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História Everything - The Other Side


Escrita por: Xodott564

Notas do Autor


Atrasada, mas aqui estou eu...
Olá para quem estiver lendo. No capítulo passado eu cometi o erro de não ter verificado a formatação dos parágrafos, acabei excluindo o capítulo e depois o postando de novo, mas enfim, não vou fazer novamente. Aqui, eu apresento para você o segundo capítulo de Everything. Narrado pelo Mark e com a introdução à tudo o que acontece nos próximos. Vou procurar postar todos os sábados, então, espere por mim.
Boa leitura!

Capítulo 2 - The Other Side


Fanfic / Fanfiction Everything - The Other Side

Os problemas começaram quando eu tinha dezesseis anos. Era uma manhã de domingo, onde eu, Mark Lee, estava deitado na cama olhando o teto como se fosse a coisa mais interessante no mundo. O que realmente não deixava de ser naquele momento em específico. Aí, eu ouvi uma voz vinda do além diretamente em meus ouvidos.

– Olá... – Me assustei no começo, mas depois pensei ser apenas um delírio por falta de companhia e decidi ignorar. Só que, dois minutos depois, a voz delicada e masculina soou de novo em meus ouvidos. – Se estiver me ouvindo, saiba que não precisa se assustar. – Eu encarei o teto confuso e espremi os olhos, suspirando audivelmente. Pensava estar ficando louco. Mas, no fundo, – por mais que fosse o mais fundo possível –, sabia que não estava.

Me levantei, fui até o banheiro no meu quarto e joguei uma grande quantidade de água no rosto, estava confuso e atordoado.

– Você deve estar assustado. Me perdoe, não deveria ter aparecido assim. – Levantei o tronco e me encarei no espelho acima da pia, pedindo mentalmente para aquela voz sumir da minha vida logo no começo. – Não vou te forçar a nada. Se quiser que eu desapareça, eu posso fazer isso.

– Quem é você? E que porra está fazendo em minha mente? – Eu estava irritado. Muito, para falar a verdade.

– Meu nome é Lee Donghyuck, mas gosto de ser chamado de Haechan. Sou de um espaço-tempo oposto ao seu. Por algum motivo não aparente, consegui me conectar com você.

– Ah, que droga. Isso não pode ser real. – Murmurei e voltei para o quarto. Me joguei na cama e enfiei o rosto no travesseiro.

– É real. Pode me dizer seu nome? – Ele estava falando de novo. Sua voz era tranquilizante, e ao mesmo tempo, assustadora de tão delicada.

– Mark Lee. – Lhe respondi, ainda sem acreditar no que aquela voz na minha cabeça falava.

– Okay, Mark. Se em algum momento, precisar de mim, é só chamar meu nome. Posso fazer o mesmo com você? – Perguntou ainda com a voz baixa e calma.

– Não sei. Se um dia eu resolver te chamar, você também vai poder quando quiser. – Garanti. E a partir daquele segundo, tudo em minha mente ficou em silêncio.

Só que, no dia seguinte eu precisei dele. Único e exclusivamente porque me sentia sozinho. Bem, era isso que eu escolhi pensar.

Dali para frente, Donghyuck não saiu dos meus pensamentos. Ou melhor, sua voz não saiu de meus ouvidos. Descobri que na época ele tinha quinze anos e que isso não importava em sua dimensão. Vivia tão sozinho na casa de seus pais que, no escuro de seu quarto, conseguiu se concentrar o suficiente para falar comigo. Ele foi minha companhia durante muitos anos. Conversávamos sobre todas as coisas imagináveis no universo e, quando não tínhamos sobre o que falar, eu apenas ouvia ele cantar. Sua voz era minha calmaria, meu porto seguro em meio a uma tempestade. Minha vida realmente era uma tempestade antes de Donghyuck aparecer.

Falar com Donghyuck, estudar com Donghyuck e viver com Donghyuck se tornou o plano nas vinte e quatro horas de todos os dias da semana, de todas as semanas, de todos os meses de todos aqueles anos. Ele era incrível. Sua forma de pensar e agir eram incríveis. Eu sentia o que ele sentia e sentia apenas ele. Donghyuck chegou no momento em que eu não sabia mais como viver e nem sentir o que deveria sentir. Quando percebi, estava apaixonado pela voz em minha mente.

Se falassem para o meu eu do passado que me apaixonaria por uma voz, chamaria aquela pessoa de louca e manteria à uma distância saudável dela. Mas, eu tinha me apaixonado por alguém que eu nem sequer sabia se era real ou não. Só que, aposto que qualquer pessoa sentiria o mesmo pela personalidade séria e brincalhona de Donghyuck, comigo não foi diferente. Eu me sentia atraído de alma.

Uma vez, no escuro do meu quarto, eu pensei nele. Eu pensei em como seria se tivéssemos nos conhecido de outra forma e, não por uma espécie de telepatia interdimensional. Eu pensei em como seria se eu pudesse lhe ver, lhe tocar. Eu queria abraçar seu corpo e tocar seu rosto, o que não era possível já que eu conhecia apenas sua voz.

E sem eu nem perceber, lágrimas grossas e quentes começaram a descer por minhas bochechas, que provavelmente estavam vermelhas. Me sentei no chão e encostei as costas na cama, ouvindo e sentindo os soluços invadirem minha garganta. Coloquei as mãos na boca e pedi mentalmente para que Donghyuck não tenha acordado.

– Por que está chorando, hyung? – Ouvi sua voz melodiosa sussurrar com calma. Não respondi e esperei que ele desistisse. – Eu ainda posso te ouvir, sua respiração não fica assim enquanto dorme. O que aconteceu? Conte para mim e eu vou lhe ajudar. – Praguejei um palavrão e me deitei na cama, com as lágrimas ainda descendo silenciosamente pelo meu rosto e metralhando o travesseiro. Donghyuck continuou. – Hyung, por que não me responde? – Me chamou de novo pela forma de tratamento que só era importante na minha dimensão e eu senti vontade de me matar por fazê-lo esperar.

Depois de alguns minutos de silêncio, a voz dele voltou, só que dessa vez, na melodia de uma música. Eu amava ouvi-lo cantar, sua voz me acalmava de um jeito indescritível. Passava paz e, acima de tudo, paixão pelo que fazia. Ele sempre cantava quando precisava me acalmar dos surtos frequentes de ansiedade que aconteciam antes, eu não poderia ser mais agradecido.

Dez minutos depois, após cantar três músicas, as lágrimas pararam de sair de meus olhos e eu me senti sob controle novamente.

– Como uma pessoa tão maravilhosa como você pode existir? – Eu falei baixo. Realmente pensava que Donghyuck era alguém que minha mente havia criado para me fazer sentir menos sozinho. Só que, o que eu não sabia é, que aquela noite mudaria nossas vidas para sempre.

– Deus estava apaixonado quando me criou. – Me respondeu em um tom de voz provocante. Sempre que ele falava assim, o imaginava sorrindo. – Pode me dizer por quê estava chorando? – Me pediu com a voz calma, como em todas as vezes. E eu pensei. Pensei e repensei inúmeras vezes naqueles cinco segundos e, apenas decidi contar a verdade.

– O que aconteceu é que eu te amo, como nunca amei outra pessoa. O meu amor por você ultrapassa os limites do carnal, fraternal ou de todos os tipos, eu te amo de alma. E estava chorando porque... meus livros de romance não explicam como sobreviver amando uma voz em sua mente, Hyuck. Eles não explicam como sustentar um amor unilateral por alguém que eu nem sequer posso provar que existe.

Falava tudo de uma vez sentindo as lágrimas descendo pelas maçãs do rosto novamente. Que ódio que eu tinha de chorar. – Hyuck, eu tenho vinte e dois anos e não sei lidar com o amor, isso é terrível. Eu queria poder te ver e provar para mim mesmo que você existe, sim! Queria acabar com todas as dúvidas e medos de que você não seja real. Eu queria poder estar perto de você. – Terminei e respirei fundo, tentando me acalmar de novo.

– 'Tá melhor agora que me contou isso tudo? – Ele me perguntou suave e baixo.

– Sim. – Respondi nervoso e com a voz falhando.

– Okay, eu vou ignorar essa mentira. Agora, me diga onde você ouviu que eu não te amava. – Pediu e eu fiz uma careta, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo.

– Em lugar nenhum. – Respondi, inocente demais para a mente corrompida de Hyuck.

– Então, pense comigo, hyung. Eu digo que te amo todas as noites antes de dormimos, esperando que em algum momento você perceba que essa merda que as pessoas chamam de paixão e que está aqui entre nós, brilhando como as estrelas..., é amor. Amor grande demais para não ser gritado aos quatro ventos. Porque você, Mark Lee, é o amor da minha vida e eu não tenho dúvida alguma disso. Então, tenha a plena e absoluta certeza de que seu amor não é unilateral. – Ele despejou as palavras em cima de mim e eu recebi cada uma da melhor forma possível: com um sorriso enorme e chorando como uma criança.

– Você também me ama? – Perguntei, só pra confirmar o que tinha ouvido. Minha voz saiu constrangedoramente entrecortada e tremida.

– Sim, te amo mais que tudo o que é literal e não literal na nossa pequena realidade. – Ele tinha uma mania incontrolável de transformar tudo em metáforas assustadoras e que me fizessem pensar. E, por mais que dissesse que não gostava, aquela era uma das minhas coisas favoritas nele.

– Tudo bem. Acho que posso me acostumar. – Sussurrei, passando as costas das mãos no rosto numa tentativa de me livrar das teimosas lágrimas que insistiam em descer. – Hyuck...

– Oi, meu amor. – Okay, eu quase gritei ao ouví-lo me chamar assim, mas isso, nós vamos relevar.

– Você já pensou se pudéssemos nos ver?

– Sim, inúmeras vezes. Mas o custo é um pouco alto demais.

– Qual é o custo, Hyuck?

– Eu pesquisei bastante sobre isso. Lembra de quando eu terminei com meu namorado porque eu disse estar apaixonado por outra pessoa?

– Não, eu lembro de quando você terminou com seu namorado porque ele era um babaca controlador. – Respondi, deixando bem claro o que eu pensava desde o dia de alguns dos acontecimentos mais loucos de nossa vida.

– Tá, Mark, isso não vem ao caso agora. – Reclamou. Eu sempre imaginava ele colocando as duas mãos na cintura e revirando os olhos quando o ouvia usar aquela voz. – Eu fiz todas as equações possíveis, todas só chegaram a um lugar: Um de nós teria que mudar de dimensão.

– Por quê?

– Podemos abrir um portal, que duraria um minuto. Depois de fechado, ele não poderia ser aberto outra vez, pois isso causaria um colapso no espaço tempo, porque o portal foi aberto pelas mesmas pessoas nas mesmas dimensões.

– Ah... – Murmurei, apertando os lábios um no outro.

– Você vê? Um de nós teria que desistir de tudo. É um pouco caro demais, Canadá. – E aí, ele falou aquele apelido ridículo sem sentido algum que o idiota tinha criado em algum momento aleatório nas nossas conversas. Não me pergunte o porque.

– Eu não tenho muito o que perder aqui. – Respondi, fechando os dois olhos.

– Nem eu. – A voz dele estava abafada. Uma vez ele tinha me contado que aquilo acontecia porque ele enterrava o rosto no travesseiro com frequência. Caramba, quanta repetição de palavras. – Mas, seria um pouco difícil recomeçar a vida em um lugar diferente. Principalmente se esse lugar for outra dimensão. – Sua voz ficou clara, e depois ele começou a gargalhar, alto e verdadeiro.

– Gente... – Ele não parava de rir, parecia algo um pouco impossível. Aí, do nada, nossa conexão foi cortada, como se o sinal tivesse caído. – Hyuck... – Chamei, me concentrando para voltar a falar com ele. Eu nunca tinha conseguido fazer aquilo, era sempre Hyuck quem me chamava. Nós achávamos que aquilo tinha algo a ver com eu não conseguir me concentrar.

Hyuck normalmente dizia que aquilo era mentira. Eu conseguiria se a barreira da dimensão dele não fosse tão impenetrável. Tudo bem se não fosse verdade. – Hyuck... – Chamei de novo, começando a ouvir um chiado lá no fundo do meu consciente, como se eu tivesse realmente feito a conexão com ele, em sua dimensão.

Mas, não era ele... – O quê? – Ouvi uma voz diferente, mais grossa e grave que a dele. A pessoa do outro lado claramente estava confusa. E falando agora, parece que eu estou contando sobre um fantasma. Entendeu? Do outro lado da vida.

– Ah, droga! – Murmurei, juntando as mãos nos cabelos, eu estava nervoso. – Eu não sei como começar isso. Quer conversar? – Caramba, o que eu estava fazendo? ONDE ESTAVA O HYUCK?

– Isso é meio ridículo, cara. – Ele respondeu, com deboche. Era claro que mascava um chiclete, por causa do barulho irritante ao extremo e o estresse que eu estava sentindo.

– Claro, super ridículo. – Respondi, incorporando o Hyuck e deixando a ironia falar, alto. – Vai me dizer o porque de eu estar falando com você e não com o amor da minha vida?

– Não, querido. Você é quem pode me dizer. Afinal, não fui eu a pessoa que chegou procurando por alguém chamado Hyuck. – Um barulho de uma bola estourando veio em seguida e, eu quase que o mandei parar com aquilo. Quase. Não tinha muita moral naquele momento, então, fiquei calado. – Okay... – Murmurou. Daí, eu ouvi um barulho de tiro, tão perto quanto a voz dele.

– Agora eu fiquei surdo. – Ele deu uma risadinha, achando pouca graça do meu comentário. Eu não ligava para aquilo. – Qual é o seu nome? – Perguntei.

Olha, já que eu não conseguia falar com o Hyuck, eu podia conhecer outra personalidade no mundo interdimensional, não? – Park Jisung. E o seu? – Eu não ouvia mais o barulho do chiclete, ele devia ter jogado fora.

– Mark Lee.

– Legal, você é americano. – Ele respondeu, com animação.

– Caramba, tem uma América em sua dimensão também? – Ele não me respondeu no mesmo momento, mais e mais tiros vieram e eu recebi a oportunidade de continuar falando. – Isso é bem legal. Deve significar que a única coisa que muda entre nossas dimensões é elas serem dimensões diferentes.

– Sim... – Ele murmurou, e sua voz sumiu por alguns instantes, parecia lutar contra algo. – Que droga. Eu espero que a sua Terra não tenha sido invadida ainda. As coisas aqui não foram boas para qualquer um de nós.

– Sua Terra foi invadida? Pelo quê? – Interroguei, frustrado com a realidade ruim de Jisung.

– Os humanos os chamariam de alienígenas, se estivessem vivos. Eu acho que algo aconteceu na minha realidade, eles não conseguiram me controlar junto com os outros. – Contou. Eu continuei calado, esperando que ele falasse mais.

Normalmente eu não tinha muito para conversar com o Hyuck, só o ouvia falar por horas e horas sobre as paixões que ele nunca poderia colocar em prática por ter uma família conservadora demais. E eu, bem, eu não tinha muito pra falar mesmo. Meus dias se consistiam em esperar por um amanhã mais agitado, o que nunca acontecia. Tinha nascido em uma família aclamada pela mídia, meus pais emsinaram desde cedo que ficar no quarto era melhor para mim e para eles. Mais tarde eu percebi que, talvez, aquilo fosse pior se eu não tivesse com quem conversar.

– O que eles fizeram com as pessoas que foram controladas? – Com a voz baixa, após algum tempo de silencio, eu perguntei.

– Bom, a maioria, pelo que eu sei e vi, se matou, de várias formas diferentes e terríveis. Queria não me lembrar daquilo. – Comentou. Mais um barulho de tiro e um plástico se movendo de forma rápida. Ele não cansava de comer, não? – Os outros, em torno de trinta a quarenta pessoas, foram levados com eles sabe-se lá para onde. Como eu disse antes, nenhum dos destinos foi legal.

– O que está fazendo? – Nossa, ele podia estar sozinho no planeta, mas fazia tanto barulho que pareciam ter várias pessoas lá. Minha curiosidade era algo explicável, não?

– Quebrando uma madeira, que eu achei no chão, para fazer uma fogueira. A natureza aqui está crescendo e ficando cada vez mais linda. Então, eu não gosto muito de usar máquinas feitas pelo ser humano, para não prejudicar o desenvolvimento dos outros seres.

– Isso é muito legal de sua parte. – Comentei, verdadeiro. Haechan sempre dizia que o mundo, em qualquer dimensão que seja, seria bem melhor sem o ser humano para destruí-lo. Eu concordava com aquilo e tomava partido.

– Eu sei, eu sou muito legal. – Eu ri, aquele era claramente um tipo de coisa que o Hyuck falaria. – E você, o que está fazendo? – Ele perguntou, a voz soando como algo preguiçoso e relaxado.

– Eu estava tentando falar com a única pessoa que eu consigo em qualquer outra dimensão.

– Até chegar em mim, não é? – Me cortou antes que eu consertasse minha sentença. – Até chegar no cara da dimensão vizinha que não tem nada mais a fazer, além de andar por aí para ver o que encontra entre Ásia, Europa e, talvez, na mais rara das hipóteses, África. – Deduziu, provavelmente batendo mais na madeira, já que o barulho era constante.

– Sim, até você. – Melancólico, eu confirmei sua afirmação. Eu sentia que ele era só um adolescente, aquilo era um pouco demais. – Quer me contar mais sobre você? – Ah, eu queria saber. A história dele parecia ser algo interessante.

– Claro. Espero que um dia eu possa te encontrar pessoalmente e contar sobre tudo cara a cara. E, se isso não acontecer, lembre do que contei, okay? – Eu murmurei um "uhum" e ele continuou a falar em seguida. – Bem, o mundo é bem mais tranquilo do que era antes. Só dá para ouvir o barulho dos animais, das árvores, do mar. Enfim, da natureza. É muito bom.

– Imagino. Deve ser como ir para o meio de uma floresta, longe das cidades. Não é? – Deduzi, arrumando o cabelo com os dedos.

– Exatamente. – Jisung respondeu e eu ouvi mais um barulho de tiro.

– No que você está atirando? – Ah, eu estava curioso. Ele estava sozinho num planeta, o que poderia matar além de animais selvagens?

– Minha munição não é bala, do tipo "matável", mas sim, cápsulas de água. Eu que fiz. Ela ajuda as árvores a crescer e a juntar água para os animais. – Parou de falar de repente e eu ouvi um rugido.

– O que é isso? Você vive em completa harmonia com animais selvagens? – Era uma dúvida que eu queria tirar e não tinha a mínima vontade de esconder isso.

– Normalmente sim. Na maioria das vezes nós vivemos bem, como uma família unida. Nos ajudamos na maior parte do tempo, o que é quase sempre. As vezes eles ficam com raiva de mim. E por eles, eu quero dizer todos os animais, de todas as espécies. – Frisou aquela parte, como se fosse muito importante. Realmente deveria ser para ele. – Nesses momentos eu acordo com, tipo, um orangotango pulando em cima de mim.

Eu gargalhei, pela primeira vez naquela conversa. Porque eu imaginei um orangotango pulando em mim e achei muito engraçado. Me julguem. – Bom, isso só aconteceu duas vezes, em muitos anos. Então, não é muito preoculpante. O barulho que você ouviu agora é o do Joonie, o tigre que vive comigo.

– Você tem um tigre? – Eu era um tipo de pessoa emocional demais, real demais. Juro que eu quase gritei com a hipótese daquilo ser no mínimo pensável.

– Eu não gosto muito de dizer que ele é meu. Somos a família um do outro, praticamente irmãos. – Respondeu, e o tigre rugiu de novo. – Desculpe, ele deve estar incomodado por me ver falando tanto. – Ele riu quando o tigre rugiu novamente e continuou a falar. – Eu preciso procurar algo para comer, Mark. Preciso ir. – Informou. E eu só abaixei a cabeça, não queria deixá-lo sozinho.

– Ah, mas já? – Eu parecia uma criança que tinha perdido um doce que a muito queria ganhar. Que droga de metáfora é essa?

– Sim, infelizmente. Acho que posso tentar falar com você de novo nos próximos dias. Isso não é uma garantia, mas prometo que vou tentar.

Eu assenti, mesmo que ele não pudesse ver.– Eu também. Prometo.

– Bom, eu vou dirigir pela cidade até encontrar uma casa descente para nós dormimos e um supermercado para pegar comida. Foi bom te conhecer. – Parou de falar, eu só coloquei pra fora o que estava pensando:

– Eu acho o mesmo, Jisung. – Pausei minha fala, pensando no que dizer. Das minhas mais profundas perguntas, das minhas mais terríveis dúvidas, eu considerei aquela a mais importante: – Você não se sente só, aí, neste mundo?

Ele demorou uns segundos para responder, deveria estar pensando, escolhendo as palavras certas.

– No começo sim. Mas, agora, parando para pensar, espero que meus dias futuros possam ser tão tranquilos quanto têm sido ultimamente. Lembrar de quem eu amo me dá a esperança necessária. E é só disso que eu preciso. Obrigado pela conversa, Mark Lee. Até que nós possamos nos falar de novo, eu lembrarei de você.

Não queria deixá-lo sem resposta, então eu fui o máximo de mim que consegui. – Isso soa extremamente brega e idiota, mas eu juro que posso chorar a qualquer momento. – Ele riu, e eu sorri, confesso que levemente triste.

– Lembre de mim. – Ele sussurrou depois de parar de rir e antes de nossa conexão ser cortada pela eternidade.

Eu nunca mais conversei interdimensionalmente com Park Jisung. Nunca mais conversei com o Hyuck. Se conectar com alguém em outro lugar, em outra dimensão, não me parecia mais um hipótese de acontecer. Mas isso não significa que tudo tenha acabado entre nós. Esse é só o começo da história.


Notas Finais


Para a mais completa amostra de que eu sou maluca, eu também esqueci de outra coisa no capítulo passado. Não avisei que todos os capítulos têm nomes de músicas. O primeiro, foi inspirado em Human, da Christina Perri, e este, o qual eu achei que combinava com essa música, é The Other Side, da Ruelle.
Mas, bem, acho que por enquanto é isso. Obrigado por ter lido, tenha um ótimo dia, noite ou madrugada. Seja ótimo, eu te amo.


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