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História Everything You Are - Capítulo 60


Escrita por: divergentmars

Notas do Autor


Tarde da noite, mas cheguei!
Relaxem lendo o capítulo, e se você for uma manteiga derretida, por favor, tome um lenço.
Boa leitura, amoras!

Capítulo 60 - Capítulo 60


Fanfic / Fanfiction Everything You Are - Capítulo 60

Eu sinto a sua falta
Sinto muito a sua falta
Eu não te esqueço
Oh, é tão triste
Eu espero que você possa me ouvir
Eu lembro claramente
O dia que você partiu
Foi o dia que eu descobri que não seria a mesma coisa

(Avril Lavigne - Slipped Away)

Bruno Pov’s

Meu mês tinha começado uma porcaria. Bastei na primeira semana saber que Eleanor tinha começado a namorar e meu interior querer gritar de ciúmes, ainda tive uma briga com Ryan, depois com Philip. Agora nos acertamos, mas foi bem difícil passar uma semana sem falar com eles.

Viajei para umas entrevistas e acertos de últimos detalhes da divulgação da turnê mundial. Estava super ansioso com tudo isso acontecendo.

Até que recebi uma mensagem nada legal no dia vinte e oito de maio. Minha irmã havia me ligado e eu não pude atender, disse baixinho que era somente mensagem e assim ela fez.

“Bruno, estamos indo para o Havaí. Mamãe não está muito bem e está indo para o hospital. Esperamos que não seja nada grave, não queríamos atrapalhar o seu momento, mas precisávamos avisar. Qualquer coisa eu comunico você. Te amo”

Presley postou a notícia que me deixou na sarjeta.

Depois de ter lido aquilo o que eu queria fazer era pegar minha pequena e ir para o Havaí. Liguei para Eleanor e avisei, pedi que deixasse tudo mais ou menos pronto porque a qualquer momento eu estaria ligando para avisar que estaria embarcando para o Havaí.

Houve todos os possíveis empecilhos para que eu chegasse ao Havaí. Ficamos presos no aeroporto de Washington, alegavam que havia uma tempestade se aproximando e então atrasaram todos os voos. O meu ainda tinha uma conexão antes de ir para o Havaí. Minha irmã ligou dizendo que mamãe iria ficar pelo hospital para uma bateria de exames. Nesses momentos meu coração gela e eu não consigo pensar em nada. Apenas deixei que o pessoal cuidassem da mídia, não queria que me expusessem num momento desses, é pessoal demais.

Levei um enorme baque quando adormeci na cadeira e sonhei com algo ruim. Liguei para Eleanor e pedi que fosse para o Havaí o mais breve possível, pois ainda esperávamos a liberação do voo.

Eleanor Pov’s

Eu derretia com o calor do Havaí. Coloquei um vestidinho leve e solto e sandálias. Iria sozinha ao hospital, Bruno preferiu que Lana ficasse em casa, pois Bernie está na UTI e ela não poderia entrar. Aquela casa nunca esteve tão silenciosa quanto estava agora. Não tinha ninguém, estavam todos pelo hospital, e eu somente a espera de Tahiti chegar para ficar com as crianças para que eu pudesse visita-la.

-Cheguei. – Avisou-me assim que abriu a porta, com óculos escuros e nada de astral. Não quero nem imaginar como essa dor é. – Está tudo bem por aqui?

-Sim. – Observei-a tirar os óculos. – E como está lá?

Ela engole a seco, arqueando a sobrancelha. Seus olhos estão vermelhos, deve ter passado um bom tempo chorando.

-Está tudo na mesma. – Fui até sua frente e abracei seu tronco, não esperei que ela me abraçasse de volta, ela apenas precisava saber que não estava sozinha. – Estou com medo, Lea. – Passou a mão sobre meus cabelos.

-Não tenha medo, tenha fé. – Beijo seu rosto, com seus cabelos tapando. – Ela sairá de lá e estará aqui dando bronca em nós e cuidando das suas plantinhas.

- Eu me sinto culpada, sabe? Ela está naquele hospital e não há nada que eu possa fazer. Nós simplesmente saímos do Havaí e fomos viver nossa vida em Los Angeles, deixamos a aqui...

-Hey. – Seguro os dois lados da sua cabeça e beijo sua testa. – Ela queria que vocês fizessem isso. Ela estava na torcida por vocês, e ainda está. Isso não aconteceu por culpa de ninguém, isso aconteceu porque aconteceu. Não foi culpa de vocês. Não quero ver você se culpando. Quero ver você indo abraçar seus filhos e orando para Deus! Tudo vai dar certo.

-Eu estou tão nervosa.

Minha conversa com a Tahiti ainda demorou um tempo. Precisei acalmar seus ânimos, dar uma injeção de positividade e de fé. Tudo vai dar certo, eles só precisam acreditar, assim como eu acredito.

Liguei para minha mãe antes de pegar o carro e sair a caminho do hospital. Ela havia saído de lá algumas horas, mas iria voltar à noite para visita-la.

Nessas horas todos estavam respeitando a privacidade. Bruno estava no hospital, mas não havia nada sobre ele lá e nenhuma foto, graças a Deus. Ele precisa desse tempo para ele. Não o vi desde que ele veio de viagem. Bruno não passou na casa da sua mãe, foi direto para o hospital ontem à noite e eu cheguei e fui direto pra casa, não vim no hospital. Apenas nos falamos pelo telefone rapidamente sobre a Lana.

Todos estavam numa sala de espera reservada. A UTI fica ao lado e médicos passam sempre por ali. Abri a porta e os olhos de todos ergueram-se para me ver. Meu único objetivo foi ver o Bruno e seus olhos pequenos de tanto chorar. 

Fui ao seu encontro e o abracei, usando toda minha força e carinho. Queria mostrar que eu estava ali, que independentemente do que estamos passando, eu estou com ele e sempre estarei. Beijei sua bochecha e ouvi seu choro baixo em meu ouvido.

-Que bom que está aqui! – Abraçou-me novamente, com mais força.

-E onde mais eu poderia estar?! – Respirei fundo, inalando todo o cheiro do seu corpo. Seu pescoço, lugar onde eu costumava beijar e habitar. Estávamos mais distantes agora, ele com suas viagens e eu com minha vida social um pouquinho mais agitada com a presença do Ric.  – Vou cumprimentar os outros.

Dei um beijo em cada um que estava ali e, sinceramente, não sei pra que tantas pessoas. Não havia mais ninguém naquela sala reservada além da família do Bruno e só ali tinham umas dez pessoas. Cumprimentei seu tio e perguntei sobre Soledad, ele disse que ela ficou em casa por conta de ser um hospital e ficar ruim expor ela a doenças que possam estar circulando por aqui. Entendo o fato, ela é idosa e não pode se descuidar.

Depois de Bruno, a pessoa com quem fiquei mais tempo abraçada, foi com Tiara. Ela estava precisando de colo, era mais do que transparente isso. Abracei Pete por um longo tempo também. Conversamos sobre a melhora dela e sobre outras coisas, até um médico dizer que ela poderia receber mais uma visita de duas pessoas por cinco minutos no máximo.

-Vai você, Lea. – Jaime apontou suavemente para a porta.

-Eu? – Arqueei a sobrancelha.

-Sim. Você, que não foi ainda, e o Bruno.

Levantei e passei o braço pela sua cintura. O sentia mais fraco, cansado, mas que estava levando tudo em frente.

Chegamos à repartição da sua maca, uma cortina que separava com as outras. Uma poltrona ao seu lado e muitos aparelhos ligados ao seu corpo. Há um tubo saindo de sua boca e canutilhos de seu nariz. Alguns pontos estão ligados ao seu peito e a máquina faz “bip” a cada segundo. Apertei meus olhos e segurei o Bruno. Quando abri, ele ainda estava estático, olhando para ela e deixando apenas as lágrimas caírem.

-Fale com ela. – Apoio minha mão em suas costas. – Ela pode escutar você.

Bruno me olhou, formando um ponto de interrogação no olhar. Sorrio de canto, amarelado e sem muita vontade. Tomou coragem e andou em frente, parando ao lado da maca e segurando a mão da sua mãe com uma agulha onde passa o soro.

-Não me deixe. – Segurou seu choro, mas as lágrimas caíam mesmo assim. – Eu nunca fui o que esperava que fosse. Assim como te dei alegrias, lhe dei tristezas. Lembra quando eu quebrei o vaso da vovó? – Riu amargurado, com a lembrança distante. – Você me pôs de castigo por dois dias e disse que eu vivia no mundo da lua. – Coçou a cabeça. – Troque de lugar comigo... Deixe que eu sofra um pouquinho e venha cá viver. Dói vê-la assim... Quero o seu sorriso e suas ligações de sempre.

-Bruno... – Percebi que ele estava se exaltando, segurando a mão da sua mãe e quase deixando cair o soro. – O soro. – Apontei para minha mão o local onde estava o soro dela.

-Ah, desculpe. – Ajeitou e riu. – Viu, garanto se fosse você aqui e eu aí, você não estaria fazendo isso. 

Eu apenas o assisti falando muitas coisas para a sua mãe e rindo, remetendo-se a acontecimentos antigos. Fiquei tão emocionada com a série de coisas que aconteceu ali que mal consegui vê-la de perto. Segurei a sua mão com cuidado, dei um beijo em sua testa e dei um até breve. Sei que ela irá melhorar.

Fui embora do hospital e carreguei Bruno, Pres e seu namorado, Kealoha, junto comigo. Eles estavam há muito tempo naquele lugar e precisavam de uma noite de sono, um bom banho e uma boa comida de verdade, ao invés de lanche da cantina.

Lana brincava com seus primos quando cheguei. Ela abraçou seu pai e eles tiveram a conversa que a vovó estava mal e precisava de forças. A casa estava bem silenciosa. Assumi a cozinha, fazendo uma janta bem reforçada para eles e cantarolando baixinho alguma música de baixo astral, porque era assim que eu estava me sentindo no momento. Não tinha clima para músicas alegres.

Eric e Cindia chegaram do hospital e se uniram a nós. Coloquei a mesa e chamei todos para jantar. Todos nós comemos como podemos, já que quando estamos assim, pra baixo, nem fome sentimos direito.

Ajeitamos as crianças e peguei Pres, Cindia e Tahiti para me ajudarem com as plantinhas. Consegui faze-las rirem algum tempo com a água nas plantas e dizendo coisas engraçadas para distrair elas. Estava conseguindo, até ouvirmos um barulho e Eric aparecer na porta dos fundos. Estava esbaforido, chorando e balançou a cabeça negativamente.

Eu soube na hora o que aquilo significava. Olhei para as meninas, que pareciam estar assimilando as coisas. A minha primeira reação foi correr para dentro da casa e ir atrás do Bruno, que estava ajoelhado na frente de cacos de vidro do que antes era um copo.

Abaixei-me ao seu lado, passando a mão por cima dos seus ombros.

-NÃO! – Gritou, soluçando. – Por quê? – Me olhou. Meus olhos já estavam cheio de lágrimas, mas ao ver o seu rosto, não consegui ser forte. Chorei também. O abracei fortemente e o ouvi repetir várias vezes “não” em meus ombros. Mal posso imaginar o tamanho da sua revolta. – Ela não pode ir, não pode!

-Shhh... – Pedi, acariciando sua cabeça.

-Lea... Como ela pode me deixar aqui? – Ouvi perguntar, baixinho. Era devastador vê-lo assim. – Ela se foi. Ela se foi. Ela se foi. – Repetia um mantra em minha cabeça e ali perto eu ouvia o choro das meninas e do Eric. Não sabia quem apartar primeiro, depois que eu conseguisse deixar Bruno um pouco mais calmo.

-MÃE. – Tahiti chorou como uma criança. Espiei e a vi sentar no chão como eu e Bruno.

-Eu preciso dela comigo. – Bruno continuou a falar, além do seu mantra. – Fica comigo, mãe. Por favor! – O afastei do meu abraço e olhei seu rosto completamente molhado. Seus olhos vermelhos, pequenos, abria a boca para soluçar e chorar e até sua baba estava parecendo como a de uma criança. – Eu não sei viver sem ela, eu não sei.

Deus, se eu pudesse fazer algo com que ele parasse de sentir isso.

-Tome isso. –Pres parou ao nosso lado. Seus olhos estavam fixos no nada, ela estava distante dali. Ainda não tinha caído a sua ficha. – É água com açúcar. – Peguei o copo e dei na boca do Bruno, que relutante, não quis beber.

-Beba, por favor. – Olhei nos seus olhos e prontamente ele bebeu, deixando cair um pouco. Assim que terminou, pus o copo ao nosso lado e retomei nosso abraço. – Ela ama você, Bruno. Não importa onde ela está.

-Eu a queria comigo, Lea. Porque esse mundo é injusto assim?

-É preciso passar por isso. – Afago seu cabelo. – É duro encarar, mas é necessário. Pense que ela ainda está aqui. Ela te ama mais que tudo e você ama ela. Isso nunca vai morrer.

-Eu quero o último abraço!

-E do último abraço, você iria querer mais um, e mais um e mais um... A morte não é justa, se ela fosse, nunca iríamos querer dar adeus a quem amamos.

-Minha mãe... – Ele olhou para algum ponto fixo, obteve o pensamento distante. Segurei sua mão e ele apertou a minha. – NÃO! – Voltou a chorar e soluçar. – Eu não posso acreditar. Ela se foi... Ela se foi! – Respirou fundo, procurando ar.

-Vá falar com a Lana... – Cindia parou ao meu lado. – Irei dar conta deles.

-Tudo bem. – Tentei levantar, mas ele segurou minha mão firmemente.

-Não me deixe. – Seu corpo se balançava com a intensidade do seu choro.

-Está tudo bem. – Beijo o topo da sua cabeça. – Eu irei falar com a Lana... Está tudo bem.

Caminhei até a porta do quarto em que ela estava. O mesmo que eu e o Bruno.

Entrei no quarto da Lana, era de noite e ela ainda estava acordada. Penteava uma das suas bonecas enquanto no notebook a sua frente passava algum desenho. Ela me olhou esperta e soltou sua boneca ao lado. Meu olhar já dizia tudo, estava com os olhos avermelhados de segurar o choro de agora, mas as bochechas úmidas ainda e geladas e ela entende disso. Baixou a tampa e engoliu a saliva a seco.

-A vovó está melhor?

-A vovó... - Tive que parar de falar durante o tempo que me sentava na cama. - Lana, você sabe onde os anjinhos ficam?

-Sim, no céu. - Ela aponta pra cima.

-A vovó vai virar um anjinho agora. Uma estrelinha, a mais brilhante. - Deixei escapar as lágrimas que correram soltas ao meu rosto.

-Ela se foi? E como pode deixar o papai pra trás?

-Sim... ela deixou o papai porque ele tem coisas a fazer por aqui. - Passo a mão em sua cabeça.

-Eu sei me cuidar. - Como pode uma criança de quatro, quase cinco, falar dessa forma. - Mas ela precisa estar aqui pra cuidar do papai.

-Meu amor. - Seguro o choro com força, e a puxo para abraça-la. - O papai saberá se cuidar sozinho, a gente aprende um dia.

-E se eu chamar a vovó, ela volta?

-Ela vai estar sempre aqui com você. - Beijo o topo da sua cabeça. - Dentro do seu coração.

-Mãe, ela me amava? - Meu coração parte em pedaços quando ouço isso, atinge com toda a força.

-Ainda ama, meu amor. E muito. - Seco minha lágrima.

-Eu também amo ela. Eu amo todos vocês. O vovô vai sentir falta dela?

-Todos nós vamos.

-Eu o vi pintando as unhas dela, na última vez que a vi. Ela estava com dor nas costas e não conseguia se abaixar pra pintar, e ele pintou.

Eu estava sofrendo, mais do que imaginei que sofreria. Tomei todas as dores possíveis do Bruno e da Lana, queria poder não permitir que eles sentissem isso e deixassem apenas pra mim. Bruno sofrerá por perder a sua mãe, como eu estava sofrendo por perder ela, minha mãe por perder a amiga de anos, e Lana por perder sua avó. Passo minhas mãos por seus cabelos refletindo sobre o que ela falou. Tão pequena e tão sábia.

-Eu quero falar com a vovó!

-É impossível, meu amor.

-Por oração. Eu sei que ela vai me ouvir, e Deus também.

-Como cresceu tanto? - Porque diabos eu tenho que ser tão chorona.

Lana se ajeita na cama, passa sua pequena mão em meu rosto e pede para que eu não chore. Se ajoelhou e juntou suas mãozinhas pedindo que eu fizesse o mesmo.

-Papai do Céu, receba minha vovó com todo o carinho e amor aí em cima. Ela merece estar num lugar maravilhoso. Não sei porque a levou, mas deve ter seus motivos e bem, eu não entendo muita coisa. Deixe uma caminha bem quentinha pra ela, e um travesseiro fofo. Não deixe que ela ande de pés descalços. - Tive que dar um pequeno riso ao meio de tantas lágrimas. - Que ela vire nosso anjinho e proteja meus tios, minha mamãe, meu vovô e meu papai. E, por favor, não leve mais ninguém assim. Diga a ela que nós a amamos.

-Amém. - Dissemos juntas.

A deixei no quarto para dormir e fui até o banheiro passar uma água no rosto. Ainda estava duro de acreditar que isso tinha acontecido, justamente com ela. Mas como disse para o Bruno, a morte não é justa. Ela vem e não há como impedir ou escapar. Simplesmente arrebate tudo assim, dessa forma. Dói e sempre irá doer.

Chegou dois tios deles na casa que estava num choro completo. Cada um chorava mais do que o outro, era impossível saber a quem recorrer primeiro. Bruno estava sentado no sofá, olhando para baixo, ainda chorando.

O celular tocou e Cindia me chamou, era Richard. Peguei-o e fui para os fundos da casa.

-Oi. – Disse ao atender.

-Oi. Ia perguntar o que aconteceu, mas acho que isso fala muita coisa.

-O clima está pesado por aqui.

-Como ela está?

-Ela faleceu, Ric. – Era duro falar isso. – Ela faleceu e eu não sei o que fazer.

-Meus pêsames. Isso deve ser tão difícil.

-Você não imagina o quanto. Todos estão chorando. Todos amavam ela. Você deveria ter conhecido-a. Ela era uma pessoa maravilhosa.

-Eu imagino. A família dela é tão unida, todos são amorosos, posso imaginar como ela era.

-Exatamente.

-E o Bruno?

-Ele está mal. Chorando.

-Manda um abraço pra ele. Bem, eu não vou tomar o seu tempo, amor. Falamo-nos depois.

-Obrigada. Por tudo.

-Se cuida e cuide de todos.

-Ok.

Desliguei o telefone e entrei diretamente para perto do Bruno. Seu tio estava afagando a sua cabeça num abraço. Aproximei-me sem interromper nada e esperei por minha vez. Quando ele deixou que eu o abraçasse, Bruno grudou-se em mim de uma forma necessária. Era como se ele implorasse por um carinho a mais naquele momento, como se ele estivesse gritando por ajuda.

Sabia que meu amigo estava mal.

-Eu...

-Shh. Não fala nada. – Afago seus cabelos, dando um beijo na sua cabeça. – Eu estou aqui com você e sempre estarei.

β

A noite foi longa, mais longa do que eu imaginava. Quando Bruno e todos saíram, cada um para uma coisa, eu fiquei com as crianças. Expliquei da melhor maneira possível que a vovó deles estava no céu, que ela era um anjinho agora, mas era impossível controlar o choro. Todos ficaram cabisbaixos e vê-los assim doeu muito mais do que eu imaginava.

O telefone tocou, atendi sem nem ver quem era.

-Oi, Lea. – Ouvi a voz de Bruno.

-Bruno! – Suspirei aliviada por ouvir a sua voz, ainda de choro.

-Estamos resolvendo a papelada dela, estou com o papai.

-Tudo bem.

-Você pode ficar um pouco mais com as crianças? Não sei que horas irá acabar aqui.

-Tudo bem, posso sim.

Retornei a ligação para minha mãe, cuja voz estava irreconhecível. Ela soluçou de chorar, algo que quase nunca vi acontecer. Pedi que ela fosse até lá já que estava com as crianças e não poderia sair. Fiz o café delas e servi.

Atendi a porta para minha mãe e ela desabou em meus braços. Apertei seu corpo contra o meu, e pedi a Deus que não me deixe passar por essa dor, não tão cedo. Não quero perder meus pais, nem meus avós, nem ninguém. Na verdade ninguém quer perder, mas sinto que se perde-los, posso perder meu chão, aí sim não sei como retornaria.

Dei uma xícara de chá para minha mãe e sentei ao lado dela no sofá. Ela olhava para a poltrona com nostalgia.

-Pensei que iria antes dela.

-Não diga isso. – Apressei-me em responder.

-É verdade, filha. Bernadette era cheia de vida, de alegria, saúde... Mas no fim, isso não quer dizer nada, quando é a hora, simplesmente é a hora.

-Você também tem tudo isso.

-Ela deixou os netos, os filhos, os irmãos... São muitas pessoas.

-Mamãe, não vamos ficar pensando na morte. Vamos pensar nas coisas boas de quando ela estava entre nós.

-Ela sempre estará.

-Sempre! Nas pessoas, nos filhos, netos, nas plantas, nos quadros... Em tudo o que quiser.

-Filha. – Virou-se pra mim, pegou minhas mãos e deu um sorriso terno. – Conserve boas coisas, ok?

-Ok.

-E conserve sua amizade com o Bruno. Ele precisa muito de você e você dele. Vocês são pedestais um para o outro.

-Eu o amo. Ele é meu melhor amigo.

-Conserve isso. E o apoie. Ele precisa de um colo bem confortável agora. Isso demorará a passar, então fique ao lado dele e não o deixe se perder.

-Vou fazer o possível.

-E o impossível, não podemos nunca perder nossos verdadeiros amigos. É como casamento filha, na saúde e na doença, na alegria ou na tristeza...


Notas Finais


E aí? Fiz alguém chorar ou só eu mesmo que me emocionei escrevendo? É delicado falar dessa parte, mas estou tentando encaixar todos os principais momentos da vida real dele dentro da história, e esse infelizmente é um deles.
Mas eu espero que tenham gostado. Apareço com o próximo em breve <3
Beijos!


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