Estou grávida – murmurou.

- Do bonitão? – ela riu – Minha nossa!

 - Estou na vigésima semana.

Claire sufocou um grito.

- Ele já sabe, – continuou – mas me mandou parabéns por uma colega. Acho que não pretende assumir, ou nem acredita que seja dele.

- Eu... Eu não sei o que dizer – balbuciou ela.

- Eu também.

Não havia mais nada que Claire pudesse fazer por ela com relação ao Jon, mas estava convicta de que o rompimento dela não interviria em sua amizade, afinal, Julia já saíra do grupo primeiro. Suspirou aliviada pelas macas que entraram com acidentados, também sentindo-se culpada por gostar do acidente, mas despediu-se rapidamente de Claire e voltou ao trabalho.

Três amigo haviam caído de um andaime enquanto pichavam uma construção de cinco metros. Não demorou até que os pais lotassem a recepção com apelos desesperados, Julia sentia-se tonta, chegaria o dia em que ela seria uma mãe desesperada com o filho no hospital?

Henry terminou seu expediente bem antes dela, mas não saiu do hospital. Julia encontrou-o dormindo na sala em que descansava quando fazia plantão, perguntou delicadamente por que ainda estava ali, mas ele apenas insistiu para irem embora.

Ele conseguiu dirigir e manter-se alerta ao que ela falava.

- Você devia ter ido embora assim que terminou seu turno, podia esperar para dormir em casa direto.  – ela esbravejava contra ele – Agora, ainda por cima, está me levando até em casa... Ah meu Deus, Henry! Me diz que você não ficou esperando no hospital por minha causa!

Ele respondeu em tom robótico.

- Eu não fiquei esperando no hospital por sua causa.

Era óbvio o seu sarcasmo, mas Julia sequer encontrou palavras para censurá-lo pela atitude.

- Nós ainda não conversamos direito sobre tudo o que está acontecendo. – explicou ele – E eu já tive bem menos horas de sono do que isso. Estou bem.

Mas a verdade era que ela própria não estava entusiasmada para começar aquela discussão. Havia tantas coisas acerca do mesmo assunto, precisava pontuá-las e acabaria quase fazendo uma lista.

- Pode listar tudo – disse ele como se ouvisse seus pensamentos.

Julia suspirou.

- Daniel e Jon já sabem.

Ele franziu o cenho.

- Como foi a reação dele?

- Eu não contei para ele, contei à minha tia e ela deve ter dito.

- Eu me referia ao Jon.

- Ah... Bom, eu também não contei para ele.

Henry desviou o olhar da estrada para ela.

- Daniel deve ter dito e eu realmente não quero imaginar como ele reagiu.

- O que ele te disse? – perguntou em voz baixa.

- Nada, mandou os parabéns por Sharon.

- O quê?! – virou-se novamente para ela.

Julia riu sem humor, estava quase tendo um ataque histérico.

- Acho que já tenho sua resposta, não?

- Não é possível que ele seja tão miserável... – rosnou ele.

Julia olhou-o assustada com sua ferocidade, mas percebeu que ela própria sentia o mesmo em relação a Jon naquele momento, embora o compreendesse bem mais do que Henry.

Chegaram em seu apartamento após passarem em uma lanchonete para pegarem lanches de jantar, Julia verificou o celular, que até então deixara no silencioso para não interromper seu trabalho. Havia três ligações perdidas.

- Daniel? – perguntou Henry vendo-a fitar o aparelho.

- Não, estranhamente ele ainda não me procurou. Estou preocupada com sua reação, primeiro eu o interno e agora estou grávida da pessoa que ele mais odeia.

- O que acha que ele vai fazer? – perguntou enquanto forrava a mesa.

Julia foi até o quarto tirar os sapatos.

- Eu nunca sei, se até o Jon conseguiu me surpreender com isso...

- Bom, se ele fizer algo poderá ser internado de novo, já tem histórico.

Henry sentava-se à mesa começando a se servir, Julia voltou prendendo os cabelos em um coque alto, sentou-se de frente para ele na pequena mesa quadrada.

- Henry, – começou cautelosamente – e quanto a nós?

Ele continuou abrindo as embalagens sobre a mesa.

- O quê?

- Sabe, eu estava preocupada com a presença do Jon entre nós, mas pelo visto ele não estará presente. De qualquer forma, ainda terei um pedaço dele comigo... E minha vida será totalmente focada nas necessidades...

Henry interrompeu-a.

- Você está querendo terminar comigo? – parou o sanduíche a caminho da boca.

- Não, eu só estava pensando...

- Se eu iria querer terminar com você? – completou ele com ar irritado.

Ela abaixou a cabeça em um assentimento mudo.

- Julia! De onde você tirou isso? Por que eu faria isso?

- Porque nós só estamos juntos oficialmente há uma semana! – exclamou quase gritando – É loucura.

Henry permaneceu calado. Talvez fosse até melhor para ela se ele simplesmente a largasse. Seu celular tocou e ela levantou-se para atender sem pensar duas vezes.

- Alô?

A pessoa do outro lado da linha arfou alto e soluçou.

- O que foi? – Henry sussurrou vendo a expressão dela.

- P-papai?

Sentou-se de volta na cadeira com medo de suas pernas falharem em sustentar seu peso.

- Você está grávida? – seu pai murmurou com voz entrecortada pelo choro.

Seu coração encheu-se, bateu apertado, o choro se precipitou antes que pudesse ter certeza do que estava sentindo. Ouvir a voz de seu pai, mesmo que alterada pelo choro, doeu em feridas que ela julgara há muito cicatrizadas.

- Sim – lembrou-se de responder.

- Onde você está morando? – sua voz era preocupada, além de chorosa.

- Em um apartamento...

- Não, qual o endereço?

Ainda confusa e sem conseguir assimilar todas as informações, passou o nome da rua e o número.

- Estamos indo até aí – anunciou ele após anotar.

- Sim.

O pai desligara.

- O que foi isso? – perguntou Henry, que havia parado de comer.

- Meu pai – sussurrou limpando as lágrimas com as mãos.

- Depois de três anos? Uma conversa um tanto quanto curta, não?

- Eles estão vindo me visitar, – sorriu fracamente – acho que é uma reconciliação.

- Pelo que eu havia entendido, o problema deles era com Jon, não?

- Todos eles, – suspirou – agem como se eu fosse uma criança carregada para o “mau caminho” no colo dele, como se eu não tivesse tomado minhas decisões, aliás, como se eu nem fosse capaz de decidir.

Continuaram comendo.

- Por que você parece sentir mágoa deles? – Henry perguntou esperando que ela terminasse de mastigar.

- Como?

- Você age como se eles estivessem errados por estarem chateados com você.

- Eles me levaram a isso e ficaram me punindo esse tempo todo, Henry. Eu vivia em uma redoma, não tinha liberdade para fazer nada sem que eles aprovassem como sendo “apropriado para uma moça da minha classe”, me apaixonar por Jon foi a coisa mais rebelde que eu já havia feito.

- Você saía escondido?

- No começo eu o apresentei, eles o enxotaram de casa e disseram que nunca mais queriam ouvir aquele nome. Então tudo passou a ser um segredo, toda a minha vida. Eu me inscrevia em concursos acadêmicos falsos e viajava com a banda em shows, virava noites com eles em bares e dizia que estava na casa de uma amiga em quem eles confiavam.

Ela riu de si mesma com as lembranças, Henry também sorriu por ela expor mais uma parte de sua vida que ele não sabia.

- Quando eles finalmente descobriram que eu estava com ele, adivinhe só, Daniel contara, mas a mudança para cá já estava toda acertada. Eu pretendia contar, ir de uma forma pacífica, voltaria para vê-los nas minhas férias, mas quando vi a reação deles, percebi que jamais aceitariam que eu fosse embora.

- Então você foi escondido.

- Escondido por um tempo, Daniel correu para se informar sobre o paradeiro de Jon, mas nem precisou procurar muito, a banda começou a ficar famosa.

Terminaram de comer e Julia impediu Henry de ajudá-la a arrumar a cozinha.

- Você pode dormir aqui.

Ele olhou ao redor como se procurasse pelo sofá que inexistia na quitinete, Julia ergueu uma sobrancelha.

- Han... Você quis dizer...

Ela riu.

- Sim, vamos compartilhar a mesma cama. Ou você tem algum tipo de apnéia que... ?

- Não! – interrompeu.

Mesmo tendo a certeza de que não fariam nada além de dormir, Julia não pode evitar em sentir-se desconfortável com a intimidade que representaria aquilo. Henry encolhera-se contra o batente da porta, aguardando um sinal de que podia deitar-se.  Tudo era extremamente constrangedor, talvez porque não assumiam um relacionamento sério, porque Julia erguia barreiras para não se envolver totalmente, porque não transavam ou ainda porque ela estava grávida.

Terminou de forrar a cama, já vestindo uma camisola simples de algodão, olhou para Henry encostado à porta.

- Não sei se o travesseiro está bom – murmurou indicando o lado esquerdo da cama.

Ele riu baixo, sentando-se no lugar indicado.

- Não tem problema.

Julia riu alto, nervosa.

- Henry, pelo amor de Deus, você não precisa dormir com essas roupas. Você está de cueca, não?

- Sim – sussurrou corando.

Julia contornou a cama ficando frente a frente com ele, beijou-o ardentemente deslizando as mãos que abriam os botões de sua camisa. Como esperado, o beijo amenizou os nervos, Henry tirou a camisa e logo estava em pé abrindo o zíper da calça.

Deitaram-se enlaçados, apenas um segundo antes que ele adormecesse, Julia se lembrou da maior notícia de seu dia.

- É uma menina – sussurrou para ele com um sorriso largo.


Notas Finais


Confesso que eu gosto do caos...


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