Eu tinha meus olhos fixos nos dela. Azuis. O mesmo da garota da minha lembrança. Katerina. Como eu a havia esquecido? Não, não a esqueci, ela somente estava bloqueada. Minha mente estava bloqueada.
Mas agora ela estava ali, na minha frente. Será que ela também se lembra de mim? Ou mil e uma memórias não são suficientes para ter alguém guardado? Ela não mudou nada, o jeito meio tímido, os traços, a voz suave...
- Katy – digo quase num sussurro e estendo minha mão, para tocar seu rosto. Seus olhos se enchem de lágrimas e ela sai correndo para fora do bosque, em direção a sua casa. O que aquilo significava?
POV’s Katerina
Justin. Justin. Justin. Aquele é o meu Justin.
Lágrimas caiam sem parar pelo meu rosto. Ele me deixou! E agora voltou...
Katy.
O apelido que me dera, pouco tempo depois de nos conhecermos. Que martelou na minha cabeça por tempos depois que me deixara. Sua voz rouca pelo qual me apaixonara. E aquele sorriso... Oh Senhor! Como não me lembrei assim que o vi?
Ele me fez sofrer por meses, me deixou, sem me despedir, sem dizer o por que.
Corri para meu quarto com as mãos encobrindo o rosto e secando as lágrimas que caiam. Fechei a porta e a tranquei, pulei na minha cama, peguei o Coco, meu urso branco e o abracei e chorei.
Toc toc
Ouço alguém batendo na porta meia hora depois, quando eu havia conseguido conter as lágrimas.
- Sim? – digo com a voz rouca.
- Está na hora do jantar, Katerina – escuto a voz de Marta do outro lado da porta.
- Não estou com fome, Marta.
- Aconteceu algo? – a escuto perguntar com um tom de preocupação.
- Não, Marta – digo, e sussurro depois: - Nada de grande importância. Nada de grande importância para você.
A escuto se retirar e respiro fundo, me levanto e vou para o banheiro. Tomo um banho relaxante e por um momento, somente um momento, esqueço de Justin.
Escovo meus dentes e arrumo minha cama, sento e pego um livro para ler.
Toc toc
Escuto cerca de uma hora depois.
- Sim, Marta? – digo, mas ninguém responde. Levanto-me e vou até a porta, mas não havia ninguém.
Toc toc
O barulho vinha da janela. Fui até lá e a abri, me deparando com Justin preso num cano, pisando no peitoril da janela.
- O que faz aqui? – pergunto.
- Vim te fazer uma visita.
- Precisa ser pela janela? A porta não seria mais simples?
- Sempre foi assim não foi? – ele respondeu e fez sinal para que desse espaço para ele entrar. Ele pegou um pouco de impulso e entrou.
- Mas antes meu pai o proibia e você não podia ficar entrando na casa.
- Marta estava na sala. Não queria assustá-la subindo até aqui.
- Mas o que faz aqui? – repito a pergunta. Justin bate as mãos uma na outra e acena para o banheiro, perguntando se podia lavar as mãos e anda até ele.
- Eu queria te ver. Você fugiu do bosque – percebi que ele estava meio receoso ao dizer isso.
- Hum... – foi tudo que consegui responder. Ele aparece de novo. Eu fico parada esperando ele falar, mas ele simplesmente me encara, por um momento também consigo encará-lo, mas depois olho para baixo e sinto minhas bochechas corarem.
Escuto-o se aproximar.
- Será que seria possível você parar de agir como se eu fosse qualquer garoto que estivesse te encarando? – ele diz perto do meu ouvido e sinto os pelos dos meus braços se eriçarem. Mas o que eu podia fazer? Passei 5 anos sem o ver, me convencendo que ele não voltaria, isso até esquecê-lo e um dia, ele simplesmente aparece na porta da minha casa. Sem se lembrar de mim, assim como eu não me lembrava dele.
E era como se fosse outro garoto qualquer. Ele estava diferente, mais alto e mais musculoso, mais maduro, seu cabelo não tinha mais a franja e seus braços tatuados... Era como se fosse um novo garoto chegando, ou melhor, um homem.
Eu não havia mudado tanto, era quase a mesma garotinha, mesmo com 17 anos. Eu também havia amadurecido, mas eu vivia longe da cidade o que me deixava mais ingênua do que as outras garotas da minha idade.
- No que você pensa tanto? – ele pergunta.
- Nada.
Eu não queria conversar com ele e resistia ao impulso de abraçá-lo. Meu coração doía com a surpresa que havia me causado e eu sentia que pudesse começar a chorar a qualquer momento.
- Por favor, sabe como foi difícil para mim? Eu não queria ter feito aquilo, eu...
- Então, Justin, por favor, só me diz por que? Por que você não se despediu ao menos? – digo levantando meu olhar para o seu e uma lágrima escorre pelo meu rosto.
- Meu pai não deixou. Ele me obrigou a não contar nada. Eu queria ter ficado aqui, com você.
- Você podia ter me contado, ele não iria desconfiar. Sabe como passei mal por sua causa? Foram meses, foram dois anos sofrendo por você, Justin! – digo tentando manter minha voz calma. E lágrimas descem pelo meu rosto.
- Para mim foi a mesma coisa – ele disse calmo, pegando meu rosto com as mãos, fazendo-nos olhar nos olhos um do outro. – Eu sofri também. Eu estava a quilômetros de distancia com meu pai gritando comigo porque eu queria desistir de viver.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e a sequei.
- Eu voltei, eu estou aqui. Por favor, me perdoa, Katy? – ele disse. Passei meus braços em sua cintura o abraçando e ele passa seus braços ao meu redor.
- Ok. Eu te perdôo.
Ele me põe na cama, e se senta na poltrona do meu pai, que também o pertence, quando vem aqui. Ele apaga luz e consigo somente ver seu olhar com a pouca luz que vinha da lua.
- Durma – ele sussurra.
- Tenho medo de que tudo não passe de um sonho.
- Eu irei estar aqui amanhã, Katy.
Um silêncio se segue.
- Justin?
- Sim?
- Você poderia dormir comigo?
O escuto se levantar da poltrona e dou um espaço para ele na cama. Ele se deita ao meu lado, por cima da colcha. Abraço sua cintura e coloco minha cabeça no seu peito.
- Eu te amo, Justin.
- Eu também te amo, Katy – ele diz, me dá um beijo na testa e depois sussurra: Sempre.
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