História Everything Has Changed - Corações apaixonados.

Jessica P.O.V.

- Ah, eu desisto, e é por isso que eu tenho sorte em ter um professor particular morando aqui em casa. – conclui depois de tampar a minha caneta e desistir de Química.

- Ele está aqui? – perguntou Ally ao juntar as mãos.

- Ally, agora você vai na minha casa só para ficar namorando?

- Ah, Jess... seja legal comigo. Eu preciso vê-lo. – depois de bufar, a conduzi perto das escadas, de forma que dava para observar Marcel sentado no sofá lendo suas revistinhas de nerd. Olha só que otário, apenas ali, em seu canto, tão distraído. Como conseguia ser tão... irritante? Eu não sei porque, mas algo me incomodava. – ele é o garoto mais lindo que eu já vi. – disse ela com um sorriso.

- O conhece faz tempo, e só agora chegou a essa conclusão?

- Na verdade, eu não o conhecia bem... apenas o via ao longe, e achava fofo. Agora que o conheço de perto, pude ver o quanto é... perfeito.

- Tá, chega de falar um pouco sobre ele, e vai até lá! – dei um leve empurrãozinho.

- Não! Quero dizer... só se você for comigo. Ele não vai querer ficar a sós com alguém como eu.

- Por que acha isso?

- Jess, eu não sou bonita como você. E eu vi o jeito que ele te olha, tá? – Por que todo mundo insiste em dizer isso? Olhar de que forma? Nunca vi nada diferente no jeito em que me olha... E como eu seria mais bonita que a Ally? Ela tinha tudo que um garoto poderia gostar.

- Vamos lá, então. – sorri pra ela, e descemos as escadas.

- Oi, meninas. Como vão? – perguntou o senhor perfeitinho.

- Bem, e você, Marcel? – perguntou Ally ao se sentar ao lado dele, talvez próxima demais de seu rosto.

- Muito bem. – disse ele com um sorriso, e depois olhou para mim um pouco mais sério. – ei, pode deixar a gente a sós? – o desgraçado estava me copiando!

- Mas esse é meu quarto!

- Não teoricamente! – cruzei os braços e bufei. Droga, como era possível a gente se dar tão bem à noite e durante o dia termos tantos conflitos? Até pareciam ser duas pessoas diferentes a cada parte do dia.

- Vê se volta logo. – eu disse, mas ainda um pouco esperançosa lá no fundo que os dois se deem bem. Ally parecia gostar muito dele e Marcel sem dúvida seria bom pra ela. Sorri levemente antes de subir e ir pro quarto.

Marcel P.O.V.

- O que está lendo? – perguntou Ally com um sorriso tímido.

- Revistinha em quadrinhos do Batman. Você gosta?

- Adoro! A Jess tem muita sorte em poder tê-las por aqui, eu nunca consegui colecionar.

- Ah, ela meio que... odeia essas revistas. Mas gostei de saber que gosta. – ela riu baixo e se envergonhou.

- Me desculpe, Marcel... acho que sou ruim em começar um assunto. – me virei de frente a ela.

- Não pode ficar com vergonha de mim, qual é! – conduzi seu queixo para que me olhasse nos olhos. Nós dois sorrimos. – me diga o que você queria me falar. – ela fitou meus olhos.

- Como você consegue ser tão apaixonante? - perguntou com uma expressão séria, e eu fiquei sem palavras. Eu realmente não estava interessado em nenhuma outra garota que não fosse ela. Ela que nunca me daria chance nem em um milhão de anos.

- Ally, eu acho que devo te dizer... que não posso fazer isso.

- Acho que sou acanhada demais, né?

- Não é você, Ally. – eu disse com um sorriso. – é que o caso é outro.

- Vo-você é gay?

- Não sou gay! – eu disse entre risos, e ela acabou rindo também. – é que tem outra pessoa.

- Posso saber o nome dela? – perguntou depois de uma longa pausa.

- O nome dela... – ela aguardava pela resposta. – Georgia Rose.

- Posso dizer uma coisa? – assenti com a cabeça. – ela é a garota mais sortuda do mundo. – eu ri e olhei para baixo. – mas sabe... eu não vou desistir assim tão fácil de você. Eu posso ver em seus olhos, Marcel. Você é incrível.

- Quantos elogios... para alguém que não merece.

- Só me deixe tentar te conquistar, Marcel. Por favor. – olhei em seus olhos, eram lindos, com aquela cor avelã e grandes como de uma criança. Ela era linda, sem sombra de dúvida. Mas será que eu conseguiria achar uma garota tão linda quanto a Jess? Eu só sabia que me sentia um pouco culpado só de pensar em estar com outra ao mesmo tempo que gostava apenas dela.

- Vamos fazer o seguinte. Podemos nos tornar bons amigos... – peguei em suas mãos, e ela sorriu – e quem sabe o que pode acontecer depois?

- Me parece bom. – fico imaginando o que ela viu em mim, além desses óculos, meu penteado habitual e minhas roupas um tanto antiquadas. Mas talvez fosse bom que tivesse alguém que me ajudaria a esquecer de Jessica, pois sei bem que a ela nunca vou poder ter.

Também fico imaginando se Jessica já chegou à mesma conclusão que eu, em que nós dois somos inimigos durante o dia, e de noite viramos melhores amigos.

Como nós dois temos problemas para dormir, ficamos conversando até pegar no sono e conseguir descansar tranquilamente. E, ainda tenho sono leve, então acordo Jess quando ela tem fortes pesadelos.  

- Então... está ansioso para conhecer melhor a Ally? – perguntou Jessica ao virar para mim quando estava deitada no sofá.

- Acho que sim. Ela é muito bonita e legal. – respondi ao encarar o teto.

- Deveríamos sair nós quatro algum dia. Eu, o Louis, você e ela.

- Sim, poderíamos.  – depois de uma longa pausa, pude perceber que Jess estava um pouco impaciente e agitada.

- Vocês se conhecem há muito tempo?

- Desde que eu entrei na escola, no começo do ano. – olhei para ela.

- Por que saiu da outra escola? – apoiei minha cabeça com a mão, firmando meu cotovelo no colchão.

- Sinceramente? Eu fiquei meio violento.

- Você? Violento? – riu sarcasticamente. – é como dizer que o inferno pode ser frio. Ou sei lá. Mas... por que isso aconteceu?

- Minha mãe tinha morrido naquela época, e eu estava ficando fora do normal. – olhei em um ponto fixo e comecei a me lembrar daqueles dias tão torturantes. – um garoto que sempre cismou comigo fez uma piada sem graça sobre a minha mãe, mas ele não sabia que ela havia falecido. Mesmo assim, me irritei muito, e brigamos. Minha raiva era tanta, que ele acabou ficando inconsciente.

- Finalmente ele pode levar o que tanto mereceu na cara. Literalmente.

- Odeio essa lembrança, por isso digo que essa foi a pior época da minha vida. Agora você deve me achar horrível, não é mesmo?

- Não, isso nunca... – sorriu levemente. – você é apenas humano, Marcel. Tem sentimentos assim como todo mundo, e uma hora pode estourar. Estranharia se me dissesse que nunca perdeu o controle, e ainda com uma coisa dessas.

- Obrigado. De verdade. – sorri e ficamos nos olhando por um tempo, até que finalmente a Jess caiu em profundo sono.